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Como atiçar a brasa

 


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dezembro 3, 2010

Pioneiro da gravura em metal tem mostra em São Paulo por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 3 de dezembro de 2010.

Cerca de 60 obras de Carlos Oswald, artista que retratou Florença e o Rio do início do século 20, estão em cartaz na Caixa Cultural

Uma mulher reclina a cabeça e fecha os olhos. Foi esse sonho que o artista Carlos Oswald retratou na primeira gravura que fez no Brasil depois de começar a carreira na Itália, em que passou certo tempo desenhando bois movendo blocos de mármore.

Das paisagens cruas da Toscana, e mesmo cenas urbanas de Florença, onde nasceu, Oswald fez no Rio paisagens bucólicas da então capital da República, donzelas ao piano e uma série de alegorias religiosas que inventou. Esses dois lados da produção do pioneiro da gravura em metal no país, morto em 1971, estão agora em mostra com cerca de 60 obras na Caixa Cultural, em São Paulo.

Filho de uma italiana e um brasileiro, o artista começou em Florença a técnica que depois difundiu no Liceu de Artes e Ofícios do Rio. Na fase italiana, que ocupa metade da galeria, estão ciprestes ao vento, a célebre ponte dos ourives florentinos e animais arrastando todo o mármore de Carrara.

Quando chega ao Rio, dá viés mais lírico à produção.
Usa cor em cenas da praia e registra também a aleia do Jardim Botânico. Inova na composição de cenas religiosas, deslocando Cristo e a luz que recai sobre ele para o canto de duas composições.

Sua irmã aparece tocando piano noutra gravura. Oswald dá ao vestido da moça, à sua pele e ao plano de fundo da composição uma textura mais difusa, que parece abraçada pelas cores.

Talvez pela influência do pai, o músico Henrique Oswald, ele também tenha feito uma série de retratos de grandes compositores, como Bach, Chopin e o maestro brasileiro Carlos Gomes.

Posted by Cecília Bedê at 2:20 PM

Brasil tem mercado com maior potência, diz diretor de feira por Lucrecia Zappi, Folha de S. Paulo

Matéria de Lucrecia Zappi originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 3 de dezembro de 2010.

À frente da Art Basel há 3 anos, Marc Spiegler reforça papel latino e diz que vendas do setor estão aquecidas

Nona edição americana do maior evento das artes segue até o próximo domingo com mais de 250 galerias

"Fundamental é visitar as galerias, além dos 45 minutos que antecipam os lances, quando posso conversar com as pessoas", diz Marc Spiegler, apertando o passo em Chelsea, bairro de Nova York que concentra o maior número de galerias da cidade. Estamos na semana de leilões de arte contemporânea.

É a última parada do codiretor da Art Basel antes de ir a Miami para a nona edição americana da maior feira de arte do mundo, a Art Basel Miami Beach, que vai até domingo, com mais de 250 galerias participantes.

Será que a trinca Sotheby's-Christie's-Philips empolga pelas compras ou o impulso dos colecionadores assusta, por gastar tudo em Nova York e se conter mais em Miami?

"Só nesta semana foram US$ 650 milhões [R$ 1,1 bilhão] de vendas nos leilões", afirma Spiegler, otimista, ao que o galerista Andrew Kreps reage, rindo: "A coisa está indo tão bem que vão voltar a falar em fundo de arte".

Mesmo que o ex-jornalista Marc Spiegler, 42, seja codiretor da feira há três anos -ele é responsável pelo conteúdo, enquanto Annette Schönholzer cuida do design-, é difícil não compará-lo a seu antecessor.
Sam Keller não só reinventou Miami ao criar a Art Basel Miami Beach em 2000 como fez da feira o maior polo da arte latino-americana.

Resta a Spiegler, natural de Chicago, que mora em Zurique -além do inglês, fala francês e alemão-, reforçar o sangue latino da feira. Para o comitê que seleciona as galerias, do qual a galerista Luisa Strina participa desde o início, Spiegler convidou Márcio Botner, de A Gentil Carioca, no Rio, e o mexicano José Kuri, da Kurimanzutto.

BRASIL
"Nossa relação com o Brasil é intensa. É o mercado com a maior potência, temos muitos colecionadores e galerias aí", afirma Spiegler.

E por que não fazer uma extensão da feira no Brasil? "Iríamos canibalizar o que já temos. Muitos colecionadores latinos têm família, casas e negócios em Miami, se sentem em casa lá."

