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Como atiçar a brasa

 


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agosto 26, 2011

Terceiro Mundo: um outro lugar por Paula Alzugaray, Istoé

Terceiro Mundo: um outro lugar

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da revista Istoé em 19 de agosto de 2011.

Nem a terra prometida nem o idealismo utópico. “Um outro lugar” é uma exposição, em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo, concebida para desmontar antigos mitos e apresentar um panorama múltiplo das utopias contemporâneas. Expostos entre 40 obras de 18 artistas, os três trabalhos de Marilá Dardot traduzem bem a noção da criação artística como abertura para outros espaços e temporalidades, criando alternativas ao aqui e agora. “Viagem”, “Terrorismo” e “Cartografia” são obras viajantes que estabelecem um eixo de conexão entre “Um outro lugar” e “Introdução ao Terceiro Mundo”, individual de Marilá Dardot, na Galeria Vermelho, que entra em sua última semana de exibição.

De acordo com a estratégia de comunicação costurada por Marilá Dardot entre as duas exposições, os três trabalhos presentes no MAM teriam sido retirados do “pequeno museu de pistas desencontradas sobre o Terceiro Mundo”, que compõe a mostra na Galeria Vermelho. Sutilmente demarcadas por linhas pontilhadas no espaço expositivo, essas obras ausentes apontam para o real assunto da individual de Marilá: a inexistência – de realidade ou de autenticidade – daquilo que a economia convencionou chamar de “Terceiro Mundo”.

A proximidade com as letras e a literatura faz de Marilá Dardot uma artista ficcionista. Depois de infinitas variações sobre o tema, como em “Atlas” (2003), “A biblioteca de Babel” (2005), “Avant et après la lettre” (2011), etc., a atual exposição dá segmento à sua investigação sobre escrituras utópicas e realidades intangíveis. A inserção de um verbete imaginário sobre o “Terceiro Mundo” na Enciclopédia Universo (“arquipélago situado a leste-sudeste da Nova Atlântida, composto de oito ilhas de dimensões variáveis e população flutuante”) dá início à viagem.

Posted by Marília Sales at 11:08 AM

O pomo da discórdia por Silas Martí, Folha de S. Paulo

O pomo da discórdia

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 26 de agosto de 2011.

Após impasse, governo quer nova Pinacoteca no antigo Detran

Impasses nas negociações têm levado USP e governo de São Paulo a aceitar que o Museu de Arte Contemporânea da universidade, com 9.000 obras num dos acervos mais importantes do país, já não vá mais para o antigo prédio do Detran, no Ibirapuera.

É mais provável agora que o prédio seja destinado a uma segunda sede da Pinacoteca do Estado, que teria ali um espaço para sua coleção de obras contemporâneas. "Temos um projeto da Pinacoteca Contemporânea", disse Andrea Matarazzo, secretário estadual da Cultura, à Folha. "É uma possibilidade."
Depois que a Secretaria de Estado da Cultura gastou R$ 76 milhões na adaptação do espaço para receber o MAC, em obras que se arrastam há três anos, a reitoria da USP admite pensar em desistir da mudança da instituição por "problemas profundos". No caso, o reitor, João Grandino Rodas, briga para que o governo evite a construção do Clube das Arcadas, projeto do centro acadêmico da Faculdade de Direito da USP, no terreno vizinho.

Ele acredita que o museu seria prejudicado pela proximidade com um empreendimento privado que venderia títulos aos sócios e, portanto, tiraria proveito indevido da imagem do MAC-USP.

Em texto divulgado na semana passada no boletim interno da reitoria e depois enviado a Matarazzo, Rodas também levanta questões sobre a legalidade do complexo a ser construído pelo centro acadêmico e dá um ultimato ao governo do Estado.

"Somente quando tal empreendimento for esclarecido, a USP assinará convênio visando à instalação do MAC no Ibirapuera", escreveu. À Folha o reitor não quis falar em prazos para a mudança. "Isso não pode ser feito a qualquer preço", disse Rodas. "Em se mantendo problemas profundos, é melhor que o MAC fique onde está [na Cidade Universitária]."

Segundo Matarazzo, o reitor "errou o destinatário" de sua carta, já que não cabe ao governo resolver as questões levantadas a respeito do futuro Clube das Arcadas, obra orçada em R$ 40 milhões.

"Não estou nem otimista nem pessimista, mas realista", diz Matarazzo. "Pusemos um esforço imenso, financeiro e intelectual, para deixar a obra adequada. O prédio não vai ficar vazio, tem fila de gente querendo o lugar."

Além do problema do clube vizinho, USP e governo não chegaram a um acordo sobre quem pagaria as contas do MAC uma vez que o museu fosse para o Detran.

Enquanto a USP pedia um repasse de R$ 18 milhões por ano, o governo calculou um custo de R$ 10 milhões e discordava de bancar a despesa, acreditando que a USP tem condições de custeá-la.

REDUÇÃO NA LUZ
Ao mesmo tempo em que se agrava a situação do MAC, a Secretaria de Estado da Cultura admitiu redução no tamanho do Teatro da Dança e do complexo projetado na Luz pelos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron.

