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agosto 11, 2011
Delírio tropical por Ana Cecília Soares, Diário do Nordeste
Delírio tropical
Matéria de Ana Cecília Soares originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 11 de agosto de 2011.
Segundo filme da série Iconoclássicos, produzida pelo Itaú Cultural, estreia amanhã. Dirigido pelo artista visual Cao Guimarães, "Ex Isto" é inspirado em "Catatau", romance experimental do poeta Paulo Leminski
Em "Catatau" (1975), romance emblemático de Paulo Leminski, o experimentalismo da linguagem é a forma adotada pelas ideias, que se entrecruzam e perpassam cada página devorada pelo leitor. Sem meias palavras, com todos os pingos nos "is", o poeta curitibano não vacila em dizer, ao longo da narrativa, que "esta história não é estável, não é bem assim. É um pouco diferente, talvez seja outra coisa: quem sabe uma outra natureza trabalhou nisso, com manhas e ares outras, e na continuação, seguramente nada tem que ver com o que já vimos, e no fundo é a mesma coisa, mas não confundam". Na contramão do pensamento cartesiano e da narrativa linear, "Catatau" é uma das obras mais consistentes e elogiadas de Paulo Leminski. Nela, o autor se deixa levar por uma hipótese histórica: "E se o filósofo René Descartes tivesse vindo ao Brasil com a corte do holandês Maurício de Nassau?".
Num entrelaçamento entre a desconstrução da narrativa tradicional e a implosão da filosofia cartesiana, o livro apresenta-nos um Descartes confuso, com uma luneta na mão e um cachimbo cheio de ervas alucinógenas na outra. O filósofo pensa ter ficado louco no país tropical e o texto mostra sua alucinação. Descartes espera por Artaxerxes, seu amigo. Ele acredita que este, ao chegar ao Brasil, explicará toda a confusão que volteia sua mente. A "viagem" do francês se corporifica num experimentalismo verbal que segue a tradição de grandes obras como "Finnegans Wake", de James Joyce, e "Galáxias," de Haroldo de Campos.
Filme
Inspirado no romance de Leminski, o filme "Ex Isto" é um exercício puro da liberdade de criar. Na visão do diretor, Cao Guimarães, Descartes chega em terras brasileiras para deparar-se com a natureza atemporal do rio Araguari, no Amapá, e com as ruas e feiras coloridas do Recife contemporâneo. O filósofo avança neste mundo completamente estranho a si, onde seu pensamento racionalista não consegue explicar as experiências vividas por ele. Cao constrói uma narrativa tão experimental quanto a criada por Leminski. Algo que inquieta o espectador.
Cansativo no início, o filme melhorando do meio para o fim. Traz cenas hilárias do ator João Miguel na pele de um Descartes atordoado pelas ruas do Centro de Recife. Mais uma vez o ator dá provas de seu talento e de sua capacidade de se metamorfosear em qualquer que seja a personagem que encarne.
"Conhecia muito pouco da obra de Leminski. Então, li sua biografia e alguns de seus poemas, até chegar em ´Catatau´. Leminski desconstrói o tempo todo, mostra que o método cartesiano se derrete nos trópicos. Acredito que o filme é bastante fiel ao livro. ´Ex Isto´ foi uma experiência incrível. O que mais me marcou foi a fluidez e a liberdade de criar, parecido com o que eu fazia no teatro. Além disso, foi muito interessante esse encontro com o meu amigo Cao, um artista híbrido e muito talentoso", elogia o ator.
Processo
Antes de começar as gravações, Cao Guimarães reuniu a equipe de seis pessoas para um mergulho na obra completa do poeta curitibano, fazendo do trabalho de concepção do filme um processo colaborativo. Para ele, ainda que todo o texto presente no filme seja retirado do livro, exceto alguns trechos saídos de "O Discurso do Método", de Descartes, muitas cenas surgiram diante da liberdade criativa que permite trabalhar com um romance inovador marcado pela experimentação na linguagem.
O diretor utilizou de informações sobre a vida do filósofo e de cenários da atualidade, fazendo do filme uma narrativa fantástica em que as estruturas de tempo se dissolvem junto ao delírio tropical do pensador francês.
O filme é uma homenagem a Paulo Leminski e ao romance, uma de suas obras favoritas, à qual ele dedicou por dez anos de trabalho. "Ele foi, sem dúvida, uma das grandes referências da minha geração e, hoje em dia, é muito difícil encontrar edições de muitos de seus livros. Espero que o filme ajude de alguma forma a trazer novas edições da obra dele para o público", explica o cineasta.
"Ex Isto" tem estreia prevista para o dia 12 de agosto. Ficará em cartaz durante um mês no Espaço Unibanco Dragão do Mar e todas as sessões serão gratuitas. O filme é o segundo da série Iconoclássicos (o primeiro foi "Daquele instante em diante", sobre a vida e a obra do músico Itamar Assumpção), produzida pelo Itaú Cultural.
Os próximos filmes da série são: "Assim é, se lhe parece" (em setembro), em que o artista plástico Nelson Leirner tem sua poética filmada por Carla Gallo. Em novembro é a vez de uma homenagem a José Celso Martinez. Em dezembro, ao cineasta Rogério Sganzerla, por Joel Pizzini.
FIQUE POR DENTRO
O polaco
Filho de pai polonês e mãe brasileira, Paulo Leminski Filho (1944 - 1989) nasceu em Curitiba e passou toda a sua vida na cidade. Notabilizou-se como poeta, mas chegou a escrever contos, novelas, ensaios e um único romance, o experimental "Catatau". Em 1964, publica seus primeiros poemas na revista "Invenção", editada pelos concretistas Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos. A poesia do grupo foi uma referência para toda a vida, assim como a tradição poética japonesa do haicai, com seus versos breves e precisos. Uma das principais atividades exercidas por Leminski foi a de tradutor, vertendo para o português obras de James Joyce, Samuel Beckett, Yukio Mishima, dentre outros. Realizou também parcerias musicais com Caetano Veloso e Itamar Assumpção. Em 1968, casa-se com a poeta Alice Ruiz, com quem viveu durante 20 anos, e teve três filhos: Miguel Ângelo (morto aos dez anos de idade), Áurea e Estrela. Boêmio inveterado, o poeta faleceu em 7 de junho de 1989, vítima de cirrose hepática.
Circo voador vira 'playground' de arte e tecnologia com festival de cultura digital por Carlos Albuquerque, oglobo.globo.com
Circo voador vira 'playground' de arte e tecnologia com festival de cultura digital
Matéria de Carlos Albuquerque originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Globo em 11 de agosto de 2011.
RIO - Em vez de janelas, um mouse pode abrir portas, levando ao 2º Festival de Cultura Digital, que acontece de quinta, às 20h, até domingo, no Circo Voador. Promovendo a reciclagem eletrônica, através da troca de uma peça de computador por um ingresso, o evento pretende fazer um link entre arte e tecnologia, com shows, instalações interativas, festas e oficinas.