Ao entrar na exposição de Robert Rauschenberg, na galeria Gagosian, ele se impressiona: "Outra exposição com qualidade de museu".

As pessoas têm deixado de ver exposições individuais para frequentar as feiras? Spiegler acha que sim, mas frisa que o objetivo da feira é fazer contatos.

"Crucial na equação é que se descubram obras e galerias novas. Ao desenhar o espaço, criamos vizinhanças com estéticas parecidas que atraem colecionadores semelhantes", diz ao entrar na galeria Yvon Lambert.

Nas paredes, há réguas disformes, feitas a partir de fotos de silhuetas de prédios destruídos pelo terremoto de 1985 na Cidade do México. "É uma direção nova que o artista Carlos Amorales está tomando? Caos com rigor é muito latino-americano."

Miami transpira arte com 20 eventos paralelos

Não dá para ver tudo.
A feira Art Basel Miami Beach é só a ponta do iceberg -no sol. Na cidade, há mais de 20 eventos do gênero acontecendo ao mesmo tempo, além dos museus, das coleções particulares e de outros projetos.
Especialmente em Miami, arte e excesso são lugar-comum: na recuperação da crise, há quem veja isso como otimismo.

Até domingo, é esperado que mais de 40 mil pessoas circulem pela nona edição da feira, a maior do segmento dos EUA, com mais de 250 estandes com 2.000 artistas de todo o mundo.

As galerias de maior destaque estão na Art Galleries, como a nova-iorquina Marian Goodman ou as paulistanas Luisa Strina e Millan.

Mas há também a Art Kabinett, com 20 mostras, a Art Nova, com 50 artistas emergentes, e a Art Positions, na qual 14 galerias jovens mostram projetos especiais.

EXPERIMENTALISMO
O segmento mais ambicioso da feira neste ano é o Oceanfront Nights, curado pela Creative Time, de Nova York, que faz projetos públicos. A ideia é destacar o teor experimental de quatro cidades: Detroit, Cidade do México, Berlim e Glasgow.

A Art Basel Conversations promove mesas-redondas com curadores, colecionadores e artistas, e a Art Public, também da Art Basel, apresenta esculturas e instalações externas.

Além da Art Basel Miami Beach, há as outras feiras importantes como a Design Miami, a Scope a Pulse, além dos museus e das coleções privadas como a Rubell e a Margulies.


Posted by Cecília Bedê at 2:11 PM

dezembro 2, 2010

Entre águas e segredos por Ana Cecília Soares, Diário do Nordeste

Matéria de Ana Cecília Soares originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 2 de dezembro de 2010.

Os artistas visuais Caetano Dias e Meire Guerra apresentam uma prévia de sua arte, a partir de duas individuais, em cartaz até esse mês, no MAC

Símbolo da dinâmica da vida, a água é o lugar das transformações e dos renascimentos. Seu movimento, segundo Jean Chevalier e Alain Gheerbrante, no "Dicionário de Símbolos", conduz a um estado transitório entre as possibilidades ainda informes as realidades configuradas. Uma situação de ambivalência que, ao mesmo tempo, refere-se aos mundos da vida e da morte.

Numa referência quase mística ao sentimento onírico que brota da água, o baiano Caetano Dias deixou-se contaminar por essa atmosfera para compor os vídeos de sua primeira individual em Fortaleza. A exposição, que fica em cartaz no Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Dragão do Mar, até 12 de dezembro, apresenta alguns trabalhos que o artista desenvolveu numa residência artística no Laboratório de Novas Mídias do Museu da Imagem e do Som ("LabMIS"), de São Paulo, em 2008.

Um dos vídeos mais interessante é o "1978 - Cidade Submersa", com duração em torno de 15 minutos. A partir de uma linguagem mesclada entre o documentário e a ficção experimental, o artista narra visualmente a soberania da água represada para a fundação da hidrelétrica do Lago de Sobradinho, no rio São Francisco, que fez submergir parte da cidade de Remanso, no sertão da Bahia.

As próprias imagens guardam em si a tensão e a poesia de uma cidade engolida pela água em virtude de um suposto progresso social. Outro trabalho que chama atenção pelo seu teor experimental, é o vídeo-instalação "Mar".

Projetado em uma daquelas "pedras d´água", que encontramos na beira da praia, o vídeo traz imagens de um homem nadando nu em alto mar. Embora, nos transmita uma sensação de delicadeza, a angústia também se faz presente, uma vez em que a personagem aparece, por ora, meio que preso entre rochas. Mas, a poesia é visível nesse trabalho.

