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dezembro 7, 2009
Som, Prosa & Imagem por Paula Alzugaray com colaboração de Fernanda Assef, Istoé
Coluna de Paula Alzugaray originalmente publicada na revista Istoé, em 7 de dezembro de 2009.
Lançamentos trazem boas histórias, entrevistas, ensaios e deleite visual
Livro
Corpos codificados
MARCA DOS / Cláudia Andujar / Editora Cosac Naify / R$ 79
O título do livro faz referência às imagens de índios ianomâmis na Amazônia identificados por placas numeradas, mas também à história da fotógrafa Cláudia Andujar, que, aos 13 anos, assistiu seus familiares e seu primeiro namorado terem suas roupas marcadas pelo partido nazista com uma estrela de Davi. A fotógrafa reconhece a semelhança estética dessa imagem com a dos ianomâmis: eles também foram marcados, mas pelo governo brasileiro, a fim de ganhar tratamento contra doenças dos brancos. Os registros de Cláudia, a princípio, não tinham uma intenção artística ou mesmo fotojornalística. Mas a partir da convivência com o povo ianomâmi surgiu a vontade de conhecer sua cultura e transmiti-la. Selecionadas entre 50 mil imagens feitas nos anos 1980, as fotografias deste livro foram expostas na 27ª Bienal de São Paulo e na galeria Vermelho.
Livro
Nova York para amantes da arte
Manhattan – Arte contemporânea e algo a mais / Nessia Leonzini / BEI / R$ 39
Em viagem a Nova York, quando passear pelas galerias do Chelsea, não se esqueça de olhar para cima: em Midtown, preste atenção, por exemplo, à arquitetura de vidro branco leitoso de Frank Gehry para o edifício do IAC Headquarters. Depois, quando descer ao New Museum, em downtown, lembre-se que você está em outro marco arquitetônico da cidade, projeto da dupla japonesa Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa/SANAA . Com um olho na arquitetura e outro na arte, Nessia Leonzini oferece inúmeras possibilidades de roteiro para ver, ouvir, comer, consumir e comprar arte em Nova York.
DVD
Todo ouvidos
Chelpa ferro / Carlos Nader / Associação Cultural Videobrasil / Todo ouvidos / R$ 25
O grande mérito do grupo carioca Chelpa Ferro é provar que o som também faz parte da cultura visual. Afinal, o que os artistas plásticos Barrão e Luis Zerbini e o editor de som Sergio Mekler fazem, por mais estranha que possa parecer essa definição, é “plástica do som”. Se as instalações do Chelpa Ferro – apresentadas na Bienal de Veneza, na Bienal de São Paulo, entre diversos museus do mundo – são tão visuais quanto sonoras, então a mídia ideal para veicular o trabalho é mesmo o documentário. Dirigido pelo videoartista Carlos Nader, o vídeo é o sexto documentário da série Videobrasil Coleção de Autores.
Livros
Prosas de um supercurador
Entrevistas Vol. 1 e Vol. 2 / Hans Ulrich Obrist / Editora Cobogó e Instituto Inhotim / R$ 32
Arte, encabeçando a lista dos 100 mais poderosos da revista “art review”, o curador suíço hans Ulrich obrist já fez mais de 150 exposições e hoje é codiretor da serpentine gallery, de londres. além de ser “o mais próximo de uma estrela de rock que um curador pode chegar” – segundo um crítico novaiorquino , obrist também é um apaixonado por entrevistas. “acho mais interessante ler entrevistas com artistas do que longos textos”, disse para o ilustrador robert crumb, em conversa reproduzida em “entrevistas”. publicadas em dois volumes, as conversas abrangem personalidades da arte, das ciências naturais e humanas. o poeta augusto de campos, o compositor Brian eno e o inventor do lsD, albert hofmann, estão entre as boas prosas deste “supercurador”.
Multimidia
Livre improvisação
Arte Brasileira Contemporânea: Um prelúdio / Paulo Sérgio Duarte / Silvia Roesler Edições de Arte / R$ 150
Para o contato com as artes visuais, nada melhor do que, simplesmente, olhar. É assim, propiciando um mergulho visual nas obras de 21 artistas brasileiros, que o cineasta Murilo salles convida o espectador a entrar no complexo, plural e nada evidente universo da arte contemporânea. com belíssimas imagens e sem narração, o vídeo integra o projeto multimídia “arte Brasileira contemporânea: Um prelúdio”, editado em livro, DVD e cD-roM e organizado pelo crítico paulo sergio Duarte. no livro, a cobertura salta para 80 artistas, que ganham verbetes biográficos, e o cD-roM traz a íntegra de entrevistas com 15 críticos de arte. os três produtos organizam os conteúdos na forma de arquivos, o que favorece a consulta de acordo com o interesse do leitor e privilegia a pesquisa individualizada.
Livro
História do grafite
A Arte de Jaime Prades / Editora Olhares / R$ 80
Na história da recente arte brasileira, os anos 80 ficaram conhecidos como a década do “retorno à pintura” e ao prazer da visualidade, depois de muita arte conceitual. Jovens pintores surgiram em bienais, galerias, museus. na rua, não foi diferente: um grupo reinventou a pintura no espaço urbano, fazendo-a acontecer em projetos de intervenção urbana e de instalação ambiental. o grupo tupinãodá atuou de 1983 a 1991. “Diz a lenda que foi o primeiro coletivo de arte urbana do Brasil”, conta Jaime prates, que integrou o grupo ao lado de Zé carratu e carlos Delfino, entre 1984 e 1989. essa história está contada em “a arte de Jaime prades”, edição bilíngue que percorre 20 anos de carreira do artista paulistano.
Livro
O mundo transformado em imagem
A Fotografia – entre Documento e arte contemporânea / André Rouille / Editora Senac / R$ 85
Redator-chefe de “la recherche photographique”, publicação francesa destinada à reflexão e à pesquisa no campo fotográfico, andré rouille apresenta neste livro uma pesquisa de fôlego sobre a fotografia documental – desde sua utilização como instrumento de expedições militares, no século XiX, até sua recente apropriação pela arte contemporânea. a hegemonia do fotojornalismo, a fotografia como enunciado da verdade e a fotografia como ferramenta da arte estão entre os temas detalhadamente perscrutados pela lente obtusa deste autor.