De apresentações de pioneiros da nova era musical, como o grupo pernambucano Mundo Livre S.A. (sexta), a obras recém-criadas, como a "Fecundation", do artista plástico Julio Lucio (na qual a imagem virtual de um espermatozoide vai acompanhar os movimentos de quem entrar numa cabine montada no local); passando por uma maquete interativa de um projeto sobre a ocupação da Praça Tiradentes ("Central Futuros", do grupo Studio X Rio, formado, entre outros, pelo arquiteto e designer Raul Correa-Smith ) e oficinas de animação com softwares livres, o evento tenta abraçar um pouco do que aconteceu nesse acelerado universo, desde 2009, quando aconteceu a sua primeira edição, no mesmo local.
- No mundo digital, dois anos são quase duas décadas. E, claro, muita coisa mudou entre a primeira edição do festival e a atual - reconhece Gaby Morenah, idealizadora do projeto. - Em 2009, nosso foco foi a discussão sobre downloads gratuitos, pirataria e os novos rumos da produção digital, com muitos debates sobre isso. Agora, como esses temas já parecem absorvidos, deixamos os debates de lado e nos voltamos para os resultados, mostrando a face artística de pessoas que têm a tecnologia como principal ferramenta de trabalho.
De caixas de suco a Lobão
No festival, esse conceito é vasto e generoso o suficiente para abrigar bandas de última geração, como a Nova Lapa Jazz (cujas apresentações, às quartas, nas ruas do Centro, foram amplificadas pelas redes sociais, num boca a boca virtual) e instalações como a "Tela Móbile", do artista visual Bernardo Marques, que enche caixas de suco de projeções de vídeos.
- São 65 caixas de suco reaproveitadas, formando 13 fileiras, em cima das quais são projetados loops de vídeos caseiros meus, também reciclados - explica Marques, que vai atuar também como VJ, sexta, na festa Tonga da Mironga, ao lado dos DJs Negralha e Babão. - As fileiras de baixo têm sensores eletrônicos, que modificam os vídeos quando as caixas são apertadas. É uma forma de simbolizar como se dá a reciclagem cultural em tempos de Creative Commons.
Para a criadora do evento - que vai promover também o lançamento do curta "Não há estilo sem fracasso", sobre Lobão, que também faz show ali, sábado - , o festival tem a mesma natureza que o local que o abriga.
- A interatividade, o toque e o contato são as marcas dessa edição - garante Gaby. - Se fosse em um museu, talvez as pessoas ficassem mais respeitosas. Mas o Circo é um lugar onde subir ao palco é quase uma tradição do público. Num ambiente assim, fica mais fácil desmistificar a tecnologia e aproximá-la de todos.
Bienal corta pela metade mostra que comemora seus 60 anos por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Bienal corta pela metade mostra que comemora seus 60 anos
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 11 de agosto de 2011.
Fundação diz que redução aconteceu "para não cansar público"
Foi reduzida pela metade a mostra "Em Nome dos Artistas", que celebra 60 anos de criação da Bienal de São Paulo com o acervo do museu norueguês Astrup Fearnley.
Em março passado, o curador do museu e da mostra, Gunnar Kvaran, disse à Folha que iria apresentar 111 artistas no pavilhão da Bienal, com quase 30 mil m2. Agora, devem ser 51 artistas, prevendo o uso de 15 mil m2.
O evento iria englobar outras mostras organizadas pelo museu em colaboração com a galeria Serpentine, de Londres, como "Uncertain States of America", sobre jovens artistas norte-americanos, e "China Power Station", sobre chineses emergentes.
A última foi descartada, e a primeira, reduzida. Contudo permanecem os grandes nomes previstos, como Jeff Koons e Damien Hirst. No site do Ministério da Cultura, a exposição prevê a captação de R$ 14 milhões (R$ 8 milhões para a mostra e R$ 6 milhões para o educativo). Até ontem, só R$ 4 milhões estavam garantidos.
"Sempre enfrentamos problemas com captação, mas a redução não ocorre por questões financeiras, pois temos mais apoios já garantidos. A redução ocorreu porque a mostra seria muito grande no formato original e as pessoas se cansam de exposições assim", diz Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal.
A maior dificuldade é a captação para o educativo da mostra: apenas R$ 100 mil foram conseguidos. "Essa é uma área difícil para obter recursos, precisamos conquistar um apoio com caráter permanente", defende Martins.
Para ajudar na mostra, no entanto, está programado um jantar beneficente, no dia 20 de setembro, nos moldes do evento organizado logo que Martins assumiu o cargo, em 2009, com a instituição afundada em dívidas de cerca de R$ 3 milhões.
Agora, cada convite custa R$ 5.000, mas esse valor pode ser abatido por quem comprá-lo através de lei de incentivo à cultura desde que o contribuinte deva ao menos cerca R$ 100 mil ao Imposto de Renda -a alíquota para pessoa física é de 6%.
"É parte de um programa que vamos lançar no jantar, chamado Mais Bienal, para estimular que pessoas físicas também façam doações à Bienal, porque nem todo mundo sabe que isso é possível", afirma o presidente.
Martins também não considera que a dificuldade em obter recursos seja porque o MinC tenha fechado a torneira: "Eles estão proibidos por lei de repassar recursos. O que precisamos é envolver a sociedade, sejam empresas, pessoas ou o poder municipal, estadual e federal".
Novas políticas para a arte contemporânea por Nina Gazire, Istoé
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 5 de agosto de 2011.
Desde que foi criado em 2009, o Instituto Brasileiro de Museus vem fazendo uma série de ações voltadas para a manutenção e modernização dos museus
Desde que foi criado em 2009, o Instituto Brasileiro de Museus vem fazendo uma série de ações voltadas para a manutenção e modernização dos museus. Entre as necessidades levantadas durante esse período pelo órgão ligado ao Ministério da Cultura está a formação de uma coleção nacional de arte contemporânea. Em agosto, o Ibram pretende selecionar por meio de um edital um grupo de dez artistas que terão verba de R$ 1,4 milhão para realizar uma obra cada um, destinadas aos museus de arte fora do eixo Rio–São Paulo. “A escolha dos artistas será dada por meio de uma comissão de curadores. Queremos formar uma coleção continuada de obras contemporâneas para que o País possa se relacionar com esse tipo de produção”, diz o presidente do Ibram, José Nascimento Júnior. Além desse edital, que deve ser anual, este mês o governo divulga um edital para o Prêmio Ibram RioArt Fair, que acontecerá em setembro, na primeira edição da feira de arte do Rio de Janeiro. As obras de arte premiadas serão depois expostas no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio.
agosto 10, 2011
Teatros de vertigem por Paula Alzugaray, Istoé
Teatros de vertigem
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 29 de julho de 2011.
