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julho 2, 2010
Confira programação de mostras paralelas à Bienal de SP deste ano, Folha de S. Paulo
Museus e centros culturais de São Paulo estão preparando suas mostras mais ambiciosas para o período de setembro a dezembro, em que acontece a Bienal de São Paulo. Juntos numa parceria que levou o nome de São Paulo Polo de Arte Contemporânea, instituições como a Pinacoteca do Estado, o Instituto Tomie Ohtake e o Museu de Arte Moderna, entre outras, devem estender o recorte desta Bienal, que aproxima arte e política, para suas próprias exposições.
Anunciada ontem, a agenda turbinada para o circuito paralelo à Bienal terá individuais de artistas como Antonio Manuel, na Pinacoteca do Estado, Mira Schendel, no Instituto de Arte Contemporânea, Carmela Gross, na Estação Pinacoteca, Ernesto Neto, no MAM, Regina Silveira, no Itaú Cultural, Rebecca Horn, no Centro Cultural Banco do Brasil, Joseph Beuys, no Sesc Pompeia, e Miguel Rio Branco, no Museu da Imagem e do Som.
Entre as mostras coletivas, o Centro Brasileiro Britânico fará um recorte do melhor da arte contemporânea do Reino Unido, com Antony Gormley, Anish Kapoor, Damien Hirst, Rachel Whiteread e Tracey Emin. Com foco na Alemanha, o Masp terá uma seleção de arte contemporânea do país, como nomes Martin Kippenberger e Jonathan Meese. No Paço das Artes, mostra sobre a memória e o poder terá trabalhos da cubana Ana Mendieta, do mexicano Yoshua Okón e dos brasileiros Lucas Bambozzi e Tatiana Blass, esta última também na Bienal.
Artistas plásticos que são também cineastas, como Pedro Costa e Harun Farocki, já escalados para a Bienal, terão seus filmes exibidos em ciclos e debatidos em seminários na Cinemateca.
Veja a lista completa de exposições
Antonio Dias: Anywhere is my Land
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000)
Quando: de 11/9 a 7/11
Quanto: R$ 6
Retrospectiva com fases importantes da carreira de Dias, da década de 1960, quando começou sua produção com influência da pop art, ao momento em que passou a viver na Europa, enfocando questões como a natureza da arte e a territorialidade.
Arte Postal
Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/3397-4002)
Quando: de 18/9 a 31/10
Quanto: grátis
Mostra com obras de arte postal de artistas como Paulo Bruscky, Regina Silveira, Artur Barrio, Gabriel Borba e Hudinilson Junior.
Avesso do Avesso - Mira Schendel
Onde: Instituto de Arte Contemporânea (r. Maria Antonia, 242, tel. 0/xx/11/3255-2009)
Quando: de 30/10 a 30/1
Quanto: grátis
Recorte das obras em papel da artista Mira Schendel, agora com retrospectiva na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, com foco nas noções de transparência, linhas e vazios, interior e exterior em sua obra.
"Back-Forward" - De Trás para Frente
Onde: Centro Brasileiro Britânico (r. Ferreira de Araújo, 741, tel. 0/xx/11/3095-4466)
Quando: de 20/9 a 31/12
Quanto: grátis
Exposição com os maiores nomes da arte contemporânea britânica com obras de Antony Gormley, Anish Kapoor, Damien Hirst, Rachel Whiteread, Tracey Emin, entre outros.
Bienal Internacional - "Graffiti Fine Art"
Onde: Museu Brasileiro da Escultura (av. Europa, 218, tel. 0/xx/11/2594-2601)
Quando: de 3/9 a 3/10
Quanto: grátis
Mostra reúne 50 grafiteiros do Brasil e do mundo.
Carmela Gross
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, tel. 0/xx/11/3335-4990)
Quando: de 4/9 a 7/11
Quanto: R$ 6
Retrospectiva da artista brasileira Carmela Gross, tendo como eixo central suas ideias sobre o corpo e a paisagem.
