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fevereiro 25, 2010
Novas instalações fazem de Inhotim paradigma para arte contemporânea por Fábio Cypriano, Folha de S. Paulo
Matéria de Fábio Cipryano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 25 de fevereiro de 2010.
Nove novas instalações transformaram radicalmente Inhotim, o centro de arte contemporânea criado por Bernardo Paz, em Brumadinho (Minas Gerais), em 2005. Se até então os pavilhões seguiam o modelo cubo branco, com obras que mantinham pouco diálogo com o entorno do complexo museológico -os abundantes jardins que tiveram início com o paisagismo de Burle Marx-, agora a transparência dos novos espaços propiciou uma nova perspectiva.
Esses novos locais de fato escapam do paisagismo um tanto comportado das antigas instalações para revelar a mata e a paisagem de forma fascinante.
É o caso do pavilhão criado para "De Lama Lâmina", do americano Matthew Barney, uma cúpula geodésica no estilo do arquiteto Buckminster Fuller (1895-1983). Transparente, ela acolhe o trator, peça central de seu filme, "De Lama Lâmina", gravado no Carnaval baiano de 2004, ao mesmo tempo em que faz com que ele pareça um objeto perdido na mata de tempos imemoriais.
Perto dali está o "Sound Pavilion" (pavilhão sonoro), de Doug Aitken, outro espaço transparente, no cume do terreno de Inhotim, que permite uma ampla visão das montanhas mineiras. Ele acolhe a instalação que transmite sons captados a 200 metros de profundidade, criando um ambiente sonoro que só se torna potente graças à sua localização.
Já "Beam Drop Inhotim" (jogando vigas em Inhotim), de Chris Burden, é composto por imensas vigas de ferro jogadas, como num jogo de palitos, sobre a terra, em outro cume do terreno, também permitindo que obra e contexto dividam um só espaço. Mesmo "Folly", de Valeska Soares, que está dentro de um pavilhão espelhado, justamente por sua configuração, acaba mimetizando o entorno. Criando mais raízes locais, Inhotim se torna um novo paradigma para a exibição da produção contemporânea.