|
outubro 17, 2008
Tate Modern abre retrospectiva de Cildo Meireles, O Globo
Tate Modern abre retrospectiva de Cildo Meireles
Matéria originalmente publicada no Globo no dia 16 de outubro de 2008
Museu em Londres reúne obras emblemáticas do artista, como ´Desvio para o vermelho´ e ´Missão/Missões´
O artista plástico Cildo Meireles inaugurou anteontem uma retrospectiva na Tate Modern, em Londres, com obras pouco vistas por aqui, ainda que ele seja reconhecidamente um dos maiores nomes da arte nacional. A exposição faz um caminho pela trajetória de Cildo desde o fim dos anos 1960, momento em que ele se destacou como um artista conceitual, motivado pelas questões políticas brasileiras. E chega até 2004 através de 80 obras, mostrando que esse envolvimento político nunca foi panfletário, mas vinculado a questões formais, estéticas
Instalações antológicas não serão reunidas no Brasil
Com curadoria do espanhol Vicente Todoli, diretor da Tate, e co-curadoria do britânico Guy Brett, a mostra exibe algumas das instalações monumentais de Cildo, como “Desvio para o vermelho”, na qual um quarto e todos os seus objetos são pintados de vermelho, enquanto tinta e água vermelha escorrem de outros ambientes; e “Missão/Missões (como construir catedrais)”, em que cerca de dois mil ossos no teto se comunicam, por um fio de hóstias, a um tapete de 600 mil moedas. O trabalho se refere às missões dos jesuítas na América do Sul, que causaram a morte de milhares de índios.
Outras obras importantes de Cildo são exibidas, como “Eureka/Blindhotland”, adquirida pela própria Tate no ano passado, “Volátil”, “Fontes” e “Babel”, uma torre de aparelhos de rádio de modelos e tamanhos diversos, sintonizados ao mesmo tempo em diferentes estações. A Tate vai receber ainda, no próximo dia 25, uma versão de “Malhas da liberdade”. E Londres terá outra obra de Cildo, no Chelsea College of Art & Design, que a partir do dia 21 exibe “Ocasião”, inédita no Brasil. A mostra na Tate seguirá para Barcelona, Houston, Los Angeles e Toronto, mas é muito cara para ser realizada no Brasil. Em 2010, Cildo fará outra grande exposição, no Museu Reina Sofía, em Madri, fruto do Prêmio Velázquez de artes plásticas, recebido este ano.
Arte brasileira ocupa vários espaços londrinos
Seis nomes estrearam este mês
Além de Cildo Meireles, muitos outros artistas brasileiros expõem, neste momento, suas obras de arte em Londres. No dia 3 deste mês, foram inauguradas instalações de Rivane Neuenschwander na South London Gallery. O destaque é um site-specific chamado “Suspension point” que dividiu o salão principal da galeria em dois pisos e, num deles, criou um ambiente mágico que evoca montanhas, luas e chuva. Fica lá até 23 de novembro.
Desde o último sábado, a instalação “Drive thru #1”, de Matheus Rocha Pitta, está em exibição na Sprovieri Gallery. Nela, o artista se apropria de uma paisagem e a movimenta fazendo com que um carro parado atravesse uma fronteira. No mesmo dia, ocorreu a vernissage do carioca Marcos Chaves na Butcher’s, marcando sua estréia na capital inglesa. Ele apresenta o vídeo “Laughing mask”, em que sua cabeça flutua numa tela negra usando uma máscara que cobre sua boca. O vídeo fica exposto 24 horas por dia, durante os sete dias da semana, visível para quem passa na rua.
Ontem, a embaixada do Brasil em Londres inaugurou a coletiva “Landscapes in perspective”, na Gallery 32, reunindo trabalhos dos brasileiros Fabiano Marques, Fernanda Chieco e Victor Lema Riqué e dos britânicos Matt Lewis e duo FrenchMottershead. Esses artistas participaram (ou estão participando) do Artist Links, programa residência artística do British Council entre Brasil e Inglaterra.