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maio 25, 2006
Roteiro Conexões Tecnológicas - Temas e Discussão on-line
CONEXÕES TECNOLÓGICAS
Conexões Tecnológicas foca a revolução digital, propondo aprofundar discussões em torno da inovação tecnológica, da produção cultural e da democratização da informação. O formato é inovador. Buscando um ambiente fértil para a troca de idéias, realiza um encontro com palestrantes de diferentes áreas e utiliza a Internet como um espaço experimental para pesquisa e discussão on-line - um espaço informacional coletivo.
26 de maio de 2006, sexta-feira, de 9 às 18 horas, no Senac Lapa Scipião, Rua Scipião 67, São Paulo - SP
Concepção e organização: Patricia Canetti, Priscila Arantes e Renata Motta
Realização: Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, Senac São Paulo e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo
Apoio digital: Canal Contemporâneo
Patrocínio: Telefônica e Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura
ROTEIRO
Conforme revela o nosso parágrafo de apresentação, buscamos em nosso fórum não apenas tratar as questões relacionadas à revolução digital, mas também experimentar as convergências midiáticas na criação de novos formatos para eventos tradicionais. Com uma pesquisa realizada por alunos do Senac, um questionário enviado aos palestrantes e uma pré-discussão iniciada online, temos o objetivo de criar um ambiente mais fértil ao debate entre palestrantes, debatedores e participantes no fórum presencial.
SUMÁRIO
Os linques deste roteiro ora levam para este documento, ora para o Fórum do Canal ou para a internet
Programação, temas e participantes
Resumos das palestras e biografias
Respostas ao questionário do Canal / Juliana Monachesi
Temas centrais das palestras e textos pesquisados no fórum on-line
Discussão no fórum on-line: Interfaces Críticas e A Caosmose do PCC
TEMAS CENTRAIS DAS PALESTRAS E TEXTOS PESQUISADOS NO FÓRUM ONLINE
Pesquisas e produção em interfaces emergentes
- O papel limitador da hegemonia da visão no ambiente imersivo
- A possibilidade de privilegiar uma ou outra dimensão sensória a cada nova versão do projeto
- A definição de uma nova dimensão pelo efeito ilusório da imersão
- A familiaridade homem-máquina tornada possível pelo desenvolvimento da interface, capaz de transformar gestos físicos em códigos binários e informação binária em estímulos sensoriais
Convergência Tecnológica e a oferta de serviços de telecomunicações
- Os meios de comunicação tradicionais e a busca por outros meios de interação com o público
- O posicionamento estratégico das grandes empresas de telecomunicação ante ao fenômeno da convergência das mídias
- A televisão digital como um mercado de disputa entre modelos de difusão (analógico x digital) pelas companhias de telecomunicação
Academia e desenvolvimento tecnológico
- Os desafios trazidos pelas novas tecnologias ao ensino acadêmico e a adaptação dos métodos didáticos à nova ecologia das mídias
- A emancipação da ciência no mundo do hiperlink, que possibilita a difusão do conhecimento em velocidade instantânea
- A capacidade de adaptação do "profissional do futuro" num ambiente em que as redes de comunicação tornam possível a utilização de bibliotecas e mesmo laboratórios de forma virtual
Arte e netativismo
- Arte e Política
- A ação virótica da informação na rede
- O uso de redes (computadores, celulares) na ação do PCC em São Paulo...
- Políticas de resistência da arte e novas mídias
- O impacto e a função social de ações como os flash mobs
- O projeto Luther Blisset como exemplo de netativismo
Cultura hacker e mercado
- As diferentes formas de contribuição de produtores (pesquisa), usuários e empresas no novo sistema tecno-cultural
- Trabalhos colaborativos X vício da propriedade
- O livre arbítrio como estratégia do marketing hacker
- O Manifesto Cluetrain como questão para uma nova economia empresarial
Software livre e globalização contra-hegemônica
- O software livre no cenário brasileiro e a participação do governo na nova cultura tecnológica
- Inclusão digital: resposta ou confirmação dos esquemas de controle da sociedade global?
