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Como atiçar a brasa

 


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maio 6, 2011

Mostra reúnes grandes artistas em torno da brasilidade por Flávia de Gusmão, jconline

Mostra reúnes grandes artistas em torno da brasilidade

Matéria de Flávia de Gusmão originalmente publicada no cultura do jconline em 5 de maio de 2011.

Obras de vários autores, de épocas distintas, utilizando os mais variados suportes questionam se é possível encontrar uma identidade nacional na arte contemporânea

Não está fácil encontrar ânimo para, em vez de ir direto para casa, dar uma parada em algum lugar ou, ainda, deixar o conforto do lar sequinho e se meter por ruas alagadas. A exposição Vestígios de brasilidade, que o Santander Cultural Recife inaugura nesta quinta-feira, às 19h30, para convidados e sexta para visitação pública, é um desses motivos de força maior, maior do que tudo. Se fôssemos pensar isoladamente nos argumentos que justificam a abertura deste parágrafo, poderíamos citar algumas obras de grandes artistas contemporâneos como Adriana Varejão e Beatriz Milhazes, que lá estarão, e também alguns modernistas famosos como Alfredo Volpi e Cícero Dias (que tem nesta mostra uma tela nunca antes vista em Pernambuco). No entanto - e aqui retomamos a ideia de algo superior que se sobrepõe à própria natureza individualista e imperiosa - o conceito que se esconde por trás do todo é ainda mais apetecível aos olhos e à mente, mais instigante.

O trabalho do carioca Marcelo Campos, professor Adjunto do Departamento de Teoria e História da Arte e coordenador da graduação em artes do Instituto de Artes da UERJ, nos pega delicadamente pelos dedos já a partir do título. Ao sugerir que vai nos ofertar “apenas” vestígios ele abdica da pretensão de entregar um pacote lacrado, com conteúdo delimitado. Mas nem de longe o curador se exime de uma tomada de posição: “Existe, sim, uma contemporaneidade com identidade brasileira”, defende Campos.

Como um detetive em busca de pistas, ou vestígios, Marcelo Campos dividiu a exploração em sete eixos temáticos, distribuídos em 57 obras de 42 artistas, começando com “Quarta-Feira de Cinzas” e terminando com “Casa”. Artistas de várias épocas estão presentes nesta grande reunião de brasilidade, mais ou menos explícita: Ana Elisa Igreja, Chelpa Ferro, Cildo Meireles, Luiz Zerbini, Guignard, Nelson Leirner, Mauro Piva, Carybé e os pernambucanos Roberto Lúcio, Cícero Dias e Marcelo Gomes (cineasta).

Posted by Marília Sales at 12:52 PM

maio 4, 2011

Ministra na berlinda por Jotabê Medeiros, estadao.com.br

Ministra na berlinda

Matéria de Jotabê Medeiros originalmente publicada no cultura do estadao.com.br em 4 de maio de 2011.

No Congresso, no PT e entre os ativistas, crescem boatos sobre sua queda iminente

Cresce a possibilidade concreta de a presidente Dilma Rousseff trocar a chefia do Ministério da Cultura. Após 5 meses à frente da pasta, a ministra Ana de Hollanda dá sinais de esgotamento e isolamento - e fontes do governo dizem que a presidente está incomodada com a "paralisia" no setor cultural. No Congresso Nacional, os deputados da base de apoio ao governo já pressionam fortemente para que seja tomada uma decisão que destrave o MinC - falando abertamente na demissão da ministra.

"Uma pessoa não pode continuar no Ministério da Cultura para barrar uma política que já foi aprovada nas urnas. É isso que está em jogo. Se não existisse uma política construída, poderíamos ter um grau de tolerância maior (em relação à ministra), mas se ela achar que não pode conduzir essa política, deve ser substituída. Senão, pode acabar respingando na presidenta", disse o deputado José Nazareno Cardeal Fonteles, do PT do Piauí.

Fonteles assinou o manifesto que circula na internet, subscrito até ontem por mais de 2 mil pessoas, e que pede mudança urgente nos rumos do MinC. Nazareno integra a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Ontem, o deputado Alexandre Molon (PT-RJ) pediu uma audiência na Comissão de Educação e Cultura da Câmara para discutir as relações entre o MinC e o Ecad.

Os rumores sobre a queda de Ana de Hollanda tiveram o volume aumentado após revelações, pelo Estado e pelo jornal O Globo, de fraudes no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais (Ecad). A ministra manifestou-se abertamente, repetidas vezes, contra a fiscalização no órgão. O Globo chegou a divulgar emails de dirigentes do Ecad que se referem a uma certa "amiga do Ecad" no MinC.