A literatura de Beckett, a infância e seus mitos são revisitados em trabalhos de 30 artistas, sob a curadoria de Josué Mattos
Na entrada da exposição na galeria Casa Triângulo, em São Paulo, uma caixinha de acrílico contém pequeníssimos acetatos coloridos recortados com a palavra “Time”. O objeto, intitulado “250TIMES”, de autoria de Maurício Ianês, funciona como uma charada, uma espécie de buraco da fechadura, por meio do qual vislumbra-se o grande conceito da mostra: a passagem do tempo – ou sua suspensão. Também na porta de entrada, um objeto lúdico, redondo, com um fone de ouvido acoplado, convida o visitante. Trata-se da obra “Cantos”, de Renata Padovan, e pode se tornar a trilha sonora da exposição, caso o visitante opte por passear entre as obras, portando o objeto. “Como o tempo passa quando a gente se diverte”, título extraído de “Esperando Godot”, de Samuel Beckett, tem curadoria de Josué Mattos e reúne trabalhos de 30 artistas.
O som influencia definitivamente o olhar, e com ele a exposição tem acentuado o seu caráter dramático e narrativo. Embalados por cantigas de roda em diversas línguas, revisitamos o imaginário e as iconografias da infância. Com toda a sua luz e sombra. As máscaras, fantasias e os títeres povoam as esculturas de Flávio Cerqueira e as pinturas de Camila Macedo, Rodrigo Bivar e Eduardo Berliner. O circo é evocado por Vania Mignone e por Thereza Salazar. O balanço está desenhado no cavalinho de Sandra Cinto, pintado na tela de Flávia Metzler e associado à vertigem no vídeo de Milena Travassos.
Já as formigas que escapam do desenho de Ana Teixeira – feito diretamente sobre a parede – liberam uma narrativa oculta. O “Autorretrato com formigas” é, como a fotografia “Uma festa”, de Rochelle Costi, o fim da ingenuidade. O corpo depois do salto. O jogador depois da partida. A evidência de que as escolhas de Josué Mattos não fazem apologia aos parques de diversões de nossa infância se consolida em “Fim de partida”, fotografias em que Tatiana Blass homenageia Beckett.
Fotografia como arte, Diário do Nordeste
Fotografia como arte
Matéria originalmente publicada no Caderno 3 do Diário do Nordeste em 10 de agosto de 2011.
No mês em que se comemora o Dia Mundial da Fotografia, o Fórum da Fotografia - Ceará mobiliza fotógrafos e espaços culturais da cidade com exposições, seminários, workshop e debates, lançando olhares sobre a fotografia em sua expressão mais sublime: a arte
No caminho em busca do fortalecimento da fotografia enquanto linguagem artística, organizada, atuante e bem articulada, fotógrafos cearenses aproveitam a efeméride do Dia Internacional da Fotografia, comemorado dia 19 de agosto, para atrair olhares à produção do Estado. A iniciativa, encabeçada pelo recém criado Fórum da Fotografia - Ceará, inclui exposições de mais de 50 artistas, seminários, debates e workshop, em uma grade extensa de atividades batizada de Encontros de Agosto.
Curadores de importantes centros, como Argentina e São Paulo, foram ainda convidados a prestigiar as mostras, em um primeiro esforço para divulgar e incluir a obra de artistas cearenses em exposições Brasil afora. Com o tema "Fotografia Contemporânea - linguagem e pensamento", o evento promove, a partir de hoje, exposições coletivas e individuais, ocupando diversas galerias e centros culturais da cidade, e, entre os dias 16 e 20 deste mês, um seminário no Centro Cultural Banco do Nordeste.
"Como existe certa carência, dificuldade, defasagem, na inserção de produção de fotógrafos cearenses em exposições nacionais e internacionais, faremos uma discussão sobre esse viés da fotografia, atraindo também olhares sobre nossos fotógrafos que atuam nessa linguagem. É uma ação de difusão e formação", resume Patrícia Veloso, coordenadora geral do Encontros de Agosto 2011 e participante do Fórum. Ela explica que a ação foi pensada e discutida durante as reuniões do Fórum, que começou a ser articulado em abril deste ano.
Inaugurando a programação, partir de hoje será aberta a exposição Encontro de Olhares, na Galeria Multiarte, reunindo trabalhos de quatro fotógrafos: uma homenagem a Chico Albuquerque, que terá exposto seu consagrado ensaio "Mucuripe", de 1952, documentando o cotidiano dos jangadeiros em Fortaleza; também o fotógrafo José Albano, que expõe sua série "Europa", com registros tomados entre os anos de 1972 e 1973 em 12 países do continente; e as mostras "Die Reise", de Beatriz Pontes e "Rendez-Vous", de Bia Fiúza.
Amanhã, serão abertas, ainda, as exposições "Do Instante à Imaginação", de Gentil Barreiram, na Galeria Casa D´Arte, e "Na Avenida", de Chico Gomes, na Galeria Antônio Bandeira. O Sobrado Doutor José Lourenço recebe o maior volume de fotografias, em uma grande mostra coletiva que será inaugurada dia 19, às 20 horas. A curadora e galerista Isabel Amado, de São Paulo, foi responsável pela seleção das obras.
Mobilização
O Fórum de Fotografia lançou, no início do mês, uma convocatória aos fotógrafos atuantes no Estado convidando a inscreverem seus trabalhos para participar das mostras. Além de terem suas obras inclusas em uma das mostras do evento, a convocatória mobilizou os profissionais por se colocar como oportunidade de expor as obras aos curadores convidados. Mais de 50 trabalhos foram selecionados, de autoria de fotógrafos jovens e experientes.
"Temos um mercado fotográfico muito restrito (no Ceará). O fotojornalismo é muito pequeno, limitado a assessorias de imprensa e três jornais principais. (No Encontros de Agosto) vão trazer galeristas importantes como o Miguel Chikaoka, Isabel Amado, Eder Chiodetto. Quando se traz esses caras, você fomenta outro mercado, ligado a arte", destaca o fotógrafo e professor do curso de fotografia da Casa Amarela, Igor Grazianno. Ele é um dos participantes da mostra coletiva, que também conta com alguns de seus alunos entre os selecionados.
Igor conta que incentivou seus alunos e mais fotógrafos participantes de um grupo online com mais de 300 integrantes a inscreverem seus trabalhos. "Durante a reunião, colocamos como palavra de ordem participar dos concursos e mostras", diz Igor, ressaltando o esforço do Fórum em mobilizar o maior número de profissionais. "Quando você vai a exposições em outros estados, não tem fotógrafos cearenses em destaque. Fui recentemente a uma mostra de fotografia no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), do Rio de Janeiro. Tinha fotos do Rodrigo Braga, que é pernambucano, mas de nenhum cearense", ilustra Grazianno.
Seminário
Investindo ainda na formação dos fotógrafos, os curadores e outros fotógrafos convidados ministram palestras, seminário e workshop, discutindo temas voltado para a fotografia e a arte. O seminário é realizado em parceria com o programa Agosto da Arte do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). A programação do evento será aberta dia 16, com o lançamento das mostras "Buena Vista" e "Correspondências Visuais", de Marcelo Brodsky (Argentina); Tiago Santana (CE) e Cássio Vasconcellos (SP), que estarão presentes para uma conversa com o público.