- Definição dos conceitos de copyleft e 4 liberdades
Pesquisas e produção em interfaces emergentes
- O papel limitador da hegemonia da visão no ambiente imersivo
Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, acho que o primeiro limite a ser superado é a hegemonia da visão. Todo o corpo deve ser integrado ao sistema computacional - e os esforços das pesquisas já se concentram nessa direção. O outro ponto limitador é a atual separação entre a realidade virtual e a realidade física. Para mim, um sistema 'ideal' deveria possibilitar criar um híbrido de ciberespaço com espaço físico.
Acesse o tópico Daniela Kutschat e Rejane Cantoni no fórum on-line
- A possibilidade de privilegiar uma ou outra dimensão sensória a cada nova versão do projeto
"A cada nova versão, Kutschat e Cantoni procuram discutir diferentes aspectos relativos a modelos científicos e artísticos de espaço. 'Agora nós estamos atrás de discutir a dimensão sonora do experimento', explica Cantoni. A idéia, segundo a artista, é pensar como um cego perceberia a passagem de uma dimensão a outra, uma vez que, nas instalações anteriores, o elemento visual era ainda determinante."
Leia a matéria completa publicada no Estadão.
- A definição de uma nova dimensão pelo efeito ilusório da imersão
De acordo com as teorias físicas, vivemos num mundo tridimensional. Mas o que o trabalho de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat acaba por demonstrar é que há mais dimensões do que nossos dedos podem contar. Construído como uma ferramenta multisensorial de experimentação do conceito de espaço, OP_ERA é uma espécie de instalação imersiva que, através da sincronia de feixes de luz, simula a revelação de uma nova dimensão.
Leia a íntegra da entrevista de Roberta Alvarenga com as artistas, em inglês, no sítio da NY Arts Magazine.
- A familiaridade homem-máquina tornada possível pelo desenvolvimento da interface, capaz de transformar gestos físicos em códigos binários e informação binária em estímulos sensoriais
A transformação de gestos físicos em códigos binários e de informação binária em estímulos sensoriais cria um novo estágio de familiaridade com a máquina, a partir de o momento em que lhe confere a capacidade de responder de uma forma quase-humana, corporificada. Recorrendo a dados históricos e a processos ainda em andamento, a artista comenta sobre essas novas perspectivas do ciberespaço.
Leia o texto de Rejane Cantoni no sítio do Itaú Cultural.
Convergência Tecnológica e a oferta de serviços de telecomunicações
- Os meios de comunicação tradicionais e a busca por outros meios de interação com o público
A convivência entre as novas redes de informação trazidas pela tendência convergente das mídias digitais e o fortalecimento de organismos já estabelecidos, que se adaptam aos novos meios.
Acesse o tópico "Maurício Giusti, Telefônica" no fórum on-line.
- O posicionamento estratégico das grandes empresas de telecomunicação ante ao fenômeno da convergência das mídias
Pesquisa sobre a indústria de telecomunicações realizada globalmente pela IBM e pela Unidade de Inteligência do The Economist indica que mais de 80% dos executivos de telecomunicações entrevistados afirma ser essencial adotar a convergência dentro dos próximos três anos como fonte de crescimento da renda a longo prazo. 88% dos entrevistados consideram que a convergência de voz e dados continuará tendo maior incidência, seguida pela tecnologia de acesso fixo/móvel (mencionada por 77% dos executivos), pela convergência de telecomunicações e mídias (66%) e pela convergência das redes IP/TI (51%). Os fatores incentivadores de tais iniciativas são a explosão da demanda por acesso a banda larga, os avanços tecnológicos, a concorrência e o potencial de crescimento de renda dos provedores de serviços.
Leia a matéria no sítio da IBM.
- A televisão digital como um mercado de disputa entre modelos de difusão (analógico x digital) pelas companhias de telecomunicação
De que forma o fortalecimento das novas mídias concorre com os paradigmas da comunicação vigente? A criação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (sbtvd.cpqd.com.br) demonstra a urgência em se pensar uma dimensão política para a revolução tecnológica da TV digital, que torna evidente a convergência de conceitos como os de computação, imagens digitais e internet. Num mercado com 100 milhões de televisores, a disputa entre modelos de difusão (analógica X digital) vem promovendo debates entre as principais operadoras de telecomunicação do país.
Saiba mais no sítio da Associação Mineira de Rádio e Televisão.
"A criação de novo marco regulatório para o audiovisual e para a comunicação social brasileira envolve aspectos políticos, econômicos e culturais que antecedem, perpassam e acompanham a implantação da TV digital. Trata-se de um debate público necessário, cujos resultados são fundamentais para a cultura e a democracia brasileiras e para a consolidação do país como grande produtor de conteúdos na era das convergências e da economia digital."
Leia o texto completo de Gilberto Gil e Orlando Senna no sítio NovaE.
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Academia e desenvolvimento tecnológico
- Os desafios trazidos pelas novas tecnologias ao ensino acadêmico e a adaptação dos métodos didáticos à nova ecologia das mídias
"Eu defendo que os cursos superiores tenham uma base muito sólida, calcada em aspectos de humanidades e artes, possibilitando ao aluno lidar com constantes mudanças e oferecendo uma formação que lhe dê a capacidade de saber o que quer, onde encontrar e como selecionar o que precisa. O conhecimento mais técnico e específico deverá ser recebido por meio dos cursos just in time."
Leia a entrevista de João Antônio Zuffo no sítio iColetiva.
- A emancipação da ciência no mundo do hiperlink, que possibilita a difusão do conhecimento em velocidade instantânea
Não acredito mais em escolas. É lógico que não faço referência às escolas para o aprendizado. Estou desacreditado dos intelectuais, das escolas de pensamento filosófico. A academia já não tem o monopólio do saber. Está perdida na virtualidade da rede. Se o conhecimento não está sufocado entre as quatro paredes da academia, ele está liberado para uso comum.
Leia o artigo de Hernani Dimantas no sítio Marketing Hacker.
- A capacidade de adaptação do "profissional do futuro" num ambiente em que as redes de comunicação tornam possível a utilização de bibliotecas e mesmo laboratórios de forma virtual
Num futuro breve, as redes de comunicação dominarão o ensino de tal forma que bibliotecas e mesmo laboratórios serão utilizados de forma totalmente virtual. Assim, os alunos desenvolverão suas atividades em casa, o que reconfigurará as noções de tempo, partilha de conhecimento e novas formas de relação social.
Leia o texto de João Antônio Zuffo no sítio ProjetoE.
- Arte e Política
Brian Holmes discute, em "Liar´s Poker", um dos motes de sua palestra no próximo dia 26: as relações entre a política e o sentido de uma arte pública em nossos dias. Aprofundando o debate acerca da representação, o teórico expõe sua visão crítica acerca do mercado e das políticas da arte, expandindo a análise para um de seus principais objetos de estudo - a noção de democracia.
Leia a íntegra do texto, em inglês, no sítio do 16 Beaver Group.
- A ação virótica da informação na rede
Pela sua característica descentralizada e horizontal, a "ação virótica" da informação encontraria na rede mais um veículo acrítico de disseminação ou um elemento diluidor pela sua múltipla oferta de referências?
Acesse o tópico no Fórum on-line.
- O uso de redes (computadores, celulares) na ação do PCC em São Paulo e seu paralelo com as novas formas de acontecimento social, que tornam evidente um fluxo sem centro e que desestabiliza algum tipo de ordem
Acesse o tópico no Fórum on-line.
- Políticas de resistência da arte e novas mídias
As formas de resistência historicamente encontradas pela arte para comentar a comunicação em massa são revistas com o estabelecimento das novas tecnologias, que põem em xeque as noções de partilha de conhecimento e reconfiguram o trânsito das informações, resultando no esboço de identidades mais predispostas ao questionamento.
Leia o texto de Priscila Arantes no sítio Trópico.
- O impacto e a função social de ações como os flash mobs
A criação de um mundo à parte é um rompimento - ainda que momentâneo - com a ordem. Não se trata apenas de um ato de contestação, pois os gestos e as palavras dos movimentos de contestação já foram absorvidos pela mídia e, portanto, pelo imaginário popular. Ou seja, já não produzem mais os efeitos almejados. Desgastados pela mídia, tornaram-se peças da sociedade do espetáculo, marionetes em um mundo no qual a imagem prevalece sobre o real.
Leia o texto de Rodrigo Gurgel no sítio NovaE.
- O projeto Luther Blisset como exemplo de netativismo
O "projeto" Luther Blissett é um dos melhores exemplos de netativismo, agindo na interseção entre tecnologia, teoria crítica, arte e política radical. Personagem fictício, tornou-se um mito ao abordar de forma teórica e prática o caráter fictício da informação e o poder virótico dos movimentos sociais midiaticamente estruturados.
Acesse o tópico no Fórum on-line.
Conheça "O XYZ do Netativismo" de Luther Blisset no sítio rizoma.net.
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Cultura hacker e mercado
- As diferentes formas de contribuição de produtores (pesquisa), usuários e empresas no novo sistema tecno-cultural
Temos um novo sistema tecno-cultural no qual produtores (pesquisadores e hackers), usuários e empresas contribuem de forma diferenciada: os produtores, com a cultura de abertura e cooperação em torno de projetos tecnológicos (cultura hacker); os usuários com a dimensão comunitária criando novas formas de interação social na rede (cultura comunitária virtual); e as empresas com a difusão dessas tecnologias na sociedade em geral (cultura empresarial).
Leia o ensaio "Cibercultura e Software Livre", de Lucas Rocha.
- Trabalhos colaborativos X vício da propriedade
Não quero falar em confiança ou desconfiança, pois essa dicotomia nos remete ao modo de produção capitalista. Creio que numa operação pirata os nós se relacionam livremente; as pessoas se enclavam em zonas de poder. Não é possível revolucionar apenas com a ocupação dos espaços. Faz-se necessária a retomada do agenciamento coletivo.
Leia o texto "É fato" no sítio de Hernani Dimantas.
- O livre arbítrio como estratégia do marketing hacker
As pessoas estão mostrando que podem exigir mais, muito mais, no relacionamento com as empresas.O marketing hacker pretende mostrar que a tecnologia tem favorecido um pensamento libertário e provocado um processo de mutação nos mercados. Existe uma migração do poder, que sempre esteve nas mãos das empresas, para as pessoas comuns.
Leia a entrevista de Hernani Dimantas.
- O Manifesto Cluetrain como questão para uma nova economia empresarial
O Manifesto Cluetrain consiste num documento de 95 teses postuladas pelos gurus da rede Locke, Levine, Searls e Weinberger para identificar a nova tendência dos mercados e a falência de certos paradigmas do mundo dos negócios. Os sistemas empresariais só estarão aptos a encarar a nova realidade cultural quando reconhecerem a capacidade crítica de seres humanos e o poder seletivo do consumo.
Acesse o tópico no Fórum on-line.
Conheça as teses do Manifesto Cuetrain.
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Software livre e globalização contra-hegemônica
- O software livre no cenário brasileiro e a participação do governo na nova cultura tecnológica
O Brasil é reconhecido com um dos países que mais têm realizado esforços governamentais para a adoção dos softwares livres, tanto na sua administração direta, como em projetos de inclusão digital. A adoção de softwares livres coloca em questão o monopólio de firmas produtoras de softwares e reforça a cultura do compartilhamento, a cultura copyleft que está em oposição à lógica proprietária do copyright que dominou a dinâmica sociocultural dos mass media.
Leia o texto de André Lemos no sítio da Facom/UFBA.
- Inclusão digital: resposta ou confirmação dos esquemas de controle da sociedade global?
A luta pela inclusão digital pode ser uma luta pela globalização contra-hegemônica se dela resultar a apropriação pelas comunidades e pelos grupos sociais socialmente excluídos da tecnologia da informação . Entretanto, pode ser apenas mais um modo de estender o localismo globalizado de origem norte-americana, ou seja, pode acabar se resumindo a mais uma forma de utilizar um esforço público de sociedades pobres para consumir produtos dos países centrais ou ainda para reforçar o domínio oligopolista de grandes grupos transnacionais.
Leia o texto de Sérgio Amadeu da Silveira no sítio softwarelivre.gov.br.
- Definição dos conceitos de copyleft e 4 liberdades
Copyleft é um tipo de licenciamento que permite ao usuário re-distribuir, ser co-autor e/ou desenvolvedor baseado num trabalho iniciado por outro, dispensando prévia autorização e garantindo os mesmos termos de liberdade em suas derivações. As 4 liberdades são a base do conceito de copyleft, originalmente definidas nos anos 80 por Richard Stallman para expor o que é software livre e hoje disseminadas na discussão sobre a propriedade intelectual na rede:
Liberdade 0: rodar o programa visando qualquer fim desejado.
Liberdade 1: estudar o código-fonte e modificá-lo para fazer com que o programa faça o que o usuário quiser.
Liberdade 2: ajudar o próximo, podendo fazer cópias do programa e distribuí-las a outras pessoas.
Liberdade 3: ajudar a comunidade, podendo publicar e distribuir versões modificadas do programa.
Saiba mais sobre licenciamento na internet no sítio do GNU Project.
DISCUSSÃO NO FÓRUM ONLINE: INTERFACES CRÍTICAS E A CAOSMOSE DO PCC
Outros posts desta discussão, além dos já incluídos nos temas acima
Acesso à íntegra da discussão no tópico do fórum on-line
- A ação virótica da informação: a rede como mais um veículo acrítico de disseminação ou elemento diluidor pela múltipla oferta de referências
- O uso de redes (computadores, celulares) na ação do PCC em São Paulo e seu paralelo com as novas formas de acontecimento social, que tornam evidente um fluxo sem centro e que desestabiliza algum tipo de ordem
Outros posts...
- Interfaces Críticas por Lucas Bambozzi
- A caosmose do PCC, por Giselle Beiguelman
- Post Lucio Agra 1
- Post Ricardo Rosas
- Post Marcus Bastos 1
- Interfaces Críticas por Lucas Bambozzi
Diante de novos sistemas de mediação envolvendo tecnologias com penetração em vários ambientes e camadas sociais, torna-se pertinente falar de práticas artísticas e culturais abrangentes, que se deixem afetar pelo contexto em sua diversidade de nuances. Este texto observa a criação de mecanismos por parte de determinados projetos que produzem conexões entre artista, público e a suposta responsabilidade de criação de espaços compartilháveis (vida pública), através do que pode ser chamado de interfaces sociais baseadas na realidade (reality-based-interfaces). Na medida em que tornam a mediação transparente, minimamente permeável, alguns trabalhos que emergem no cenário das novas mídias nos sugerem um sentido expandido para a idéia de 'interfaces', como sistemas viabilizadores de comunicação, experiências de potencialização do pensamento crítico e do uso de dispositivos de forma a sugerir enfrentamentos diante de novas formas de alienação que surgem embebidas nessas tecnologias. Seriam essas as faces e desafios de um ativismo atualizado às redes móveis, baseadas em sistemas locativos e imersos na trama da cidade?
- A caosmose do PCC, por Giselle Beiguelman
Depois de ler o resumo de sua palestra [bastante estimulante] e ser intoxicada, à distância, pela TV e pela Web, com as imagens de SP depois da ação do PCC, fico me perguntando se interfaces sociais baseadas na realidade (reality-based-interfaces) estão emergindo nas supostas frestas que críticos, artistas e ativistas pretendem ocupar e às vezes de fato ocupam, ou se estão emergindo nas cicatrizes abertas de nossos processos de interação social mais brutais.
