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maio 14, 2009
Prêmio Marcantonio Vilaça - Entrevista com o artista premiado Henrique Oliveira
Entrevista por emeio feita por Ananda Carvalho especialmente para o Canal Contemporâneo.
Ao acompanhar a premiação do Prêmio Marcantonio Vilaça, nos questionamos sobre o papel dos prêmios e o estado da arte contemporânea. O Júri de seleção do Prêmio não escolhe um projeto a ser desenvolvido, e sim, avalia os portfolios. Cada artista recebe uma bolsa de R$30 mil para dar continuidade ao seu processo ou para aventurar-se em novas pesquisas. Esse processo será acompanhado por um crÃtico escolhido a partir de três sugestões do próprio artista. Convidamos os artistas premiados e os membros do júri a exporem suas idéias.
Canal / Ananda Carvalho - Na sua opinião, quais caracterÃsticas do seu trabalho foram premiadas?
Henrique Oliveira - Acredito que para a escolha dos premiados deve ter sido levado em consideração todo o conjunto do trabalho, mesmo porque são questões interligadas que fazem o trabalho funcionar.
Canal / Ananda Carvalho - Quais temas, projetos ou caracterÃsticas pretende desenvolver ao longo deste ano?
Henrique Oliveira - Tenho feito trabalhos temporários de instalação em exposições e também tenho trabalhado no meu ateliê. Deste modo, procuro usar o tempo cotidiano que caracteriza a prática em estúdio para criar obras permanentes e de caráter mais experimental, deixando as instalações para explorar a conexão da obra com a arquitetura, a exploração do espaço e outras questões que só podem ser tratadas por meio da criação direta no local da exposiçÃ.
Como me interesso muito por materiais usados, o momento da coleta pode também ser responsável pelo surgimento de um novo projeto. Uma vez, circulando por São Paulo, deparei com um tipo de lâmina de madeira que havia sido pintada de branco e, ao ser empilhada em local úmido, desenvolveu fungos em forma de pintas, o que me sugeriu a idéia de uma pele urbana. A partir deste momento dei inÃcio a uma série de instalações de formas orgânicas baseadas num processo de colagem e sobreposição de camadas. No meu próximo projeto, que integrará a Bienal do Mercosul, levarei uma obra desta série para a rua. É um processo que começou com o recolhimento de um material da cidade, que foi desenvolvido em ambiente de exposição, e que agora vai voltar para seu local de origem.
Todas estas pesquisas têm como base a pintura, que estrutura o meu pensamento desde o inÃcio da minha profissão e continua a funcionar como uma espécie de arcabouço para tudo o que eu faço.
Canal / Ananda Carvalho - Quais foram os orientadores que indicou para acompanhar o seu trabalho?
Henrique Oliveira - A minha dúvida neste momento, assim como de outros colegas, foi entre apontar alguém que já é familiar com o nosso trabalho e assim estabelecer uma continuidade, ou aproveitar o momento para conhecer uma opinião diferente. Optei então por um combinado - um que já vem me acompanhando, Agnaldo Farias; e dois com quem nunca trabalhei, Paulo Herkenhoff e Moacir dos Anjos.
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