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novembro 4, 2008
Mamberti presidirá Funarte, que vai para Brasília, por Isabel Braga, O Globo
Mamberti presidirá Funarte, que vai para Brasília
Matéria de Isabel Braga, originalmente publicada no Globo no dia 1 de novembro de 2008
Ministro da Cultura, Juca Ferreira anuncia mudança da direção do órgão, mas estrutura do Rio será mantida
Ao anunciar ontem a escolha do ator Sérgio Mamberti para presidir a Fundação Nacional das Artes (Funarte), o ministro da Cultura, Juca Ferreira, avisou que vai transferir a direção do órgão do Rio para Brasília. Segundo o ministro, a Funarte precisa ter uma atuação nacional, e é importante que os dirigentes fiquem próximos do ministério. Ferreira avisou, no entanto, que os funcionários que trabalham no Rio serão mantidos no estado.
- Uma das características de hoje é a falta de representação da direção da Funarte aqui. O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) é forte no Rio, mas a direção é aqui em Brasília. A qualquer momento o Iphan, a Palmares (Fundação Cultural) entram na minha sala, participam de reuniões. A Funarte não pode ficar distante do corpo dirigente do ministério - disse Ferreira.
Para minimizar reações à transferência, o ministro confirmou a manutenção da estrutura de funcionários no Rio: - Isso não implica a transferência de funcionários do Rio. Eles ficarão lá. O Rio é um centro importante, a gente quer fortalecer a Funarte em São Paulo, em Minas e em outros estados. O importante é pensar grande e não desorganizar o que está organizado.
Missões de Mamberti serão fortalecer e ampliar Funarte Segundo o ministro, o fortalecimento e a ampliação da Funarte serão a grande missão de Mamberti, e ele contará com o apoio de todos do ministério.
Ferreira reconheceu que as políticas para as artes estão aquém do que o setor necessita.
Para modificar isso, ele disse que vai fortalecer as diretorias da Funarte (dança, teatro, música). Cada diretor fará a interlocução com sua respectiva área e terá autonomia de ação.
O ministro disse ainda que os problemas com os funcionários estão superados.
Mamberti, como informou Ancelmo Gois em sua coluna, assume a pasta que era ocupada por Celso Frateschi, que manteve uma relação conturbada com os funcionários e enfrentou uma greve de 105 dias.
No último dia 6, Frateschi pediu demissão do cargo, depois que uma reportagem do GLOBO mostrou a aprovação recorde de um projeto de um grupo de teatro de parentes dele.
O ministro da Cultura disse que criará um conselho da Funarte, formado por pessoas notáveis, para aconselhar e criticar ações do órgão.
Os integrantes não serão remunerados.
É preciso ampliar o orçamento
Sérgio Mamberti defende ampliação de recursos para a área cultural
Sérgio Mamberti defendeu ontem a ampliação de recursos para a área cultural e disse que o ministério atualmente já recebe cerca de dois mil projetos por mês, ou quase 24 mil por ano. Os poucos recursos e o número reduzido de funcionários inviabilizam o atendimento de todas as demandas. Ele afirmou que já há um trabalho de desburocratização do atendimento dos pedidos: - É preciso ampliar o orçamento de tal forma que se permita a institucionalização do fomento - disse.
Juca Ferreira também reclamou da falta de recursos orçamentários da Funarte. Em 2008, o orçamento foi de R$ 58 milhões, mas só R$ 20 milhões para projetos.
Para Mamberti, a criação de agência de fomento do teatro, a exemplo da agência de cinema (Ancine), não é a melhor alternativa.
Ele afirmou, no entanto, que essa e outras idéias estão em debate com os integrantes do setor e que algo precisa ser feito para que o setor saia da situação de “pires na mão”.
Para assumir a presidência da Funarte, o ator deixa a secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. Seu primeiro cargo no governo Lula foi secretário de Artes Cênicas e Música.
Mamberti, de 69 anos, é formado pela Escola de Artes Dramáticas de São Paulo e já participou de mais 70 espetáculos teatrais, 38 filmes e 26 novelas.
Juca Ferreira defendeu ontem a adoção de um sistema de cotas para meia entrada em espetáculos culturais. Segundo ele, hoje em dia o preço de cinema e espetáculos está muito alto, porque há muitas carteiras de estudante falsificadas, que inviabilizam a situação.
- A meia entrada, do jeito que está hoje, é insustentável.
Poderíamos adotar, por exemplo, o que há na França, uma cota mínima de 30% para meia entrada, ou 40% - disse Ferreira.
Para ele a outra alternativa, de estabelecer dias para aceitação de meia-entrada (excluindo finais de semana e feriados), prevista em projeto que tramita no Senado, não é a melhor: - Não sou a favor de acabar com a meia entrada. A cota garante o direito e a sustentabilidade do espetáculo. Mas essa é uma questão do Ministério da Educação.
Com a saída da direção da Funarte do Rio as artes visuais , no Estado e no Município , ficarão sem apoio oficial ... já que nem Estado nem o Município se interessam muito por essa área , basta ver o que acontece nos centros culturais , institutos , etc ... Uma vergonha ...
Posted by: Paulo Mendes Faria at novembro 8, 2008 2:36 PM