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outubro 18, 2010
Galeria Olido abre exposição de arte com tecnologia, Estadao.com
Matéria originalmente publicada no Estadao.com em 18 de outubro de 2010
Secretaria Municipal de Cultura quer reposicionar o espaço num segmento mais descolado
Aberta em 2004, a Galeria Olido (SP) sempre teve um perfil conservador quando o assunto era arte. São lugares específicos para exposições, danças, teatro e cinema. Cada qual no seu lugar. Mas sua localização, a menos de 50 metros da Galeria do Rock, lhe proporciona uma oportunidade de atingir um público mais jovem, mais aberto a novas tendências. É essa a intenção de Nany Semicek, diretora de programação da Secretaria Municipal de Cultura: reposicionar a Galeria Olido num segmento mais descolado, incluindo a nova linguagem da tecnologia na arte.
"Temos uma programação muito clássica, um espaço da dança, um de música, um de cinema. Em nenhum momento, trazemos a arte para o público da Galeria Olido. Não havia essa inclusão de uma nova tecnologia, nem sobre interação entre as linguagens", analisa Nany Semicek. E o primeiro passo para o reposicionamento da Galeria começou ontem, com a inauguração de duas exposições que misturam arte e tecnologia de maneira bastante interativa. "Life on Line of Line" e "Jovens Talentos" reúnem, num mesmo lugar, uma das maiores artistas brasileiras de artes em novas mídias, Martha Gabriel, e estudantes interessados em criar formas de arte utilizando plataformas eletrônicas.
Martha Gabriel, 48 anos, apresenta quatro obras suas, sendo que três delas ("Locative Painting", "Sensitive Rose" e "My I?") interagem com o público por meio de um celular com internet. Aqueles que não tiverem um aparelho habilitado poderão utilizar um celular disponibilizado pelas monitoras que ajudarão os usuários. A quarta e última obra, "Mobile Quest", é um trabalho de arte digital que resultou numa imagem de espiral, formada após uma corrida no Sesc São Carlos, em abril. Martha programou o computador para capturar os dados de tempo dos corredores, transformando-os numa pintura digital. Cada risco representa um atleta.
Já "Sensitive Rose" foi premiada na Bienal de Florença, na Itália, em 2009, e tem como proposta fazer com que as pessoas exponham por meio do celular. Na rosa dos ventos virtual, o que a faz girar é o sentimento daqueles que interagem com ela. A artista questiona aqueles que dizem que arte digital não é a mesma arte que um quadro do Renascimento, por exemplo. "A arte sempre usou a tecnologia disponível para existir. Isso é assim desde o tempo das cavernas. As pessoas usavam instrumentos que precisaram de alguma técnica para existir. Era o mesmo com as pinturas renascentistas ou impressionistas", explica. "Usar o computador é exatamente o mesmo que usar um pincel", observa Martha. Para completar o acervo de arte digital, a exposição "Jovens Talentos" expõe nove obras de artes tecnológicas dos alunos da Universidade Anhembi Morumbi.