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Como atiçar a brasa

 


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junho 2, 2010

Experiência mágica por Nina Gazire, Istoé

Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na Istoé em 28 de maio de 2010

Mais que simplicidade, Zilvinas Kempinas preza pelo mínimo, mas não no sentido do “menos”, já que as leituras conceituais permitidas por seus trabalhos são vastas e não necessariamente complicadas. São instalações? Esculturas? Tentar classificar a produção do artista lituano é, de certa forma, uma celeuma inócua entre aqueles que pensam a produção artística contemporânea em termos de suporte ou estilo. “Existem “coisas” que estão sempre entre as fronteiras convencionais e, por isso, eu as acho mais interessantes”, diz o artista. Enquanto alguns críticos tentam referenciar sua obra se apoiando em gêneros artísticos, como a op art ou o minimalismo, sua maior virtude está na simplicidade da escolha do material de trabalho: a fita magnética.

O artista cria estruturas que utilizam essas fitas, hoje superadas pelo suporte digital, elaborando situações poéticas e altamente lúdicas, que levam o observador a uma experiência sensorial que não se limita à ilusão de ótica, mas beira a imersão corporal. Esse é o caso da instalação “Tube” (foto), criada para a Bienal de Veneza, em 2009. Originalmente, a instalação, um túnel de 26 metros feito de fitas magnéticas, ocupou a Scuola Grande della Misericordia in Cannargio, um edifício abandonado do século XVI, em Veneza. Pela primeira vez no Brasil, na Galeria Leme, o artista adaptou a obra para o espaço projetado por Paulo Mendes da Rocha. Mesmo em três metros de túnel, o efeito criado pelas fitas alinhadas cria a sensação de uma longa passagem e proporciona a visão de uma aura luminosa que aumenta, à medida que nos aproximamos do fim do percurso.

Com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, a exposição conta, além de “Tube”, com outras cinco obras, também com a fita magnética em sua composição, como “Lemniscate”, de 2008, em que o artista faz uma releitura da fita de Moebius. Para isso, a fita magnética ganha a forma do símbolo do infinito e flutua suspensa na parede com a força do vento produzido por dois ventiladores. A única exceção à regra é “Suspense”, feita de bolinhas de gude.

Posted by Fábio Tremonte at 3:21 PM