|
julho 12, 2010
Uma exposição em processo por Camila Molina, Estadão.com.br
Matéria de Camila Molina originalmente publicada na seção Cultura do Estadão.com.br em 12 de julho de 2010.
Artistas do Ateliê Fidalga apresentam o resultado de uma experiência de criação coletiva no Paço das Artes.
Durante uma semana, o Paço das Artes esteve tomado por 60 artistas montando, eles próprios, a exposição que hoje inauguram. "Aqui não há a figura do curador e as relações entre as obras vão se dando de uma maneira automática, como numa rede de afinidades de quem convive junto", diz Albano Afonso, coordenador, ao lado de Sandra Cinto, do Ateliê Fidalga, criado pelos dois consagrados artistas em 2000, na Vila Madalena, como espaço para grupos de estudo debaterem todas as semanas os seus processos de criação e temas amplos da arte. Desta vez, o quesito de aprendizado e experiência foi "montagem de mostra em instituição", com seus percursos burocráticos, negociações e a oportunidade de apresentação de destaque de suas obras. Outra lição ainda: "numa exposição muito cheia, você aprende com os problemas do outro", diz Albano.
Afinal, é uma mostra em processo a exposição que o Ateliê Fidalga inaugura hoje no Paço com a realização, também, às 20h, do debate Ateliê em Foco que contará com a presença dos artistas Albano Afonso, Sandra Cinto e Marco Giannotti e mediação do crítico e jornalista Mario Gioia, responsável pela criação do texto sobre essa experiência.
Desde fevereiro, os participantes do Fidalga - da faixa dos 20 aos 60 anos - começaram os debates sobre a mostra e a fazer a escolha das obras que queriam apresentar, muitas delas criadas especialmente para a ocasião. O que se vê agora como resultado é uma exibição eclética, colorida e com o frescor de trabalhos em diversas linguagens - pintura, escultura, fotografia, desenho, áudio, instalação, objeto, etc..
Temporada. Como o Paço ainda é grande, ele também abriga as individuais dos artistas Ana Elisa Egreja, Rafael Campos Rocha e Pedro Varela, entre os selecionados do edital Temporada de Projetos 2010 da instituição.
A pintora Ana Elisa apresenta telas da série Interiores, criadas entre 2009 e 2010. Dentro de sua vibrante vertente estética de excessos, a jovem artista explora relações entre o bidimensional e o tridimensional na pintura, promovendo o "choque" de elementos como estampas, bichos, cenas de ambientes e referências à história da arte. "O excesso para mim é conforto", diz Ana Elisa.
Já Rafael Campos Rocha exibe Futebol, Deus e Outras Mumunhas, uma alquimia conceitual e irônica de vídeos, quadrinhos e "desenhos". "Arte é produto da razão", ele diz. E Pedro Varela expõe Cidade Flutuante, uma paisagem imaginária feita em colagem colorida.