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junho 2, 2011
Tempo de telas múltiplas por Paula Alzugaray, Istoé
Tempo de telas múltiplas
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 27 de maio de 2011.
Cultura da instantaneidade é celebrada e discutida em exposição que acontece simultaneamente em museu e na web
O fenômeno das salas multiplex, que nos anos 90 mudou a cara dos circuitos de cinema, foi um sinal dos tempos.
Hoje trabalhamos e nos divertimos com múltiplas telas abertas. “Tudo ao mesmo tempo, agora” é a palavra de ordem. Celebrar e questionar os efeitos de uma vida regida pelo imediatismo é o intuito do projeto “Agora/Ágora”, que acontece simultaneamente no Santander Cultural, em Porto Alegre, e na web.
Na exposição, a cultura da instantaneidade e da velocidade é particularmente bem interpretada pelos trabalhos que se utilizam das linguagens do vídeo e do cinema. Na entrada, a instalação “SuperCinema”, do artista baiano Rommulo Vieira Conceição, promove a sobreposição de dois espaços da vida cotidiana: o cinema e o supermercado. Isso significa que o público poderá consumir os produtos das gôndolas enquanto assiste a uma programação que inclui cults e blockbustes, como “Chinatown”, “Avatar” e “A Era do Gelo 3”. “O que diferencia um blockbusters de uma caixa de sucrilhos?”, pergunta a curadora Angélica de Moraes. “Queremos promover esse tipo de discussão, ocupando um espaço que é uma instituição financeira, que transaciona valores.”
O cinema é também a forma escolhida por Giselle Beiguelman, Wagner Morales, Perry Bard, Raquel Kogan e Lea van Steen para discurtir as descontinuidades da vida contemporânea. Em “Cinema Lascado”, Giselle documenta a paisagem fraturada de São Paulo. Em “Mamãe, Papai, Eu Sou...”, Wagner Morales aborda a identidade híbrida de uma família de coreanos. Mesmo a escultura “Túnel”, da dupla Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, promove as duplicidades e fantasmagorias próprias do cinema.
Embora o cinema se preste bem a essa discussão, a pintura, a escultura e a fotografia também se mostram, em “Agora/ Ágora”, linguagens híbridas e “fraturadas”. A pintura do artista gaúcho Frantz, por exemplo. Embora não seja “imediatista”, pode ser vista como resultado de um processo coletivo, em rede. “Frantz é um pintor que não pinta, mas se apropria dos resíduos da pintura de outros artistas”, explica Angélica de Moraes. Suas telas, antes de irem para as paredes, forravam o chão de ateliês de outros pintores. Ao dissociar seu processo pictórico das qualidades de manualidade e intensionalidade, Frantz dá à sua pintura um caráter conceitual e eminentemente atual.
A obra da artista nova-iorquina Perry Bard faz a ponte entre o espaço expositivo e o espaço web. Em “Um Homem com uma Câmera”, Perry convocou dezenas de artistas de todo o mundo a recriar o clássico de Dziga Vertov, de 1929. Os remakes podem ser acessados no site do projeto dziga.perrybard.net. Já o site da exposição (www.agora.art.br) oferece acesso a dez projetos de tecnologia social e artivismo, temas urgentes para se inteirar das ações colaborativas que proliferam na web.
Artur Barrio reflete sobre comunicação na Bienal de Veneza por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Artur Barrio reflete sobre comunicação na Bienal de Veneza
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 2 de junho de 2011.
Artista de obra hermética e avesso a lobbies se define como "patinho feio" da exposição, que começa no sábado
Edição da mostra, com curadoria Bice Curiger, tem apenas 5% de participação de artistas latino-americanos
A presença de Artur Barrio, o representante brasileiro na 54ª Bienal de Veneza, é bastante improvável, especialmente numa mostra de caráter espetacular como a italiana.
Sua obra complexa e um tanto hermética, com frases incompletas e cabeças de peixe envolvidas em sal, fez com que vários visitantes torcessem o nariz, na abertura para a imprensa, anteontem.
"Eu sou o patinho feio", disse Barrio à Folha, perto de um dos canais que transpassa os Giardini, local onde está o pavilhão do Brasil.
O artista diz isso por estar entre os 5% de latino-americanos da mostra central, com curadoria de Bice Curiger, centrada em artistas norte-americanos e europeus.
Mas "patinho feio" é também uma boa definição para o artista, avesso a lobbies ou concessões.
Mesmo assim, ele já participou até da Documenta de Kassel, o Olimpo das artes plásticas, em 2002, onde chegou a criticar os próprios curadores do evento em sua sala, repleta de pó de café e paredes quebradas, escrevendo: "A curadoria é um mal desnecessário".
Outro fator que o torna único é que ele mesmo nunca sabe o que vai fazer até chegar ao local.
"Quando cheguei aqui, o produtor perguntou o que ele devia comprar, e eu disse que não sabia. O cara ficou preocupado, então eu falei para ele comprar uns barbantes", diz Barrio.
DIÁLOGO E MONÓLOGO
Agora, em Veneza, ele ocupa as duas salas do pavilhão brasileiro, uma com trabalhos históricos, com curadoria de Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos, e outra com uma nova obra.
Nesta, criou dois espaços: a sala do diálogo e a sala do monólogo. "Vivemos uma era humana e desumana, na qual se pode comunicar de muitas formas, mas há pouca comunicação efetiva", diz.
Seu manifesto agora é "A sua pressa não é a minha pressa", que escreveu numa das paredes.
Na sala histórica, um tanto inadequada por seu caráter hiperinstitucional frente a um artista tão informal, estão fotos das trouxas ensanguentandas espalhadas num parque em Belo Horizonte, em 1970, que o caracterizaram como artista militante.
"Minha ideia nunca foi só política, nesse mesmo trabalho é possível ver outras relações com a própria história da arte", diz.
O atraso para a liberação da verba para seu trabalho, disponibilizada apenas na quarta da semana passada pelo Ministério da Cultura, não comprometeu o trabalho, mas ele levou a tensão que passou para o nome da obra, "Ex(tensões)...".
É nessa sala, em que ele recebe hoje a ministra da Cultura da Espanha, por conta do prêmio Velázquez, com o qual foi agraciado recentemente e pelo qual vai receber 120 mil euros. "Essa foi outra surpresa, jamais imaginei", diz, ainda vivendo seu momento de cisne branco.
Secretaria diz que MIS é "equipamento" do governo de SP por Claudio Leal e Marcela Rocha, Terra Magazine
Secretaria diz que MIS é "equipamento" do governo de SP
Matéria de Claudio Leal e Marcela Rocha originalmente publicada no Cultura do Terra Magazine em 1 de junho de 2011.
Leia também as matérias e respostas que compõem o Dossiê MIS e Paço das Artes: A morte anunciada de um modelo de gestão.
Questionada sobre as críticas da diretora Daniela Bousso à troca de comando no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, a Secretaria da Cultura garante que vai dar "continuidade" à gestão anterior, mas que trabalhará "mais a fotografia e o cinema em todos os multimeios". Administrado por uma organização social (OS), o MIS é considerado um "equipamento" estatal pelo secretário Andrea Matarazzo:
- O Museu da Imagem e do Som (MIS) é um equipamento do Governo do Estado de São Paulo, mantido com recursos públicos. Uma das missões da Secretaria de Estado da Cultura é assegurar uma administração organizada, transparente e que, fundamentalmente, resulte em serviços de qualidade aos cidadãos. - diz a nota enviada a Terra Magazine.