Em Brasília, dois nomes já foram até cogitados publicamente para substituir Ana de Hollanda. Ambos são seus secretários: Marta Porto e Sérgio Mamberti. O primeiro surgiu no blog do jornalista Renato Rovai, que tem relações próximas no PT e edita a revista Forum. "Uma parte do setor petista que está no Ministério da Cultura tem conversado sobre o nome de Marta Porto, atual secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, para substituir a atual ministra Ana de Holanda", escreveu Rovai.

"Este blogue conversou com diferentes pessoas que foram consultadas sobre o que achavam da substituição. A articulação passa pela sala do presidente da Funarte, Antonio Grassi, que teria se convencido de que não está valendo à pena sustentar Ana de Holanda no cargo. Grassi, um dos principais articuladores do nome de Ana, discordou dela quando da retirada do Creative Commons do site do MinC, mas não levou o debate a público", finaliza o texto.

A contrariedade com a ministra também chegou ao Senado. Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) diz que já há elementos suficientes para pedir uma CPI "sobre as relações do Ministério da Cultura com o Ecad", o que ele pretende fazer nos próximos dias. O senador Rodrigues pensa em inquirir a ministra sobre recente sabatina a que ela foi submetida no Congresso, na qual ela teria dito: "Vocês acham que a Dilma nomearia uma ministra com relações com o Ecad?" A se confirmar o conteúdo nos emails trocados entre dirigentes do Ecad, a ministra poderia ter mentido no plenário sobre suas relações com o órgão. "A gente parte do pressuposto de que o que é dito por um ministro de Estado é a verdade, mas o que ela disse não está combinando com os fatos que estão surgindo", afirmou.

Nota do MinC, ontem, dizia o seguinte: "Nessa reta de finalização do anteprojeto que atualiza a Lei de Direitos Autorais, é papel do MinC ter interlocução com todos os segmentos envolvidos no tema. Isso não significa, de maneira alguma, dar abertura para quaisquer tratativas que não as estritamente permitidas e recomendadas pela ética".

O ator José de Abreu, que manteve uma postura ponderada até alguns dias atrás, dizendo torcer pelo sucesso de Ana de Hollanda e de uma agenda positiva, já aderiu também ao movimento pela substituição da ministra. "Conversei com companheiros da base aliada. Parlamentares, membros dos partidos, ministros e ex-ministros. Refleti e cheguei a uma conclusão", disse o ator. "Na semana passada comuniquei à ministra que retirava meu apoio." Segundo Abreu, a Carta Aberta à Presidente Dilma já deveria ter circulado há dois meses, mas ele próprio pediu paciência aos militantes para segurar o documento.

Consultadas, fontes oficiais do MinC dizem considerar tudo uma boataria, plantada por interesses alheios ao debate que se trava no MinC neste momento. Mas os atos da ministra têm provocado reações imediatas. Nota do ministério desmentindo qualquer vinculação da pasta com o Ecad, ontem, indiretamente acusava a gestão anterior, de Juca Ferreira e Gilberto Gil, de não ter feito o debate sobre o direito autoral de forma transparente e democrática. Com isso, a grita contra Ana só fez crescer no Twitter.

Posted by Marília Sales at 12:35 PM

Debret retrata vastidão do Sul do país por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Debret retrata vastidão do Sul do país

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 4 de maio de 2011.

Numa série pouco conhecida de aquarelas, artista que integrou missão francesa vai além da crônica da corte

Composições revelam talento colorístico do autor e o surgimento de um olhar mais moderno lançado às paisagens

Longe da vida na corte, de senhoras abastadas e mucamas que se arrastam pelo chão, o francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) retratou um Brasil vasto e vazio, num conjunto de aquarelas até agora quase desconhecido.

Historiadores divergem se esses trabalhos do começo do século 19 foram fruto de viagens para o Sul ou se suas vistas de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram reinterpretadas de desenhos de terceiros.

Mas não importa. Nas obras agora reunidas na Caixa Cultural, Debret, que integrou a missão francesa ao Brasil, surge como um colorista virtuoso. Suas paisagens destoam da mera catalogação que marcou boa parte de sua obra e vão muito além do pendor tímido de suas pinturas neoclássicas.

