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maio 25, 2007
Presidente da Bienal teve lucro, afirma relatório, por Mario Cesar Carvalho e Fabio Cypriano, Folha de São Paulo
Presidente da Bienal teve lucro, afirma relatório
Matéria de Mario Cesar Carvalho e Fabio Cypriano, originalmente publicada na Folha de São Paulo, no dia 25 de maio de 2007
Conselheiro diz que ganho teria superado, em muito, "as mais rentáveis aplicações financeiras"; empresário contesta
Documento cita caso de empréstimo em que Pires da Costa teria lucrado 150%; empresário disse ter perdido recursos com operações
O empresário Manoel Pires da Costa teve ganhos na compra de duplicatas e nos empréstimos que fez à Fundação Bienal, da qual é presidente, segundo relatório feito por um conselheiro da instituição, Carlos Francisco Bandeira Lins.
"[...] Parece claro que o ganho obtido pelo ilustre presidente da Fundação Bienal teria superado, em muito, o que se poderia obter nas mais rentáveis aplicações financeiras", diz o relatório, obtido pela Folha. Pires da Costa contesta o relatório (leia abaixo).
A Folha revelou na última terça-feira que uma empresa do empresário, a Santa Rita, comprou duplicatas que a Bienal tinha a receber de clientes que alugaram espaços para feiras e eventos. Ele disse que havia pago R$ 2,4 milhões por 50 duplicatas, mas alegou que seria difícil calcular o quanto o preço desses títulos fora reduzido, já que os prazos de vencimentos eram variados. Informou que cobrara taxa de juros de 4,5% ao mês e que perdera recursos com as operações.
A reportagem da Folha revelou também que Pires da Costa contratara para a Bienal uma empresa de paisagismo de sua mulher e uma corretora de seguros de seu genro.
Já era conhecido um dos negócios de Pires da Costa com a Bienal. A TPT Comunicações, da qual ele é sócio, recebeu cerca de R$ 2 milhões por 30 edições da revista "Bien'Art" e R$ 470 mil para fazer o projeto.
O estatuto da Bienal veta qualquer negócios entre o presidente e a fundação.
Ganhos do presidente
No relatório, Bandeira Lins diz as duplicatas valiam R$ 2.360.067,27 e foram vendidas para a empresa de Pires da Costa por R$ 2.023.536,94 -a Santa Rita teve um ganho bruto de R$ 338.530,33. Bandeira Lins cita duplicatas que foram vendidas com juros de 7% e 5,6%. Para ele, a taxa média supera sempre os 4,5%.
O ganho líquido será calculado por uma auditoria a ser contratada por uma comissão de ex-presidentes da Bienal. Pires da Costa foi reeleito presidente da Bienal pela terceira vez, no dia 19 de abril, com uma condição: um grupo ex-presidentes teria de analisar suas contas.
Pela primeira vez na história da Bienal, a comissão fiscal rejeitou as contas de um presidente. Por causa do impasse, Pires da Costa foi reeleito, mas pode não ser empossado. No dia 12 de junho, uma reunião extraordinária do conselho decidirá o seu futuro.
O relatório de Bandeira Lins também contesta a versão de Pires da Costa de que emprestava recursos à Bienal com a taxa de 4,5% ao mês. Em um contrato de R$ 500 mil, de setembro de 2002, "o ganho financeiro (...) terá beirado os 150%".
O arquiteto Carlos Bratke, presidente da Bienal que antecedeu Pires da Costa na fundação, apresentou à Folha dados de seis empréstimos que fez entre 2000 e 2001 à instituição -eles somam R$ 311.637,37.
Nos dois primeiros, a taxa de juros era de 1% ao mês mais IGPM (Índice Geral de Preços ao Consumidor, que mede a inflação). Nos outros cinco, a taxa era de 1% ao mês, sem correção. Ele diz ter perdido R$ 124,8 mil com essas operações.
Bratke também contesta a versão de Pires da Costa de que a fundação estava quebrada em 2002. Segundo ele, havia um problema de fluxo de caixa: faltavam recursos no momento, mas havia uma previsão. Uma delas era uma emenda parlamentar da Câmara dos Deputados, de R$ 8,211 milhões.
"A Bienal sofre cronicamente do problema de fluxo de caixa, mas não estava quebrada."
Bratke diz que só contratou a empresa da mulher de Pires da Costa, Ana Lucia Barreira Margutti, porque o empresário a "impingiu". "Tive que engolir porque ele ia emprestar dinheiro para a Bienal. Ele deveria ter interrompido o contrato com a mulher, no mínimo por uma questão de ética."
Ao apontar a suposta quebra da fundação em 2002, Pires da Costa tenta fugir de suas responsabilidades, segundo Bratke. "Se alguém está maculando a imagem da Bienal, é ele. Há galerias e artistas no exterior que não querem mais trabalhar com a Bienal porque não conseguem receber".
Tem outra noticia cheirando mau com relação à cultura que está na pauta do senado em Brasília, nossos senadores estão prestes por aprovar uma emenda em que os templos religiosos poderão ser beneficiados pela lei do mecenato a tal Lei Rouanet.A emenda está contida em um projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus) que incluiria as igrejas entre as beneficiárias do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Leia sobre o fato no link: http://www.senado.gov.br/JORNAL/noticia.asp?codEditoria=21&dataEdicaoVer=20070502&dataEdicaoAtual=20070508&nomeEditoria=Plen%E1rio
Bem, isso é mais uma manobra para facilitar ganhos milionários ao terceiro setor e lavar dinheiro sujo legalmente "dentro da lei".
Na minha opinião a aprovação dessa emenda na "Lei Rouanet" irá dificultar e comprometer projetos mais importantes para a aprovação do Minc. na área da cultura que visam não só o fomento da nossa diversidade artística como também os de cunho social na educação, no esporte...etc. Seria uma concorrência desleal e absurda, pois, o time das grandes empresas que tem em seus departamentos de marketing, uma significativa quantia de verbas dotadas aos projetos aprovados pelo Minc. teriam agora mais um nicho interessante para divulgar suas marcas e produtos... Templos religiosos já recebem, de certa maneira, recursos de seus fieis e gordas doações...!!!
A Lei Rouanet, precisa de reformulações, pois, do ponto de vista artístico deixa muito a desejar, quase nada está sendo feito, ao contrário disso
temos um crescimento absoluto de empresas de eventos e gestores culturais que se fartam dos recursos da Lei do Mecenato, fazendo dessa atividade um corredor de evasão de impostos, o chamado caixa 3. Os nossos senadores deveriam estar discutindo esses buracos que Lei
Rounet proporciona e não os interesses de políticos que colocam a religião como pano de fundo...!!! Sou contra, totalmente contra, assinei o abaixo-assinado no link :http://www.petitiononline.com/cult2007/petition-sign.html
Se lhe interessa exterminar com os cupins e só usar as armas da internet.
Ta dado o recado...
Roberto Silva/artista plástico