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novembro 10, 2008

Cinema expandido, por Paula Alzugaray, Revista Isto É

Cinema expandido

Matéria de Paula Alzugaray, originalmente publicada na Revista Isto É edição 2035, no dia 5 de novembro de 2008

Filme-instalações, esculturas luminosas e dispositivos cinéticos apresentam o cinema como uma forma de arte contemporânea

Encerrada a 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a cidade ganha muito mais cinema experimental. Transformado em sala escura, o espaço expositivo do Itaú Cultural apresenta um conjunto de "filmes" que jamais poderiam ser incluídos em uma mostra convencional. A penumbra favorece o mergulho na ficção, mas para assistir às obras em exibição na mostra Cinema sim - narrativas e projeções o espectador não afunda em poltronas nem entrega-se à contemplação. Neste cinema, o espectador é instalado no centro das imagens e, para uma fruição plena das narrativas, deve caminhar pelo espaço, aproximar-se e estabelecer com o filme uma relação de participação. "São situações diferentes das experimentadas dentro de uma sala de cinema. Esta não é uma exposição de cinema ou de artes visuais. Estamos procurando as intersecções possíveis", diz o curador Roberto Cruz.

Talvez o trabalho mais paradigmático desse cinema que expandiu para o campo das artes visuais seja You and I, horizontal III, da série Solid light films (filmes de luz sólida), de Anthony McCall. Embora projetado sobre tela, o filme ocupa na realidade todo o espaço da sala, transformando- se em um objeto tridimensional e luminoso, que pode ser atravessado pelo público. Ao destacar as qualidades escultóricas da projeção, McCall é um artista pioneiro da experimentação das fronteiras entre cinema e escultura, atuante desde o momento em que o teórico Gene Youngblood criou o conceito do "cinema expandido", em 1970.

Cinema expandido, cinema de exposição, cinema móvel, cinemas do futuro, neurocinemas são alguns dos termos cunhados pela teoria crítica para dar conta dessa "tradição" que já remonta, no mínimo, a 40 anos, e que está hoje muito bem representada nas 18 instalações de Cinema sim. Enquanto o coreano Yongseok Oh, em Drama nº 3, fragmenta a paisagem, criando temporalidades diversas dentro de uma mesma imagem, o brasileiro Milton Marques e o suíço Peter Fischer elaboram novos dispositivos de projeção. Marques criou um projetor em uma caixa de frutas e Fischer projeta imagens sobre vapor e areia. Já Rosangela Rennó trabalha na fronteira entre a fotografia e o vídeo.

Se o cinema ocupa o espaço da arte, a recíproca também é verdadeira. Na sexta-feira 7, as trajetórias de três artistas brasileiros chegam à tela grande, no longa-metragem documental A margem da linha, da cineasta Gisela Callas.

Circuitos no mundo
A arte da entrevista

andy Warhol não é apenas um dos mais inovadores artistas do século XX. ele foi também o inventor da cultura da celebridade e o precursor da era "broadcast yourself" que vivemos hoje. Uma visita à exposição andy Warhol - other voices, other rooms, na the Hayward, de Londres, não deixa dúvida sobre isso. a revista people ainda nem existia quando Warhol já era famoso pelas serigrafias de marilyn monroe e lançava a primeira edição da revista interview. Giorgio armani, Brooke shields, truman Capote, Grace jones, Debbie Harry. todos foram capa da interview, que nasceu como um periódico de cinema, mas rapidamente virou uma revista de moda, comportamento e fofocas. Warhol fotografou todo mundo e foi um dos artistas mais fotografados do século XX, profetizando que, no futuro, todos seriam famosos por 15 minutos. a interview é apenas uma das muitas facetas multimidiáticas do artista pop exploradas nesta exposição. as "outras vozes", a que o título da mostra faz referência, correspondem a uma abundante e sensacional produção audiovisual quase inédita e muito pouco revista, que inclui 21 curtas-metragens, 42 episódios de tevê, 67 fotografias, 100 polaroides, 15 entrevistas gravadas em áudio, nove filmes da série Factory diaries e 40 filmes da série screen tests.

a primeira sala da exposição apresenta a primeira experiência audiovisual de Warhol: os screen tests (1964-1966), tomadas sem cortes, em primeiro plano, em que o artista testava o comportamento das pessoas diante de sua câmera invasiva. Depois viriam os Factory diaries, que documentavam encontros com celebridades como john Kennedy jr., David Bowie e Liza minnelli, convidados a visitar o ateliê do artista, conhecido como Factory. mas o veículo ideal para Warhol desenvolver a sua arte da entrevista foi mesmo a televisão. entre os 42 programas que produziu para canais a cabo de nova York e para a mtv, até 1987, ano de sua morte, incluem-se revistas de moda, programas de entrevistas e séries, como o andy Warhol's fifteen minutes.

Posted by Paula Alzugaray at 2:26 PM | Comentários(3)
Comments

"Cinema Sim" é de longe uma das melhores mostras que vi em São Paulo nos últimos anos. Impressiona a capacidade de articular com sensibilidade trabalhos de grande qualidade, concebidos e executados em registros diversos, mas convergindo para uma certa "idéia expandida" de cinema. O desenho museográfico fica no limite da ambientação que felizmente antecede a cenografia, reconfigurando a escala do espaço do IC e servindo bem à leitura dos trabalhos.
Há como que o ativamento, em certo grau, de uma experiência de encantamento - embora "não-tematizada" ou buscada deliberadamente - como há tempos eu não experimentava...

Minhas saudações enfáticas ao Roberto e equipe pelo projeto [que aliás, e talvez sintomaticamente, não possui créditos oficiais de "curadoria"].

Guy A.

Posted by: Guy A. at novembro 15, 2008 2:24 PM

Ola Guy
obrigado pelas suas palavras de elogio à exposição. Fico feliz que você tenha notado um dos aspectos que me pautei para a escolha das obras: a questão da poética da visualidade que todas elas suscitam, sejam em suas propostas narrativas, sejam em seus apelos sensorias.
abs
Roberto Cruz

Posted by: Roberto Cruz at novembro 16, 2008 9:47 PM

OLá!gostaria de uma opinião de alguem experiente no assunto.

Passando pelo centro do Rio,vi a venda em camelos um filme de 20 minutos chamado cara e coroa,com um diretor,que nunca ouvi falar"leo Colle"
o que me intriga é que em viagem a sp,o mesmo filme estava a venda e o mesmo em Vitori,e Bahia.em conversa com um "amigo" camelo o mesmo me disse ter vendido mil copias em um final de semana.me responda estamos em uma nova era no cinema,ou é uma consagração popular? vendo que um filme de 20 minutos esta a venda por dez reais,junto com lançamentos,e se espalhando por toda parte.

Posted by: marcio at novembro 28, 2008 4:41 AM
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