E prossegue:
- O objetivo da mudança da administração do MIS é dar continuidade ao trabalho realizado até agora, seguir investindo em novas mídias e, ao mesmo tempo, ampliar o foco de atuação do museu para atingir todas as possibilidades artísticas em imagem e som, trabalhando mais a fotografia e o cinema em todos os multimeios. Outra meta é levar o acervo do museu ao maior número de pessoas, por meio da integração com instituições no interior do Estado.
Em entrevista exclusiva a Terra Magazine, Daniela Bousso criticou as pressões sobre o museu, relatou que o governo não quis negociar e rebateu as críticas do secretário da Cultura. "Matarazzo está equivocado e promove um retrocesso de 30 anos ao querer que o MIS se volte somente para a fotografia e o cinema", cravou.
Matarazzo articulou a troca de comando do MIS e indicou o ex-proprietário do Cine Belas Artes, André Sturm, para ocupar o cargo de diretor-executivo. O conselho administrativo da organização social que cuida da gestão do MIS referendou a escolha de Sturm nesta segunda-feira (30). Os críticos da mudança consideram-na uma intervenção política no museu.
Em declarações à Folha de S.Paulo, Matarazzo revelou seu desejo de ver o museu se concentrar na fotografia e no cinema, além de ampliar seu público. "O MIS precisa dar um salto, não pode ser tão hermético. Não se pode pôr R$ 12 milhões por ano para um público de apenas 80 mil pessoas", asseverou.
Com mais de 800 assinaturas, um abaixo-assinado contra a "intervenção" no MIS circula na internet e será enviado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Nos últimos anos, o MIS se voltou para a interação das mídias digitais com as artes. Agora, como determinou Matarazzo, ele deve se voltar "às suas origens".
Daniela Bousso questionou a formação técnica de André Sturm para sucedê-la no cargo. "O que diz ao conselho quando lhe perguntam como trabalhará no MIS, se não entende de artes nem de novas mídias? Ele responde que contratará pessoas. Outra conversa pra boi dormir. Com que critério ele contratará, se ele não entende de arte contemporânea e novas mídias?", atacou.
Abaixo-assinado SOS MIS: Comentários
Leia os comentários abaixo e veja a lista das primeiras 1.000 assinaturas em ordem alfabética, juntamente com o texto do abaixo-assinado. Para aderir, assine online no Petição Pública (depois confirme clicando na mensagem que lhe será enviada na sua caixa postal).
Leia também as matérias e respostas que compõem o Dossiê MIS e Paço das Artes: A morte anunciada de um modelo de gestão.
Adenilza Pereira da Silva;Osasco/SP;Boa Sorte e pode contar comigo
Adriana Matos Alves Duarte;São Paulo/SP;Daqui a pouco o governo vai querer intervir na minha, na sua ,na nossa Casa também.
Adriana Varella;New York/EUA;"Essas sao uma das razoes que sai do Brazil, nao ter espaco para experimentacao, risco e novas ideias...Isso e um absurdo a Daniella e uma das poucas pessoas no Brasil que apostam no novo e experimental...Ela ja faz isso a anos....Eu nao sei o que vai ser da cultura Brasileira com este tipo de mentalidade...temos que nos organizar e agir contra esta intervencao burra e autoritaria. ""SO TEM PODER AQUILO QUE AGENTE FAZ TER PODER""nos artistas temos que colocar este politicos oportunistas e desnecessarios para fora...."
Alexandra Gabriela da Rocha;São Paulo/SP;Chega de censura e autoritarismo. Abaixo a ditadura!
Ana Carolina Teixeira Chinen;São Paulo/SP;concordo plenamente com o que foi escrito no documento contra a intervenção do Governo do Estado
Ana Cordeiro;São Paulo/SP;Este espaço deve ser preservado com o atual nível internacional. Este cartão de visitas de SP deve continuar.
Ana Paula da Silva;Santos/SP;pense em seu próximo passo, sr governador: público inteligente também vota.
Anaisa Franco Nascimento;São Paulo/SP;é um absurdo tudo isto que esta acontecendo com o MIS. O LabMIS era o unico laboratório de criação do segmento das artes e tecnologia. Fotografia e cinema ja estão bastante disseminado em varias instituições. O que necessitamos é a abertura de novos centros de criação de arte e nao o encerramento dos mesmos. O encerramento do MIS vai prejudicar muito toda uma nova geração de artistas que estavam sendo formados em São Paulo/SP pelo LabMIS e pela Daniela Bousso.
Anderson Ferracini Gomes da Silva;Rio de Janeiro/RJ;tamanha falta de respeito com o publico e contribuintes não podem ficar impune.
André de Souza Parente;Rio de Janeiro/RJ;O Museu da Imagem e do Som d São Paulo é um espaço estratégico e de excelência no campo ampliado do cinema, das novas mídias e da arte contemporânea.
André Leal;São Paulo/SP;Gostaria de afirmar que não sou favorável à A garantia de autonomia para as Organizações Sociais de Cultura, condição básica para o funcionamento deste modelo compartilhado de gestão que visa preservar a estabilidade de nossas instituições culturais, porém neste caso considero a intervenção muito perigosa
Andreia Machado Oliveira;Porto Alegre/RS;concordo com o abaixo assinado
Angelica Neumaier;Criciúma/SC;o MIS sempre primou pelos melhores eventos e exposições de arte contemporanea e digital, precisamos preservar esta administração na pessoa de Daniela Buosso.
Anna Maria de Carvalho Barros;São Paulo/SP;contra intervenção do governo em território livre da arte
Antonio Monteiro de Barros Sobral;São Paulo/SP;que absurdo!!!! o MIS é altamente relevante no cenario institucional de arte contemporanea no Brasil, que já é mais do que atrasado e famigerado
Aparecido Araujo Lima;São Paulo/SP;Sou frequentador do MIS desde a década, nos últimos 20 anos está decadente, por conta da administração dos tucanos
Bernardo Domingos de Almeida;Rio de Janeiro/RJ;Basta um leve olhar sobre as atividades recentes do MIS-SP para ter noção do sucesso da atual gestão, principalmente em comparação com o antigo MIS.
Betty Leirner;São Paulo/SP;exmo.governador alckminapoio e assino esta peticao publica contra esta intervencao de cunho politico na gestao de cunho artistico do MIS-SP
Caetano Dias;Salvador/BA;Governador Geraldo Alckmin, o MIS hoje é a vanguarda do cinema, das artes visuais e da cultura digital em São Paulo e no Brasil. Impeça a desastrosa tentativa de golpe que o atual secretário de cultura tenta aplicar na comunidade artística contemporânea brasileira! Não ao retrocesso!
Carlos Alberto Aguilar;São Paulo/SP;Frequento o MIS desde 1975, gosto da sua forma alternativa de programação, fugindo co convencional, e acredito que não é a quantidade de público que irá determinar a qualidade da intenção deste Museu.
Carolina Caldeira Felix;São Paulo/SP;A sociedade sem arte é uma sociedade morta.