O que mais me impressionou, nessa ação do PCC, foi a capacidade de incorporar pressupostos críticos sofisticados, como a idéia de espaços sem paredes e ação virótica.
Por outro lado, me impressionou também, o cenário Guerra dos Mundos de Orson Welles, que colocou uma cidade inteira (e inclusive um país, no caso os EUA) em pânico, ao fazer um uso radical da mídia (o rádio) levando-a ao limite de suas potencialidades.
Repito: Estou acompanhando tudo de muito longe e pode ser que o que li sobre a força da boataria na web e por SMS seja exagerada. Mas ela é midiaticamente um dado.
Vou estar um tanto desconectada nos próximos dias, em um lugar muito isolado. Este post, por isso, não é exatamente uma proposta de discussão, mas uma sugestão para que pensemos na amplitude desses fenômenos não só dos pontos de vista das frestas e dos circuitos sociais alternativos, mas tbm pelo ângulo da microfísica do poder e de suas estratégias.
- Post Lucio Agra 1
Sem muita pretensão, respondendo à Gisele, pensando alto mesmo: acho que de todos esses aspectos que vc. mencionou eu ficaria com a expansão virótica da informação. Ele, aliás, é fundamental em qualquer circunstância de confinamento e, se formos reparar bem, veremos que é usado desde muito tempo antes do aparecimento de tecnologias da informação. Estas, por sua vez, forjadas em contextos de máquina de guerra derivam seus procedimentos dessa genealogia.
Acho, por outro lado - e por isso seu depoimento à distância é tão importante - que a maior vitória nesse caso é da midalização do evento porque isso permitiu a audiência recorde de programas-parasita, hospedeiros do miserê, do gênero "Cidade alerta". O "plantão" não saiu do ar...
- Post Ricardo Rosas
Interessante lembrar, em relação ao comentário da Giselle, por exemplo, um fato noticiado a não menos de um mês no Jornal da Tarde sobre o boom de uso de chips de celular roubados nas cadeias de São Paulo. Coincidiu um pouco com a pesquisa que estou fazendo sobre gambiarras e cada vez mais é constatável que vivemos uma abundância de tecnologias variadas, uma espécie de convergência cíbrida, que configuraria o que tenho chamado de "cultura do plug", onde a versatilidade se dá em tecnologias recombinantes, permitindo arranjos e improvisações as mais diversas, desde os aparelhos móveis até as mixagens low com high-tech ou analógico com digital. Por outro lado, também estes dispositivos, como ressalta o Lucas, acabam (sem julgamentos morais), por se tornar interfaces que possibilitam a crítica, pro bem ou pro mal. As revoltas interconectadas nas cadeias seriam apenas mais um sintoma do que ainda está por vir.
- Post Marcus Bastos 1
Perguntas: não dá para para generalizar esse tipo de estratégia virótica de segunda (que aparece tanto na ação do PCC, quanto na forma como os boatos foram expandindo na velocidade dos torpedos e scraps)? Não é um tipo de ação que já se tornou um dado da cultura contemporânea? Não dá para relacionar (também sem julgamento moral) com a forma como foram organizadas as manifestações contra o FMI em Seattle e Praga? Ou com o embate entre high-tech e low-tech na luta entre governo americano e chiapas? Ou com a onda das flash mobs?
Claro que são exemplos de natureza e calibre diferentes, mas parece que tem elementos comuns em todos, como o fator supresa (em maior ou menor escala a cada caso), a velocidade com que começam e terminam, o papel que redes (de computador, celulares, etc) desempenham na organização desses acontecimentos e a forma como vem à tona um fluxo sem centro e à margem, que desestabiliza algum tipo de ordem estabelecida.
Acesso à íntegra da discussão no tópico do fórum on-line