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abril 15, 2010
MAM-SP - Museu proíbe exposição de obra com foto da ex-BBB Fani por Suzana Velasco, Globo Online
Cartaz de publicidade da ex-BBB Fani - Divulgação
MAM-SP - Museu proíbe exposição de obra com foto da ex-BBB Fani
Leia também o relato do artista Alexandre Vogler e comentários de outros artistas sobre o assunto
Matéria de Suzana Velasco publicada originalmente no Globo Online em 15 de abril de 2010.
RIO - O Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo impediu o artista Alexandre Vogler de expor sua obra "Fani dark" na exposição coletiva "A cidade do homem nu", que será inaugurada nesta quinta-feira, com curadoria de Inti Guerrero. A obra reúne cartazes de publicidade da revista de nus "Playboy", com uma foto da participante do "Big Brother Brasil" 2007 Fani Pacheco, que sofreu interferências em canetas coloridas feitas por visitantes do Museu de Arte Contemporânea (MAC), em 2007. Na semana passada, o artista recebeu um e-mail do museu com a informação de que, como Fani não autorizou o uso de sua imagem, a obra não poderia ser exposta.
- A assessora da Fani disse que o trabalho não agregava coisas boas à imagem dela, como se ela pudesse autorizar ou não a realização de uma obra de arte - reage Vogler. - Quando a "Playboy" saiu, era um cartaz atrás do outro nas ruas, com frases, desenhos, rasgos, um mundo de fantasias sobre aquela figura pública. Eu reeditei essa prática no MAC e quis legitimá-la como arte participativa.
MAM defende direito de imagem de ex-'BBB'
O museu sustenta que qualquer pessoa reconhecível pode impedir que sua imagem seja exposta.
- Nossa posição é respeitar os direitos de todos os envolvidos na obra de arte. No caso, a modelo da foto não autorizou - justifica Eduardo Salomão, diretor do departamento jurídico do MAM. - Ela tem resguardado seu direito de imagem pela Constituição, que protege a intimidade e a vida privada.
Vogler não sabia que o museu pediria a autorização e decidiu, junto com o curador, expor no lugar de "Fani dark" a troca de e-mails entre os envolvidos nas negociações. Há anos trabalhando com a reapropriação de cartazes públicos, o artista considera a proibição uma censura a uma obra que, para ele, não julga Fani, e sim expõe mais a moral daqueles que participaram da intervenção, além do sexismo na publicidade:
Existe um histórico de obras que se apropriam de imagens, e elas são publicadas em livros. Mas quando acontece algo no presente, o museu proíbe a obra, privilegia métodos empresarias e corporativos.
pelo que parece, foi a própria fani quem vetou o uso do cartaz na exposição, e não o museu, não? concordo com a opinião de que apropriações de imagens de pessoas públicas ocorrem a todo o momento - porém, fora de uma instituição, como é o museu. a rapina, a contravenção, o assalto aos direitos, via de regra, tendem a ser comportamentos hostilizados pelas instituições. a maior babaca, para mim, no entanto, foi a fani, que perdeu a chance de ser a mona lisa do século XXI, e de se reafirmar enquanto artista.
Posted by: Marcelo at abril 15, 2010 8:10 PMnossa, mas que obra incrível também, não?
arrebatou-me. (2)
Posted by: Vincent at abril 15, 2010 9:20 PMDaí surge a dúvida: o que seriam coisas boas a serem agregadas à imagem dessa moça - em sua (dela) concepção?
Posted by: Vinícius at abril 15, 2010 9:29 PMo artista deveria considerar que ganhou uma valiosa chance de rever sua trajetória artística, que parecia fadada ao lugar comum e ao esquecimento, MAS que depois desse justíssimo veto tomará rumos mais inspirados.
Posted by: dedos.info at abril 16, 2010 12:09 PMConcordo que os museus deveriam primeiramente agir em defesa dos artistas. Mas veja que neste caso o que fizeram foi se precaver.
Eles deveriam defender o artista caso a obra exposta sofresse alguma sanção, o que não chegou a ocorrer pois os cartazes não foram expostos.
Se a legislação vigente pede que haja a autorização do fotógrafo e modelo para esta obra, o artista é que deve providenciar estes documentos. Não é função do museu fazer todo este trâmite.
Antes disso, me vieram perguntas muito maiores sobre o fato ocorrido. O que um museu deveria expor? O trabalho apresentado seria arte? Afinal, qualquer coisa que um artista produz deve ser considerado arte?
Estamos diante de uma discussão muito mais ampla: a arte por designação.
Basta alguém dizer que é arte e então será? Não existem filtros, análises, parâmetros,... Não existe crítica!
Como pode haver desenvolvimento cultural e aprimoração dos trabalhos? Sem isso, o que acontece é o contrário, a arte contemporânea regride sobre o que já tinha sido criado e não discursa sobre nada. Então, qual a função da arte hoje em dia? O que os artistas querem passar? Com quem querer falar? São contra ou a favor do que? Essas são apenas poucas perguntas que se foram... junto com a arte.
Realmente em outros lugares a questão autoral é bem diferente da existente aqui, mas a questão do que é produzido com esse material apropriado também está longe da realidade brasileira.
Posted by: QUIM Alcantara at abril 22, 2010 6:40 PM