Cleber Tavano;São Paulo/SP;Um Museu não é uma indústria, em que sua produção possa ser medida por números. Uma exposição ser 'cheia' ou 'vazia' nunca deveria ser parâmetro de comparação entre instituições e muito menos desculpa para destituir do MIS quem o trouxe de volta à vida. Pela continuidade do Museu como espaço para as tendências mais recentes em arte, pela manutenção do Curso de História da Arte com sua visão híbrida e anti-elitista de Arte, e principalmente pela manutenção das Residências do LABMis que tem papel fundamental no fomento à arte contemporânea brasileira.
Clelia Ferraz Pereira de Queiroz;São Paulo/SP;em 1986 fizemos um abaixo assinadao em 1998 novamente conseguimos evitar, porém em 2002 em diante ficou mais difícil
Clodualdo de Oliveira Lima;Aracaju/SE;Se não empregais os vossos olhos para ver, ireis necessitá-los para chorar.J.Sartre.
Daisy Grisolia;São Paulo/SP;Sou a favor de todas as OS e contra a irracional caça às bruxas que vem se fazendo contra elas. OSs são a forma de garantir gestão inteligente onde o estado já fracassou faz tempo!
Daniela labra;Rio de Janeiro/RJ;a manipulaçao da cultura pela politica é um mal deste país para a area...
Denise Carvalho;Rio de Janeiro/RJ;Acho que e importante para as artes que se mantenham atraves de uma forma livre de articulacao de vanguarda para que as artes continuem nas maos de artistas, e nao de burocratas
Denise Mendes;São Paulo/SP;acompanho com muita tristeza o que está acontecendo com o projeto inovador do MIS
Dr. Michael Hohl;London/UK;It would be a big mistake to change such a world-class institution.
Edgard Antonio Dos Santos;São Paulo/SP;Absurdo as atitudes catastroficas deste paìs!!! sempre o poder em primeiro plano!!!
Edson chocolate;Santo André/SP;Sou contra a intervenção do estado no museu
Edson Luiz Marques;Recife/PE;Sou artista plástico,
Eduardo Cerqueira Roberto;Sorocaba/SP;Acho realmente um absurdo o quie estão fazendo e como frequentador do MIS e amante da cultura, estou decepcionado com o governo estadual.
Eduardo Luis de Oliveira Lopes;Brasília/DF;Adoro Sao Paulo, e quando morei ai, na decada de 90, o MIS era um dos meus lugares prediletos!!
Eduardo M. Oliveira;São Paulo/SP;O melhor museu diferenciado voltados para formas vanguardistas do uso de novas linguagens e tecnologias nas artes, acho muito triste este conceito acabar.
Eligilvan manoel dos santos;Pombos/PE;Pra Frente
Elsio Ferrari;Ribeirão Preto/SP;Descaso com a cultura no Brasil é comum, mas temos de dar um basta nisso. viva a liberdade!
Florival Oliveira Carvalho Filho;Riachão do Jacuípe/BA;Indiscutiveis ações de retrocesso.
Frank Roy Cintra Ferreira;São Paulo/SP;Pela democratização da cultura, pelo livre acesso à obra de arte para uso sem fins lucrativos, pelo fim do empreguismo, do aparelhismo e do fisiologismo disfarçados de eficiência administrativa
Genilson Soares da Silva;São Paulo/SP;Não há o que comentar. Todos nós sabemos o que passa na cabeçinha dos arautos templários.
Graziela Kunsch;São Paulo/SP;confesso que até hoje não sei ao certo como funcionam as OS e não posso dizer se tenho acordo com essa forma de gestão mas seguramente defendo um MIS aberto a experimentações as mais diversas no campo audiovisual e não pautado para número de visitantes e/ou projetos relacionados a grande mídia. é revoltante a presença de Andrea Matarazzo na Cultura, assim como foi revoltante a sua administração como secretário de Serviços e Obras (marcada por ações contra trabalhadores ambulantes, pessoas em situação de rua e uso de dinheiro público em obras como a reforma da rua oscar freire).
Guilherme Aguiar Schmidt;Pindamonhangaba/SP;matando a cultura dos nossos dias pra embolsar algum dinheiro com nada?
Haroldo Cunha Lourenção;São Paulo/SP;porque sempre que tem algo da Cultura de São Paulo que funciona de verdade o govêrno quer fechar?
Heberard de Souza Alves;São Paulo/SP;Acho que nossos governantes estao esquecendo qua a cultura antigamente fez muito por esse pais e ficou na história, e hoje nossos politicos só pensam no dinheiro.
Heidi Kumao;Ann Arbor, Michigan/EUA;This is one of the best museums in Brazil. I was honored in 1999 to show my work there and think that it is a very important venue for cutting edge work using the most contemporary art forms, technology and the fusion of image and sound.
Iêda Topanotti Teixeira;Criciúma/SC;Opatrimônio público é do povo,da cidade,do paìs...enfim,da humanidade.Um governo, é passageiro,a cultura não
Israel de Azevedo Lira;Recife/PE;Tamos Juntos
Jandira de Barros Saraiva;Recife/PE;os absurdos do Brasil !
João Marcelo Lima Simões;São Paulo/SP;Mais cultura e menos politicagem.
José Dario Vargas Parra;São Paulo/SP;pela cultura
Jose Eduardo do Nascimento Fernandes;São Paulo/SP;O Museu da Imagem e do Som esta fazendo um trabalho EXCELENTE que é fundamental para nossa cidade. estimular midias e expressões que vão na contra mão de veiculos que massificam nossos pensamentos e expressões . Isso cria dignidade, liberdade e auto estima em nossa comunidade
José Guedes;Fortaleza/CE;É inacreditável que postura tão retrógrada venha de um secretário de um estado como São Paulo. É lamentável!
Jose Renato Bergo G. Pinto;São Paulo/SP;Estamos cansados de falácia política! MAIS TÉCNICOS e MENOS POLITICOS!!!
Juliana Teixeira Nicolela;São Paulo/SP;O MIS renasceu das cinzas sob a atual diretoria, e acho absolutamente incompreensível essa nova direção que o senhor governador pretende dar. Sou uma das (felizes) frequentadoras deste museu, além de já ter exposto nele tanto antes quanto depois da reforma, e a diferença é gritante. Agora o museu tem uma identidade e projeto claros, tanto nas exposições quanto na parte educativa, e que atendem a uma carência enorme. É o único espaço de São Paulo que se dedica sistematicamente à arte do audiovisual e novas mídias. Mesmo que mudanças sejam necessárias, essa intervenção é um equívoco e um engodo..
Leandro Benedito Kespers;Mogi das Cruzes/SP;REVOLTANTE! REVOLTANTE! REVOLTANTE!
Leonor de Souza Azevedo;Rio de Janeiro/RJ;apoio integralmente a luta por liberdade - sempre
Lidia Yogui;São Paulo/SP;participo da atividades do Mis desde a sua reabertura e presencio desde então sua excelência administrativa e qualidade das ativdades
Lilian Moraes;São Paulo/SP;Que a OS seja respeitada! Ela trouxe muito sucesso ao MIS!
Luana Pereira Saggioro;São Paulo/SP;Lugar para Arte sempre falta, uma a menos é uma grande perda para todos.
Lucas Bambozzi;São Paulo/SP;Os argumentos apontados pelo Governador e Secretario de Cultura são falhos e fracos. A perspectiva para um museiu como o MIS deve levar em conta nao os meios existentes há 20 anos atrás, mas a intersecção entre áreas, o surgimento de novas mídias e um constante posicionamento crítico com relação ao uso das tecnologias.