Carlito Carvalhosa e Philip Glass
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000)
Quando: de 31/7 a 7/11
Quanto: R$ 6
Instalação sonora feita pelo artista brasileiro em parceria com o compositor norte-americano. Haverá um labirinto de tecidos no espaço central do museu e uma trilha sonora que será irradiada por todo o espaço
Cinema e Arte Contemporânea
Onde: Cinemateca Brasileira (lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, tel. 0/xx/11/3512-6111)
Quando: previsto para novembro e dezembro
Quanto: preço não informado
Seminário vai discutir as relações entre artes visuais e cinema
O Cinema de Pedro Costa: O Cinema por Pedro Costa
Onde: Cinemateca Brasileira (lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, tel. 0/xx/11/3512-6111)
Quando: 17/9 e 18/9
Quanto: preço não informado
Seminários sobre obra e formação do cineasta português Pedro Costa, que estará na 29ª Bienal de São Paulo. Haverá uma mesa sobre seus filmes e outra em que o artista debate a cinefilia, a memória e preservação do cinema
As Construções de Brasília
Onde: Centro Cultural Fiesp - Ruth Cardoso (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/3146-7405)
Quando: setembro a 25/1
Quanto: preço não informado
Mostra sobre Brasília com fotografias de Marcel Gautherot, Peter Scheier e Thomaz Farkas no acervo do Instituto Moreira Salles. Haverá também obras relacionadas ao tema de artistas como Cildo Meireles, Jac Leirner e Regina Silveira
*Crossing [Travessias]*
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, tel. 0/xx/11/3814-4832)
Quando: 12/9 a 7/11
Quanto: grátis
Exposição que discute os temas memória e poder, com obras de artistas como Yoshua Okón, Ana Mendieta, Alice Micelli, Lucas Bambozzi e Tatiana Blass
Ernesto Neto
Onde: Museu de Arte Moderna (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5085-1300)
Quando: 18/9 a 19/12
Quanto: R$ 5,50
Megainstalação do artista Ernesto Neto, um dos nomes mais fortes da arte contemporânea brasileira. Neto ocupará toda a grande sala do museu com uma única obra que pede a participação do público
The Exotic West
Onde: Centro da Cultura Judaica (r. Oscar Freire, 2.500, tel. 0/xx/11/3065-4333)
Quando: setembro a dezembro
Quanto: grátis
Seleção de obras de artistas do Oriente Médio, com trabalhos relacionados a política e cultura. Estão escalados trabalhos do iraquiano Wafaa Bilal, dos palestinos Scandar Copti Reem Da'as, dos israelenses Yosef Dadoune, Neta Shoshani e Nurit Sharett, do iraniano Solmaz Shahabazi, entre outros
Harun Farocki e a Política do Olhar
Onde: Cinemateca Brasileira (lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, tel. 0/xx/11/3512-6111)
Quando: 17/9 e 18/9 (seminário) / 11/9 a 2/10 (mostra)
Quanto: preço não informado
Mostra com os filmes mais importantes da vasta produção do artista alemão Harun Farocki, que já fez mais de 90 filmes. Farocki também dará palestras na ocasião e participará de duas mesas redondas
Inconsciente Mecânico - Otavio Schipper
Onde: Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, tel. 0/xx/11/3255-7182)
Quando: 17/6 a 10/10
Quanto: grátis
Instalação sonora do artista Otavio Schipper, que articula telefones, telégrafos, diapasões e um software de leitura para cegos que causam uma cacofonia melódica
"I in U" ("Eu em Tu") - Laurie Anderson
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quando: 18/10 a 26/12
Quanto: grátis
Obras sonoras da artista visual e compositora norte-americana Laurie Anderson. Uma das instalações faz os ossos do espectador vibrar com o som emitido
Manchuria Visión Periférica
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000)
Quando: 14/9 a 31/10
Quanto: grátis
Retrospectiva do artista mexicano Felipe Ehrenberg, único artista latino-americano a integrar o grupo Fluxus
Ocupação Regina Silveira
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 0/xx/11/2168-1700)
Quando: 11/8 a 3/10
Quanto: grátis
Individual da artista brasielira Regina Silveira, uma das mais importantes no cenário artístico atual
Pintura Alemã Contemporânea
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 0/xx/11/3251-5644)
Quando: setembro a dezembro
Quanto: R$ 15
Seleção do melhor da arte alemã surgida nos últimos 20 anos, com obras de Franz Ackerman, Georg Baselitz, Andreas Hofer, Martin Kippenberger, Jonathan Meese, entre outros
Por Aqui, Formas Tornaram-se Atitudes
