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dezembro 19, 2010
A despolitização da cultura por Giselle Beiguelman, DesVirtual
A despolitização da cultura
Texto de Giselle Beiguelman originalmente publicado no DesVirtual em 18 de dezembro de 2010, em resposta a matéria "Demissões revelam crise no MIS e Paço" de Silas Martí.
ATIÇANDO A BRASA
Leia os artigos, comentários e cartas em resposta à matéria no "Dossiê: MIS e Paço das Artes - respostas à matéria da Folha de S. Paulo".
Reportagem publicada hoje na Folha de S. Paulo afirma que existe uma crise no Paço das Artes e no MIS. A crise seria resultante de problemas de relacionamento de alguns funcionários com a diretora das duas instituições, Daniela Bousso.
O caráter – supostamente autoritário e centralizador– e a postura agressiva e desrespeitosa da diretora, de acordo com a reportagem, seriam responsáveis por problemas de gestão institucional.
As informações, em grande parte, provem de um formulário em que os funcionários puderam expressar suas opiniões sobre Daniela Bousso.
Pelo que se conclui a partir dessa reportagem da Folha, em nenhum momento foram colocadas em discussão e para avaliação questões relacionadas à política cultural do Estado.
É informado, brevemente, que há uma insatisfação da Secretaria de Estado da Cultura com os números de visitantes que o MIS recebe por mês.
Não há qualquer menção ao fato de ter sido a gestão de Daniela Bousso a responsável pela reforma e reabertura do MIS, pela inauguração do primeiro laboratório público de criação com mídias digitais e pela internacionalização desse equipamento cultural, a partir de intercâmbios com centros de excelência como o MidiaLab Prado.
Haveria que se mencionar ainda o destaque que várias mostras do MIS e do Paço tem recebido com frequência nos principais guias e cadernos de cultura e avaliar qualitativamente os impactos dessas instituições.
É preocupante que uma crise institucional em museus públicos tenha como gancho problemas de relacionamento pessoal, um documento preparado pelo conselho (e não por uma empresa ou serviço especializado em gestão de RH) e nenhuma reflexão sobre políticas públicas culturais.
A questão da crise nos museus é muito séira. Vejam e que aconteceu com o Memorial do Imigrante.
A gestão, que durante 5 anos, levantou o Memorial, colocou na mídia, levou mais de 10.000 pessoas em um único dia na Festa do Imigrante, publicou livros sérios e importantes para a questão da formação da cidade/Estado de São Paulo, etc..etc.., salvou seu acervo (pela restauração, higienização e catalogação) que estava quase todo deteriorado, não teve o contrato renovado. O Memorial, agora, será gestado pleo Museu do Futebol, até a finalização de sua reforma.
Quarenta funcionários (técnicos e com ótima formação) foram despedidos e a OS que cuidava do Memorial "exterminada".
O que está acontecendo com os Museus?
Eu, Eide Feldon, presidente do Conselho Administrativo da O.S. MIS/Paço das Artes, quero reforçar a minha indignaçåo com o artigo do dia 18/12 e afirmar o meu acordo com as cartas de Tadeu Chiarelli, Juliana Monachesi e de Giselle Beiguelman. Entretanto devo esclarecer uma informação contida no último parágrafo da carta de Giselle Beiguelman, que o documento de que se trata não foi elaborado pelo Conselho, e sim por um grupo de funcionários. Alguns destes, aproveitando-se de um pedido do Conselho para que uma comissão deles se apresentasse para uma conversa referente ao ambiente de trabalho, inteiramente por conta deles, a pretexto de constituirem uma comissão "democrática e representativa", procederam a uma eleição e à elaboração do questionário a partir do qual elaboraram um relatório que veio a ser entregue ao Conselho - o mesmo aqui em questão. O problema é que esse documento, além de revelar aos olhos do Conselho, tendenciosidade e diretivismo, e não expressar o que pensa o conjunto dos funcionários (pois 54% nåo responderam certas questões) era super confidencial entre a comissão e o Conselho. O Conselho está indignado não apenas que tal documento tenha vazado, bem como mal interpretado.
Posted by: Eide Feldon at dezembro 21, 2010 4:56 PMNão tenho qualquer conhecimento sobre como é o ambiente dentro da instituição, mas me parece obvio que se o museu abre espaço para que os funcionarios se coloquem a respeito do "ambiente de trabalho", essa comissão ironicamente chamada de "democratica e representativa" pelo senhor Eide Feldon deve ser levada em conta. Afinal o chavão ja diz ":Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura"
Deve haver um motivo para os funcionarios gostarem tanto da Buosso?