Luis Andrade;Rio de Janeiro/RJ;Petição pública existe para atender ao público, que não pode ser privado... depois conversamos sobre ideologias...
M Beatriz G de Souza Dias;São Paulo/SP;O MIS está melhor do que jamais esteve. Acho lamentável que politicagens acabem com o excelente trabalho que vem sendo feito.
Maida Withers;Washington/EUA;Please do not disturb the MIS museum. It is an amazing testimony to the future generations. This museum is on the forefront of museums. Do not make the mistake of changing it now.
Marcos Kaiser Mori;São Paulo/SP;sem comentários, PSDB...
Margarita Schultz;Buenos Aires/Argentina;He conocido el MIS.SP y evaluado positivamente toda su labor cultural.
Maria Ap. Klinkerfus Bueno;Bragança Paulista/SP;Infelizmente todos os Museus carecem de apoio tanto a nível federal, estadual e municipal.
Mariane Cavalheiro;São Paulo/SP;É de grande importância o papel que o Museu de Imagem e Som vem buscando no circuito do Áudio Visual. O Museu vivia em completo abandono, a diretora Daniela Bousso trouxe a perspectiva de um museu ativo e de conectividade com o mundo. Sou professora e hoje busco no MIS a minha linha de pesquisa recebendo total apoio desta instituição que gera cursos de alto nível, além de proporcionar laboratórios e uma equipe excelente, preparada para uma geração que busca estar antenado com o resto do mundo.
Marina Reis Correa;São Paulo/SP;que governo é esse??????!!!!!!!!!!
Marta de Oliveira Fonterrada;Carapicuíba/SP;mais essa PSDB? Já foram os Teatros, a ULM, A TV Cultura e agora o MIS? A idéia é sucatear tudo?????
Marta Regina Rodrigues;São Paulo/SP;O MIS precisa continuar a ser um espaço de Vanguarda, um espaço de discussão e reflexão das novas mídias da arte contemporânea
Natercia Pacheco;Porto/Portugal;Vivo em Portugal, mas apoio inteiramente
Neusa Maria Mendes;Vitória/ES;Desrespeito do poder público, Desconhecimento das conquistas sobre os novos modelos de gestão,Retrocesso do conceito de cultura
Olívio Mendes Júnior;São Paulo/SP;A cultura deve ser fluir a todos, e não sofrer intervenções políticas de qualquer ordem.
Paula Alzugaray van Steen;São Paulo/SP;Os universos da cultura digital e da arte contemporânea são perfeitamente contempláveis sob a tipologia imagem e som. Cinema e fotografia, entendidos pelo secretário como a vocação original e tradiconal do museu, continuam sendo centrais no projeto de ponta do MIS, perfeitamente adequado ao contexto de uma cidade referencial como São Paulo.
Paula Priscila Braga;São Paulo/SP;Grandes exposições foram organizadas pelo MIS nos últimos anos, como Pippilotti Rist ou a recente Perceptum Mutantis. Que a nova diretoria ao menos preserve o espaço de exposição para arte e não para recortes de jornal.
Pedro da Mata Machado;Rio de Janeiro/RJ;contra a vã guarda-tradicional metropolitana
Raquel fonseca;Santa Maria/RS;chamo a atenção pelo descaso pela cultura /Não ao fechamento do MIS.
Renato Coppe;Rio de Janeiro/RJ;Lamento seriamente que as assim chamadas Políticas Públicas não correspondam nem mesmo sigam parâmetros necessáriamente fundamentais para uma diversidade cultural, quanto mais para uma significativa mudança de parâmetros para uma óbvia, necessária e abrangente educação do ponto de vista e além da visão de cultura neste nosso mau educado Brasil.
Rodolpho Ruffino de Souza Junior;São Paulo/SP;A vocação do MIS so pode ser definida por artistas e críticos. A missão do Estado no que diz respeito à cultura deve ser garantir que cada um dos seus equipamentos culturais possam efetivar a sua própria e específica missão. r
Ronaldo Ribeiro da Silva;Riacho Fundo/DF;O secretário de cultura é uma cavalgadura tradicionalista.
Rosangela da Silva Leote;São Paulo/SP;A cultura se faz surgir por si só. O papel do governo é apoiar as emergências, e não imputar procedimentos e demandas.
Sérgio Baptista;São Paulo/SP;Temos que impedir o desmonte da Cultura em todas as frentes!
Sheila Canevacci Ribeiro;São Paulo/SP;A mentalidade atual do MIS é de extrema importância para a sensibilização estética sobre o estar no mundo hoje. Inclusive para o entendimento dos governantes. Governantes, atualizem-se.
Simone Alves de Carvalho;São Paulo/SP;Prover o povo com cultura é obrigação de um governo que se pretende democrático.
Thais Juliana de Barros;São Paulo/SP;Sou contra o fechamento de qualquer Museu!
Valdenio Jose da Silva;São Paulo/SP;Chega desse PSDB!
Viviane de Oliveira Souza Gerardi;São Paulo/SP;Simplesmente um absurdo!!!
Wallace Roy Málaga;São Paulo/SP;MIS = MUSEU + IMAGEM (-SOM) = ?
Yiftah Peled;Florianópolis/SC;Eu só contra a intervenção do Governo.
Para aderir, assine online no Petição Pública (depois confirme clicando na mensagem que lhe será enviada na sua caixa postal).
junho 1, 2011
As polêmicas mudanças no MIS-SP, falacultura.com
As polêmicas mudanças no MIS-SP
Matéria originalmente publicada no falacultura.com em 31 de maioo de 2011.
Leia também as matérias e respostas que compõem o Dossiê MIS e Paço das Artes: A morte anunciada de um modelo de gestão.
Governo do Estado decide alterar a linha adotada pelo Museu, usando como medida de qualidade a quantidade de frequentadores. André Sturm, do Cine Belas Artes, é nomeado diretor. A mudança causa revolta.
O Museu da Imagem do Som, em São Paulo, está passando por dias atribulados. Há certo tempo, o secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo, já dava sinais claros de que deseja mudar os rumos da instituição. O Governo do Estado afirmava que a programação do MIS, sob a diretoria de Daniela Bousso, “estava muito hermética” – não atraindo grandes públicos.
Sua escolha para a substituição de Daniela – o antigo dono do Cine Belas Artes e coordenador de Fomento e Difusão da Produção Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de SP, André Sturm - Matarazzo manteve a linha de “popularização” da programação do MIS: “Foi uma sugestão (da substituição) compatível com o que nós queremos. O MIS precisa aproximar-se mais das pessoas”.
A “nova cara” do MIS
Sinais do novo projeto para o MIS já começaram a aparecer. A começar pela exposição que atualmente ocupa o espaço: 90 anos da Folha. Completamente diferente das mostras anteriores do MIS, geralmente voltados para formas vanguardistas do uso de novas linguagens e tecnologias nas artes, a mostra dedica-se exclusivamente a traçar um panorama da história do país, refletido na própria história do jornal. Essa mostra levou ao cancelamento de toda a programação previamente definida do museu. A respeito, Matarazzo comentou: “Tenho certeza de que será o maior público que o MIS vai receber desde a década de 80″.