No meio dos descampados, orlas brilhando num sol difuso, Debret arriscou até mesmo toques modernos em suas composições. Uma vista de Florianópolis corta sem dó os mastros dos barcos, o mesmo enquadramento fotográfico que marcaria mais tarde as obras de artistas impressionistas como Degas.
Também retrata uma igreja vista de costas, invertendo a reverência aos ícones católicos e arriscando um olhar atípico sobre as vilas do Sul.

"Ele parece sempre olhar de longe, de cima, como se estivesse num mirante", observa a curadora da mostra, Anna Paola Baptista. "Existe essa amplidão, enquanto no Rio ele é o artista que se confunde com a vida da cidade."

Tanto que algumas de suas aquarelas do Rio vão além da ilustração de cenas de costume e se tornam crônicas ácidas da vida na corte.

Numa delas, Debret mostra uma senhora branca sentada num banco com suas escravas no chão, algumas delas com feições animalescas. Atrás dela, um chicote aparece encostado na parede.
Noutra obra, o artista mostra o porão de uma casa de ricos, expondo a arquitetura de segregação que regia a corte. "Ele vem da França iluminista e chega a uma sociedade muito diferente", resume Baptista. "Debret é a memória que ficou dessa época."

Posted by Marília Sales at 10:53 AM

maio 3, 2011

Europalia: Carta à Ministra da Cultura Ana de Hollanda / Ao Presidente da FUNARTE Antonio Grassi

Europalia: Carta à Ministra da Cultura Ana de Hollanda / Ao Presidente da FUNARTE Antonio Grassi

À Ministra da Cultura Ana de Hollanda
Ao Presidente da FUNARTE Antonio Grassi

Excelentíssima Senhora Ministra da Cultura,
Ilustríssimo Senhor Presidente da Funarte

Nós, artistas visuais e profissionais da área, reunidos nacionalmente em torno do Festival Europalia 2011 - mostra de repercussão internacional que acontece bienalmente desde 1969 na Bélgica, cujo tema deste ano será o Brasil - manifestamos nossa apreensão quanto à condução da organização do referido projeto por este Ministério, órgão que deve implementar a política que promoverá a cultura produzida no
país, dentro e fora deste.

Desde maio de 2010 vínhamos desenvolvendo um diálogo com os curadores do Festival sobre as obras que deveriam ser elaboradas para o evento. Datam de novembro de 2010 e janeiro de 2011 as cartas-convites oficiais que recebemos da produção do evento e do MHKA - Museu de Arte Contemporânea da Antuérpia - para participar da exposição intitulada “Rua”, assinadas pelo curador, Dieter Roelstraete, por Bart De Baere, curador da exposição e diretor do Museu, e por Paulo Herkenhoff, curador geral do Festival Europalia 2011 e co-curador da exposição.

Foi com espanto e descontentamento que ficamos sabendo, através da imprensa, praticamente às vésperas do evento, da drástica mudança conceitual e estrutural dasmostras. Um evento desta grandeza não se organiza de uma hora para outra. É inviável, a menos de 8 meses da abertura do Festival, reinventar-se um projeto que vinha sendo desenvolvido há pelo menos um ano. Além disso, alguns trabalhos já vinham sendo desenvolvidos pelos artistas, tal a sua complexidade. Outros não poderão mais ser concluídos pois não haverá tempo hábil para a concretização da pesquisa, feita in loco.

A decisão de suspender o processo já em curso nada mais é do que um sintoma da falta de maturidade e falta de continuidade da parte de nossa política cultural, um desserviço que não está à altura da Arte produzida no Brasil, em todas as suas manifestações. A Arte Contemporânea Brasileira conquistou respeito e notoriedade internacionais por conta da excelência de seus artistas e curadores, e merece ser tratada com mais responsabilidade.

Estamos num momento ímpar de construção e afirmação do Brasil enquanto nação, que ocupa hoje posição de destaque no cenário político mundial. A cultura aqui produzida contribui sobremaneira para fazer reverberar essa atenção. O Estado tem uma responsabilidade com a Arte e a Cultura Brasileira como bens maiores, moedas de troca de valor incomensurável. É exigido de seus agentes institucionais tal compreensão.

Neste sentido, esperamos transparência e zelo das instituições envolvidas - no caso, o Ministério da Cultura (MinC) - quanto ao processo de organização e condução de programas dessa magnitude, capazes de projetar internacionalmente a imagem do Brasil de maneira exemplar, bem como sua capacidade de integração e interlocução com seus artistas, pensadores e produtores de cultura.