Onde: Sesc São Paulo
Quando: setembro a outubro
Quanto: preço não informado
Exposição com obras históricas da estética relacional, de artistas como Albano Afonso, Lygia Clark, Sandra Cinto, Rochelle Costi, Lenora de Barros, Caetano Dias, Maurício Dias e Walter Riedweg, Anna Bella Geiger, Carmela Gross, Laura Lima, Hélio Oiticica e Lygia Pape
Raymundo Collares
Onde: Museu de Arte Moderna (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5085-1300)
Quando: 18/9 a 19/12
Quanto: R$ 5,50
Retrospectiva do artista carioca, que despontou nos anos 60 e 70, com obras de estética pop e concreta
A Rebelião do Silêncio - Rebecca Horn
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quando: 2/8 a 3/10
Quanto: grátis
Retrospectiva da artista alemã Rebecca Horn, com performances, instalações, filmes, óperas e esculturas
Restraint: Práticas de Novas Mídias no Brasil e no Peru
Onde: Sesc São Paulo
Quando: setembro a outubro
Quanto: preço não informado
Obras de artistas brasileiros e peruanos com obras sobre mecanismos de controle social. Estão escalados aritstas como Amilcar Packer, Eder Santos, Gisela Motta e Leandro Lima, Lucas Bambozzi, Gabriel Acevedo Velarde e José Carlos Martinat
A Revolução Somos Nós - Joseph Beuys
Onde: Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3865-0324)
Quando: 14/9 a 28/11
Quanto: grátis
Amplo recorte da produção do artista alemão com cerca de 300 obras, entre pôsteres, múltiplos, vídeos documentais e registros de ações
Sob as Estrelas, as Cinzas - Miguel Rio Branco
Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 0/xx/11/2117-4777)
Quando: 31/8 a 31/10
Quanto: grátis
Seleção de fotografias dos anos 70 e 80 sobre violência urbana. Uma instalação multimídia, que dá nome à exposição, também fará um contraponto entre modos de vida indígena e urbano
A Sombra do Futuro: Especulações por Fazer
Onde: Espaço Cultural Instituto Cervantes (av. Paulista, 2.439, tel. 0/xx/11/3897-9600)
Quando: 16/9 a 23/10
Quanto: grátis
Exposição baseada em conceitos do escritor argentino Jorge Luis Borges, sobre como especulações, projetos e expectativas atuam sobre o futuro, o presente e o passado
Tékne - Dos Multimeios à Arte Digital
Onde: Museu de Arte Brasileira da Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/xx/11/3662-7198)
Quando: 21/8 a 28/11
Quanto: grátis
Mostra sobre histórico das relações entre arte e tecnologia a partir de obras de artistas como Julio Le Parc, Waldemar Cordeiro, Nelson Leirner, Luis Paulo Baravelli, Tomoshige Kusuno, Wesley Duke Lee, Anna Maria Maiolino, Hélio Oiticica, Abraham Palatnik, Lygia Pape, José Resende, Claudio Tozzi, José Roberto Aguilar, Paulo Bruscky, Anna Bella Geiger, Cildo Meireles, Letícia Parente, Antoni Muntadas, Julio Plaza, León Ferrari, Amélia Toledo, Regina Silveira, entre outros
TRANSfronteiras Contemporâneas - Bicentenário da Independência da América Latina
Onde: Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 0/xx/11/3823-4600)
Quando: 17/9 a 17/10
Quanto: grátis
Mostra com obras de artistas contemporâneos de Argentina, Chile, Colômbia, México e Venezuela, que homenageiams os 200 anos de idenpendência desses países. Haverá também trabalhos de brasileiros, como Edith Derdyk
As Trilhas Bifurcadas da Arte Brasileira Recente 1950-2010
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Brig. Faria Lima, 201, tel. 0/xx/11/2245-1900)
Quando: 20/9
Quanto: grátis
Serão obras de 16 artistas, oito deles já consagrados em contraste com outros oito nomes ainda em ascensão
Veiled Threats - Izhar Patkin
Onde: Centro da Cultura Judaica (r. Oscar Freire, 2.500, tel. 0/xx/11/3065-4333)
Quando: setembro a dezembro
Quanto: preço não informado
Exposição individual do artista israelense radicado em Nova York Izhar Patkin, com instalações, vídeos e poemas
Verdade - Fraternidade - Arte
Onde: Museu Lasar Segall (r. Berta, 111, tel. 0/xx/11/5574-7322)
Quando: 13/11 a 20/2
Quanto: preço não informado
Exposição com gravuras, desenhos e pinturas a óleo de Otto Lange, Otto Dix, Lasar Segall e outros artistas que participaram da Secessão de Dresden, movimento artístico alemão surgido em 1919
julho 1, 2010
Ricardo Resende vai dirigir o Centro Cultural São Paulo por Camila Molina, Estadão.com.br
Matéria de Camila Molina originalmente publicada na seção Cultura do Estadão.com.br em 1 de julho de 2010.