Quanto ao novo diretor, André Sturm – escolhido em assembleia do Conselho Administrativo da Organização Social responsável pela instituição realizada ontem (30), seu perfil diz muito sobre a linha que o Governo do Estado pretende implementar no Museu. André é uma personalidade mais voltada para o mercado, sobretudo de filmes. Seus projetos futuros para o museu incluem o CINE-MIS, com exibições, e maior preocupação com oficinas de fotografia.
A reação
A classe artística, sobretudo os indivíduos ligados à gestão do MIS, não calaram-se diante das intervenções do Governo do Estado.
Em entrevista ao Estado, a presidente do conselho administrativo da Associação de Amigos do Paço das Artes, a artista e designer Eide Feldon, afirmou que “André [Sturm] é a cara do mercado, de distribuição [de filmes]. E não é essa a missão do MIS. O museu tem uma vocação, todo um aspecto ligado ao fomento e à experimentação”
Também foi criado na internet o Abaixo-Assinado SOS MIS, que pede o reposicionamento do projeto do museu. Ele vocifera contra o desrespeito com as organizações da sociedade civil que auxiliam o Estado na manutenção dos espaços culturais, como aconteceu no caso, e contra a proposta de “vanguarda tradicional” forçada pelo Estado.
Momento FalaCultura: sobre a suposta “programação hermética”
Conforme expressei no post sobre os oito melhores museus da cidade, considero o MIS dotado de uma das melhores (se não a melhor) programação de São Paulo. Além das exposições únicas, e sempre surpreendentes, as palestras e mostras do museu sempre destacaram-se por seu caráter vanguardista e de experimentação. O MIS era um dos poucos espaços culturais públicos em que discutia-se e produzia-se arte além do tradicionalismo tedioso que o status quo adotado pelas políticas culturais estatais acabava impondo.
A verdade é que, antes de tomar conhecimento de toda essa controvéria, muito me surpreendeu que o MIS fosse abrigar a exposição 90 anos da Folha. Simplesmente não combinava com o museu. Uma exposição de caráter tão comercial e mesmo promocional, praticamente desprovido de inovação artística, simplesmente não combinava com a imagem do MIS – achei inclusive bastante vexatório para a bem construída reputação da instituição.
Agora que eu entendo o contexto maior em que a exposição insere-se, não consigo deixar de me perguntar como o governo consegue confundir quantidade com qualidade, almejando alcançar um maior público por meio do sacrifício de um projeto inovador – e extremamente necessário – para o avanço artístico em nossa cidade. Isso se o projeto do novo MIS, de fato, atingir um público maior – afinal, ele parte do pressuposto de que o público paulistano não compreende ou não interessa-se por manifestações artísticas de vanguarda, sendo condenado a conviver eternamente com o marasmo da mesmice.
A tempo: No dia 21, sexta-feira, o evento da dupla Test, agendado previamente para acontecer no auditório, foi realizado alternativamente na entrada do museu, enquanto o auditório era ocupado por quatro sessões de cinema programadas por André Sturm. Enquanto a dupla Test teve público de cem pessoas, todas as quatro sessões programadas por Sturm, somadas, contaram com duas pessoas no público.
Diretora: "Matarazzo promove retrocesso de 30 anos no MIS" por Claudio Leal, Terra Magazine
Diretora: "Matarazzo promove retrocesso de 30 anos no MIS"
Matéria de Claudio Leal originalmente publicada no Cultura do Terra Magazine em 1 de junho de 2011.
Leia também as matérias e respostas que compõem o Dossiê MIS e Paço das Artes: A morte anunciada de um modelo de gestão.
A substituição do comando do Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo - articulada pelo secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo (PSDB) - parece não ter esgotado seu manancial de polêmica. Em entrevista exclusiva a Terra Magazine, a diretora do museu, Daniela Bousso, critica a decisão de Matarazzo de mudar o foco do MIS, com ênfase no cinema e na fotografia, desfazendo a tendência da atual gestão de trabalhar as artes com as mídias digitais.
"Matarazzo está equivocado e promove um retrocesso de 30 anos ao querer que o MIS se volte somente para a fotografia e o cinema. Isso é um absurdo, até porque temos várias instituições com acervos fotográficos em São Paulo e a Cinemateca voltada apenas para a área de cinema", ataca Daniela Bousso.
Matarazzo escolheu como sucessor o ex-proprietário do Cine Belas Artes, André Sturm. O conselho administrativo do MIS (uma organização social) referendou o nome nesta segunda-feira (30).
"É uma das coisas que a gente pretende no MIS. Não que ele abandone a vanguarda nem as novas mídias, mas que ele volte às suas origens e que amplie o seu público", anunciou o secretário da Cultura, em entrevista à Folha de S.Paulo, em 17 de maio. Dois dias depois, novos ataques: "O MIS precisa dar um salto, não pode ser tão hermético. Não se pode pôr R$ 12 milhões por ano para um público de apenas 80 mil pessoas".
A exposição "90 em Folha", comemorativa do aniversário do jornal paulista, escancarou as divergências entre Matarazzo e a diretora do MIS, que não participou da curadoria e teve de aceitar a imposição. Nos bastidores, a montagem é vista como uma intervenção do governo.
"É uma curadoria do secretário. Agora nós temos secretários curadores, que cedem espaços públicos para veículos de comunicação por 90 dias. Como num passe de mágica, transforma-se um jornal num veículo chapa-branca. E aí vai uma pergunta: estando uma exposição no MIS por 90 dias, a 'Folha de S.Paulo' teria isenção para analisar esta crise promovida pelo nosso secretário?", questiona Daniela.
Em resposta a Terra Magazine, o editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, rebate as críticas e reafirma o apartidarismo do jornal. "Sim, a Folha considera que tem isenção para tratar da crise do MIS, assim como teve isenção para tratar da crise da Osesp, mesmo tendo realizado sua festa de 90 anos na Sala São Paulo, sede da orquestra. A Redação do jornal é totalmente independente do seu departamento de eventos e de marketing e realiza jornalismo isento, crítico, pluralista e apartidário", diz Dávila.
Localizado na Avenida Europa, o MIS possui dez conselheiros, mas somente três não pertencem ao grupo governista. A ascendência de Matarazzo foi decisiva para a queda da crítica e curadora de arte contemporânea, Daniela Bousso, que trabalha desde 1987 no Paço das Artes. Nesta entrevista, ela contesta a formação de seu sucessor. "O que diz ao conselho quando lhe perguntam como trabalhará no MIS, se não entende de artes nem de novas mídias? Ele responde que contratará pessoas. Outra conversa pra boi dormir. Com que critério ele contratará, se ele não entende de arte contemporânea e novas mídias?", provoca.
Com mais de 800 assinaturas, um abaixo-assinado contra a "intervenção" no MIS foi dirigido ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A diretora do museu confronta as cobranças de crescimento de público: "A partir do começo de 2011, era o momento de investir em comunicação, porque até agora só tínhamos trabalhado na infra-estrutura. Aí o Matarazzo corta 30% do orçamento e exige que tenhamos o mesmo público da Pinacoteca. Outro equívoco: o MIS e o Paço das Artes tratam de arte contemporânea de ponta e esses conteúdos são mais lentos em termos de assimilação".