Assim, solicitamos ao MinC que tome uma posição sobre o Festival Europalia 2011, prestando aos artistas e profissionais envolvidos esclarecimentos cabíveis sobre essa constrangedora situação. Que comissão de notáveis comporá esta nova curadoria? Que conceitos nortearão estas mostras? Nós, artistas, entendemos que honrar um compromisso não significa apenas realizar o evento, mas zelar por seu
profissionalismo e excelência. Limitações orçamentárias não justificam uma apresentação aquém da riqueza da Arte Brasileira. Condenar ao esquecimento e ignorar o trabalho já desenvolvido por artistas convidados é um crime contra a cultura.

Não podemos deixar de manifestar também nossa frustração de não vermos concretizado o projeto que vinha sendo desenhado pelo Curador Geral, Paulo Herkenhoff. Herkenhoff é um curador respeitado internacionalmente, notório conhecedor da arte brasileira em toda a sua diversidade e em sua dimensão
continental. O Festival Europalia é um evento de grande porte, ocupando dezenas de instituições belgas, e exige uma abordagem ambiciosa. O projeto que Herkenhoff, elaborava, como curador oficial, estava à altura deste desafio. Tudo estava sendo feito com o apoio explícito da equipe do Europalia e diretores das instituições na Bélgica, com a aprovação tácita do MinC no Brasil. A classe artística estava muito
confiante de que o Festival seria uma mostra memorável, capaz de revelar em profundidade a força da Arte Brasileira.

Certos de que a nova gestão assumiu o compromisso de afirmação dos propósitos maiores deste Ministério, solicitamos para o mais breve possível uma audiência de um grupo de representantes dos artistas, curadores e produtores brasileiros envolvidos com o evento com o Presidente da Funarte Antonio Grassi e com a Ministra Ana de Hollanda, a fim de esclarecermos esse processo e discutirmos providências e desdobramentos cabíveis das questões mais relevantes aqui apontadas.

Atenciosamente,

Signatários em ordem alfabética
Exposição “A Rua” - MuHKA - Museu de Arte Contemporânea da Antuérpia

Artistas:
01- Alexandre Vogler – artista visual
02- Antonio Manuel – artista visual
03- Arthur Omar – artista visual
04- Carlito Carvalhosa – artista visual
05- Ernesto Neto – artista visual
06- Evandro Teixeira - fotojornalista
07- Guga Ferraz – artista visual
08- Joana Traub Cseko – artista visual
09- Jorge Mario Jáuregui – arquiteto
10- Lucia Laguna – artista visual
11- Marcio Botner – artista visual
12- Marcos Chaves – artista visual
13- Miguel Rio Branco – artista visual
14- Mauricio Dias – artista visual
15- Montez Magno – artista visual
16- Paula Trope – artista visual
17- Raul Mourão – artista visual
18- Ricardo Basbaum – artista visual
19- Ronald Duarte – artista visual
20- Rosana Palazyan – artista visual
21- Simone Michelin - artista visual
22- Walter Carvalho - cineasta
23- Waltercio Caldas – artista visual
24- Walter Riedweg – artista visual
Galerias, Produtores e Instituições:
25- A Gentil Carioca – galeria de arte
26- Alessandra Clark – Associação Cultural "O Mundo de Lygia Clark"
27- Laura Marsiaj Arte Contemporânea – galeria de arte
28- Paula Pape – Projeto Lygia Pape
29- Suzy Muniz - Suzy Muniz Produções Produções
Outras mostras do Festival (entre artistas, curadores e instituições):
30- Adriana Varejão – artista visual
31- Alexandre Veras – artista e curador - Alpendre
32- Alpendre - Casa de Arte Pesquisa e Produção - Fortaleza
33- Bel Fernandes - Vertigo Produção Cultural
34- Clarissa Diniz – curadora
35- Eduardo Frota – artista e curador - Alpendre
36- Eli Sudbrack – Assume Astro Focus – artista e curador
37- Fernando Cocchiarale – curador
38- Lisette Lagnado - curador
39- Margareth de Moraes - MM Museologia e Projetos Culturais
40- Maria Julia Vieira Pinheiro – produtora
41- Orlando Maneschy – artista e curador
42- Rafael Cardoso – curador
43- Roberto Conduru – curador
44- Solon Ribeiro – artista e curador - Alpendre
45-Wilson Lázaro - curador do Museu Bispo do Rosário

Entre outros

Em 3 de março de 2011.

*** Esta carta será encaminhada à Bart De Baere , diretor do MuHKA – Museu de Arte Contemporânea da Antuérpia – e curador da exposição “A Rua” , e para Dieter Roelstraete, curador da exposição "A Rua", para que estejam cientes dos fatos aqui relacionados.