Entre os temas discutidos nos seminários e palestra ministrados de 17 a 19 de agosto, destaca-se "O retrato como fonte para um inventário de fotógrafos" (Bertrand Lira - PB), "Fotografia Contemporânea (O retrato no Ceará)" (Silas de Paula - CE), "EGOSHOT: território do rosto ágrafo" (Flavya Mutran - PA), "Fotografia - galerias e colecionismo" (Eduardo Brandão - SP e Max Perlingeiro - SP) e "Internacionalização da Fotografia Brasileira" (Rubens Fernandes - SP).
Encerrando a programação, no dia 20, a curadora e galerista Isabel Amado ministra, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), o workshop "Fotografia e o mercado da arte". Ela traz orientações aos fotógrafos de como atuar no circuito autoral, montar um portfólio para apresentar suas imagens e publicar suas fotografias valorizando-a enquanto obra de arte. As vagas já estão esgotadas.
Encontros de agosto
Seminários e Palestras - De 16 a 20 de agosto no Centro Cultural Banco do Nordeste. Workshop Fotografia e o mercado da arte, com Isabel Amado (SP), dia 20, no Auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura em Fortaleza/CE. Inscrições para seminários e palestras: abertas no CCBNB (cultura@bnb.gov.br); inscrições para workshop com Isabel Amado encerradas. Contato: (85) 3261.0525. As inscrições e a participação nas atividades são gratuitas.
Exposição encontro de olhares - Die Reise (Beatriz Pontes), Rendez-Vous (Bia Fiúza), Europa (José Albano) e Mucuripe 1952 (homenagem a Chico Albuquerque) - Abertura, hoje, às 20h, na Galeria Multiarte (Rua Barbosa de Freitas, 1727 - Aldeota). Visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, aos sábados, de 14h às 20h. Até 10 de setembro. A exposição integra a programação do Encontros de Agosto 2011.
Contato: (85) 3261.7724 e www.galeriamultiarte.com.br
agosto 9, 2011
Cidade tridimensional por Ana Cecília Soares, Diário do Nordeste
Cidade tridimensional
Matéria de Ana Cecília Soares originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 9 de agosto de 2011.
O artista visual Erickson Britto inaugura, amanhã, às 19 horas, a exposição "A arte e a cidade", na sala Multiuso, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Ainda menino em João Pessoa, sua cidade natal, o artista visual Erickson Britto teve uma experiência fantástica que selaria o interesse futuro pelo mundo das artes. A partir de uma vista aérea, ao subir no edifício mais alto da cidade, o menino emocionou-se com o traçado das ruas, placas sinalizadoras, casas, praças e blocos compactos de telhados distribuídos pelo corpo da capital paraibana. Sim, era o início do amor pela geometrização dos objetos. Amor pelas formas escultóricas.
Passados 18 anos dessa experiência de infância, Erickson Britto potencializou o caminho de sua poética, ativando um mecanismo de observação da tridimensionalidade e a percepção da volumetria dos equipamentos urbanos das cidades por onde tem viajado.
Joias e esculturas
O artista começou sua carreira desenhando e produzindo joias que mais tarde o levariam às esculturas. "Foi uma longa trajetória como designer de joias. Morei em Recife por 16 anos, lá trabalhei e conheci outros artistas, foi um período muito importante de aprendizagem. Também tive contato com a herança portuguesa na joalheria, trabalhei com o ouro e a prata. Aprendi a manipular o metal e a exercitar a liberdade criativa. Depois percebi que era preciso atuar num corpo maior, então, veio o desejo pelo campo escultórico", explica.
Com 30 anos de carreira, atuando como escultor e designer, Erickson construiu uma linguagem própria, muito próxima da tradição construtivista brasileira, dialogando com a tridimensionalidade da estrutura moldada pela percepção que ele tem do espaço.
Exposição
Numa espécie de retrospectiva desses anos dedicados a arte, ele abrirá, a partir de amanhã, a exposição "A arte e a cidade", na sala Multiuso do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema.
Com curadoria de Vera Barros, a individual reúne cerca de 30 trabalhos, entre esculturas, maquetes de obras públicas, objetos, joias e obras de diversos períodos do artista que se encontram e se complementam.
A mostra estimula o visitante a explorar várias possibilidades de observação de cada trabalho, com base numa aproximação dos princípios da Gestalt (teoria psicológica relacionada ao estudo da percepção), a partir do deslocamento do ponto de observação, explorando os ângulos como partes, em contradição à soma do todo.
Segundo o artista, esse deslocamento alegórico do olhar permite o contato com uma nova realidade visual, trazendo um diálogo que muitas vezes encontra respaldo conceitual quando levado para as questões pessoais do observador.
Influências
Britto também busca trazer para sua pesquisa artística questões referentes ao equilíbrio, transparência e opacidade, tão presentes no percurso de artistas como Franz Weismann, cujos espaços vazios se tornaram concretos. Além disso, ele considera elementos, como as linhas inflexíveis e maleáveis ao olhar, presentes nas obras monumentais do escultor Richard Serra, que sugerem um novo ponto de equilíbrio.
Serra, inclusive, trabalha com peças que pesam toneladas e possuem autossustentação. Em suas obras não há pregos, amarras ao chão, fundações ou outros meios para manter as esculturas estáveis. Apenas a gravidade aplicada à massa do aço somados a cálculos precisos fazem tais estruturas manterem-se em pé, muitas vezes, sendo curvadas e inclinadas em ângulos surpreendentes.
Outros aspectos que servem de referências ao trabalho de Erickson Britto é a economia de formas e a simplicidade do minimalismo proposto por Donald Judd; e o corte, recorte e dobras nas questões trazidas pela poética de Amilcar de Castro, onde o corte não é adereço, mas estrutural. "Eu sempre tenho a sensação, no momento da criação, de que todo projeto executado é sempre um protótipo de algo maior, para um espaço mais democrático, para o público que circula nas cidades", conclui o artista visual.
Fique por dentro
Perfil do artista
Natural de João Pessoa (PB), o escultor Erickson Britto, por meio de sua observação da cidade, iniciou uma pesquisa como designer de joias, ampliando, posteriormente, sua percepção e expressão artística para o universo escultórico. É nesse momento que nascem as primeiras esculturas sob forma de pequenos troféus em prata, aço e outros materiais, que evoluem em suas formas e dimensões e invadem espaços, ambientes e cidades. O artista foi aprovado, recentemente, no Mestrado em Poéticas Visuais na Universidade Federal da Baia (Ufba), onde busca aprofundar sua poética visual. "Todas essas inquietações me levam à necessidade de uma compreensão mais profunda sobre a minha própria produção", destaca Erickson Britto.
MAIS INFORMAÇÕES
Abertura da exposição "A arte e a cidade", de Erickson Britto, amanhã, às 19h, no Centro Dragão do Mar. Contato: (85) 3488. 8596.
MAC versus USP por Silas Martí, Folha de S. Paulo
MAC versus USP
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 9 de agosto de 2011.
Governo e universidade divergem sobre contas do museu
Mais do que o atraso nas obras, uma disputa entre a Secretaria de Estado da Cultura e a Universidade de São Paulo sobre quem deve pagar as contas do Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP) é o maior entrave na mudança da instituição para o antigo Detran, no Ibirapuera.