Segundo Matarazzo, houve uma redução de 30% da área construída, que foi de 101 mil m2 para 71 mil m2.
Matarazzo reconheceu também que, em relação ao projeto original, foi descartada a construção de uma fábrica de cenários no complexo. Ele nega, no entanto, que a mudança tenha a ver com questões orçamentárias, dizendo que os próprios arquitetos decidiram recuar a construção no lote para ter mais área verde no entorno.

Posted by Marília Sales at 10:52 AM

Galeria acusa Maria Bonita Extra de plagiar Ernesto Neto por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Galeria acusa Maria Bonita Extra de plagiar Ernesto Neto

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 25 de agosto de 2011.

Marca que já trabalhou com artistas como Volpi e Athos Bulcão, a Maria Bonita Extra está sendo acusada de plagiar em suas vitrines uma obra de Ernesto Neto.

Em comunicado à imprensa, a galeria Fortes Vilaça, que representa o artista, afirma que a grife "reproduz" suas esculturas em vitrines e diz que essa "prática se chama plágio, fere a lei e deveria ser considerada crime".

Neto diz que o objeto na vitrine das lojas é "muito parecido" com esculturas que expôs há dois anos em São Paulo. "Nem sei se considero um plágio, mas é surpreendente", disse à Folha. "Importa que as pessoas não achem que é minha escultura."

Em resposta à acusação, o diretor da marca, Alexandre Aquino, diz que as vitrines atuais "não têm nenhuma inspiração em Ernesto Neto".

"Ser acusado de plágio seria a maior das injustiças", diz Aquino. "A marca é a que mais trabalha com obras de arte. Às vezes as pessoas partem de áreas diversas e chegam a soluções parecidas."

Lise Marinho, artista que desenhou as vitrines, diz que se inspirou no parque High Line, em Nova York, e num brinquedo de acrílico de montar, popular nos anos 60, citado também por Neto como o ponto de partida para a sua série de esculturas. "Sinto muito pelo ocorrido, nunca soube que Ernesto Neto tinha feito essa obra", escreveu Marinho em carta enviada anteontem à Folha. "Meu processo criativo foi um arbusto contemporâneo, com formas geométricas, que remeteria a flores e cimento."

Posted by Marília Sales at 10:43 AM

agosto 24, 2011

Retratos do ofício artístico por Marcos Robério, O Povo

Retratos do ofício artístico

Matéria de Marcos Robério originalmente publicada no caderno Vida e Arte do jornal O Povo em 24 de agosto de 2011.

Abordando os próprios artistas e evidenciando a riqueza da pintura cearense, a mostra Diálogos Fernando França será aberta hoje no Centro Dragão do Mar

Artistas plásticos estão acostumados a pintar sua impressão de mundo. Colocam na tela aquilo que seu olhar apurado apreende ou a mente imagina e, através da reunião de cores e traços, constroem uma significação de possibilidades diversas. Mas qual a imagem que nós temos dos artistas? Será que a figura deles próprios em seu ofício de arte não seria também digna de um belo quadro? Foi reconhecendo em cada pintor um ser cheio de beleza e riqueza de significados que o artista plástico Fernando França materializou a ideia da exposição Diálogos Fernando França, que entra em cartaz hoje (24), no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

A mostra reúne 23 grandes telas, cada uma delas com um retrato de um artista plástico cearense, pintados por Fernando França. A ideia surgiu em 2006, quando Fernando estava fazendo uma residência artística na França. O distanciamento de sua terra e de seus amigos provocou no artista a nostalgia seguida de uma visão mais clara de seu núcleo, sua realidade e seu lugar no mundo. “Quando você está fora do seu espaço, passa a ter uma visão mais clara do seu lugar”, explica Fernando. Ele compara essa percepção a uma tela impressionista, que é constituída por inúmeros pequenos pontos e, quando nos afastamos, podemos visualizar melhor a imagem formada pelos pontos.

Rememorando o ambiente artístico do qual já faz parte há mais de 20 anos, Fernando penetrou nos aspectos que constituíram sua própria identidade enquanto pessoa e artista. A intenção, segundo ele, foi fazer um recorte do panorama atual da pintura cearense, valorizando a “diversidade pictórica do Ceará e sua inquestionável qualidade”. Além disso, os quadros foram pensados também como uma forma de diálogo entre esses artistas, sendo que Fernando pintava os retratos e deixava um espaço para que os próprios retratados interferissem na tela, em uma espécie de balão inspirado nas histórias em quadrinhos. “Quis fazer a imagem do artista e do trabalho dele dentro do mesmo quadro, uma metalinguagem, como se fosse um quadro dentro do outro”, comenta Fernando.

Assim, ao longo de cinco anos, foram sendo postos na tela os retratos dos mais célebres pintores cearenses da atualidade, como Zé Tarcísio, Hélio Rôla e Nilo de Brito Firmeza, o Estrigas. Mais do que promover o diálogo artístico, Fernando explica que por trás da exposição está a vontade de fazer uma grande homenagem aos artistas, que muitas vezes não têm seu talento e importância reconhecidos como deveriam. “Por isso somos nós artistas que temos que valorizar mais a nossa cultura, nossa produção”, conclama.

Durante a abertura da exposição, será lançado também um documentário e um livro homônimo, editado a partir de edital da Secretaria de Cultura do Ceará (Secult) e que traz pinturas e descrições sobre o processo que culminou na exposição.

Posted by Marília Sales at 11:47 AM

Cartaz da Bienal de SP será criação coletiva por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Cartaz da Bienal de SP será criação coletiva

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 24 de agosto de 2011.