Leia : Europalia: Relato das negociações por artistas, curadores e produtores

Adriano de Aquino cria projeto enxuto para o festival Europalia por Suzana Velasco, O Globo

Posted by Marília Sales at 5:13 PM

Europalia: Relato das negociações por artistas, curadores e produtores


Aos artistas, produtores, curadores, críticos, professores e demais profissionais de artes visuais

Rio de Janeiro, 29 de abril de 2011.

Os que assinam este RELATÓRIO são artistas, curadores e produtores formalmente convidados a participar do festival Europália, a se realizar na Bélgica ainda em 2011. O engajamento nas ações abaixo relatadas se deu de maneira voluntária, independente de qualquer órgão ou associação representativa, como resposta ao modo pelo qual o Ministério da Cultura do Brasil conduziu as negociações em curso desde a gestão passada.

Inicialmente, relatamos as etapas de nossa mobilização; no final do documento, apontamos uma pauta de sugestões encaminhadas ao MinC/Funarte.

Cronologia dos Fatos:

1- Como é publicamente conhecido, em 20 de maio de 2010 o ex-ministro Juca Ferreira assinou
o acordo que oficializou a participação do Brasil na 23ª edição do festival Europalia, como país
homenageado, num projeto que inicialmente congregava mais de 20 exposições, seminários, etc,
ocupando dezenas de instituições. Em edições anteriores, já participaram Itália (2003), Russia (2005)
e China (2009), entre outros países. (ver: http://www.cultura.gov.br/site/2010/05/24/europalia-brasil/).

2- Durante o ano de 2010 o festival foi sendo estruturado, com convites de participação a artistas,
curadores e produtores, feitos com o aval e acompanhamento do MinC. Foram realizadas dezenas
de reuniões entre os curadores, produtores e representantes do MinC, além de sistemática troca
de e-mails (processo que consta em um dossiê que apresentamos em reunião com a Ministra
Ana de Hollanda e ao Presidente Antonio Grassi em 18/03/2011). Esses profissionais vinham
trabalhando durante todo esse período, em vista do curto prazo até a realização do evento, cuja
abertura está programada para 4 de outubro de 2011. Em 17/11/2010, na Conferência de Imprensa
em Bruxelas, Paulo Herkenhoff, como Curador Geral do evento, juntamente com o Comissário
Geral para Europalia, Sergio Mamberti, anunciaram a programação de artes visuais, já discutida e
preliminarmentedesenvolvida com as instituições belgas. (ver http://www.europalia.be/IMG/pdf/press-
dossier_en.pdf
).

3- Em fevereiro deste ano, o MinC brutalmente interrompeu o desenvolvimento do projeto original,
causando a perplexidade de todos nós, profissionais envolvidos no evento.

Ainda que alguns de nós tenhamos trabalhado por quase um ano, sem nenhuma remuneração,
tivemos conhecimento apenas através da imprensa das drásticas mudanças conceituais e estruturais
no evento, ocorridas em fevereiro de 2011. Com a troca no governo federal, meses antes da abertura
do Festival, quase todo o programa original do evento foi cancelado (com algumas poucas exceções,
eventualmente reformuladas), pondo em risco a consistência e a profundidade de um programa de
importância para a Arte Brasileira e sua visibilidade na cena internacional.

4- Ao reconhecer o que parece ser uma crônica desorganização na gestão pública da cultura
brasileira, enviamos uma carta, dirigida à ministra da Cultura, Sra. Ana de Holanda, e ao Presidente
da Funarte, Sr Antonio Grassi, manifestando nossas críticas e apreensões na condução do referido
evento, e solicitando uma audiência. O documento, com 45 assinaturas de participantes, foi
encaminhado ao MinC e Funarte no dia 03/03/11. Todos os profissionais contactados aderiram
ao documento. Ficou claro o desconforto da classe com o mau gerenciamento do MinC sobre o
Europalia 2011.

5- A carta foi respondida pelo MinC/Funarte, com proposta de reunião para 18/03/11, na sede da
Representação do MinC no Rio de Janeiro. Na reunião, estavam presentes a Ministra da Cultura Sra.
Ana de Hollanda, o Presidente da Funarte Sr. Antonio Grassi, o Diretor do Centro de Artes Visuais

da Funarte Sr. Xico Chaves, e um grupo de artistas e profissionais participantes, que assinaram a
carta inicial, composto por Ernesto Neto (artista), Jorge Jauregui (arquiteto), Margareth de Moraes
(produtora), Maurício Dias (artista), Paula Trope (artista), Rafael Cardoso (curador), Ricardo Basbaum
(artista), Rosana Palazyan (artista) e Suzy Muniz (produtora).