Além disso, USP e governo paulista não entraram em acordo sobre a construção de um clube no terreno vizinho ao novo endereço do museu.
Segundo apurou a Folha, o problema é a exigência da reitoria da USP de que o governo banque a manutenção do MAC no Detran, um custo anual de R$ 18 milhões, segundo a universidade. No cálculo do governo, a manutenção do prédio custaria, no máximo, R$ 10 milhões.
"Estamos discutindo para chegar a um valor que seja compatível para os dois", disse o secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo.
Procurada pela reportagem, a USP não quis se manifestar. A Folha também tentou contato direto com o reitor, João Grandino Rodas, que não se pronunciou.
A falta de precedentes jurídicos para que a Secretaria da Cultura arque com os custos de um museu universitário, já que ambos são órgãos subordinados ao governo estadual, é outro problema.
Enquanto o orçamento anual da USP é de cerca de R$ 3,6 bilhões, o da Cultura paulista é de R$ 1 bilhão.
Ainda de acordo com fontes ouvidas pela Folha, a USP até hoje não formalizou os convênios de transferência do acervo para o novo endereço nem iniciou licitações necessárias para a mudança.
Em tempo, as obras de adaptação do prédio para o MAC consumiram R$ 76 milhões de verba do governo e devem terminar em setembro.
A abertura do museu, com uma das maiores coleções de arte moderna no país, no entanto, já foi adiada pelo menos quatro vezes. Do prazo inicial de junho de 2009, a previsão agora é que o museu seja inaugurado em 2012.
"Parei de fazer projeções", diz Tadeu Chiarelli, diretor do MAC. "Só no dia em que estiver tudo terminado, tudo bacana, a gente vai para lá."
CLUBE VIZINHO
Outro impasse na mudança é o plano do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, de construir um clube e um estacionamento no terreno ao lado, doado aos alunos por Jânio Quadros nos anos 1950.
Segundo apurou a Folha, o reitor da USP estaria preocupado com a concorrência entre clube e museu, que terá serviços semelhantes.
Diretores do centro acadêmico dizem que a Secretaria de Estado da Cultura tentou, sem sucesso, negociar uma troca de terrenos, liberando o espaço para um jardim de esculturas, mas acabou entrando num acordo com o XI de Agosto. Agora, o projeto deve sair do papel com aval do governo e à revelia da USP.
agosto 8, 2011
Delírio tropical por Paula Alzugaray, Istoé
Delírio tropical
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 5 de agosto de 2011.
Cinema experimental renasce em "Ex Isto", de Cao Guimarães, projeto incentivado pelo Itaú Cultural
No mundo da arte, o espaço cartesiano corresponde ao cubo branco. Trata-se de um espaço neutro, organizado de forma a se manter o mais distante possível da complexidade da vida exterior. Assim são construídos os museus e as galerias, sob os preceitos da arquitetura moderna. Já na literatura e no cinema, ao cartesianismo correspondem as narrativas lineares. Ser cartesiano é combater o caos com as luzes da lógica e da razão. Assim determinou o filósofo francês René Descartes (1596-1650), entre outros iluministas, para tirar a Europa das trevas. Mas “e se René Descartes tivesse vindo ao Brasil com Mauricio de Nassau?” Talvez tivesse perdido a razão para os delírios e os desvarios dos trópicos. Essa é a tese do escritor Paulo Leminski (1944-1989) no romance “Catatau” (1976), que ganha versão de Cao Guimarães para o cinema, em projeto incentivado pelo Itaú Cultural. Leminski e Guimarães, dois artistas que não se deixaram domar pelas leis do cubo branco, se encontram em “Ex Isto”, em cartaz nos cinemas a partir de 12 de agosto, em várias capitais brasileiras.
Em “Ex Isto”, Descartes, interpretado pelo ator João Miguel, mergulha em crise existencial tão logo se depara com a complexidade impenetrável da selva brasileira. Nessa paisagem estranha, situada em algum lugar “entre a apatia e o nervosismo”, segundo texto de Leminski, Descartes vai aos poucos se despir. O chapéu, primeiro elemento que lhe escapa, é sintomático de sua gradual perda da razão. No embate filosófico com a floresta, Descartes contracena com aranhas e papagaios, testando princípios e paradigmas. No rito de passagem a que será conduzido, chega a ficar nu e a se enlamear, como num ritual primitivo. Já em franco delírio, abandona seu tempo e visita o Recife contemporâneo. Como um bom turista, vai à favela e ao mercado, provar as frutas, a música, a mulher, as delícias tropicais.
O terreno das alucinações é próprio da poética de Cao Guimarães, artista que sabe, como poucos, inverter os sentidos de uma imagem. O diretor, que já acompanhou eremitas e outros desajustados em seus longas anteriores – “A Alma do Osso” (2004) e “Andarilho” (2006) –, chega em “Ex Isto” à integração perfeita entre cinema, performance e intervenção urbana. A sequência em que Descartes divaga pelo mercado, ação visivelmente realizada a partir de improvisações cênicas de João Miguel, é performance pura. Já sua relação com o papagaio, na floresta, chega a remeter a um dos momentos clássicos da performance contemporânea: a interação entre a artista alemã Rebecca Horn e uma cacatua em um de seus “Berlin Exercises”. Destaque também para a mais que acertada escolha da canção “Luzes”, letra de Leminski e música de Arnaldo Antunes, para os créditos finais. Um grandíssimo final.
Um projeto da série Iconoclássicos, do Itaú Cultural, “Ex Isto” retoma uma tradição de experimentalismo que desde a década de 1970 não se fazia com tanto vigor no cinema nacional.
Cartografias fronteiriças por Paula Alzugaray e Nina Gazire, Istoé
Cartografias fronteiriças
Matéria de Paula Alzugaray e Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 15 de julho de 2011.
Anna Bella Geiger e Letícia Parente, que compartilham o título de pioneiras da videoarte brasileira, ganham retrospectivas
Letícia Parente (1930-1991) e Anna Bella Geiger escreveram o primeiro capítulo da videoarte no Brasil: as duas artistas integraram o grupo que, em meados dos anos 1970, realizou experimentações com uma Sony Portapak, a primeira câmera de vídeo portátil. Quando realizou os vídeos “Passagens” (1974), Anna Bella já tinha uma trajetória artística de 20 anos utilizando materiais e técnicas como nanquim, crayon, pintura a óleo, guache, fotografia e gravura em metal. E dava aulas em seu ateliê.
A baiana Letícia, que veio de Fortaleza para o Rio de Janeiro em 1974, ingressando no ateliê de Anna Bella, já havia realizado uma exposição individual de gravuras. No seu primeiro vídeo, o já clássico “Marca Registrada” (1975), Letícia costura a frase “made in Brasil” na sola do pé. Embora reconhecidas como pioneiras dessa nova mídia eletrônica, as duas artistas ganham hoje retrospectivas que acentuam o caráter multimidiático de suas carreiras.