Dupla holandesa Mevis & Van Deursten coordenará designers que farão linguagem visual da 30ã exposição

Autores da identidade da última Bienal de Arquitetura de Veneza, eles veem onda vintage e artesanal no design

Quando desenharam a identidade visual da última Bienal de Arquitetura de Veneza, os designers da dupla holandesa Armand Mevis e Linda van Deursten pensaram em desistir do processo.

"Foi uma montanha-russa", lembra Mevis, sobre as brigas com a curadoria. "Tudo era rejeitado, fizemos até seis propostas distintas e não chegamos a lugar nenhum."

Agora, Mevis e Van Deursten se preparam para um desafio diferente. Vão coordenar um workshop em outubro para construir, de modo coletivo, a identidade visual da 30ª Bienal de São Paulo.

Diferentemente do que foi feito até hoje, o cartaz da próxima Bienal será resultado de um esforço deles, da equipe da mostra e de designers escolhidos entre os que se inscreverem pelo site bienal.org.br até 2 de setembro.

Mevis adianta que mal conhece a tradição de design gráfico no Brasil, embora tenha como influência a obra da arquiteta Lina Bo Bardi. Também conta que na universidade onde estudou, na Holanda, design gráfico não era nem uma disciplina.

"Não temos ideias fixas sobre o trabalho, é bom ter uma relação de amor e ódio com o design", diz Mevis. "Vimos que isso tem mais a ver com a forma como respondemos a questões da sociedade."

Nesse diálogo, Mevis e Van Deursten já ajudaram a construir a linguagem visual do museu Boijmans van Beuningen, em Roterdã, do Stedelijk, em Amsterdã, e a logomarca da grife Viktor & Rolf.

Listam entre suas influências artistas como Ed Ruscha e Richard Prince e estilistas como Martin Margiela e a grife Comme des Garçons. São nomes que têm em comum o fato de terem adotado, em algum momento, processos manuais em composições simples, minimalistas.

"Existe um interesse, agora, por algo do início do século 20, uma atitude artesanal", diz Mevis. "Há uma tendência ao mínimo, ligações com a arte conceitual dos anos 70, até mesmo a simplicidade de usar algo como uma máquina de escrever ou empregar no máximo duas cores."

Mas, se os resultados hoje evocam tempos passados, o pensamento por trás é outro.

"Nos anos 70, estúdios de design tinham pegada modernista, achavam que podiam mudar o mundo", diz Mevis. "Hoje ninguém acha que vai mudar algo e, por isso, tenta se afirmar em estúdios menores, nos cantos, à margem dessa indústria."

Posted by Marília Sales at 11:19 AM

Instituto faz digitalização de 7.500 desenhos por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Instituto faz digitalização de 7.500 desenhos

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 24 de agosto de 2011.

A mostra idealizada por Hans-Ulrich Obrist para a casa de vidro de Lina Bo Bardi (1914-1992), obra construída em 1951, pode representar uma nova fase para o local.

Com horários de visitação bastante restritos, pouca gente conhece a casa no Morumbi, onde a arquiteta viveu com o marido, ex-diretor e criador do Masp, Pietro Maria Bardi (1900-1999), até a sua morte.
"Esperamos, com esse projeto, alavancar perspectivas de patrocínio", diz Renato Anelli, do conselho curador do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, que funciona na casa.

Segundo ele, o local vive graças a um fundo criado por Bardi, constituído a partir da venda de um quadro de Goya, em 1995, quando a casa foi doada para a criação do instituto.

Lá está o mobiliário original utilizado pelo casal, grande parte dele desenhado pela própria arquiteta, assim como obras de arte ou até perfumes usados por ela.

No momento, a instituição está digitalizando e catalogando os cerca de 7.500 desenhos da arquiteta. "Com eles, esperamos ganhar dinheiro com a venda de direitos de uso, como acontece com arquitetos norte-americanos", diz Anelli. Já foram obtidos recursos para a catalogação de 1.500 documentos.

Contudo, como se trata de uma casa, que para receber visitação precisa de segurança e funcionários, são agendados apenas dois grupos por semana pelo e-mail visita@institutobardi.com.br. Com a exposição no próximo ano, o local poderá, então, ter visitas diárias e em maior número.

Posted by Marília Sales at 11:11 AM

Vidro arte por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Vidro arte

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 24 de agosto de 2011.

Casa da arquiteta Lina Bo Bardi sediará exposição internacional organizada pelo suíço Hans-Ulrich Obrist; 30 artistas criarão obras específicas para o local

Pela primeira vez, a casa de vidro de Lina Bo Bardi -onde a arquiteta viveu por mais de 40 anos, em São Paulo- será sede de uma exposição internacional, com curadoria do suíço Hans-Ulrich Obrist.

Ele é o diretor de programação da galeria Serpentine, em Londres, e foi considerado pela revista britânica "Art Review" a segunda personalidade mais influente das artes plásticas, atrás do galerista americano Larry Gagosian.

"Quando comecei como curador, minha primeira exposição [aos 23 anos] foi numa cozinha. Eu sempre pensei que mostras num ambiente doméstico, com escala íntima, são especiais. E mesmo que eu faça bienais ou exposições em grande escala, nunca parei com mostras desse porte", disse Obrist.