A pauta do encontro, elaborada pelo grupo, se concentrou em dois pontos:

1- A solicitação de esclarecimento sobre a organização do evento Europália pelo MinC. Manifestamos
nosso descontentamento com as radicais mudanças no projeto, a menos de um ano de sua abertura;

2- A visível falta de continuidade e de transparência no conceito e na condução das políticas de
representação internacional da arte e cultura brasileiras no exterior, sintoma da falta de um programa
mais efetivo e democrático para a Cultura no país.

Como sabíamos que o processo de modificação e redirecionamento do festival Europália era àquela
altura irreversível, a principal argumentação do grupo visou reivindicar que o MinC cumpra as
responsabilidades que lhes são cabidas.

Nesse sentido, sugerimos:

1- A criação imediata de uma comissão permanente, legitimada publicamente, composta por
representantes dos diferentes segmentos do circuito de artes (artistas, curadores, críticos de
arte, diretores de museus e instituições de arte e representantes de órgãos governamentais), que
participem na elaboração e implementação de políticas para a área. No modelo atual, os artistas e
profissionais brasileiros não contam com nenhum apoio governamental pré-definido, tal como: (a)
verbas de apoio para transporte de obras; (b) passagens e estadia de artistas; (c) honorários por
projetos novos; (d) facilitações para exportações temporárias das obras que representam o país
em tais certames; (e) não há políticas de apoio à participações e convites aos artistas brasileiros
no calendário regular das exposições internacionais tais como a Documenta de Kassel, a Bienal de
Veneza e outras bienais e festivais de arte contemporânea. Isto torna-se um erro grave, com riscos
de perpetuação, no momento em que o mercado e a pesquisa de arte contemporânea internacional
enfatizam a presença da produção brasileira moderna e contemporânea.

A proposta acima foi apresentada na primeira reunião e bem recebida pelos membros do MinC e da
Funarte.

É importante lembrar que embora o MinC tenha criado o Programa Brasil Arte Contemporânea,
(Portaria Nº 61 de 28/08/09), “com o objetivo de estabelecer instrumentos à internacionalização da
arte contemporânea brasileira”, nos parece que este não foi ainda implantado. O gerenciamento
do festival Europalia talvez pudesse ter sido melhor conduzido se estivesse sob responsabilidade
do “Comitê Brasileiro de Internacionalização e Economia da Arte Contemporânea - CBIEAC” (Art.
7º), composto por representantes de diversos segmentos do circuito de arte. Consideramos que este
instrumento deve ser discutido, implementado e aperfeiçoado. Desde já, apontamos que o CBIEAC
deve ser modificado para incluir uma representação mais significativa de artistas, que não estão
corretamente contemplados na sua atual formulação.

Consideramos que a participação da classe – artistas e demais profissionais do circuito, assim
como representantes do Colegiado Setorial de Artes Visuais e demais órgãos de representação –
seja fundamental para a implementação e fiscalização desse Comitê e Programa. Essa posição, já
manifestada no primeiro encontro, será mantida na reunião que está para ser confirmada pelo MinC.

Estamos no momento em contato com o MinC aguardando a data para uma nova reunião para
continuar a tratar deste assunto.

Seguem em anexo a carta encaminhada à ministra, com a relação dos profissionais que assinaram o
documento, assim como o cronograma do processo relatado acima.

Atenciosamente,

Ernesto Neto (artista), Jorge Jauregui (arquiteto), Margareth de Moraes (produtora), Maurício Dias
(artista), Paula Trope (artista), Rafael Cardoso (curador), Ricardo Basbaum (artista) e Rosana
Palazyan (artista)

