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setembro 15, 2010
Murillo La Greca inaugura Dois Pontos, site da Prefeitura do Recife
Matéria originalmente publicada no site da Prefeitura do Recife em 13 de setembro de 2010.
Exposição selecionada pelo Projeto Amplificadores abre dentro da programação do SPA das Artes
De 14 de setembro a 16 de outubro, o Museu Murillo La Greca apresenta a exposição Dois Pontos, selecionada pelo Projeto Amplificadores 2010. Sob a curadoria de Fernanda Albuquerque, a mostra reúne trabalhos de nove artistas oriundos de diferentes localidades do país: São Paulo, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre. São eles: Carla Zaccagnini, Enrico Rocha, Fabio Morais, Guilherme Teixeira, Hélio Fervenza, Lucas Levitan, Marina Camargo, Regina Melim e Vitor César. Dentre as obras, instalações, publicações, um trabalho em vídeo e uma escultura a ser utilizada pelo público como uma espécie de skate circular em que as pessoas podem “brincar” rodando e de mãos dadas.
DOIS PONTOS - Sinal de pontuação que anuncia a complementação ou desdobramento de uma ideia, abre espaço para a fala de outro interlocutor – apresenta produções que trazem em comum imagens e experiências não realizadas, inacabadas ou em aberto, que de alguma maneira acontecem mais na imaginação do espectador do que são, de fato, dadas a ver. “É o que ocorre, por exemplo, nas pinturas faladas de Lucas Levitan (Três pinturas, 2003), em que o visitante vê apenas um spot de luz na parede, enquanto ouve a descrição minuciosa de uma pintura de paisagem.” – ilustra a curadora, Fernanda Albuquerque. Do mesmo modo, as performances de Fabio Morais (O performer, 2005) não se apresentam como ação, mas como texto, narração, oferecendo ao observador a possibilidade de imaginá-las: do ambiente em que acontecem aos gestos, sons, cheiros, objetos, expressões e pessoas envolvidas.
O texto e a sugestão também estão presentes em pf (por fazer) (2006), exposição portátil organizada por Regina Melim. Trata-se de uma publicação que reúne não um conjunto de obras prontas, fechadas, mas projetos em aberto, colocados à disposição do público para a sua realização. Fruto de uma reflexão sobre a performance nas artes visuais, pf propõe a noção de “espaço de performação” como chave de leitura da mostra.
A ideia também nos fala dos trabalhos de Enrico Rocha (Continuo tentando compreender, 2003), Marina Camargo (Brancusi no ar, 2010) e Guilherme Teixeira (Rolê, 2010). Abertos à participação do público, os três apontam para imagens e experiências improváveis, ainda que não impossíveis: completar um quebra-cabeça em branco gigante, refazer no ar e com as mãos as esculturas do romeno Constantin Brancusi e andar num skate circular com dez pessoas.
Já as produções de Hélio Fervenza (Transposições do deserto, 2003) e Carla Zaccagnini (E pur si muove / E no entanto se move, 2007), embora plenamente realizadas, guardam consigo a potência imaginativa das histórias que as constituem – quase como se pudessem existir apenas como imagem narrada. Realizada na fronteira do Brasil com o Uruguai, nas cidades de Sant'Ana do Livramento e Rivera, Transposições consistiu na troca de professores de geografia entre uma escola brasileira e uma uruguaia. Durante um mesmo período e simultaneamente, duas educadoras ministraram uma aula sobre deserto em suas respectivas línguas para uma turma situada do outro lado da linha divisória. Fruto de um esforço igualmente épico e singelo, E pur si muove envolveu a viagem da artista até o monte Nuolja, na Suécia, onde passou uma noite sozinha a filmar o sol da meia noite na companhia da música de Jan Johanson. Enquanto Transposições é apresentada por meio de um relato que toma a forma de livreto, abrindo espaço à dúvida quanto à sua concretização, a obra de Carla constata-se à medida que se apresenta, ao documentar o fenômeno (e o feito) que é ao mesmo tempo ponto de partida e de chegada do trabalho.
Por fim, Destinatário (2009), de Vitor César, funciona como uma espécie de metáfora da exposição. Trata-se de um cartaz que reproduz a clássica etiqueta utilizada na identificação de presentes, num exercício de endereçamento em que o enunciado, o presente, é deixado em aberto, existe apenas como alusão.
Serviço:
Projeto Amplificadores 2010|Exposição Dois Pontos
Abertura: 14 de setembro de 2010|19h
Visitação: de 15 de setembro até 16 de outubro de 2010
De terça à sexta | das 9h às 12h e das 14h às 17h
Sábados das 14h às 17h