Curador deixa cargo na Funarte para dirigir o CCSP, espaço da Prefeitura que vai fazer 30 anos
Crítico e curador, Ricardo Resende já pediu demissão da diretoria do centro de artes visuais da Fundação Nacional das Artes (Funarte), do Ministério da Cultura, para assumir a direção-geral do Centro Cultural São Paulo (CCSP), órgão da Prefeitura. No início de maio, Martin Grossmann anunciou sua saída espontânea do cargo de diretor do CCSP (estava desde 2006). Resende, que anteriormente à Funarte dirigiu, entre 2005 e 2007, o Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, pretende começar sua gestão no CCSP a partir da segunda quinzena de julho.
"Precisava de alguém com experiência institucional e o Ricardo ainda tem a vantagem de ter trabalhado no governo. Trabalhar no governo não é muito simples. As pessoas vêm com as melhores das intenções e esbarram em todo o tipo de dificuldade, porque o serviço público é muito controlado, para dizer o mínimo", afirmou o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, que convidou Resende para assumir o CCSP. O novo diretor da instituição pretende se reunir com Calil e com Grossmann amanhã para se inteirar da situação do CCSP. "Me parece que vai tudo muito bem e sua programação é sintonizada com a arte contemporânea", diz Resende, que, a princípio, tem como ideia dar continuidade ao programa de Grossmann.
Análises. O CCSP tem como orçamento para 2010 a ordem de R$ 10.677.373,00, segundo a Secretaria Municipal de Cultura. Resende, mesmo ainda achando ser prematura qualquer avaliação, acredita que o montante "é pouco" para a estrutura de um espaço com 48 mil m² com atividades gratuitas e grande circulação de público - em 2009, a instituição contabiliza ter recebido 819.503 pessoas em suas atrações e frequência em 2010, até maio, 308.862. "O que me preocupa como secretário não são as coisas que estão bem encaminhadas, como a programação e a sinergia das áreas culturais propostas por Grossmann, mas as ligadas à preservação do acervo, que nós não conseguimos fazer", afirma Calil, que, ele próprio, dirigiu o CCSP antes de assumir a Secretaria Municipal de Cultura, em 2005.
"Não consegui realizar ainda a reserva técnica e estou muito preocupado com a melhoria das salas de espetáculos, que estão quase que na lona, algumas delas. Construídas em 1982, elas não foram modernizadas e isso tem que ficar pronto até 2012, porque não só é fim da minha gestão na Secretaria, como o Centro Cultural vai fazer 30 anos." Calil afirma que está buscando recursos para essas empreitadas e, inclusive, aporte do Ministério da Cultura para a obra da reserva técnica, que já tem projeto arquitetônico.
As bibliotecas do CCSP - "gostaria que voltassem a ter atitude ativa", diz Calil - necessitam de cuidado, mas a questão dos acervos também é prioritária. Por exemplo, está aos cuidados da instituição a Coleção de Arte da Cidade, de cerca de 2.800 obras e coleções de arte postal. Calil tinha como projeto usar a Galeria Prestes Maia, na Praça do Patriarca (retomada do Masp pelo município), para abrigar e expor a Coleção de Arte da Cidade, entretanto, ele diz que, por decisão do prefeito Gilberto Kassab, o espaço não será mais cultural, vai tornar-se um anexo da Prefeitura. Resende cogitou que se criasse dentro do CCSP espaço museológico.
Resende é mestre em História da Arte pela USP, nasceu em 1962 em Minas, mas foi criado em Mococa (SP). Tem carreira na área museológica, com passagens pelo MAC/USP, MAM-SP e direção do museu do Centro Dragão do Mar em Fortaleza. Assumiu em janeiro de 2009 cargo na Funarte e desde 1996 coordena o Projeto Leonilson.
junho 30, 2010
Museu espanhol celebra aniversário com arte latina por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de São Paulo em 25 de junho de 2010.