Confira os principais trechos da entrevista de Daniela Bousso:
"Matarazzo não quis negociar"
"Tenho uma visão bastante diferente do Matarazzo. Acontece que as instituições culturais brasileiras são muito frágeis. E o são porque sofrem com a descontinuidade de seus projetos e programas a cada governo. As organizações sociais de cultura foram criadas para evitar que, quando houvesse mudanças políticas, ocorresse descontinuidade. Elas vieram, teoricamente, para garantir a continuidade, principalmente nas viradas e mudanças de governo. Obviamente, o Matarazzo vai defender a seguinte ideia: de que a política pública, ou seja, a Secretaria de Cultura, tem que dar as diretrizes. Concordo totalmente, só que tem um detalhe: tem que dar as diretrizes, mas têm que ser feito os ajustes a determinada missão ou projeto. No caso do Andrea Matarazzo, não há essa consideração. Não há, da parte dele, a disposição em negociar esse ajuste. Ele quer que o MIS mude de foco, e ponto final."
"MIS não tinha um público de 80 mil por ano no início dos anos 90"
"Ele não leva em conta que foram feitas benfeitorias em ciência e tecnologia no MIS e não reflete sobre a sua implantação em tempo recorde, a readequação de espaços, a reorganização de seu acervo, bem como a sua digitalização e a implantação de projetos. Não tem visão dos programas, nem o timing de implantação de cada coisa. O que ele persegue é o seu desejo pessoal e se esquece da coletividade. Não percebe como este projeto é importante para o Estado de São Paulo e para o Brasil e repete o que todo político brasileiro faz: só leva em conta seus desejos pessoais. Ninguém mais aguenta isso. Com o discurso subliminar, ele diz querer que o MIS volte ao brilhantismo dos anos 80 ou 90. Diz que quer fazer o MIS bombar. Só não diz como. Agora, o que é que fez o MIS 'bombar' na passagem dos anos 80 para os anos 90, até 1993, nos seus tempos áureos? Os anos 80 eram um outro momento. O Brasil vivia seu momento de desbunde cultural, havia, de certa forma, o renascimento de utopias, do ponto de vista político. Vernissages tinham 200 a 300 pessoas, no máximo. Naquele momento, isso era considerado um sucesso de público, mas não tinha um público de 80 mil por ano, tudo era uma escala muito menor. Se você fazia a exposição de um fotógrafo, vinha todo mundo do meio da fotografia. Mas, quanto é, em termos numéricos, esse 'todo mundo da fotografia'? No início dos anos 90, não existia também o trabalho massivo de visitas orientadas para as escolas."
"Conteúdo não é hermético"
"Ele faz uma comparação com tempos que são diferentes. Na passagem dos anos 80 para os 90, o trânsito em São Paulo era mais ameno. Hoje, o trânsito é infernal. Eu levo em conta os dados de pesquisas de público realizadas no MIS. Por que o MIS ainda não tem mais público? Eu diria duas coisas. Não é o "conteúdo hermético" a que ele se refere. As pesquisas de público indicam que quem vem, adora. O conteúdo não é hermético, é interativo. Fizemos exposição com grandes nomes, tais como Pipilotti Rist, Miguel Rio Branco, além dos jovens. Então, não é o conteúdo hermético. Você tem metrô na (avenida) Consolação com a (avenida) Paulista e você tem metrô na Rebouças com a Faria Lima, está certo? Entre esses dois pontos, está o MIS. A descida da Rua Augusta é, absolutamente, um horror de tanto trânsito. Não temos um metrô na porta, como na Pinacoteca do Estado, e tampouco temos um museu temático como o Museu do Futebol."
"Matarazzo promove um retrocesso de 30 anos"
"Quando ele fala da vanguarda, não sabe nem o teor da palavra que está citando. A vanguarda foi nos anos 1920, vem do Modernismo, quando ocorreram as vanguardas históricas. Entre os anos 1945-1970, vieram as vanguardas artísticas. E agora, temos o quê? Arte contemporânea. Ponto final. Inovação é a palavra-chave da contemporaneidade. Matarazzo está equivocado e promove um retrocesso de 30 anos ao querer que o MIS se volte somente para a fotografia e o cinema. Isso é um absurdo, até porque temos várias instituições com acervos fotográficos em São Paulo e a Cinemateca voltada apenas para a área de cinema. Esta é uma sobreposição que desperdiça dinheiro público e que enterra o desenvolvimento da inovação e da tecnologia na arte. Mas, se você checar direito, entre agosto de 2010 e março deste ano, nós fizemos quatro exposições de fotografia. Quatro exposições de fotografia em seis meses! Então, é tudo desculpa pra boi dormir. Se você for ver a mostra de cinema que está sendo organizada aqui pelo futuro diretor (André Sturm), os números de público são risíveis. As sessões de cinema têm tido 0,5 pessoa por sessão. Numa Sunset Party, levamos três mil pessoas para o MIS. Nossa equação é outra."
Exposição "90 em Folha"
"É uma curadoria do secretário (Andrea Matarazzo). Agora nós temos secretários curadores, que cedem espaços públicos para veículos de comunicação por 90 dias. Como num passe de mágica, transforma-se um jornal num veículo chapa-branca. E aí vai uma pergunta: estando uma exposição no MIS por 90 dias, a 'Folha de S.Paulo' teria isenção para analisar esta crise promovida pelo nosso secretário?"
"Público se fidelizou"
"Tínhamos R$12 milhões para o Paço das Artes e para o MIS. A partir do começo de 2011, era o momento de investir em comunicação, porque até agora só tínhamos trabalhado na infra-estrutura. Aí o Matarazzo corta 30% do orçamento e exige que tenhamos o mesmo público da Pinacoteca. Outro equívoco: o MIS e o Paço das Artes tratam de arte contemporânea de ponta e esses conteúdos são mais lentos em termos de assimilação. Mas isso não quer dizer que tenhamos que privar a população de ter acesso a esse conteúdo inovador. Se São Paulo não puder bancar este tipo de conteúdo cultural, Matarazzo ficará marcado na história por ter impedido, por ter vetado à população paulistana e ao Brasil a possibilidade de acessar a cultura de ponta. Em 2008, trabalhamos só no segundo semestre. Abrimos em agosto e tivemos 13 mil. Em 2009, 51 mil pessoas. No ano de 2010, 80 mil pessoas. Ora, o que isso significa? Houve um crescimento gradual e fidelizado. E assim que deveríamos continuar se Matarazzo não tivesse promovido tal impeachment."
"Como contratar sem entender a arte contemporânea?"
"O MIS é um espaço que tem funcionado como continuidade dos medialabs das universidades. Os jovens terminam a universidade e as escolas dizem a eles que não podem mais trabalhar dentro delas, senão faltará espaço para os novos alunos. Para onde eles vão? Para o MIS, que abriga e promove as artes com as mídias digitais. O que diz André Sturm ao conselho do MIS na sua entrevista de trabalho? Diz que, sinceramente, não entende nada de arte nem de novas mídias. E o que diz ao conselho quando lhe perguntam como trabalhará no MIS, se não entende de artes nem de novas mídias? Ele responde que contratará pessoas. Outra conversa pra boi dormir. Com que critério ele contratará, se ele não entende de arte contemporânea e novas mídias? Portanto, o projeto do MIS está fadado a desaparecer pela falta de uma ação competente para sua especificidade. E isso não tem nada a ver com gestão. Logo, podemos deduzir que ele vai contratar mal."