Ser Mulher

A artista visual Meire Guerra também está com exposição aberta no MAC, até 19 de dezembro. Inspirada no livro "Água Viva", de Clarice Lispector, a artista fez vir à tona "Segredos".

A mostra traz como tema central de sua pesquisa poética visual, o "ser mulher", com sua presença, particularidades, inquietações, leveza, violência, medos, angustias, alegria, ou simplesmente, o seu existir.

"Passeando em uma obra literária dialogando a interdisciplinaridade artística, uma vez que me aproprio dos trabalhos ou das vidas dessas mulheres, artistas ou não, para falar de mim utilizando minha mala e pedindo o auxílio de uma mediadora chamada Clarice. A partir de um trecho solto no texto, busco descobrir os segredos delas e mais do que isso, penso que a minha caminhada é a procura de saber dos meus próprios segredos".

Por meio de vídeos e objetos, Meire Guerra apresenta ao espectador, mulheres diferentes, em locais e situações diversas, ligadas a uma espécie de recipiente de imagens, uma mala antiga, "onde tudo pode acontecer, onde se pode habitar. Porém deve-se imprimir sua marca, refletir sobre esta e presenteá-la ao infinito eternizando-a nos espelhos construídos por narradoras e personagens".

A artista conclui: "Vejo-me em todas essas mulheres. Vejo-me na própria Clarice que propicia tudo isso. Estou encantada com a possibilidade de todas elas permanecerem para sempre na minha malinha. Viajante, malinha que já não é mais só minha mais sim de todas nós".

Posted by Cecília Bedê at 3:44 PM

A formação de volta ao Dragão do Mar por Ana Cecília Soares, Diário do Nordeste

Matéria de Ana Cecília Soares originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 2 de dezembro de 2010.

O Núcleo de Formação em Arte e Cultura do Dragão do Mar vem desenvolvendo um importante trabalho educativo ao investir em cursos, oficinas e seminários críticos nas mais diferentes linguagens artísticas. Um dos destaques é a palestra "Novas políticas estéticas", ministrada, amanhã, pela crítica literária Heloísa Buarque de Hollanda

Dentre as ações mais significativas que o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura vem realizando, recentemente, está o trabalho de rearticulação de seu Núcleo de Formação em Arte e Cultura. Com a coordenação pedagógica de Andréa Bardawil e Enrico Rocha, as ações têm proporcionado ao público em geral, uma variedade de cursos, oficinas e seminários críticos nas áreas de dança, teatro, artes visuais, literatura, fotografia, música, audiovisual, design e patrimônio.

A iniciativa é um esforço raro em Fortaleza, quase sempre, um cenário desolado, quando se trata do estímulo à criação e a formação no campo das artes. Os cursos são gratuitos e ministrados por profissionais cearenses e de outros estados brasileiros. Os participantes também recebem certificação destinada a cursos livres.

Segundo Enrico Rocha, essa é a oportunidade de reunir experiências e de discutir questões importantes aos segmentos artísticos. Ampliando o conhecimento e proporcionando aos participantes outras leituras e reflexões críticas.

"Andréa e eu assumimos, em julho desse ano, a coordenação pedagógica do Núcleo de Formação. O Seminário ´Arte, Invenção e Experiências Formativas´, realizado em agosto passado, foi que deu início a essa série de atividades. Acreditamos que a formação é fundamental para o desenvolvimento intelectual e artístico das pessoas", diz.

Rocha destaca que o projeto de rearticulação do Núcleo de Formação em Arte e Cultura, coordenado por ele e Andréa Bardawil, encerra-se no dia 17 de dezembro, mas a expectativa é que continue com ações permanentes a partir do próximo ano. "Temos o desejo de retomar a ideia dos cursos técnicos que existiam no Dragão do Mar, em seus primeiros anos de atuação. Atualmente, só temos o técnico em dança, coordenado pela Andréa, com a parceria do Senac. O curso já está em sua terceira turma, e tem duração de dois anos. O ideal é que todas as áreas sejam contempladas".

Em sua maioria, as oficinas promovidas pelo Núcleo estão sendo realizadas no antigo prédio da Capitania dos Portos (rebatizado de Capitania das Artes). "Esse espaço é maravilhoso, e em breve o Núcleo de Formação funcionará lá junto com uma parte do setor administrativo do Dragão do Mar. É interessante pensar o Núcleo e suas ações como um ambiente de encontro e debate. Além de permitir a troca e a partilha das experiências entre participantes e facilitadores", constata Rocha.

