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novembro 18, 2018
Quadro de Pollock do Museu de Arte Moderna do Rio não atinge lance mínimo em leilão em Nova York por Jornal Nacional, G1
Quadro de Pollock do Museu de Arte Moderna do Rio não atinge lance mínimo em leilão em Nova York
Matéria do Jornal Nacional originalmente publicada no portal G1 em 15 de novembro de 2018.
Obra é o único quadro do pintor americano que podia ser visto pelo público no Brasil. Tentativa de venda dividiu o mundo das artes.
O único quadro do pintor americano Jackson Pollock que podia ser visto pelo público no Brasil foi a leilão na noite desta quinta-feira (15), em Nova York. A expectativa era vender a obra - do Museu de Arte Moderna do Rio - por 18 milhões de dólares, cerca de 66 milhões de reais, mas o quadro acabou nao sendo vendido porque não atingiu o lance.
O quadro é pequeno tem 56,7 cm de cada lado e foi criado no período mais valorizado do artista. Chama-se apenas número 16.
Pollock dava números em vez de nomes para deixar a interpretação do público tão livre quanto o próprio ato de criar.
O pintor criou o estilo conhecido como gotejamento: a tela ficava no chão, enquanto o artista respingava a tinta do alto.
A obra foi doada ao MAM pelo empresário americano Nelson Rockfeller em 1952, quando Pollock ainda não era muito conhecido.
Mas a tela já tinha se tornado uma das mais valiosas do museu em 1978 quando um incêndio destruiu 90% do acervo.
Cerca de 100 obras se salvaram. A maioria esculturas e pouquíssimas telas, entre elas a obra de Pollock. Desde então o MAM renasceu e ampliou o acervo. Agora, o museu pretende continuar existindo com o dinheiro do quadro que escapou do incêndio.
O conselho do museu informou que o valor da venda vai garantir o funcionamento do MAM pelos próximos 30 anos.
A nota diz ainda que vai ser criado um fundo depositado numa instituição financeira, com regras rígidas de uso e gerido por um comitê.
O MAM é uma instituição privada sem fins lucrativos que, para abrir as portas ao público, gasta 7 milhões de reais por ano. Entretanto, o museu vem tendo dificuldades para atingir esse valor.
Para uma parte da comunidade artística a venda do quadro de Pollock não é o melhor caminho.
Um manifesto com cerca de trezentas assinaturas condenando o leilão foi divulgado por artistas, curadores, críticos e colecionadores.
O MAM diz que optou por vender o quadro porque, embora tenha obras importantes, a coleção de pinturas estrangeiras não constitui um de seus carros-chefe.
“É a solução péssima, o museu vender aquilo que faz sentido pro museu. E não é uma obra que a gente poderia encontrar outra. Não vai mais se ter um Pollock. O pollock vale uma fábula no mercado internacional, a chance de se conseguir outro é quase impossível”, argumenta o galerista Paulo Kuczynsky.
“É um importante movimento que o museu ta fazendo pra sem dúvida voltar a brilhar como já brilhou nos anos passados. Vejo como uma alternativa, não como a melhor, mas válida porque a gente vai ter museu conseguindo respirar e fazer exposições pelos próximos anos”, diz Fábio Szwarcwald, da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV).