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novembro 19, 2007
Pintura contemporânea ganha destaque em galerias de SP, por Fabio Cypriano, Folha de São Paulo
Pintura contemporânea ganha destaque em galerias de SP
Matéria de Fabio Cypriano, originalmente publicada na Folha de São Paulo, no dia 19 de novembro de 2007
Exposições ao longo deste mês reúnem obras de artistas plásticos como Franz Ackerman, Paulo Pasta, Daniel Senise, Juan Tessi e Beatriz Milhazes, entre outros
Seu fim foi decretado várias vezes, mas o fato é que a pintura nunca deixou de ser realizada e continua com intensa vitalidade, como se pode verificar em vários espaços da cidade, neste mês. Novembro até poderia ser chamado de mês da pintura, já que, por coincidência, algumas das principais galerias da cidade abriram espaço para um dos mais tradicionais suportes da arte.
Até o último fim de semana, galerias com artistas brasileiros radicais, como a Millan -que representa Tunga- e a Vermelho -com destaques da chamada Geração 00, que inclui Lia Chaia e Marcelo Cidade-, exibiam, respectivamente, Paulo Pasta e Daniel Senise. Com trajetórias distintas, ambos estão vinculados à revalorização da pintura brasileira nos anos 1980.
Foi nesse período, aliás, que também despontou o alagoano Delson Uchoa, que pode ser visto na galeria Brito Cimino, em mostra individual, e no Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de SP.
A geração de pintores brasileiros surgidos nos anos 80 teve forte influência de Georg Baselitz e A.R. Penck, ambos em cartaz na cidade. Pintores relacionados ao novo expressionismo alemão, corrente surgida no final dos anos 1970, como reação à produção conceitual e não-comercial daquele período, os dois fazem parte da mostra "5 + 1", que comemora os 25 anos da galeria Thomas Cohn.
Além de Baselitz e Penck, a exposição traz outras importantes figuras da pintura alemã, como Sigmar Polke, Burkhard Held e Markus Lüpertz, assim como o jovem artista sul-coreano SEO, radicado em Berlim.
Também vem da Alemanha outro destaque da pintura contemporânea na cidade, Franz Ackermann, em exibição na Fortes Vilaça. Ackermann vem com a instalação "No Directions Home" (sem endereço residencial), que busca discutir a política da Cidade Limpa. Parte da obra, em formato horizontal, é um manifesto a favor dos outdoors, já que o artista acredita que eles são um mecanismo de comunicação, e escondê-los não é solução urbana.
Já na sede da Pinacoteca do Estado entrou em cartaz na última semana o israelense radicado na Dinamarca TAL R, um dos mais jovens pintores em exibição na cidade. Sua obra, com grande diversidade de estilos, reflete a liberdade alcançada pela pintura no século 21, com obras em distintos formatos e procedimentos.
Na próxima quinta, é a vez da Casa Triângulo exibir seu representante na pintura, o peruano radicado na Argentina, Juan Tessi. Sua obra marcadamente figurativa é representativa de uma produção com forte referência na fotografia.
Por fim, em se tratando de pintura, um dos nomes brasileiros de maior projeção internacional tampouco estará fora da cidade neste mês: Beatriz Milhazes entra em cartaz dia 29, na Fortes Vilaça. O que pode reunir um grupo tão diverso? Entre todos os meios, a pintura segue como a mais segura e rentável no mercado de arte.
A pintura e a escultura linguagens essas tradicionais e já ditas mortas escancaradamente por alguns, sempre estarão aparecendo de tempos em tempos no circuito das grandes galerias... Na verdade o que muda e o que manda é o mercado. O mercado sempre foi e sempre será o elemento transformador e fundamental para a manutenção das galerias comerciais de arte, que tem a produção artística moderna e contemporânea como produto para o os compradores e colecionadores. O mercado de arte é um setor que cria empregos diretos e indiretos, recolhe imposto, gera lucro...Etc. O discurso contemporâneo de hoje está longe da prática, tem que haver um equilíbrio. Para isso é preciso rever posições, promover muitas discussões nessa mediação. Os criadores, produtores e negociadores da nossa arte contemporânea precisam mirar para o horizonte mais abrangente... Não somos mais uma tribo somos uma sociedade em pleno desenvolvimento econômico, social e cultural. A elite desse país está se expandindo, temos novos potenciais compradores, desses poucos conhecem da nossa arte moderna brasileira produzida no século passado, que dirá das nossas produções no atual contexto!
É preciso dar uma parada, há um perigo eminente de perdermos a memória nessa aceleração contemporânea. Não temos ainda o mercado verdadeiro e profissional de arte, há muita coisa escondida, há muita especulação... É preciso mapear a nossa produção, cataloga-la, identificando nomes e preços...
Roberto Silva_artist plastico_sp.
Afirmar que a pintura está morrendo, ou vai morrer é o mesmo que dizer que os músicos irão parar de tocar violino, porque hoje em dia existem softwares que reproduzem o som do violino. Um completo absurdo. A pintura é a mais antiga e legítima expressão artística do ser humano. Enquanto existir humanidade haverá pintores. Não será uma elite pseudo intelectual que irá destruir esta genuína expressão criativa da humanidade.
Posted by: gileno at junho 16, 2012 1:39 PM