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agosto 19, 2009
O corpo como linguagem por Angélica Feitosa, O Povo
Matéria de Angélica Feitosa originalmente publicada na seção Vida e Arte do O Povo, em 18 de agosto de 2009.
O convite é para um passeio pelo que há de comum nas obras de dois jovens artistas nordestinos. A exposição A imagem do outro olhar é uma proposta de diálogo entre Marina de Botas e Rodrigo Braga
A imagem do outro olhar, em cartaz no Centro Cultural Banco do Nordeste a partir de hoje, propõe mais que uma mostra. A exposição é um convite para que dois jovens artistas que se fizeram nordestinos, a paulista radicada no Ceará, Marina de Botas, e o manauara radicado em Recife, Rodrigo Braga, possam, de fato, reunir aquilo que há de diálogo nos seus trabalhos. A seleção de fotografias e de um vídeo, em cartaz até o final do mês no CCBN, é apenas o primeiro passo de um processo que deve persistir até agosto de 2010. As ações fazem parte da terceira edição do BNB Agosto da Arte, dentro do projeto Arte em Processo, idealizado pelo curador Bitu Cassundé.
“Nós reunimos outros trabalhos que o curador percebeu que se comunicavam bastante. A partir dessa exposição, nós vamos criar uma produção inédita, um trabalho em conjunto, resultado de um processo que deve desaguar ano que vem”, conta Rodrigo Braga, por telefone, enquanto realizava os últimos acertos no CCBN. A proposta de unir as duas produções veio do curador Bitu Cassundé e o projeto já começa a ser trabalhado essa semana, com a consultoria do escritor e pesquisador cearense Eduardo Jorge.
A exposição A imagem do outro olhar pretende conectar a produção de arte contemporânea nordestina. O que se apresenta é a pesquisa em desenvolvimento, aberta a intervenções e mudanças. Para o público, o projeto tem o objetivo de proporcionar a possibilidade de acompanhar o processo de elaboração e construção das obras. Amanhã, também às 19 horas, os dois artistas, Eduardo Jorge e o curador Bitu Cassundé participam de uma troca de ideias também no CCBN.
Antes disso, no entanto, já será possível enxergar essas conexões pelos trabalhos unidos num mesmo espaço. “O gancho de trazer a literatura é produzir outros olhares para a arte contemporânea”, aponta o curador. Enquanto Marina passeia por uma poética do cotidiano e por um realismo mágico, Rodrigo elabora uma tensão ou estranhamento ao compor um repertório ficcional. “Existem muitas confluências nos trabalhos dos dois. Um deles é o uso do corpo como suporte para o desdobramento da poética, a construção do imaginário poético que usa o corpo associado a um elemento da flora e da fauna”, descreve o curador.
Novos suportes
Na série apresentada por Rodrigo, retirada do trabalho solo Da alegoria perecível (2005), o rosto do artista é utilizado como suporte para composições plásticas. Elementos animais e vegetais são usados para criar alegorias da máscara e maquiagem. Outros trabalhos presentes na mostra são Hiato (2007) e a série Paisagens, do ano passado.
Já o trabalho de Marina de Botas experimenta o cotidiano. Qualquer situação pode transformar-se no pontapé para as performances, desenhos e imagens da artista. No vídeo Programa para Nutrição da Pele, que faz parte da exposição, uma cozinha e seus condimentos são a desculpa para uma maquiagem. Emoldurando o gestual da maquiagem uma composição plástica cenográfica, o vídeo faz referência a uma natureza morta composta por frutas e legumes. Elemento presente o tempo inteiro no trabalho de Rodrigo Braga.
A imagem do outro olhar
Marina de Botas e Rodrigo Braga
Curadoria de Bitu Cassundé
19 a 30 de agosto de 2009
Centro Cultural Banco do Nordeste - Fortaleza
Rua Floriano Peixoto 941, Centro, Fortaleza - CE
85-3464-3108
Terça a sábado, 10-20h; domigo 10-18h