Anexo I – CARTA À MINISTRA

Anexo II – CRONOGRAMA

04/10/09 - assinatura do protocolo de intenções do festival Europalia por Sergio Manberti, na
Presença do Presidente Lula e do Primeiro Ministro Belga Herman Van Rompuy;
http://www.cultura.gov.br/site/2009/10/05/festival-cultural-europeu/
20/05/10 - assinatura do acordo entre Juca Ferreira e Claude Misson (Embaixador da Belgica no
Brasil) para a realização do festival Europalia Brasil;http://www.cultura.gov.br/site/2010/05/24/
europalia-brasil/
17/10/10 - Conferência de imprensa no Palais d'Egmont, Bruxelas, lança o primeiro esboço do
programa para o festival Europalia, que indica a presença de Paulo Herkenhoff como "curador geral
de exposições" do evento; http://www.europalia.be/IMG/pdf/press-dossier_en.pdf
24/02/11 - O Globo: "Adriano de Aquino cria projeto enxuto para o festival Europalia";
26/02/11 - O Globo: "Mudança no festival Europalia revolta os artistas convidados";
03/03/11 - envio da carta à Ministra/Funarte pelo grupo de artistas e profissionais;
17/03/11 - primeira reunião preparatória dos artistas e profissionais;
18/03/11 - encontro com a Ministra e Presidente da Funarte; http://www.cultura.gov.br/site/2011/03/
17/18-de-marco/
20/03/11 - O Globo, nota sobre o encontro;
30/03/11 - segunda reunião preparatória dos artistas e profissionais;
31/03/11 - encontro com Diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, adiado;
em data a ser definida - novo encontro com MinC/Funarte

Leia : À Ministra da Cultura Ana de Hollanda / Ao Presidente da FUNARTE Antonio Grassi

Adriano de Aquino cria projeto enxuto para o festival Europalia por Suzana Velasco, O Globo

Posted by Marília Sales at 4:48 PM

maio 2, 2011

Novos laços por Paula Alzugaray, Istoé

Novos laços

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na Istoé em 29 de abril de 2011.

Galerias recém-abertas em São Paulo e no Rio resgatam e lançam artistas

O jovem colecionador João Grispum Ferraz percebeu que poderia diversificar sua relação com a arte contemporânea e virar marchand quando, no ano passado, intermediou a venda de dois trabalhos de Rodrigo Andrade e de Fabio Miguez, dois artistas que integram sua coleção. “Eles estavam em fase de mudança de galeria e acabei recomendando seus trabalhos para outros colecionadores”, conta o cientista político João Ferraz, que nos últimos anos também exerceu a função de curador em diversas ocasiões. Outros sinais – como o definitivo aquecimento do mercado de arte brasileiro – foram determinantes para que ele encontrasse no empresário Jayme Vargas, no advogado Rodrigo Monteiro de Castro e no engenheiro químico Francisco de Assis Esmeraldo – todos colecionadores – a parceria ideal para a criação da Galeria Transversal. Cada um contribuiu com seu estilo próprio para a formação de um elenco eclético. Inaugurada em abril, em São Paulo, a galeria reúne artistas de várias gerações: desde veteranos, como a escultora e desenhista Esther Grispum, da geração 80, que inaugura indivi­dual no sábado 7 de maio, até aqueles que nunca foram representados por uma galeria, como o pintor Felipe Góes, o fotógrafo Nelson Kon e o grafiteiro André Farkas, que pintou a fachada do edifício na Barra Funda.

No Rio, a novíssima Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugurou na quarta-feira 27 com uma mostra coletiva na qual participam seus 20 artistas, entre os quais o veterano Luiz Hermano e os estreantes Felipe Bertarelli e Ricardo Villa. “Acho que o Rio de Janeiro, como todo o Brasil, está num momento muito bom. Muitos artistas, com visi­­bilidade no Exterior, são daqui e moram aqui. Eu participo da SP-Arte, sempre com bons resultados.

E agora também teremos uma feira local, a Feira de Arte do Rio, e acredito que ficaremos mais em evidência, fazendo parte do circuito. Estou muito otimista”, diz Luciana Caravello, que desfez a sociedade da Arte em Dobro para começar o novo projeto solo, em um sobrado em Ipanema totalmente reformado.

Posted by Marília Sales at 2:02 PM

Mostra em SP explora viés tecnológico da arte por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Mostra em SP explora viés tecnológico da arte

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 2 de maio de 2011.

O binômio arte e tecnologia tem se constituído, ao menos no Brasil, num segmento composto especialmente por pesquisadores ligados ao mundo acadêmico.

"Perceptum Mutantis", mostra no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, aponta que essa característica não se restringe ao território nacional.

"Na Argentina também se percebe que grande parte dos artistas ensinam na universidade e possuem forte relação com o mundo acadêmico, pois ele é quem fomenta o experimentalismo", diz Daniela Bousso, diretora do MIS e curadora da mostra.