O curador já organizou mostras na casa do arquiteto mexicano Luis Barragán (1902-1988), em 2002, e na casa do escritor espanhol Federico García Lorca, em 2007, ambas com produção da espanhola Isabela Mora, envolvida no novo projeto. Esta será a primeira mostra de Obrist no Brasil. O curador foi convidado para organizar a 30º Bienal de São Paulo, no ano que vem, mas não aceitou a proposta.

30 ARTISTAS
A exposição na casa de vidro terá cerca de 30 artistas, ainda em definição. Todos criarão obras específicas para o local. Anteontem, o arquiteto holandês Rem Koolhaas e o brasileiro Cildo Meireles visitaram a casa com o curador. Também já foram contatados artistas como Douglas Gordon, Ernesto Neto e Dominique Gonzalez-Foerster.

Amanhã, Obrist e Koolhaas apresentam o projeto numa palestra no Sesc Pompeia, projetado por Bardi. Essa não é a primeira vez que o prestigiado Koolhaas vem ao Brasil.

Em 2002, ele chegou a propor a instalação de um elevador de último geração no edifício São Vito, parte do projeto Arte Cidade. Não só a proposta não vingou, apesar de ele ter conseguido a doação do equipamento, como hoje o prédio não existe mais.

Foi naquela época, contudo, que ele entrou em contato com a obra de Lina Bo Bardi. "Eu vi o Masp e fiquei impressionado. Foi apenas há dois anos, devo admitir, na Bienal de Arquitetura de Veneza, que tive uma compreensão mais intensa de seus projetos, passei a ler sobre ela e descobri uma obra única."
Obrist e Koolhaas visitaram o Masp e não se mostraram satisfeitos com o que foi feito do museu. "Ficamos profundamente desapontados em perceber que os dispositivos de exposição criados pela Lina não estão mais lá e foram construídas paredes", contou Koolhaas. Ele também prepara uma exposição no Museu Hermitage, em São Petersburgo, em 2012, sobre organização de exposições e já incluiu projetos de Bardi na mostra.

Oscar Niemeyer costuma monopolizar as atenções quando se fala de arquitetura brasileira. Por que Obrist teria escolhido Bardi? "Converso com artistas todos os dias e muitos me falam de Lina. Existe uma real obsessão em torno dela, o que é interessante. Ela tem tudo a ver com os projetos que venho desenvolvendo", diz.

Posted by Marília Sales at 10:44 AM

agosto 23, 2011

Pinceladas cearenses por Fábio Marques, Diário do Nordeste

Pinceladas cearenses

Matéria de Fábio Marques originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 19 de agosto de 2011.

A exposição "Diálogos", de Fernando França, será inaugurada amanhã, às 19h30, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, reunindo retratos de artistas plásticos cearenses e dando uma mostra da atual produção no Estado

Os retratos dos 23 artistas plásticos cearenses impressionam pela grandeza das obras e pelas dimensões das telas em si. Em cada quadro de 1,5 x 2 metros, um artista é retratado por Fernando França e o próprio figurado interfere na tela, imprimindo um pouco de sua arte à composição, em uma inusitada busca metalinguística por identidade.

As obras estarão reunidas na exposição "Diálogos", que será aberta amanhã, às 19h30, no Memorial da Cultura Cearense, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). Fazem parte do projeto os artistas Estrigas, Nice, Heloísa Juaçaba, Hélio Rôla, Zé Tarcísio, Descartes Gadelha, Ascal, Félix, José Mesquita, Aderson Medeiros, Alano, Roberto Galvão, Carlos Costa, Vando Figueiredo, Eduardo Eloy, Francisco Vidal Júnior, José Guedes, Cláudio César, Totonho Laprovitera, Mano Alencar, Francisco de Almeida, Hemeterio e o próprio Fernando.

Eles foram convidados para a abertura da exposição, que inclui ainda o lançamento de um livro com registros do processo criativo de cada quadro por meio de fotografias e um documentário.

As obras começaram a ser pintadas em 2006, com alguns hiatos entre a produção de um quadro e outro, consequências de uma proposta delicada que inclui o recorte dos 22 artistas e o convencimento de cada um em deixar-se ser tocado pela obra de Fernando. "Conversei com todos os envolvidos. Alguns não aceitaram de início, mas no fim todos participaram", lembra.

A ideia surgiu quando Fernando fazia uma residência artística na França, o que, segundo ele, deu-lhe o distanciamento necessário para perceber a realidade da produção de artes plásticas cearenses. "Percebi a qualidade e a diversidade de artistas que temos e que somos nós quem temos que valorizar essa produção, não esperar que alguém de fora faça. Eles fazem isso com seus artistas", defende.

Reverenciando os artistas da terra, a série é pautada de forma a abranger as diversas gerações de artistas em atividade no Estado e a diversidade de técnicas e estilos utilizadas. "Sempre tem quem fique de fora. A coisa do recorte é isso, não tem como abranger todo mundo. A ideia é fazer uma coisa representativa do momento da pintura hoje aqui", justifica, ainda, em referencia aos nomes que por ventura ficaram de fora.

