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agosto 25, 2014

Nara Roesler abre com mostra de Marcos Chaves e antecipa chegada de galerias paulistas no Rio por Nani Rubin, O Globo

Nara Roesler abre com mostra de Marcos Chaves e antecipa chegada de galerias paulistas no Rio

Matéria de Nani Rubin originalmente publicada no jornal O Globo em 7 de agosto de 2014.

Estreia cria situação e oportunidades inéditas para artistas

Marcos Chaves - Academia, Galeria Nara Roesler, Rio de Janeiro, RJ - 08/08/2014 a 07/09/2014

RIO — Uma das mais conceituadas galerias de arte de São Paulo, a Nara Roesler abre as portas nesta quinta-feira, em Ipanema, com uma exposição que é a cara do Rio: "Academia", do carioca Marcos Chaves. Ao mesmo tempo, cria, na surdina, uma saia-justa em que artistas já representados aqui — caso de Abraham Palatnik e Angelo Venosa, da Anita Schwartz, Carlito Carvalhosa e Cristina Canale, da Silvia Cintra + Box 4, e Raul Mourão, da Lurixs, passam a ser representados, cada um, por duas galerias na mesma cidade. O discurso de Nara, uma pernambucana que se iniciou no mercado de arte no fim dos anos 1980, é o de que veio "para somar".

— Não viemos para confrontar nada; estamos aqui para ampliar o espaço de nossos artistas e para ajudar o Rio de Janeiro a se fortalecer cada vez mais no seu papel de difusor cultural — diz ela, ressaltando o bom momento da cidade como um fator determinante para a decisão de abrir aqui uma filial do seu estabelecimento, um dos cinco maiores de São Paulo.

— O Rio sempre foi um difusor cultural importante, mas isso se perdeu um pouco nos anos 1980. Sinto que está havendo uma retomada desse papel, com o aquecimento do mercado e, inclusive, com instituições como o Museu de Arte do Rio, a Casa Daros, o Instituto Moreira Salles e o próprio Museu de Arte Moderna — avalia.

Ela também destaca a necessidade de ficar próxima de seu time de artistas cariocas.

— A proximidade dos ateliês deles é muito importante para agilizar a execução de projetos. Por ocasião da ArtRio (feira de arte anual, em setembro), senti que o Rio precisava de mais uma galeria fazendo esse papel que gosto de fazer, de arte/educação — afirma, referindo-se ao projeto Roesler Hotel, que convida artistas, mesmo não representados por ela, para encontros com o público, visando à educação do olhar para a arte e à formação de novos colecionadores, que ela espera promover aqui também.

Procurados, galeristas do Rio preferiram não falar sobre o assunto neste momento, sob o argumento de que, com o tempo, tudo deve se ajustar. Mas parecem confiar num acordo de cavalheiros que dita um comportamento universal neste mercado, o de que quem chega respeita o que já está estabelecido. É uma situação que promete desdobramentos, com a vinda já anunciada de duas outras importantes galerias paulistas, a Fortes Vilaça e a Mendes Wood, prevista para 2015.

Enquanto isso, Angelo Venosa, por exemplo, tem uma exposição abrindo na Anita Schwartz em 4 de setembro, uma semana antes da ArtRio (que começa em 10 de setembro). Como será o compartilhamento de mostras desses artistas na cidade, só o tempo dirá.

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Enquanto isso, Nara Roesler divulga um calendário sem atritos. O próximo artista a ocupar a casa reformada na Rua Redentor será o francês Daniel Buren. Em seguida é a vez de Vik Muniz ("um carioca que não expõe no estado", observa a galerista) mostrar um novo trabalho, feito a partir de fotografias antigas que vem comprando em sebos, remontando as cenas e dando-lhes outra conotação. E, para finalizar o ano, a galeria será ocupada com obras inéditas de Tomie Ohtake, uma série de pinturas brancas.

A mostra desta quinta-feira, de Marcos Chaves, ocupa os dois andares da casa, com duas séries de trabalhos. No primeiro andar, estão as esculturas da série "Academia", que dá nome à exposição. A palavra, universalmente associada a instituições do saber, no Rio é ligada ao culto ao corpo. As obras foram feitas a partir da observação atenta do artista a uma academia de ginástica informal montada no Aterro do Flamengo, e que ele cruzava em seu trajeto frequente de bicicleta por ali.

— Quando a Nara me convidou para abrir a galeria, achei que seria muito legal reinterpretar essa academia. É uma visão acadêmica de uma iniciativa popular, mas tem alguma coisa nova, uma ironia no olhar — diz o artista, que criou aparelhos de ginástica com concreto, ferro, pneus e latas.

No segundo andar, estão 25 fotografias da série "Sugar loafer", formando grupos associadas pela luz, pelas cores ou pela geometria, como uma linha de areia comum a duas fotos.

Na abertura, nesta quinta-feira, às 19h, haverá uma performance de pessoas se exercitando nas obras, ao som do DJ americano Daniel Perlin, com câmeras GoPro que projetarão simultaneamente as imagens da fachada da casa.

Posted by Patricia Canetti at 8:59 AM