Embora venha realizando um bom trabalho, o futuro do Núcleo de Formação, ainda, é incerto. Contudo, espera-se que o próximo Governo dê continuidade a iniciativa. Não seguindo o velho hábito (nã só do Estado), de não aproveitar os projetos que dão certos de uma gestão para outra.

Crítica literária

A escritora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Heloísa Buarque de Hollanda estará na cidade, amanhã, a partir das 18h30, para ministrar a palestra "Novas políticas estéticas". No sábado, ela vai realizar, das 9 horas às 12 horas, a oficina "Crítica hoje". As duas ações acontecem no Auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Na palestra, a pesquisadora discutirá a estética como política afirmativa nas culturas da periferia. Considerando os movimentos minoritários que sempre se valeram de estratégias discursivas para se expressar.

"Isso ocorreu com a literatura e a criação artística das mulheres, com a cultura negra e com a cultura gay. Atualmente, entretanto, a estética como política de afirmação e transformação é o lema das culturas de periferias e favelas. Um exemplo é o hip hop, que une criação artística e política e utiliza a cultura como recurso", explica a professora.

Heloísa Buarque de Hollanda observa que a função social da arte está mostrando sinais de alterações estruturais. "Mais uma vez, é função do crítico não rejeitar estas transformações ou reduzi-las a ´retrocessos´ na história da arte, mas investir no exame dos sintomas emergentes, acompanhando os caminhos das novas políticas e estéticas com o mesmo vigor com que o impulso criador das manifestações artísticas contemporâneas vêm respondendo aos desafios deste novo milênio".

Na oficina, a discussão será voltada para a crítica literária hoje. A professora apontará os novos sujeitos, vozes e dicções que emergem com força substantiva na cena artística e literária, que vem acontecendo, principalmente, na internet. Além de procurar "saídas emergenciais" para a compreensão dos novos fenômenos culturais pós-globalização.

"Quando a crítica literária vai para a internet, ela se reconfigura. Isso interfere na criação e cria novos hábitos de leitura. Você, por exemplo, não guarda mais o poema na gaveta. Com a internet o ficcionista e o poeta dispõem de vários recursos para incrementar seu texto: áudio, imagens e hiperlinks. A ideia de autor está mudando. Particularmente, não chamo de literatura aquilo que se faz no meio digital, mas sim de práticas literárias, uma vez que tem outro sentido e uma outra dinâmica", diz.

Mais ações

Outras oficinas previstas para dezembro são: "Rádio, Loucura e Arte - Oficina de Rádio", ministrada pelo professor Mauro Sá Rego Costa (RJ) e Deisimer Gorczevski; "Modos de Fazer Arte Pública de Intervenção Comunitária" (Módulo II), pelo artista visual David da Paz; "Beuys, Lygia Clark, Oiticica, mudando o lugar da arte", também, ministrada por Mauro José Sá Rego; "Bataille e Pasolini: propostas eróticas para diálogos malditos", idealizada pela professora cearense Flávia Bezerra Memória. Além desses cursos, o projeto prevê outros, até o encerramento das ações de 2010.

A programação completa, com horários e datas pode ser acessadas através do blog do Núcleo de Formação em Arte e Cultura do Instituto (http://formacaodragaodomar.blogspot.com/).

Fique por dentro
Perfil

Heloisa Buarque de Hollanda, nascida em Ribeirão Preto (SP), em 26 de julho de 1939, é formada em Letras Clássicas pela PUC-RJ, com mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ e pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, Nova York. É coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea, diretora da Aeroplano Editora e Consultoria e curadora do Portal Literal.

Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultural digital. Nos últimos cinco anos, vem trabalhando com o foco na cultura produzida nas periferias das grandes cidades bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais. É uma das principais autoridades na obra da cearense Rachel de Queiroz.

Fonte: http://www.heloisabuarquedehollanda.com.br

Posted by Cecília Bedê at 3:32 PM

Direito autoral nas artes é tema de debate no MAM-SP, O Estado de São Paulo

Matéria originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 2 de dezembro de 2010.

Polêmicas recentes relacionadas à questão do direito autoral no campo das artes visuais, como a que envolveu a família do artista Alfredo Volpi (1896-1988) e o Instituto Moreira Salles ou ainda a de Lygia Clark (1920-1988) e a Fundação Bienal de São Paulo, certamente estarão nas discussões das duas mesas-redondas que o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) vai realizar amanhã no evento Jornada de Direito Autoral.

