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abril 27, 2009

Participação brasileira na Bienal de Veneza está em risco por Maurício Moraes, Folha de S. Paulo

Matéria de Maurício Moraes originalmente publicada na Ilustrada no jornal Folha de S. Paulo, em 24 de abril de 2009

Afundada em dívidas e em uma crise política, Fundação Bienal ainda não garantiu produção da tradicional mostra que acontece a partir de junho na Itália

O vazio que marcou a última edição da Bienal de São Paulo pode chegar ao pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza, o evento mais importante das artes plásticas no mundo. Até o momento, a Fundação Bienal não garante a produção da mostra, orçada em R$ 350 mil. Afundada em dívidas que ultrapassam R$ 4 milhões e em meio a uma crise política, a instituição pode esvaziar a representação artística e do Estado brasileiro em Veneza, já que o pavilhão é considerado território diplomático do país.

Para levantar fundos, a Bienal entrou às pressas com pedido no Ministério da Cultura para captação de recursos via lei Rouanet, mas não deve haver tempo hábil para os trâmites.

"Não aparecer em Veneza é lamentável, uma perda incrível para o circuito brasileiro", diz Ivo Mesquita, curador da representação brasileira e responsável pela última edição da Bienal de São Paulo. "Os reis escandinavos, por exemplo, vão representar seus países. É um dano na imagem do Brasil."

Os artistas selecionados para o pavilhão brasileiro são o fotógrafo paraense Luiz Braga e o pintor alagoano Delson Uchôa. Ambos seguem produzindo normalmente, apesar da incerteza sobre a mostra.

Segundo apurou a Folha, a Fundação Bienal protocolou em 17 de março um projeto de captação de fundos via lei Rouanet para custeio da representação brasileira em Veneza. O pedido está sob analise técnica e, na melhor das hipóteses, poderá ser votado apenas em maio, quando acontece a próxima reunião do Conselho Nacional de Incentivo à Cultura.

Somente a partir daí, a fundação estaria apta a buscar um patrocinador e fazer a captação. As obras, no entanto, deveriam ser despachadas no dia 5 de maio, para a produção da mostra, que será inaugurada no dia 7 de junho.

Sem decisão

O presidente da Fundação Bienal, Manoel Pires da Costa, que deve deixar o cargo em breve, reconhece que "por enquanto não há nenhuma decisão" sobre o pavilhão do Brasil em Veneza. "Não posso tomar a decisão do próximo presidente", esquiva-se. A Bienal procura há cinco meses um novo nome para substituir Pires da Costa, que está à frente da fundação há três mandatos.

O mais cotado para assumir é Andrea Matarazzo, secretário paulistano das Subprefeituras. Segundo o presidente do conselho da fundação, o arquiteto Miguel Alves Pereira "o Manoel [Pires da Costa] já não decide mais nada". Ele crê que haverá representação, mas não dá garantias nem sabe de onde poderia vir o dinheiro.

O Itamaraty, responsável pela manutenção do pavilhão do Brasil em Veneza, disse por meio de sua assessoria que trabalha com a possibilidade da representação brasileira.

Em nota, o Ministério da Cultura diz que desde outubro "vem buscando o entendimento com as instituições brasileiras e italianas para resolver esta situação extremamente delicada que se abriu com a crise administrativa da Fundação Bienal de São Paulo e o vazio institucional então decorrente". Segundo o comunicado, o ministério "não pode resolver de forma unilateral a questão, nem substituir administrativamente a instituição responsável".

Posted by Patricia Canetti at 9:01 AM | Comentários(4)
Comments

O Brasil sem representação da arte contemporanea para a Bienal de Veneza é um Absurdo MASTER.

Só a noticia em si do impasse e da "irresponsabilidade de amador" da Fundação Bienal de São Paulo é o fim.

Posted by: traplev at abril 27, 2009 12:51 PM


Ora, basta ordenar ao Daniel Dantas que devolva uma unidade das dezenas de milhoes que roubou. O mesmo vale para Eike Batista e outros mais.

Posted by: Andreas at abril 27, 2009 10:01 PM

Sem dúvida este problema não é culpa apenas da crise que assola o mundo.
Concordo com os posts acima: É discaso da instituição, falta de preparo e muita BANDALHEIRA E CORRUPÇÃO.

Posted by: carl at abril 27, 2009 10:42 PM

Gostaria de saber quem assina como "MMORAES" em um quadro cujo título é "Oásis", de 1988?

Posted by: Breno at junho 13, 2009 1:15 AM
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