Quadrinho

Traço marcante na obra de Fernando França, os elementos das histórias em quadrinhos são também aplicados nesta série como uma forma de ampliar as possibilidades da tela e abrindo espaço para a intervenção de cada artista. "Quando elementos dos quadrinhos são inseridos no retrato, dão um certo dinamismo. Aqui, o retratado expõe também a sua imagem e essa imagem constrói o retrato", reflete. Ele defende a importância dos quadrinhos para a arte ainda que seja uma expressão vinculada a cultura de massas. "Ainda leio, coleciono histórias em quadrinhos. Existem grandes artistas no mundo dos quadrinhos que geralmente quem trabalha com pintura desconhece". Fernando avalia que no atual momento as artes plásticas, em especial a pintura, têm voltado com força no mundo todo, sobretudo na linha mais figurativa. "Acho que essa série mostra que existe produção grande e significativa. Pessoas continuam pintando, mesmo com novas técnicas, novas formas de expressões", ilustra. O artista critica ainda uma tendência local a valorizar uma arte dita contemporânea, de formas abstratas, como única representante da produção atual.

"Existe, sobretudo, em espaços públicos a predominância de determinadas técnicas ou trabalho. Essa mostra expõe que há uma diversidade de linguagens. Mostra que, na contemporaneidade, tudo isso está inserido", argumenta. Todos os quadros foram pintados em óleo sobre tela, com um espaço para intervenção dos artistas retratados preparado para receber as técnicas de cada um. Entre elas, foram utilizadas, ainda, tinta acrílica, pastel, nanquim e carvão.

O livro

Cada artista foi convidado ao ateliê do anfitrião onde travavam um primeiro contato com o retrato e ali propunham sua intervenção. "Ele ficaram surpresos, até pela dimensão, porque a gente não é acostumado a se ver deste tamanho. Mas a maioria se reconheceu na tela e percebeu que eu tinha captado a personalidade de cada um", conta, destacando a natureza sublime da vivência que ele teve com cada artista, acompanhando seus processos criativos, aprendendo sobre suas técnicas e conversando com cada um.

Esse momentos foram registrados em fotografias reunidas em um livro que leva o mesmo nome da exposição, destacando um capítulo para cada artista onde é mostrado passo a passo da intervenção e o resultado final. O livro foi editado e impresso pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, contemplado no Prêmio J. Ribeiro de Publicação de Álbum/Livro de Arte, do I Prêmio Literário para Autor(a) Cearense, em 2010. Ele será vendido na exposição por R$ 80.

Projeto rendeu documentário feito por alunos da Unifor

Além do registro fotográfico publicado em livro e das obras em si, a exposição "Diálogos" traz à luz do público um documentário elaborado por alunos do Grupo de Estudo de Documentário (GEDoc) do curso de Audiovisual e Novas Mídias da Universidade de Fortaleza (Unifor) com depoimento dos 22 artistas convidados por Fernando França, que falam de seus processos criativos, suas percepções e concepções de arte.

Durante três meses, os alunos se debruçaram sobre as obras dos artistas retratados na exposição, gravando depoimentos onde eles comentam a experiência de ter suas obras visitadas pela de Fernando França e o desafio de intervir no resultado final das telas, dialogando e imprimindo seus traços.

O vídeo será lançado em uma primeira exibição durante a abertura da exposição, no dia 24, às 19 horas, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). De acordo com o coordenador do Grupo de Estudos professor Valdo Siqueira, a ideia é fazer também um recorte panorâmico da pintura cearense, "oferecendo ao espectador o retrato e a palavra gravada de cada criador".

Produção

O documentário foi produzido em 2011, após a finalização dos retratos da mostra. Cada artista comentou um pouco da sensação de se ver retratado e sobre a experiência criativa desenvolvida no ateliê de Fernando, propondo uma reflexão sobre os simbolismos da mostra, no uso da metalinguagem, dimensões das telas e recorte feito sobre a produção artística cearense.

Posted by Marília Sales at 12:08 PM

Escultura nas mãos do experimentador por Antonio Gonçalves Filho, Estadão.com.br

Escultura nas mãos do experimentador

Matéria de Antonio Gonçalves Filho originalmente publicada no caderno de cultura do Estadão.com.br. em 23 de agosto de 2011

Ousado, José Resende concilia o grande e o pequeno em duas mostras simultâneas, uma no Rio e outra em SP

O artista José Resende expõe simultaneamente no Museu de Arte Moderna do Rio e, em São Paulo, na Galeria Raquel Arnaud (Rua Fidalga, 125), onde abre hoje, às 19 h, mostra com 24 peças de diferentes dimensões e materiais - desde o bronze, de uso clássico na escultura, até seda vermelha, com a qual fez seis "desenhos" que lembram bordados renascentistas, usando bastidores de fibra. No MAM carioca estão (até 18 de setembro) cinco obras cujas dimensões, segundo Resende, não estabelecem uma relação "acanhada" com a arquitetura do museu carioca. São trabalhos que almejam uma escala pública, acentua o escultor, como o que será instalado na Avenida Beira Mar, no Rio. Na galeria paulistana, Resende, um dos grandes da escultura ao lado de Waltercio Caldas, mostra trabalhos relacionados ao corpo, em que o bastidor "morde" a seda para esboçar um desenho, bexigas cheias d"água se espremem no gesso para criar novas formas e o mercúrio que espelha é também espelhado, num estimulante diálogo com a pintura.

Você é exceção, mas o descaso com que a escultura é tratada, de modo geral, pelos museus não estaria ligado ao fato de a arte contemporânea chamar de escultores gente como Jeff Koons e Takashi Murakami? Ao que atribui essa falta de interesse?