A exposição “Circa MMXI” se organiza como uma espécie de mapa, que desenha regiões exploradas em 60 anos de trajetória de Anna Bella Geiger. Ao utilizar no título o termo “Circa” – designação de data provável de obra artística, histórica ou arquitetônica – a artista demarca o interesse com noções de tempo e espaço, que sempre acompanhou seu trabalho. “Territórios e localizações são temas que estou sempre trabalhando. E sempre volto à ideia do cais e do porto”, diz ela, que assumiu como ponto de partida da mostra a zona portuária.
O visitante que aportar na primeira sala é recebido pela gravura panorâmica “Zona Portuária com Águas dos Mares” (2010) e obras de décadas anteriores que têm a viagem e a cidade como tema. A mostra, uma autocuradoria de Anna Bella, transcorre em percursos ora cronológicos, ora relacionais – traçando tensões e correspondências entre diferentes obras e períodos. Embora comece com o barco, talvez o símbolo máximo do trajeto seja o trem, elemento presente nas instalações “Circa IV” e “Circa V”. Ambas têm a modernidade como tema e alavancam toda uma carga simbólica sugerida pela figura do trem: a circularidade, a travessia, a imagem em movimento, o cinema.
Ao contrário de Anna Bella, Letícia Parente é muito mais conhecida por seus vídeos, que são 11 no total. Recentemente restaurada, sua obra videográfica completa será mostrada no Oi Futuro, no Rio. Mas a exposição acontece concomitantemente em três cidades – Rio, Salvador e Fortaleza –, onde a artista viveu. No MAC de Fortaleza serão expostas as gravuras e pinturas produzidas na fase cearense. Já em Salvador, o vídeo “De Aflicti – Ora Pro Nobis” e fotografias ocuparão a capela do MAM Bahia. “Em função do espaço que cada museu oferece, podemos pensar uma conversa dos vídeos com alguma outra obra da produção da artista”, diz o filho André Parente, que assina a curadoria da retrospectiva “Arqueologias do Cotidiano” com a artista Katia Maciel. “Esse conceito de arqueologia do cotidiano foi encontrado nos próprios textos da Letícia. Todos os seus vídeos têm a ver com preparações de tarefas relacionadas ao cotidiano. Partindo de atos banais, você pode passar para outras camadas e atingir a problematização desses gestos”, diz Parente.
Novas políticas para a arte contemporânea por Nina Gazire, Istoé
Novas políticas para a arte contemporânea
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 5 de agosto de 2011.
Desde que foi criado em 2009, o Instituto Brasileiro de Museus vem fazendo uma série de ações voltadas para a manutenção e modernização dos museus
Desde que foi criado em 2009, o Instituto Brasileiro de Museus vem fazendo uma série de ações voltadas para a manutenção e modernização dos museus. Entre as necessidades levantadas durante esse período pelo órgão ligado ao Ministério da Cultura está a formação de uma coleção nacional de arte contemporânea. Em agosto, o Ibram pretende selecionar por meio de um edital um grupo de dez artistas que terão verba de R$ 1,4 milhão para realizar uma obra cada um, destinadas aos museus de arte fora do eixo Rio–São Paulo. “A escolha dos artistas será dada por meio de uma comissão de curadores. Queremos formar uma coleção continuada de obras contemporâneas para que o País possa se relacionar com esse tipo de produção”, diz o presidente do Ibram, José Nascimento Júnior. Além desse edital, que deve ser anual, este mês o governo divulga um edital para o Prêmio Ibram RioArt Fair, que acontecerá em setembro, na primeira edição da feira de arte do Rio de Janeiro. As obras de arte premiadas serão depois expostas no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio.
Fotografia: arte de primeira grandeza por Nina Gazire, Istoé
Fotografia: arte de primeira grandeza
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 22 de julho de 2011.
Coleção de Fotografia Contemporânea da Telefônica / Instituto Tomie Ohtake, SP/ até 18/9
Em maio, a fotografia bateu um novo recorde no mundo da arte. A foto “Untitled#96”, feita pela americana Cindy Sherman em 1981, foi arrematada em um leilão da Christie’s por US$ 3,89 milhões. Até então, o título de foto mais cara pertencia ao fotógrafo alemão Andreas Gursky. Sua imagem “99 Cents II”, que retrata um supermercado, foi leiloada por US$ 3,3 milhões em 2007. “Isso mostra a consolidação da fotografia no mercado de arte. Há alguns anos esse valor só poderia ser atribuído a uma pintura ou uma escultura”, comenta a curadora espanhola Laura Fernandez, responsável pela Coleção de Fotografia Contemporânea da Telefônica. Tanto Gursky quanto Cindy integram essa importante coleção, que é mostrada até setembro no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
A Coleção de Fotografia da Fundación Telefónica teve início nos anos 2000, em Madrí, com o objetivo de mapear a trajetória da produção fotógrafica. Dividida em quatro eixos temáticos, a exposição traz parte da coleção, apresentando 36 obras que abordam paisagem, arquitetura, identidade e simulacros.
O eixo “A paisagem e a natureza” reúne fotógrafos especializados no registro de cenas naturalistas. Exemplo deste eixo é “Alba” (foto), imagem em grandes dimensões do rio homônimo localizado na Romênia, feita por Gursky em 1989. Já o eixo “Identidade” apresenta trabalhos que questionam estereótipos sociais ou apresentam o corpo como veículo de expressão. Aqui podem ser vistos os autorretratos de Cindy Sherman, bem como da artista Marina Abramovic (foto), que apresenta um encontro entre a fotografia e a arte da performance. “A coleção é muito versátil e pode ter outras abordagens além desses eixos, mas, do ponto de vista geral, identificamos que estes temas prevalecem no campo da fotografia contemporânea”, explica a curadora da coleção, que também possui trabalhos do brasileiro Vik Muniz.
Pintura em preto e branco por Paula Alzugaray, Istoé
Pintura em preto e branco
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 22 de julho de 2011.
Pinacoteca expõe o alemão Gerhard Richter, artista para quem a fotografia é matriz e fim da pintura
Abstracionismo x figurativismo: essa foi uma das rixas mais acentuadas da história da arte. Deu-se especialmente após o surgimento da fotografia, que logo desbancou a pintura do posto de espelho da realidade. O pintor moderno veio afirmar, desde o final do século XIX/início do século XX, a autonomia da arte em relação ao real e instaurou, assim, a crise da representação. Mas esse grande postulado moderno não foi assimilado sem resistência e assistimos, ao longo do século passado, a oscilações permanentes entre as forças da tradição e as da ruptura. Até que, um belo dia, um pintor alemão afirmou que não havia oposição entre esses dois postulados. Seu gesto foi tão significativo que, desde então, Gerhard Richter é aclamado entre os mais importantes artistas da contemporaneidade. “Gerhard Richter: Sinopse”, exposição com 27 obras realizadas entre os anos 1960 e 1990, na Pinacoteca de São Paulo, mostra o percurso desse grande artista que realiza uma pintura tão figurativa quanto abstrata e conceitual.