O acervo
"O acervo do MIS ainda não pode ser visto, porque, como a reserva técnica estava sendo construída, até o final do ano passado, os filmes e obras foram para um depósito climatizado para evitar fungos. O acervo não podia ser visto porque estava embalado em depósito. O acervo acabou de voltar, mas ainda não pode ser visto porque está sendo inventariado e tem que passar por conservação, higienização e restauro para depois ser pesquisado. Será que o próximo diretor vai querer passar um filme sujo, cheio de fungos? E é isso que pretendem levar para o interior de São Paulo? Pobre interior..."
"Sofremos de descontinuidade e de ignorância"
"Meu sentimento é de pesar. Mas é esse País que a gente tem. Moramos no Brasil e aqui sofremos de descontinuidade e de ignorância. É péssimo, fico super triste. Quando eu penso quantos jovens têm aproveitado e demandam o que o MIS têm oferecido... Além da importância desse projeto e do seu ineditismo pro Brasil, quero ressaltar o quanto é importante que a atividade cultural permaneça nas instituições, fortalecendo-as, ao invés do marketing raso de políticos que só pensam nos seus desejos pessoais. Cada vez mais, entendo que a cultura precisa ser gerida por gente da área cultural e não por marqueteiros ou políticos."
maio 31, 2011
Ana de Hollanda nega que tenha enfrentado crise grave no MinC por Catarina Alencastro, O Globo
Ana de Hollanda nega que tenha enfrentado crise grave no MinC
Matéria de Catarina Alencastro originalmente publicada no Cultura do jornal O Globo em 31 de maio de 2011.
BRASÍLIA - A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, negou nesta terça-feira que tenha enfrentado uma grave crise em sua Pasta por conta da revisão que propôs da política de direitos autorais iniciada por seus antecessores Gilberto Gil e Juca Ferreira. A ministra passou menos de dez minutos no seminário "A modernização da lei de direitos autorais", que pretende receber as últimas contribuições ao anteprojeto de lei que será encaminhado à Casa Civil. Segundo ela, o processo de discussão sobre o tema não foi retomado, e sim continuado.
- Não vejo essa crise tão grave porque no momento estamos aqui discutindo a lei do direito autoral com todos os segmentos. Este é o momento novo em que a gente está promovendo o que a gente prometeu promover, que é uma discussão para poder mandar o quanto antes para o Congresso - afirmou.
Sobre a carta assinada por mais de cem entidades ligadas ao movimento cultural à presidente Dilma reclamando da condução que Ana fazia da política de direitos autorais, a ministra disse que não sabe o que Dilma respondeu:
- Estou trabalhando com a presidente Dilma naturalmente. Não sei se houve alguma manifestação do Palácio para eles.
Um dos pontos que precisavam ser melhor discutidos antes que a matéria seguisse para apreciação do Congresso, segundo Ana, é o papel da internet e a cópia de arquivos sem autorização do autor.
- Várias áreas como fotografia, design disseram estar insatisfeitas com o que havia sido enviado (pela gestão anterior à Casa Civil) - justificou.
Em sua aparição relâmpago no seminário que se estende até a quarta-feira, Ana cometeu alguns tropeços. Ao ser anunciada pelo mestre de cerimônias para presidir a mesa, ela não apareceu. Todos aplaudiram, mas como a ministra não chegava, os convidados começaram olharam para trás procurando Ana, que só chegou alguns minutos depois, quando outro integrante da mesa era anunciado.
Ao se instalar no palco e vendo que o auditório estava quase vazio, Ana pediu que todos ocupassem lugares mais à frente. Como ninguém se moveu, ela disse que quem quisesse poderia permanecer onde estava. Quando discursava o texto que havia escrito, a ministra se atrapalhou mais de uma vez na leitura, chegando a trocar a palavra abordar por abortar.
Ela citou um artigo do cineasta Cacá Diegues, afirmando que somente quando o autor se torna senhor de sua própria obra ele se torna senhor de si mesmo. Depois de dizer que o Ministério da Cultura apoia a troca e o compartilhamento de arquivos na internet, Ana deu a tônica que deseja ver na proposta que o Executivo enviará ao Congresso:
- O autor é senhor de sua obra e deseja que ela circule. Este é o sentido maior que deve nortear a modernização da lei dos direitos autorais.
O Ministério promete encaminhar o anteprojeto de lei à Casa Civil até o dia 15 de julho.
Histórias de bordados íntimos e pessoais por Júlia Lopes, O Povo
Histórias de bordados íntimos e pessoais
Matéria de Júlia Lopes originalmente publicada no caderno Vida & Arte do jornal O POvo em 30 de maio de 2011.
Costuras de linhas e de histórias no espaço Dança do Andar de Cima começam hoje: a desenhista e bordadeira Simone Barreto inicia oficina em que entrelaça técnica e conceitos, apresentando trabalhos de artistas como Arthur Bispo do Rosário, Leonilson, Nice Firmeza, Rosana Palazyan e Família Dumont, ao mesmo tempo em que oferece agulhas e linhas para o grupo. É através das habilidades da mão que ela discute artesanias e sua força dentro da arte contemporânea. A oficina vai até quinta-feira, sempre às 16 horas.
São as mãos, aliás, ponto inicial para todo o curso. “Já fiz essa oficina duas vezes aqui e uma no Acre”, contou Simone ao O POVO, no final de tarde do último sábado. No Acre ela esteve por conta de residência artística na cidade do Quinari, onde construiu, com um grupo de mulheres seringueiras, biografias bordadas de imagens e histórias. Na casa de uma amiga, na Praia de Iracema, de frente para o mar, ela descreveu as mãos das mulheres acreanas. “Elas nunca tinham bordado antes. Não tinham tido nem contato com lápis. Imagina: elas eram seringueiras. Foi uma semana de oficina só pra elas se acostumarem a pegar num lápis”. Processo mais demorado, cuidados mais atentos com cores e formas.
“Em um momento a gente tentava descobrir na floresta, porque o lugar era bem no meio da floresta, as cores que estavam na escala cromática”. E quando encontravam, era um alvoroço. No Ceará, é tudo bem diferente. Aqui a prática está enraizada no sertão e na praia, as mãos muitas vezes já trazem certa prática, é preciso apenas reavivar aquela habilidade. E as descobertas são outras. “As mais senhoras se reconhecem nos trabalhos da Nice (Firmeza)”, conta Simone, que ensinou a própria mãe a bordar. “É um reconhecimento que ativa o dispositivo da fala. Elas se sentem mais à vontade, se soltam mais. Falam do lugar onde elas estão”.
No decorrer da oficina, ela estimula sempre a feitura de bordados mais íntimos, e, se possível, até, levar uma imagem que sirva de inspiração. “Lembro da dona Maria, do Poço da Draga, que quis bordar o cachorro dela porque disse que era seu grande amigo e queria fazer uma homenagem”. As muitas subjetividades podem encontrar paralelo nos artistas apresentados. Leonilson, por exemplo, apesar da técnica não tanto apurada, explora as muitas vozes do eu. Arthur Bispo do Rosário, primeiro “bordador-artista” explorado pela Simone, que se iniciou na prática sozinha, chama atenção pela palavras tão belamente desenhadas. “É palavra, é desenho. É como se fosse um diário”.