Ela selecionou para a exposição os argentinos Leo Nuñez, Augusto Zanela, Mariano Sardón e Hernán Marina, além dos brasileiros Katia Maciel e André Parente, que também estão em cartaz na Fundación Telefônica, até 11 de junho, com a retrospectiva "Infinito Paisage", em outra curadoria de Bousso.

As duas exposições foram feitas por meio de uma iniciativa da Fundación Telefônica argentina, que se dedica exclusivamente à pesquisa de arte e tecnologia.

"Para nós faz todo sentido esse intercâmbio com o Brasil, pois a produção de vocês é de ponta, e já vínhamos trabalhando com vários artistas daí, como Eduardo Kac, e os próprios André Parente e Katia Maciel", disse Alejandrina D'Elia, gerente do Espacio Fundación Telefonica, em Buenos Aires.

CENAS ANTOLÓGICAS

Na capital argentina, o casal de artistas brasileiros pode ser visto em 11 trabalhos. Entre eles, está "Circuladô", de Parente, única presente tanto na mostra de Buenos Aires como na de São Paulo, onde ela ocupa o espaço central do MIS.

A obra é composta por uma série de cenas antológicas de cinema com personagens que ficam dando voltas em si mesmo e multiplicadas em formato circular, como o Corisco, de "Deus e o Diabo na Terra do Sol".

O visitante pode, então, acionar um mecanismo no centro da sala, o que costuma ser chamado de arte interativa, escolhendo qual personagem ele quer que gire.

Em Buenos Aires, contudo, está a obra mais complexa de Parente, "Visorama" (2010), uma sala que tem uma projeção com o Gabinete Real de Leitura, no Rio, e que, por meio de um binóculo suspenso por uma grua, o visitante pode percorrer o espaço, como se estivesse voando nele.

De forma geral, nas duas mostras, a técnica é sempre algo surpreendente, mas ela nem sempre consegue escapar de ser apenas um mostruário de novos aparatos sofisticados e complexos usados com boas ideias.



Posted by Marília Sales at 11:36 AM

Após revoltas, arte do Egito ganha Bienal de Veneza e mostra em SP por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Após revoltas, arte do Egito ganha Bienal de Veneza e mostra em SP

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 2 de maio de 2011.

No dia depois da queda do ditador egípcio Hosni Mubarak, deposto em fevereiro a um custo de 300 mortes, começou a limpeza da praça Tahrir, epicentro da revolta no Cairo. Tentavam devolver a ordem, apagando marcas da revolução, entre elas pichações e desenhos nas ruas.

Um rosto estampado nos muros era o de Ahmed Bassiouny, artista morto ao filmar os conflitos que puseram fim à ditadura.

Sua obra, ao contrário da cara apagada na faxina, vai estar no pavilhão egípcio da Bienal de Veneza no mês que vem --reflexo da revolução na cena estrelada das artes.

Mas, fora da grande vitrine que é a mostra italiana, uma produção urgente surgiu nas ruas do Cairo. São vídeos e músicas feitos no calor do confronto, divulgados nas redes sociais, além de desenhos pelos muros da cidade.

Numa ponte direta com São Paulo, esses trabalhos viscerais chegam aos poucos à Matilha Cultural, no centro, que organiza uma espécie de mostra em progresso com vídeos e arte de rua enviados à galeria a todo instante.

"São manifestações artísticas da revolta", diz o curador Demétrio Portugal. "Sintonizamos um canal e veio uma enxurrada de informação."

No caso, o canal é o mesmo que turbinou a revolta popular no Egito. Maya Gowaily, jovem artista do Cairo, documentou todo grafite que viu pelas ruas e postou numa página do Facebook.

"Não viram que isso faz parte da revolução", diz ela. "Há muito mais a fazer ainda e tudo tem de ser documentado, é parte da história."

Essas imagens, aliás, mostram como a história foi reescrita em tempo real. Grafiteiros adotaram a águia de cabeça para baixo, inversão do símbolo do ditador, como um dos ícones da mudança.

Nos mesmos moldes, pouco apuro estético e muita agressividade, o ativista Aalam Wassef revela num vídeo como criou um herói falso para destronar o regime.

Foi sua alcunha virtual, Ahmad Sherif, que liderou revoltas contra o ditador. Um dos líderes do partido aparece comparado a um doberman num vídeo, hoje entre os primeiros resultados de uma busca do Google.

"Estética, na hora, não era minha preocupação", diz Wassef à Folha. "Mas sem dúvida isso é arte. Pensei, enquanto fazia isso, que um outro tipo de estética pudesse surgir dessa situação."

Posted by Marília Sales at 10:57 AM