O impulso figurativista brota em Richter logo no início de sua trajetória, no contexto do realismo socialista que o cerca em Dresden, cidade natal, parte da antiga República Democrática Alemã. Mas, em 1961, quando transfere-se para Düsseldorf, na então Alemanha Ocidental, o jovem artista entraria em contato com a pintura informal (abstrata) e com a iniciante pop art (figurativa). Talvez a partir desse choque cultural tenha surgido a forte integração da pintura e da fotografia em seu trabalho.
A relação de Richter com a representação fotográfica da realidade passa a ser marcante. Em Düsseldorf, ele começa a colecionar fotografias de várias procedências: de imagens de própria autoria a fotografia amadora e fotojornalismo. A partir desse acervo, começa uma série de pinturas monocromáticas em cinza. Nesse gesto de reduzir a foto colorida à pintura em preto e branco, assume autoria da imagem apropriada. Para além das competências de um pintor padrão, assume o apropriacionismo como gesto artístico. Com isso, dá início a uma pintura de cunho altamente conceitual, que influenciaria várias gerações em meio mundo.
O ciclo completo das relações entre foto e pintura na obra de Richter pode ser apreciado na Pinacoteca do Estado de São Paulo. A exposição inclui uma série de pinturas que foram produzidas a partir de fotografias. Mais surpreendentes são aquelas pinturas nascidas de fotos e depois novamente convertidas em imagens fotográficas. Esse é o caso de “Uncle Rudi”, retrato de militar apropriado e pintado em 1965 e depois fotografado em 2000, e “Betty”, retrato pintado em 1988 e fotografado em 1991. A Pinacoteca expõe as versões fotográficas dessas obras, em cibachrome, técnica em que a imagem é captada e ampliada diretamente no papel e em off-set.
Iluminar a paisagem por Nina Gazire, Istoé
Iluminar a paisagem
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 29 de julho de 2011.
ESTELA SOKOL - A Morte das Ofélias / Anita Schwartz Galeria de Arte, RJ / até 8/10
Segundo o filósofo Pitágoras, a realidade e seus fenômenos físicos como luz, matéria e som podem ser manipulados harmonicamente e em consonância pela geometria e a matemática. A obra da artista paulistana Estela Sokol faz a ponte entre esse conhecimento naturalista e a escola Suprematista, movimento artístico russo centrado em formas geométricas básicas. Na maioria de seus trabalhos, a essência das formas é atingida não só pela geometria, mas também pela latência da cor. “Esta busca pela materialidade da cor e da luz está em quase todos os meus trabalhos. A ideia é criar campos físicos partindo de elementos supostamente invisíveis, porém decisivos: a irradiação do objeto e sua apropriação do entorno”, diz Estela.
Essa junção entre uma geometria milenar e a intenção pictórica se dá especialmente na sua nova série de intervenções em espaços naturais, realizadas durante uma residência artística na Áustria. A artista posicionou, na paisagem dos Alpes austríacos, objetos geométricos de cores fosforescentes. O registro dessas ações resultou em duas séries de fotografias: “Secret Forest” e “Polarlicht”, presentes em sua individual “A Morte das Ofélias”, no Rio. Exemplo dessa orquestração é “Voo” (foto), parte da série “Polarlicht”. Neste trabalho, Estela sincroniza forma e luminosidade de um triângulo pousado no gelo com as formas orgânicas das montanhas ao fundo. “Os trabalhos da série Polarlicht foram pensados para espaços naturalmente luminosos. A ideia foi explorar a relação com a luz natural. Dessa forma, o gelo e a neve passam a ser parte das obras, como materiais escultóricos essenciais e proponentes da refração da cor e da luz”, diz a artista, que na mesma exposição apresenta a obra “Ofélia”, fazendo uma referência ao personagem shakespeareano retratado por diferentes pintores ao longo da história da arte.
Entrevista com a artista Estela Sokol
Qual é o conceito por detrás da série “Secret Forest” e “Polarlicth”? Como se deu a escolha dos lugares onde as intervenções foram feitas?
Em muitos de meus trabalhos (relevos, esculturas e instalações) tenho pesquisado questões relacionadas à refração da cor e da luz. Para tanto, sempre tive muita preocupação com a escolha dos espaços expositivos, procurando lugares brancos, claros, próximos a janelas, clarabóias – ambientes que proporcionam a vibração e a refração da cor-luz. A fim de dar continuidade a esta pesquisa, surgiram estes trabalhos, assim como os trabalhos da série “Polarlicht”, realizada na mesma época nos Alpes austríacos, pensada para espaços naturalmente luminosos. A idéia foi explorar a relação com a luz natural e seu embate direto sobre os trabalhos. A refração se dá a partir do rebatimento de cor e de luz e esta potencializa a tridimensionalidade da cor-luz. Gelo e neve passam a ser elementos constitutivos das obras, como materiais escultóricos essenciais e proponentes da refração da cor e da luz. Assim, a intenção é que estes campos expandidos de cor sejam resultados de uma relação direta com a natureza da upper Áustria. A superfície de gelo e neve, os tons soturnos das florestas e bosques, as diferentes luminosidades dos dias geram um embate com as bolas de látex, com as placas de acrílico enterradas ou apoiadas nas superfícies nevadas projetando cor e luz sobre a superfície alva.
Você parece querer dar uma materialidade a luz e a cor na série Ofélias? Como isso se deu?
Na verdade eu diária que esta busca pela materialidade da cor e da luz esta presente em quase todos os meus trabalhos. A idéia é criar campos físicos partindo de elementos supostamente invisíveis, porém decisivos: o irradiar-se do objeto e sua apropriação do entorno, investindo-lhe de outra corporeidade escultórica que é evidenciada pela expansão da cor. Dessa forma, a mesma passa a ser parte do volume da obra.
Você apresentou esses trabalhos em uma mostra anterior em Londres. Existe alguma diferença na curadoria e apresentação dos trabalhos nesta exposição brasileira?
A montagem da mostra em Londres fez referencia a minha então última exposição “Clarabóia”, realizada no Paço das Artes entre novembro de 2010 a janeiro de 2011. Nesta exposição a montagem evocava uma relação com “O Habitat Natural das Obras”_ texto que a crítica Paula Braga escreveu na ocasião da exposição_ o atelier “X” e a estética museográfica moderna, como por exemplo, a exposição de obras suprematistas “0-10” de 1915. A montagem de a “A Morte Das Ofélias” pretende dar continuidade a este diálogo, mas, diferentemente das mostras “Secret Forest”, Londres e “Clarabóia”. Todos os trabalhos apresentados na grande sala terão, escala institucional.
Como a figura da Ofélia de Shakespeare aparece nestes trabalhos abstratos? Como essa figura literária foi transformada em conceito nestes trabalhos?
Minha intenção não foi transformar a figura literária em conceito, mas sim evocá-la para adensar um diálogo com a tradição da pintura, na qual a Ofélia de Shakespeare foi retratada por diferentes pintores como Millais, Delacroix e outros. No entanto, para além das possíveis relações pictóricas, a escolha da Ofélia de Shakespeare se deu também para falar da beleza congelada pela morte da princesa suicida. Por esta luminosidade simultaneamente soturna e radiante.
Sonhos satíricos por Nina Gazire, Istoé
Sonhos satíricos
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 5 de agosto de 2011.
