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setembro 18, 2009
Inhotim, um projeto de interesse público, resposta do Instituto Inhotim
Resposta do Instituto Inhotim às matérias veiculadas na imprensa recentemente.
Veja as matérias:
Minas dá benefício a suspeito de sonegação por Breno Costa e Mario Cesar Carvalho, Folha de S. Paulo
Empresa recebeu R$ 230 mi de paraíso fiscal, Folha de S. Paulo
Mecenas de Inhotim nega ser réu em ação penal, Folha de S. Paulo
Empresário diz que cumpre legislação, Folha de S. Paulo
Inhotim, um projeto de interesse público
Matérias recentes publicadas em jornais de São Paulo ocupam-se do Instituto Inhotim. Em vista das muitas incorreções presentes nos textos veiculados, da evidente tentativa de denegrir a imagem do Instituto e do uso de uma linguagem jornalisticamente inusitada, alguns esclarecimentos, a bem da verdade, se fazem necessários.
Como é sabido, e comprovado pelo crescimento exponencial e socialmente diferenciado da visitação, Inhotim reúne, em um espaço singular, acervos em arte contemporânea e em botânica. A estes acervos, de reputação internacional, o Instituto Inhotim acrescenta a responsabilidade por um amplo programa educativo, destinado a professores e estudantes das escolas públicas, em Brumadinho – sede, zona rural, distritos e povoados - e em Belo Horizonte, programa este que atendeu, ao longo de 2008 e 2009, mais de
30 mil alunos. E mais: além dos programas educativos, são desenvolvidas múltiplas atividades de inclusão e fortalecimento da cidadania, no campo cultural e turístico, todas encaminhadas de maneira a robustecer sempre mais a autonomia das comunidades parceiras. Os números comprovadores de tudo isto são públicos e estão disponíveis, daí a perplexidade causada pelas citadas matérias.
Inhotim já é uma realidade indiscutível. Portanto, usar, para caracterizá-lo, o termo delírio é, recorrendo a uma expressão que a cortesia mineira obriga, uma impropriedade. Inhotim é um destino já consolidado e, junto com Ouro Preto, lidera o fluxo turístico em Minas Gerais e começa a se colocar como destino turístico nacional. Aos valores normalmente agregados aos espaços turísticos, Inhotim adiciona um expressivo valor cultural em arte e botânica.
Inhotim está crescendo, como é de esperar de todo museu qualificado e novas aquisições ampliam incessantemente os seus acervos em arte e botânica. A consulta à mídia internacional no campo das artes evidencia o lugar singular que Inhotim ocupa no conjunto dos grandes museus internacionais em arte contemporânea. A título de exemplo, vale lembrar que as inaugurações previstas para outubro próximo constituirão um expressivo acréscimo ao já importante parque de arte contemporânea.
Inhotim é uma experiência inédita no campo da cultura. Sem perder nada do seu caráter de referência internacional, atua em todo o entorno de Brumadinho, certo que está de que a distinção entre o local e o global deve ser vista de forma complementar e não como uma cisão inevitável.
Comprometido com os valores que marcam a contemporaneidade, o Instituto Inhotim vem procurando conferir um caráter sempre mais público a cada uma das atividades nele desenvolvidas.
O museu com seus acervos, idealizado e construído por Bernardo Paz, que é tratado de forma inaceitavelmente jocosa na matéria, é caso raro de mecenato num país onde a riqueza raramente assume alguma responsabilidade pública. A irradiação da experiência que deu lugar a Inhotim certamente
seria um serviço à cultura de nosso país.
Ataca-se o Instituto Inhotim, ataca-se seu idealizador, Bernardo Paz, ataca-se o governo de Minas Gerais. Em outros tempos, reclamava-se de Minas Gerais por um suposto atraso em relação a outros estados da federação. Desta vez, Minas é atacada pela sua contemporaneidade. Curioso sinal dos tempos, mas nem por isto o ataque é mais aceitável.
Instituto Inhotim
Toda vez que vou a Inhotim, me sinto esquizofrênico: – Ao menos Bernardo Paz não está colecionando Ferraris, ele prefere Fusquinhas, carros de madeira, bicicletas. – Mas a concentração de renda é gritante! – Por que não temos direito a um museu como esse? – Esse jardim à moda Lorrain é de Burle Marx? – Que belo esse pavilhão da Adriana! – Por que não podemos fazer piquenique? e por aí vai.
Quando Inhotim foi aberto ao público, eu tive sim essa impressão de se tratar de uma extravagância e, claro, fiquei desconfiado – pois algo desse porte no Brasil sempre gera desconfiança.
Hoje, porém, apesar da esquizofrenia que ele continua me causando, o vejo como uma realidade mais palpável naquilo que tem e faz de bom: é um museu dinâmico, com um acervo nunca antes visto no Brasil, responsável por importantíssimo salto de qualidade na cena artística mineira e nacional. Além disso, parece, ele busca se abrir a um público mais diversificado, e procura honestamente relacionar-se positivamente com seu entorno, principalmente com a população de Brumadinho.
Ora. Dentro dos marcos atuais do capitalismo brasileiro, até que Inhotim não parece ser tanta vilania assim. Essas suspeições, causadas pela sua extrema visibilidade, não seriam mais aplicáveis àqueles empreendimentos tipicamente invisíveis?
Bernardo Paz não precisa de minha defesa, pelo contrário sinto-me melhor suspeitando dele. Mas o museu que ele criou, esse sim, tem todo o meu apoio.
Posted by: Hélio Nunes at setembro 27, 2009 5:24 PM