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julho 13, 2010
Durham aceita vir a SP depois de boicotar a Bienal em 2006 por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 13 de julho de 2010.
Jimmie Durham mudou de ideia. Ele se recusou a participar da Bienal de São Paulo em 2006 e boicotou a mostra em carta pública, assunto que detonou um dos grandes debates antes do evento.
Disse à época que no Brasil havia "uma situação intolerável no século 21". "Na lei brasileira, índios não são tratados como seres humanos", afirmou em discurso no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.
"Estou aqui para dizer que precisam mudar."
Chegou a comparar a realização da Bienal de São Paulo ao absurdo de se fazer uma mostra do tipo em Johannesburgo na era do apartheid.
Sem ter certeza de nenhum avanço concreto, Durham agora disse sim. "As coisas estão mudando na América do Sul", diz Durham. "Não sei se isso será positivo no final, mas me parece que muito já começou a mudar."
Faz parte de uma mudança de postura. No lugar do silêncio, Durham agora quer uma vitrine para expor suas ideias, dizendo sentir "mais vontade de participar do que vontade de não participar".
"Não é que os índios no Brasil sejam mais maltratados do que em outros lugares", admite. "Mas vi que isso é um assunto chato e que eu não sou um artista bom o suficiente para fazer arte boa a partir dessa situação."
Agora Durham quer ser subversivo. Segundo ele, tão subversivo quanto o escritor Jean Genet e artistas melhores do que ele, como Goya e os pintores flamengos.