Contextualização
Logo depois da II Guerra Mundial, artistas de diversos lugares, como os Estados Unidos, a Europa, o Japão, se relacionaram com suportes mais duros e com ações mais tencionadas: eles rasgavam, rompiam, torciam madeira, ferro, vidro. Ou usavam de elementos modulares, traziam impessoalidade nas peças e imagens – como na pop art, exemplificada nos retratos multicores de Marilyn Monroe. Nos dois casos, é fácil identificar a lógica industrial fundamentando as ações artísticas sobre o mundo. No Brasil, nem sempre: aqui linhas de costura, desenho, bordado, é que se sobressaíram. A lógica era outra: a pré-industrial. Enquanto bordam, costuram, desenham, esses artistas propõem outra forma de estar no mundo: não agindo sobre ele, mas com o mundo.
SERVIÇO
OFICINA DE BORDADO COM SIMONE BARRETO
Onde: Dança do Andar de Cima (Rua Desembargador Leite Albuquerque, 1523, Papicu)
Quando: Entre os dias 31 de maio e 2 de junho, sempre às 16 horas
Inscrições: dancanoandardecima@gmail.com
entenda a notícia
Com um grupo de amigos, Simone Barreto abriu o Dança no Andar de Cima, onde concentra espaço expositivo, salas para oficinas e escritórios de design. A ideia inicial é deixar o lugar aberto para propostas.
A conversão de Bispo por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
A conversão de Bispo
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 30 de maio de 2011.
Presença de obras de Arthur Bispo do Rosário, morto em 1989, em mostras internacionais o reabilita como artista contemporâneo
Com a presença anunciada na Bienal de Lyon, em setembro, em mostras na Bélgica e na Espanha, também em 2011, e um dos principais destaques da 30ª Bienal de São Paulo, no próximo ano, Arthur Bispo do Rosário parece ocupar o espaço que lhe reivindicavam: o de um artista contemporâneo.
"Ele mesmo dizia que seria um grande artista e as pessoas iriam falar muito dele. Apresentá-lo como um louco é uma glamourização desnecessária", diz Wilson Lázaro, curador do Museu Bispo do Rosário, na Colônia Juliano Moreira, no Rio.
Há anos, trava-se um debate sobre como deve ser vista a obra de Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), interno da Colônia Juliano Moreira, um hospital psiquiátrico: como feita por um artista contemporâneo, um "louco" ou um criador popular.
A inserção internacional de Bispo do Rosário como artista contemporâneo teve início em 1995, quando foi apresentado, com Nuno Ramos, na 46ª Bienal de Veneza.
"Até hoje essa presença é lembrada por curadores estrangeiros, mas creio que foi um erro ter incluído o Bispo no módulo "Imagens do Inconsciente", em 2000, levando-o novamente para o gueto dos loucos", diz Lázaro.
Agora, com presença confirmada em duas grande bienais, a conversão de Bispo em artista contemporâneo parece definitiva.
"Bispo está inserido num eixo importante dessa Bienal, que é pensar a produção artística como atividade intelectual que rompe as fronteiras do que se denomina artes visuais", conta a argentina Victoria Noorthoorn, curadora da 11ª Bienal de Lyon, que terá nove brasileiros.
Dessa forma, a curadora retira o debate da obra de Bispo de dentro do campo dos manicômios. "Todos os artistas são loucos, e acho que o Bispo é um dos menos loucos", diz ainda a curadora, que leva 23 trabalhos do artista para a cidade francesa.
"Queria ter apresentado o Bispo já na Bienal do Mercosul, em 2009, mas questões financeiras impossibilitaram essa ideia", afirma.
PÉRIPLO
O périplo de Bispo começa amanhã, no Instituto Valenciano de Arte, na Espanha, onde ele faz parte da mostra "Gigante pela Própria Natureza", com 51 brasileiros, entre eles, Cildo Meireles, Hélio Oiticica e Lygia Clark, e curadoria de Lázaro.
Bispo será tema também de uma mostra individual no museu Art & Marge, em Bruxelas, uma das mostras que restaram da curadoria de Paulo Herkenhoff para o festival belga Europalia, que tem o Brasil como tema.
A institucionalização do artista, porém, corre o risco de reduzir sua transgressão, lembra Lisette Lagnado, que cuidou de um módulo dedicado a ele na mostra "Por que Duchamp", em 1999.
Para ela, isso encobre uma cilada: "A contínua busca de uma racionalidade para uma produção, cujo sentido não pode ficar vagueando sem rumo, assim como são suspeitos aqueles que divagam pelas ruas a esmo."
Dono do Cine Belas Artes é o novo diretor do MIS em SP por Morris Kachani, Folha de S. Paulo
Dono do Cine Belas Artes é o novo diretor do MIS em SP
Matéria de Morris Kachani originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 31 de maio de 2011.
Leia também as matérias e respostas que compõem o Dossiê MIS e Paço das Artes: A morte anunciada de um modelo de gestão.
O coordenador de Fomento e Difusão da Produção Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de SP e ex-proprietário do Cine Belas Artes, André Sturm, foi escolhido como novo diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) em assembléia do Conselho Administrativo da Organização Social responsável pela instituição, realizada nesta segunda-feira (30). A informação foi dada pelo secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo. A ata da assembleia deve ser publicada amanhã.
"Vamos ampliar a abrangência do MIS mantendo-o na vanguarda", comemorou Matarazzo. O secretário havia indicado Sturm para o posto e vinha, nos últimos meses, cobrando da OS mudanças nas diretrizes do museu. "O MIS não pode ser tão hermético. Vamos abrir espaço ao debate das mídias tradicionais. Não se pode disponibilizar a verba de R$ 12 milhões por ano para um público de apenas 80 mil pessoas", disse.
Sturm substitui Daniela Bousso na diretoria executivo. E Jacques Kann substitui Selim Harari como diretor administrativo-financeiro. Otimista, Sturm pretende ampliar o alcance das atividades do museu. "Vamos incentivar o cinema e a produção fotográfica contemporânea. Transformar o MIS novamente em referência no panorama cultural de São Paulo", disse o novo diretor.
CRÍTICAS
A indicação de Sturm não é consenso. Uma petição pública com adesão de mais de 600 pessoas entre artistas, gestores culturais, acadêmicos e estudantes circula na internet desde a semana passada. A entrada de Sturm é vista por este grupo como uma intervenção do governo do Estado na gestão do MIS.
O pano de fundo desta discussão diz respeito ao foco nas novas mídias. Vinha sendo esta a diretriz da antiga diretoria. E os desentendimentos começam na própria definição do termo. Para Sturm, é a arte contemporânea que usa o audiovisual como meio de expressão. O novo diretor reconhece conquistas significativas na área --embora chame-a de "vanguarda da vanguarda"-- e garante sobrevida a esta atividade. Mas a ideia é ampliar o foco.
A pesquisadora e professora da PUC-SP Lucia Santaella, uma das signatárias da petição ao lado da artista plástica Regina Silveira, considera a destituição da antiga diretoria um retrocesso. "É a velha história. Quando muda um governo, a instituição fica ao sabor dos humores do novo secretário. O projeto anterior merecia continuidade", diz.
Para a professora, o trabalho com novas mídias tem outro significado: "Tanta ignorância até me irrita. 'Novas mídias' é o que aconteceu com todas as linguagens depois do computador. É a mídia digital que vem depois da mídia de massa. E hoje vanguarda é trabalhar com isso", diz. "O MIS sempre foi de vanguarda. Foi o primeiro museu a abrigar uma exposição de holografia, por exemplo. A destituição de Daniela significa um retrocesso", lamenta Santaella.