Chamar alguns trabalhos de escultura cria até certa dificuldade, é certo. Na realidade, os trabalhos estão se avolumando numa escala gigantesca, como as obras de Kiefer, que saíram da tela, viraram objetos e depois arquitetura. Hoje, a arquitetura cada dia se individualiza mais. Em vez de se pensar no acervo do museu, pensa-se nele próprio como uma referência artística. O museu é por si um acontecimento, como o de Bilbao, apesar de ter uma série de esculturas do Richard Serra em seu interior. No âmbito brasileiro, vivemos uma realidade muito diferente. Aqui, os museus ainda lidam com o problema do acervo a ser constituído, o que demanda algum esforço para que ele cumpra seu papel.

Você citou dois artistas, Kiefer e Serra, e eu acrescentaria mais um, Anish Kapoor, que trabalha com dimensões monumentais, tendência dominante na arte

contemporânea. Como vê essa direção?

Há uma certa diferença aí. Citamos três dos quais dois são essencialmente pictóricos, Kiefer e Kapoor. Embora a obra de Kapoor "aconteça" no espaço, ela é um acontecimento pictórico, não escultórico.

Mas, então, como considerar uma obra pública como Cloud Gate, a escultura de Kapoor em Chicago com 10 toneladas de aço e 20 metros de altura?

Eu veria a questão do reflexo das pessoas no aço da peça Cloud Gate mais como um fato pictórico, apesar da monumentalidade. Não sei, não vi pessoalmente.

De qualquer modo, ela serve como um exemplo oposto ao da obra que é neutralizada pela presença ostensiva do museu. Nesse caso particular, ela prescinde dele, rompe com suas paredes para conquistar o espaço urbano. O caminho da rua é o da escultura contemporânea?

Não no caso do Ibirapuera. Essa ideia de Jardim das Esculturas é extremamente infeliz. Transpor o museu para fora, como uma arrumação museológica daqueles trabalhos, não é a melhor solução. Essa coisa do site specific é uma ideia muito ligada às obras do Richard Serra e, mais particularmente, às teorias de Rosalind Krauss. Penso o oposto. Não se trata de um lugar específico para um trabalho. É o trabalho que torna específico um lugar.

Você, que tem formação de arquiteto, não sente que os escultores se submetem, voluntariamente, à monumentalidade da arquitetura?

Acho que é o contrário, é a arquitetura que está querendo tomar o espaço da arte, ao se tornar mais design do que gesto arquitetônico. No Brasil, temos um pensamento que, de alguma forma, se organiza muito em torno da escultura - com ressonâncias positivas, acrescentaria. Sergio Camargo, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, há todo um pensamento coeso, que se articula, enquanto em outas áreas, como na gravura, Goeldi fica perdido em meio a tantos outros.

O uso de materiais clássicos da escultura, como o bronze, em sua obra, não teria um pouco o propósito de dialogar com a tradição e ir contra a corrente ilusionista de grande parte das obras contemporâneas?

Acho que não. O bronze, no meu caso, disfarça até um certo sorriso quanto à tradição, porque as formas surgem acidentalmente, na ação de colocar uma bexiga cheia de água em contato com outro material que, ao enrijecer, toma outro aspecto. O expressivo está, portanto, na ação, e não no material específico. Na verdade, não é próprio do meu fazer essa relação que passa pelo encantamento artesanal. O bronze ou a seda vermelha são escolhas expressivas que têm mais a ver com a raiz desses trabalhos, que é a de juntar coisas, num processo construtivo que agrega materiais, como em Picasso ou Julio Gonzalez.

Por falar em tradição, Philip Larratt-Smith, curador da exposição de Louise Bourgeois, nega a ligação dela com a escola surrealista. Por que essa resistência em filiar artistas a movimentos?

Há um processo classificatório no ensino acadêmico que se distribui por todo o sistema de arte e que leva qualquer análise a associar a obra com alguma referência. O pragmatismo da academia americana foi muito influente nesse processo. Ela liquida você em três tacadas e isso, evidentemente, não ajuda em nada. Eu não discordo do Larrat-Smith, porque, inclusive, Louise Bourgeois era uma ilha, até mesmo cerceada em determinada época.

Mas ao ver os orifícios nas peças de metal de sua exposição fica difícil não pensar na escultura inglesa de artistas influenciados pela arte arcaica, renascentista e surrealista como Barbara Hepworth ou Henry Moore.

Não tinha em mente essas relações, mas sim enfrentar os acidentes do próprio processo. É a fatura dos objetos que produz aqueles orifícios. No interior de uma caixa de gesso são colocadas bexigas cheias d"água que, pressionadas, produzem formas não manipuladas, puramente acidentais. Há uma mecânica que não é própria da cera perdida e das técnicas clássicas da tradição.

Posted by Marília Sales at 11:52 AM

Associações orgânicas por Nina Gazire, Istoé

Associações orgânicas

Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da revista Istoé em 19 de agosto de 2011.

