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maio 4, 2020
Projetos lançados durante a pandemia bagunçam a lógica do mercado de arte, Folha de S. Paulo
Projetos lançados durante a pandemia bagunçam a lógica do mercado de arte
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 1 de maio de 2020.
Iniciativas como 300 Desenhos e Quarantine promovem compras às cegas para ajudar artistas e organizações
Um mês e meio de pandemia bastou para o campo das artes criar uma série de iniciativas inovadoras, que buscam não só fortalecer o próprio setor como as comunidades mais vulneráveis à Covid-19.
Só nesta sexta (1º), foram lançadas duas delas.
A primeira é a 300 Desenhos, que convidou 300 artistas a doarem um desenho em formato de uma folha A4 cada um. Ao misturar nomes iniciantes e consagrados —participam Adriana Varejão, Ernesto Neto e Jac Leirner, por exemplo— ele anula as regras tradicionais do mercado de arte, em que o preço dos trabalhos depende fortemente do nível do reconhecimento do artista.
Afinal, por ali, todas as obras têm um valor único, R$ 1.000, muito abaixo do que costumam custar peças de medalhões como os já mencionados. Ao mesmo tempo, é impossível selecionar o desenho a ser comprado. A escolha é aleatória, realizada por um algoritmo.
A campanha vai até o dia 10 de maio, e o dinheiro arrecadado será doado a três organizações, a Apib, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a Habitat Brasil, de construção e melhoria de residências, e a Cufa, a Central Única das Favelas, que atua em comunidades e periferias de todo o país.
O segundo projeto é o Partilha, mais voltado para o mercado de arte. Nele, 17 galerias lançam uma seleção de obras vendidas em condições especiais —a cada aquisição no mês de maio, o comprador ganhará um crédito de igual valor para novas aquisições de outros artistas da mesma galeria.
São elas a Aura, a B_arco, a C.Galeria, a Casanova, a Desapê, a Eduardo Fernandes, a Janaina Torres, a Karla Osorio, a Mamute, a Mapa, a Lume, a OMA, a Periscópio, a Sé, a Soma e a Ybakatu.
Por agora, o objetivo é manter os profissionais que atuam no setor —que vão de artistas a montadores, fotógrafos e técnicos— ativos. O projeto também diz que doará recursos para instituições filantrópicas como Casa Chama, Lá da Favelinha, Lanchonete, Por Nossa Conta e Salvando Vidas.
Lançado já há alguns dias, o Quarantine, pensado pelas artistas Lais Myrrha e Marilá Dardot, pela crítica Cristiana Tejo e por Julia Morelli, fundadora da plataforma 55SP, tem uma lógica parecida com a do 300 Desenhos.
A iniciativa convidou mais de 40 artistas em diferentes momentos da carreira para colaborar com trabalhos —há desde bastiões da arte contemporânea nacional, como Lenora de Barros e Paulo Bruscky, a artistas jovens, menos conhecidos.
As obras, que custam R$ 5.000 cada uma, são compradas às cegas, escolhidas a partir do título e do autor. Então, são enviadas digitalmente e baixadas, impressas ou executadas pelos próprios compradores. A cada venda, o dinheiro é distribuído de forma igualitária entre os participantes e partilhado com uma organização civil que atende artistas transgênero e travesti, a mesma Casa Chama apoiada pelo Partilha.
300 DESENHOS
Quando A partir de sexta (1º). Até 15/5
Preço R$ 1.000
300desenhos.art
PARTILHA
Quando Até 31/5
www.instagram.com/p.art.ilha
QUARANTINE
Preço R$ 5.000
www.55sp.art/quarantine