Mostra reúne trabalhos de 40 artistas para ressaltar presença no acervo
Leonilson e Rivane Neuenschwander são alguns dos brasileiros com obras expostas em León, na Espanha
O Museu de Arte Contemporânea de Castilla e León (Musac), sediado em León, faz hoje seu quinto aniversário e, em comemoração, apresenta apenas obras de artistas latino-americanos.
A exposição "Modelos para Armar" reúne cerca de cem trabalhos de 40 artistas, entre eles os brasileiros Rivane Neuenschwander, Leonilson e Rosângela Rennó.
A exposição é inspirada em "62/Modelo para Armar", livro do escritor argentino Julio Cortázar, e visa ressaltar a forte presença latino-americana na coleção do Musac.
"Há três anos, quando foi feito um balanço das obras da coleção, percebemos que, mesmo diante de outros contextos geográficos como o asiático, o Musac tem uma grande representação latino-americana, ao contrário dos museus espanhóis e mesmo de alguns europeus", conta Agustín Pérez Rubio à Folha por e-mail.
Além de "Modelos para Armar", o museu apresenta também a mostra "Para Ser Construídos", com cinco artistas que vivem no Brasil, mas são de outros países, como os argentinos Nicolás Robbio e Carla Zaccagnini e o americano Marcius Gallan.
Completam ainda a exposição Marcelo Cidade e André Komatsu, ambos nascidos em São Paulo.
LEONILSON SOLO
A exposição "partiu da crença de que o que está se produzindo no Brasil atualmente merece um foco de atenção", diz Rubio.
Essa visada latino-americana tem a ver com a constituição do Musac: sua curadora é a colombiana Maria Inés Rodríguez e, no comitê assessor da coleção, estão José Guirao e Octavio Zaya.
Ambos, em 2000, quando trabalhavam no museu Reina Sofía, em Madri, organizaram "Versiones del Sur", a mais importante mostra de arte latino-americana na Espanha até então.
Em dois anos, o Musac irá apresentar também uma retrospectiva somente com obras do artista brasileiro Leonilson (1957-1993), a primeira na Espanha.
"Acredito que ele seja uma figura tão importante que pode ser revisto do mesmo modo que foi feito com nomes como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape. Assim, o Musac pode ter um papel valioso em reposicionar Leonilson no restante da Europa", afirma o diretor.
"Modelos para Armar" fica em cartaz até 9 de janeiro, período considerado longo. O motivo, contudo, é a forte crise econômica que a Espanha atravessa e que levou o museu a reduzir o ciclo de mostras anuais de três para duas.
Mostra leva arte de rua de Nador ao museu por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de São Paulo em 25 de junho de 2010.
"Pinturas de Exteriores" escapam da contradição, por deixar claro desconforto da artista com o sistema da arte
Quando pichadores e grafiteiros buscam se institucionalizar, adequando suas obras aos espaços asseados de museus e galerias, ganha relevância a trajetória de Mônica Nador, que segue sentido contrário à tendência.
Nador surgiu como artista nos anos 80, a chamada década do retorno à pintura. No entanto, ao invés de seguir comportada nessa nova velha onda, declarou que "gastava-se tinta demais dentro dos museus, quando o mundo é que precisava de cores".
Desde então, seu trabalho mais reconhecido têm sido as "paredes pinturas", projeto que desenvolve em conjunto com diversas comunidades, em especial no Jardim Miriam, zona sul de São Paulo.
É lá que funciona o Jamac (Jardim Miriam Arte Clube), criado em 2004, que tem Nador à frente e mudou a aparência de dezenas de casas da região e de outras cidades.
"Pinturas de Exteriores", em cartaz na Estação Pinacoteca com cerca de 20 obras, poderia tornar-se, nesse contexto, uma contradição com as ideias de Nador.
No entanto, isso não ocorre, pois a exposição deixa explícito que o desconforto com o sistema da arte é inerente ao seu trabalho. Mesmo no limite do que se pode chamar decorativa -com repetições de padrões, como um papel de parede- sua obra é irônica o suficiente para desestabilizar esse conceito.
Além do mais, a mostra se completa com um trabalho feito por jovens integrantes do Jamac. A coerência entre suas paredes e as pinturas revela como é possível superar a possível dicotomia entre a rua e o museu.