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Como atiçar a brasa

 


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agosto 5, 2014

Braços abertos sobre a Guanabara por Paula Alzugaray, Istoé Dinheiro

Braços abertos sobre a Guanabara

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na revista Istoé Dinheiro em 29 de julho de 2014.

Abertura da galeria Nara Roesler em Ipanema sinaliza movimento de expansão do sistema de galerias paulistanas para o Rio

Marcos Chaves - Academia, Galeria Nara Roesler, Rio de Janeiro, RJ - 08/08/2014 a 07/09/2014

“Chegamos para somar e não para disputar”, garante Daniel Roesler, que na sexta 8 de agosto inaugura para o público uma filial da Galeria Nara Roesler no Rio de Janeiro, com uma individual do artista carioca Marcos Chaves. A galeria se instala em um imóvel de 200 mts2 na Rua Redentor, em Ipanema, e traz na bagagem a representação de 40 artistas nacionais e estrangeiros e 25 anos de atividades em São Paulo, onde se consagrou entre as cinco maiores galerias do país.

O clã Roesler – formado pela matriarca Nara e os irmãos Daniel e Alexandre – chega à cidade maravilhosa na esteira de um movimento de restauração da vida artística e institucional local, iniciado em 2009 com as transformações urbanas, especialmente na zona portuária e no entorno da histórica Praça Mauá. Com a instauração da ArtRio, a Feira Internacional de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro, em 2011; a construção de museus como o Museu de Arte do Rio (MAR); a Casa Daros, em Botafogo; e as futuras inaugurações do Museu do Amanhã e do Museu da Imagem e do Som (MIS), em Copacabana; o Rio ostenta um novíssimo percurso cultural.

O vigor desse momento institucional é reforçado pela nova Oca-Lage, Organização Social sob direção do galerista Marcio Botner e da critica e curadora Lisette Lagnado, que injeta vida nova a espaços tradicionais da cidade.

A expansão da galeria paulistana para o Rio acontece em meio a essa efervescência toda. Especula-se que a Fortes Vilaça tenha os mesmos planos, embora ainda não confirme oficialmente. A questão é se há mercado que justifique um êxodo. “Há três anos participamos da ArtRio e vemos um mercado viável”, garante Daniel Roesler. “Além disso, boa parte de nossos artistas são baseados no Rio e queríamos estar mais próximos deles e de nossos clientes locais. A maioria de nossos artistas não tinham representação no Rio e queriam ter uma presença lá”.

Quanto aos artistas que eram representados por galerias cariocas, alguns tomaram a iniciativa de ficar só com a Nara Roesler. Outros, como Raul Mourão, do elenco da galeria Lurix, divide-se entre as duas. Isso requer uma política de boa vizinhança. Quanto a possíveis desconfortos gerados com essa situação, o galerista atenua: “Cada um tem o seu mercado. Mas não faremos por enquanto individuais desses artistas que tem representação no Rio. Apesar do Rio ser uma cidade que presa seus valores locais, tem abertura para receber coisas novas. A gente tem recebido um input muito positivo, a cidade está nos recebendo de braços abertos.”

Ainda que o Rio de Janeiro gere um volume de negócios inferior a São Paulo, tem um mercado em ascensão que não é de se jogar fora. Segundo a Pesquisa Setorial Latitude, a SP-Arte é considerada por 59% das galerias brasileiras pesquisadas a feira mais importante do ponto de vista do volume de negócios gerados. Mas a ArtRio é o segundo mercado mais forte das galerias brasileiras, movimentando 13,5 % de seus negócios em feiras. O terceiro lugar fica com a Art Basel Miami Beach, para onde há migração em massa, em Dezembro.

“O Rio de Janeiro nos parece um lugar longe o suficiente para gerar uma estrutura nova e perto o suficiente para podermos dar uma atenção muito grande”, continua Daniel. “É um experiência de crescimento: se a gente conseguir atender bem, funcionar bem nesse ‘longe perto’ que é o Rio, a gente pode no futuro crescer até onde desejar”, diz ele.

O Rio representa o segundo estágio de uma fase de crescimento que começou há dois anos, quando a Nara Roesler ampliou suas instalações em São Paulo com um anexo de 700 mts2. A Europa seria o próximo destino, ainda no horizonte.

Mas esse terceiro tempo dá sinais de ter começado, com a editora Alexandra Garcia agora representando a galeria em Nova York, onde fará um trabalho institucional de formatar redes colaborativas com instituições da Big Apple.

Posted by Patricia Canetti at 1:24 PM