BRUNO VIEIRA - DAS JANGADAS E OUTRAS DIATRIBES/ Galeria Mariana Moura, Recife/ até 20/8
O termo diatribe aplica-se a um texto satírico. Mas a possibilidade de se fazer uma diatribe não reside apenas no uso das palavras. No Renascimento, os flamengos Hieronymus Bosch e Pieter Bruegel (O Velho) construíram genuínas diatribes por meio de suas pinturas. Através de metáforas visuais, eles criticavam a sociedade e os costumes da época em que viviam. Hoje, o artista pernambucano Bruno Vieira realiza um resgate dessa tradição na exposição “Das Jangadas e Outras Diatribes”. Assim como as imagens oníricas de Bosch e Bruegel foram muito além da sátira, revelando camadas simbólicas do inconsciente coletivo daquele período, Vieira utiliza as imagens populares da cultura nordestina para fazer sua própria diatribe em relação aos ideais estabelecidos ao longo da história da arte ocidental.
Exemplo entre os trabalhos apresentados é a imagem “Jangada da Medusa” (foto), retirada de um vídeo desenvolvido durante residência realizada na Fundação Joaquim Nabuco, em 2010. “O arquétipo da barca aparece em textos da psicologia como figura para as flutuações emocionais. Está na “Bíblia” com Noé e na mitologia grega com a barca da Medusa”, diz o artista, que realiza sua leitura utilizando a jangada e o burro, ícones da cultura popular brasileira. Outros trabalhos do artista também poderão ser vistos em São Paulo a partir de 27 de agosto, dentro do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, e em novembro em uma individual na Galeria Zipper.
O sonho no papel por Adriana Martins, Diário do Nordeste
O sonho no papel
Matéria de Adriana Martins originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 8 de agosto de 2011.
Hora de arrumar a documentação e ir à luta. O mês de agosto reúne prazos finais de várias seleções no Estado e no País, para projetos nos setores de música, dança, cinema e vídeo e artes plásticas
Atenção artistas e produtores, apressem o passo. Agosto começa com vários editais, cursos e outros projetos, cujos prazos de inscrições distribuem-se ao longo do mês. Há oportunidades nas áreas de dança, cinema e vídeo, música e artes plásticas.
Hoje, por exemplo, já começa o curso de residência artística "Performance, Performatividade: inventar o contexto, tocar na política", oferecido pelo Curso Técnico em Dança, realizado pelo Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC).
A residência segue até o próximo dia 12, das 14 às 17 horas, no Sesc Senac Iracema. No sentido de desenvolver a noção de performance artística como uma atividade estético-política que recria contextos sociais e históricos, serão apresentados estudos de casos nos campos de cultura e arte. No programa, participantes têm a oportunidade de refletir sobre relações entre mundo e arte, através das concepções dos facilitadores Pablo Assumpção e Felipe Ribeiro.
Ainda no setor da dança, segue até dia 19 deste mês o processo seletivo da Convocatória 2011, da 8ª Bienal Internacional de Dança do Ceará. Coreógrafos, bailarinos e grupos do estado podem enviar suas propostas de apresentação nas categorias Programação Oficial e Mostra Nova Cena. A Convocatória 2011 também selecionará artistas cearenses e argentinos que desejem participar da residência coreográfica Surprised Body, a ser conduzida pelo italiano Francesco Scavetta, de 10 a 19 de outubro.
O resultado da residência Surprised Body será divulgado no dia 29 de agosto. Já os selecionados para a programação oficial e para a Mostra Nova Cena serão conhecidos a partir do dia 2 de setembro. A Bienal de Dança acontecerá de 21 a 29 de outubro.
Para realizadores em audiovisual, a Secretaria da Cultura do Ceará lançou, no último dia 3, o IX Edital Ceará de Cinema e Vídeo 2011. Nesta edição, serão destinados ao segmento R$ 2 milhões e 400 mil, do Fundo Estadual de Cultura (Fec), e mais R$ 600 mil para a formação de cineastas.
Os interessados têm entre 10 de agosto e 23 de setembro para enviar seus projetos nas modalidades de desenvolvimento de roteiro, longa e curta metragem, projeto de TV, novas mídias, além de criação e manutenção de cineclubes.
De acordo com o secretário da Cultura, Francisco Pinheiro, a verba específica para formação era uma reivindicação antiga das entidades de produção audiovisual no Estado.
Outra oportunidade é a 4ª Mostra Outros Cinemas, exclusiva de curtas-metragens brasileiros, cujas inscrições foram prorrogadas para 31 de agosto. O evento acontece em Fortaleza na semana de 22 a 26 de novembro. Os filmes selecionados não serão exibidos em nível competitivo, tendo como principal objetivo o incentivo à realização audiovisual, além de fomentar o aparecimento de novos realizadores e difundir a produção no campo da arte.
Podem ser inscritas produções de todo o País, sobre qualquer tema e que não tenha participado de edições anteriores desta mostra.
Na mesma semana acontece o 6º Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões, no Piauí, cujas inscrições seguem até 30 de agosto, nas categorias curta-metragem, longa-metragem e curta-metragem oriundo de Pontos de Cultura. Os selecionados recebem uma premiação pela exibição do filme e concorrem ao prêmio final. Poderão, ainda, enviar um representante da produtora ou filme, com despesas custeadas pelo encontro.
Para os artistas plásticos, uma boa oportunidade é a XVI edição da Unifor Plástica, cujas inscrições foram prorrogadas até 31 de agosto. O concurso é aberto a qualquer categoria artística, desde que se adote o tema proposto, "Educação pela arte". As obras selecionadas serão expostas no período de 13 de outubro a 18 de dezembro.
Os três primeiros trabalhos selecionados serão premiados com uma viagem à Bienal de Veneza, considerada um dos eventos de arte mais importantes do mundo. Levam ainda uma ajuda de custo de dois mil euros. Já o quarto e o quinto lugares ganham passagem aérea para visitar a Bienal do Mercosul e ajuda de custo no valor de R$ 1,5 mil.
Os músicos não ficam de fora. Até 19 de agosto o Edital Nacional 2011 do Natura Musical aceita inscrições para sua seleção. Os interessados podem concorrer para a captação de patrocínio a projetos de gravação de CD, turnê de shows ou festival, até mesmo produção de livro, filme, realização de pesquisa ou ação sócio-educativa - desde que ligados à música.
O edital irá contemplar propostas em diferentes estágios e processos de produção. Os projetos inscritos devem ter o registro no Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC) ou estar aptos à captação de recursos por meio da Lei Rouanet ou da Lei do Audiovisual.
Inscrições
Convocatória 2011 da 8ª Bienal Internacional de Dança do Ceará - www.bienaldedanca.com
IX Edital Ceará de Cinema e Vídeo 2011 - www.secult.ce.gov.br
4ª Mostra Outros Cinemas - mostraoutroscinemas.blogspot.com
6º Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões (PI) - www.cinemadossertoes.com
XVI Unifor Plástica - Inscrições: www.unifor.br
Edital Nacional 2011 do Natura Musical - www.naturamusical.com.br