Cem anos de arte brasileira na Coleção Itaú em Exposição, na qual as obras são relacionadas mais por conceitos do que por cronologia

Grande parte das coleções de arte de bancos brasileiros teve início na década de 1960, voltando-se para a aquisição de obras produzidas em períodos precedentes, em geral a pintura modernista de 1920 a 1940. Mas à medida que a arte brasileira avançava na produção de novas linguagens, essa jovem produção passou também a integrar o programa de aquisições dessas instituições. Na exposição “1911 – 2011: Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú”, em cartaz em Belo Horizonte, é possível fazer um percurso por cem anos da arte feita no Brasil. Embora a coleção ostente grandes nomes do Modernismo, como Lasar Segall e Cícero Dias, o diferencial da curadoria de Teixeira Coelho – responsável pela coleção e também curador coordenador do Museu de Arte de São Paulo – está na ausência de um historicismo. Na mostra, que tem projeto cenográfico de Daniela Thomas e Felipe Tassara, a arte contemporânea e a arte modernista estão dispostas lado a lado, a partir de uma proposta que “aproxima as obras umas das outras por meio de uma associação orgânica”, como explica Teixeira Coelho.

O curador trabalhou sobre um recorte de 170 obras, agrupando-as em seis eixos temáticos. Em “Na linha da ideia”, estão reunidas obras que questionam a funcionalidade e a finalidade da arte e se alinham às propostas feitas pela arte concei­tual da década de 1960. Um exemplo é a série de cartões produzida por Amélia Toledo, que fazia parte da publicação “On-Off”, de 1973, – criada com o artista Julio Plaza – e dava instruções didáticas para a realização de intervenções artísticas. Também integram este eixo temático a série “Paraíso”, fotografias que reproduzem obras de artes perfuradas, feitas por Albano Afonso entre 2001 e 2005, e “Campo de energia”, objeto feito de metais oxidantes por Antonio Dias em 1991. “Estas obras são feitas em momentos distintos, mas todas possuem um forte caráter conceitual. Mas cada uma trabalha o conceitual de maneira diferente”, enfatiza o curador.

Para além da diversidade da coleção, outro fator importante do projeto está na itinerância. Desde 2006, a coleção do Itaú tem sido mostrada em diferentes exposições, mas sempre em São Paulo. O projeto de itinerância foi retomado no ano passado com a exposição “Brasiliana Itaú”, que viajou pelo Brasil. A presente mostra “1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú” deixa Belo Horizonte no mês de setembro e chega ao Rio de Janeiro em outubro. Em 2012, a coleção viajará pela primeira vez ao Exterior e será apresentada em Buenos Aires.

Posted by Marília Sales at 11:38 AM

Artista do INVISÍVEL por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Artista do INVISÍVEL

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 22 de agosto de 2011.

Carlito Carvalhosa se consagra com mostra no MoMA e tem sua obra analisada em novo livro com textos críticos

Numa sala central da Pinacoteca do Estado, em São Paulo, Carlito Carvalhosa construiu um gigantesco labirinto de tecido branco, quase transparente, e convidou o compositor Philip Glass para tocar piano lá dentro.

De fora, era possível ver o vulto do músico e ouvir o eco dos acordes. Quem andava por dentro dos corredores de pano via silhuetas das esculturas do museu e o enxame de sombras dos passantes.
Um ano depois, o artista paulistano leva, nesta quarta, a mesma estrutura ao átrio do MoMA, em Nova York. Ele também é o artista escalado para inaugurar o anexo do Museu de Arte Contemporânea da USP, no antigo Detran, enchendo o prédio de postes.

De certa forma, esses trabalhos que transformam o espaço agora consagram o autor que despontou nos anos 90. Um livro que acaba de sair pelas editoras Cosac Naify e Charta, da Itália, analisa em retrospecto sua obsessão em moldar o espaço físico em experiências catárticas.

"É a ideia de memória como organizadora do lugar", diz Carvalhosa. "Aquilo que se torna invisível ainda está lá, então tem mais a ver com confronto do que adaptação."

No caso, suas esculturas criam um "enfrentamento" com o espaço ao redor. Mas acabam jogando luz sobre esse mesmo espaço e assumem a posição de escravas incômodas dessa arquitetura.

Ou também servem para exaltar os vazios e despropósitos do ambiente que ocupam. No fim do ano passado, o artista encheu de luzes uma galeria inteira em São Paulo. A sala vibrava branca, sem nada, num zunido elétrico que denunciava sua nudez.

Luis Pérez-Oramas, curador da mostra no MoMA e um dos autores do livro sobre Carvalhosa, enxerga nesse ato de desvestir a arquitetura uma herança dos ideais plásticos de Hélio Oiticica.

"Ele pensa a obra como vestimenta", diz Pérez-Oramas, comparando as peças de Carvalhosa aos "Parangolés", as roupas coloridas do neoconretista. "São trabalhos que só fazem sentido quando o corpo está dentro deles."

ROTA DE EXCESSOS
Mas se Oiticica buscava a volúpia do corpo e do movimento como alicerces visuais, Carvalhosa trilhou uma rota de excessos que provocam um impacto visual distinto, mais estático e sóbrio.

Não é a exuberância das cores, mas massas brancas imensas ou árvores desenraizadas que ditam outra forma de caminhar pelo espaço.

Numa exposição que fez no Museu de Arte Moderna do Rio, Carvalhosa replicou em gesso e pendurou de ponta-cabeça numa sala as formas do Pão de Açúcar, que pode ser visto da janela do museu.