Afinal, este ano, o Ministério da Cultura (MinC) levou a cabo anteprojeto, com consultas públicas, que reformula e moderniza a Lei de Direito Autoral (9.610/1998) para as mais diversas áreas, incluindo a esfera digital. Atualmente, a proposta está no Congresso.

A Jornada de Direito Autoral começa às 10 horas, no auditório do MAM, com a mesa-redonda sobre Direitos Autorais e Arte Contemporânea: Proteção x Acesso. O debate será mediado pela advogada do museu, Mariana Valente, e contará com a participação do professor e advogado Guilherme Carboni, mestre e doutor em direito civil pela USP e autor do livro Função Social do Direito de Autor; da artista e criadora do site Canal Contemporâneo, Patrícia Canetti; e de Salvador Ceglia Neto, sócio principal da Ceglia Neto Advogados, que representa a família de Volpi.

Já a segunda mesa do dia começará às 14 horas e será voltada ao tema Direitos Autorais nas Artes Visuais: Um Campo em Desenvolvimento? A medição ficará por conta do curador-chefe do MAM, Felipe Chaimovich, e a mesa terá como integrantes a historiadora, museóloga e curadora Vanda Klabin; a advogada, Fabiana Garreta, também artista plástica e diretora da Associação Brasileira dos Direitos de Autores Visuais (Autivis); e de Marcos Alves de Souza, diretor de Direitos Intelectuais da Secretaria de Políticas Culturais no MinC e organizador da consulta pública pela modernização da Lei de Direito Autoral. O evento tem entrada gratuita. O MAM fica no Parque do Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n.º, portão 3). Mais informações pelo tel. (011) 5085-1300. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Posted by Cecília Bedê at 2:36 PM

Urubu estreia com pé esquerdo na Bienal por Fred Melo Paiva, Folha de S. Paulo

Matéria de Fred Melo Paiva originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 2 de dezembro de 2010.

Lodo, filho de Carniça e Fedor, fez primeira participação em evento artístico; já Sujeira é "ator mais que principal" em longa

Artista Nuno Ramos manda recado para as aves retiradas de sua obra: "Amor impossível é que é amor"

Quando no futuro se prestar homenagem à 29ª Bienal de São Paulo, que termina no próximo dia 12, será obrigatória uma deferência a Carniça, Lodo e Sujeira.

Durante os 14 dias em que dormiram, comeram e obraram na instalação de Nuno Ramos, obscureceram as demais obras.

Retirados por ordem da Justiça, deixaram uma lacuna no pavilhão -e a sensação de que fomos injustos com suas pessoas, tratadas sempre genericamente por "urubus da Bienal".

Não é porque o sujeito é urubu que ele não tem uma história particular. Carniça, por exemplo, viveu entre o céu e o inferno. Com um tendão atrofiado, decolava tipo uma galinha -uma galinha preta.

Dessa forma, ao invés de ser atingido por um Boeing, foi atropelado por uma moto em Aracaju.
Levado à casa do criador de aves de rapina José Percílio Mendonça, 35, o animal chegou completamente escangalhado.

Percílio, que é fundador do Parque dos Falcões, em Itabaiana (SE), tinha lá um outro urubu -a Fedor.
Chegara em situação penosa: achando-se perseguida por uma pipa que enroscara no seu pé, voou até acabar o combustível. Apesar da afinidade de seus dramas pessoais, e a despeito do que sugerem seus nomes, Carniça não se dava com Fedor.

MOTELZINHO
Para reverter o anticlímax, Percílio foi para a mata observar como nascem os bebês Cathartes burrovianos, o urubu de cabeça amarela.

Determinado a "pôr esses dois pra namorar", preparou "um motelzinho" a partir de sua experiência de voyeur.

Fez um ninho de pedra e um "poleiro da dança". Foi nesse aí que a Fedor se encontrava quando o Carniça atacou pela retaguarda.

Carniça passou a viver, então, numa trepantina danada. Aos 15 anos, já produziu oito filhos -e não deixou de fazer sexo nem durante a primeira versão de "Bandeira Branca", apresentada por Nuno Ramos no CCBB de Brasília em 2008. Sempre com a Fedor, porque o urubu, como o gavião, é fiel.

Dessa filharada vieram Lodo e Sujeira, além de Romualdo e cinco anônimos.

Sujeira, 10, é o mais proeminente. Já fez ponta em documentário japonês, e acaba de gravar um longa com Matheus Nachtergaele -"Na Quadrada das Águas Perdidas", direção de Wagner Miranda e Marcos Carvalho.

