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maio 24, 2010
Hora de pensar grande por Paula Alzugaray, Istoé
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na Istoé em 21 de maio de 2010
Atuantes há décadas no mercado de arte brasileiro, os marchands Maria Baró e Fabio Cimino abrem galerias com projetos ousados
Em tempos de mercado aquecido e interesse crescente na produção contemporânea por parte de jovens colecionadores, surgem em São Paulo duas novas galerias que prometem oxigenar o sistema de arte.
Para ocupar o espaço monumental do galpão de Santa Cecília, só mesmo um projeto ousado, com direito a 1.500 m2 de área expositiva, mais uma loja, um café, um ateliê para artistas e um apartamento para residências artísticas. A fórmula da nova Baró Galeria, que abre neste sábado 22, inclui a sinergia com a Galeria Emma Thomas, espaço experimental que desde 2006 aproxima artistas de diferentes backgrounds, da moda e da publicidade à arte urbana. “O papel de uma galeria apenas como local de venda está obsoleto”, afirma a catalã Maria Baró, há 13 anos radicada em São Paulo. “Nosso principal objetivo continua sendo comercial, mas queremos aglutinar artistas, curadores e colecionadores de diferentes gerações para fomentar a discussão sobre a criação artística.”
A mostra “Arsenal” celebra a abertura do espaço apresentando as “armas” da Baró e da Emma Thomas: 55 artistas do Brasil, Argentina, Colômbia, Peru, México, Chile, Guatemala, Espanha e Inglaterra. A exposição ilustra bem o projeto da galeria: colocar lado a lado artistas consagrados, como Carlos Fajardo, e novatos, como Érica Ferrari. Entre os grandes trunfos, Maria Baró anuncia a representação da “Cosmococa CC1 Trashiscapes”, de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida. Design, arte sonora e novas mídias são outras frentes de atuação que a equipe vai assumir. “Se nosso desafio é repensar a função de uma galeria comercial, temos que pensar também como a artemídia pode ser absorvida pelo galerismo” , diz Adriano Casanova, diretor e curador da Baró Galeria.
A tecnologia também é um foco da Zipper Galeria, que Fabio Cimino inaugura em julho, um ano depois do fim da sociedade Brito-Cimino, e agora com a antena voltada para artistas em começo de carreira, como a paulistana Flávia Junqueira e o fluminense Pedro Varela. “Não quero uma arte hermética nem conceitual, quero ampliação de público”, diz Cimino, que iniciou a carreira nos anos 80, trabalhando com arte conceitual, junto à galerista Raquel Arnaud. “Quero falar com a geração do meu filho, por isso não coloquei meu nome na galeria. O Cimino já está careca e a Zipper será o lugar onde se abrem boas exposições e se fecham bons negócios”, diz. O otimismo é a alma do negócio e seu filho, Lucas Cimino, 22 anos, responsável pelo site da galeria e sua inserção em redes sociais, arremata: “A galeria nem foi aberta e já temos 1.600 seguidores no Twitter e no Facebook. Mais que a Fortes Vilaça.”