Ele também suspendeu do teto árvores inteiras dentro do Palácio da Aclamação, em Salvador, e na antiga mansão de Eva Klabin, no Rio, como se fundisse dentro e fora, natureza e artifício, em composições visuais acachapantes.

Mas tanto no peso das árvores e dos blocos de gesso quanto na leveza escultural de seus tecidos e luzes, Carvalhosa quer o mesmo efeito, o assombro causado pelo que costuma chamar de suas "pequenas transformações".

Essa coerência no conjunto da obra sublinha sua trajetória na opinião de críticos que escreveram sobre ela.

"Ele encontrou seu espaço num processo contínuo e seguro, na dialética entre mostrar e esconder", diz Pérez-Oramas. "Sua obra tem impacto no campo da experiência e não da contemplação."

Posted by Marília Sales at 11:02 AM

Artista japonesa exibe ETs e nave espacial por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Artista japonesa exibe ETs e nave espacial

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 20 de agosto de 2011.

Ex-modelo, Mariko Mori contrasta imagens da moda com alienígenas e budismo pop

Mariko Mori construiu uma nave espacial, mas a rota não podia ser mais intimista. No lugar de galáxias distantes, a artista japonesa armou uma estrutura que projeta desenhos abstratos usando impulsos do cérebro de quem entra na sua cápsula reluzente.

Visitantes ligados a eletrodos dirigem as formas que estampam a coisa agora no saguão do Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo.

Ela mesma parece estar conectada a outra realidade, como se recebesse dados extraterrestres. Fala devagar e pontua frases com acenos da cabeça, que parecem corroborados por um OK do além.

Tudo nela também gravita em torno de uma harmonia calculada. Suas pulseiras e presilhas têm o mesmo traçado orgânico da nave espacial e a anatomia dos alienígenas que expõe no segundo andar.

"É uma metáfora do estrangeiro", diz Mori sobre seus ETs. "Um artista deve sempre enxergar as coisas de fora para ter uma visão objetiva do mundo. Quando você não pertence a algum lugar, acaba pertencendo a todos."

Essa é a tradução de Mori para conceitos profundos da filosofia budista, que pauta suas obras mais recentes.

Depois que largou a carreira de modelo e se firmou como uma espécie de Lolita mangá, em fotografias e performances provocativas, Mori decidiu enveredar pelo que chama de "planos mais profundos da consciência".

Num dos trabalhos antigos, também na mostra, ela encarna uma sereia numa praia artificial do Japão, em contraste total com as obras místicas que vieram depois.

"Meu trabalho mais antigo tinha uma influência direta da minha experiência com o mundo da moda", diz Mori. "Mas agora as obras não têm a ver com questões sociais e culturais nem com aspectos linguísticos, não podem ser traduzidas em palavras."

Sem texto, ela também fez uma roda de nove estruturas brancas em volta de um vazio, representando planetas do sistema solar. "Quero lembrar que não estamos no centro do universo", diz ela. "Somos partes de um todo."

Posted by Marília Sales at 10:42 AM

Cildo Meireles opõe rios e gargalhadas por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Cildo Meireles opõe rios e gargalhadas

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 20 de agosto de 2011.

Artista grava um disco em que compila sons de cursos d'água de um lado e uma composição de risos do outro

Duas salas, uma toda metálica e outra escura, servem de ambiente para a execução do som agora no Itaú Cultural

Quando chegou a Formosa, perto de Brasília, Cildo Meireles decidiu inverter todo o curso de seu projeto. Era para usar o som dos rios, numa gravação que ia de suas nascentes quase inaudíveis até a explosão da pororoca.

Mas lá o artista viu que o fio d'água que vira depois o São Francisco foi aterrado na construção de um bingo.

"É a morte que acaba dentro do poço", conta Meireles à Folha. Sua composição então começa no barulho ensurdecedor da pororoca e acaba em pingos no poço, que ele chama de "estertores do rio".

Na mostra que abre agora no Itaú Cultural, Meireles dá corpo a uma ideia de mais de 30 anos. Ele escreveu num caderno o palíndromo "rio oir", mistura de curso d'água e o verbo "rir" conjugado na primeira pessoa com a palavra espanhola para "ouvir".

Num LP, ele decidiu gravar de um lado o som dos maiores rios brasileiros, Amazonas, São Francisco e Paraná. Do outro, orquestrou uma composição de gargalhadas.

"Acabou virando um contraponto dessa tragédia que é a morte dos rios", diz Meireles. "Fica entre essa coisa solene, grande dos rios e a distensão que os risos têm."

Também contrapõe a placidez de um lugar como Águas Emendadas, estação ecológica nos arredores da capital federal onde nascem as maiores bacias hidrográficas do país, e a fúria dos rios desaguando no Atlântico.

Mas Meireles quer ilustrar esse contraste só com o som. Se dependesse dele, não haveria toda a estrutura montada no espaço como acessório de sua aventura sonora.

São duas salas encalacradas, uma abraçando a outra em contraste absoluto. Um lado do disco toca num ambiente metálico, como se evocasse o espelho d'água do rio, enquanto o outro toca numa escuridão que forra o riso.

"Todos querem sempre privilegiar a vista, a civilização ocidental é muito imagética", diz ele. "Mas minha intenção era ter esse arquivo sonoro."

No fim, Meireles esconde a paisagem para escutar seu estrondo no mar ou a morte calada no subsolo de um bingo.

Posted by Marília Sales at 10:17 AM