"Ele é ator mais principal do que o Matheus", aumenta Percílio.

ESTRELA DE CINEMA

O filme tem também a participação de Lucinha, uma coruja de orelhas que vive no Parque dos Falcões. Ela precisava latir (latiu) e pousar sobre o umbral de uma casa.

O script de Sujeira era mais complexo: tinha de seguir Matheus, trocar olhares, "comer" um jegue sedado, uma cabra, um cachorro.

Para o diretor Marcos Carvalho, trata-se de "uma estrela do cinema nacional".

Sujeira já fez trabalho mais sujo. Em uma ocasião, foi levado a um curtume para espantar outros urubus. Deu certo até que sobrou um, com quem fez amizade. Quando está solto, costuma retornar na companhia de estranhos.

Durante exercícios para manter o peso, engana a si mesmo buscando uma corrente em que possa planar sem esforço. "Desce aqui, Sujeira", grita Percílio, "DESCE JÁ!".

Lodo é mais novo que Sujeira. Aos 6 anos, foi preparado para ser solto na natureza, e por isso nem deveria ter nome próprio. Com esse tipo evitam-se maiores contatos, de forma que o trabalho na Bienal foi o primeiro emprego de Lodo.

Percílio olhou para um, olhou para outro, "a Fedor enrolada com o filho que tinha arranjado em Brasília". E foi no impulso "que se deu o escolhimento".

No caso dos urubus, falar em mau agouro é chover no molhado. Então digamos que Lodo estreou com o pé esquerdo, alijado que foi da exposição. Não se abalou.

Conserva "aquele ar de quem parece que está falando da gente", diz Nuno Ramos. "A sabedoria de quem olha as coisas de cima."

Quando Nuno soube que a Folha iria até Sergipe rever os "urubus da Bienal", escreveu à reportagem: "Dê um abraço cordial nos meus bichinhos. Diga que sinto falta deles. E que amor impossível é que é amor".

Criador desenvolveu técnica para lidar com as aves de rapina

Aos pés da Serra de Itabaiana, a 45 km de Aracaju (SE), o Parque dos Falcões abriga 330 aves de rapina, uma casa simples e viveiros rústicos.

Sujeira, Lodo, Carniça e Fedor moram em 16 metros quadrados (na Bienal, desfrutavam de 2.500). Até agosto do ano passado, dividiam o espaço com o urubu albino Michael Jackson. Michael foi roubado e assassinado. Três pessoas foram presas.

A população do parque é formada por animais apreendidos pelo Ibama ou resgatados em más condições de saúde.

Cerca de 70% das aves são aleijadas ou mutiladas. Ninguém tem vida mansa e quase todas participam de palestras para educação ambiental. Fora os treinamentos físicos -segundo o fundador do parque, José Percílio Mendonça, "para não infartar".

Há uma "equipe de segurança" formada por uma coruja buraqueira, um carcará e um gavião mirim. O gavião chama-se Psicopata e pode atingi-lo na carcaça craniana ainda que esteja na companhia de Percílio.

Mulambo e Bronquite, galinhas d'angola, são responsáveis por chocar ovos de falcões, gaviões e corujas, o que já garantiu a reprodução de 26 espécies.

O criadouro conservacionista Parque dos Falcões existe há 10 anos. Percílio, 35, lida com os animais há 27.

Tem a ajuda do parceiro Alexandre Correia e do veterinário Willian dos Anjos, mas, embora tenha feito apenas o ensino fundamental, desenvolveu toda uma técnica para lidar com as aves.

Basicamente, trata todo o mundo igual cachorro: faz carinho, coça a barriga, chama pelo nome. Usa a linguagem do animal (pia).

Descobriu que, passando alecrim no corpo, podia disfarçar o próprio cheiro em incursões na mata para observar a vida selvagem. Se o ovo trinca, ele põe um esparadrapo. Se a pena quebra, coloca superbonder.

"É por isso que digo: conheço meus urubus. O que estava incomodando eles na Bienal eram os protestantes retardados", diz, em referência aos que protestaram contra a presença dos animais.

Como as aves de rapina têm territórios próprios e muitas ficam soltas no Parque dos Falcões, é possível encontrar Percílio explicando às corujas: "Olha, daqui pra cá, é seu; de lá pra cá, é da Lucinha".

Outras coisas estranhas acontecem. É o caso da relação entre Virgulino, um pavão, e Bronquite, a galinha. Dessa cruza nasceu o Mutante. O Percílio jura.

Posted by Cecília Bedê at 1:38 PM