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abril 8, 2015
Estrangeiros usam SP-Arte para fugir de impostos brasileiros por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Estrangeiros usam SP-Arte para fugir de impostos brasileiros
Crítica de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 8 de abril de 2015.
Na feira holandesa Tefaf (The Europen Fine Arts Foundation), organizada em Maastricht, no mês passado, perguntei a um galerista inglês o preço de uma obra de um artista brasileiro, exibido em seu estande. Como não me apresentei como jornalista, já que tinha só uma dúvida banal sobre o valor de um brasileiro no exterior, vou contar a história sem identificar personagens.
O simpático galerista disse que a fotografia custava 80 mil euros (cerca de R$ 270 mil). Eu me preparava para sair do estande quando ele emendou que não era preciso se preocupar com a importação. Ele tinha como enviar o trabalho para um estande na SP-Arte, que me entregaria o trabalho sem a necessidade de pagar os impostos brasileiros.
Surpreso, de fato, não fiquei, pois já tinha ouvido que isso era comum, inclusive que muitos estandes da feira paulistana possuíam dois espaços: um com obras já vendidas no exterior e escondido do grande público, e outro com obras de fato à venda.
Perguntei se o galerista fazia isso há muito tempo, aí até me sentindo um tanto culpado, pois certamente ele devia me achar um colecionador, mas não resisti. Ele respondeu que, mesmo sem ter estande tanto na SP-Arte quanto na ArtRio, há pelo menos dois anos enviava obras por amigos seus com estandes. Avisou ainda que poderia me dar um desconto. Eu agradeci, pensando em como o jeitinho brasileiro se expandiu para todo lugar.