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abril 13, 2007
Museu que cresce via coleção privada, por Suzana Velasco, Jornal O Globo
Museu que cresce via coleção privada
Matéria de Suzana Velasco, originalmente publicado no Jornal O Globo, no dia 11 de abril de 2007
Aquisições de Chateaubriand atualizam o acervo do MAM, ainda sem recursos para compras
Como já é tradição anual, o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio apresenta, a partir de hoje, uma seleção das últimas aquisições de Gilberto Chateaubriand, cuja coleção está em comodato com o museu desde 1993. O colecionador adquire uma média de 300 obras de arte a cada ano, mantendo, assim, o acervo do museu como um dos maiores e mais atualizados do país. Segundo o diretor do MAM, Hélio Portocarrero, o museu não tem comprado peças por falta de recursos financeiros, mas pretende formar, já no ano que vem, um fundo para adquirir obras, com foco no período concretista, que, segundo o diretor, é no que a coleção tem falhas.
- Estamos num processo de recuperação financeira do MAM, conseguindo finalmente equilibrar as reservas - afirma Portocarrero. - À medida que nós formos acumulando, faremos um fundo de reservas e um subfundo para aquisições. O problema financeiro do museu é antigo e, como prática, ele não é comprador há mais de uma década. Não estamos adquirindo, mas precisamos adquirir, para ter uma coleção mais abrangente, até para compor a coleção do Gilberto com as peças que pertencem ao museu.
Exposição mostra constante atualização da coleção
A exposição "Novas aquisições 2006/2007 - Coleção Gilberto Chateaubriand" traz trabalhos de 128 artistas, quase todos representados por uma obra cada um. A maioria, obras dos anos 2000, de jovens artistas, como Cadu, Maria Nepomuceno, Ding Musa, Rodrigo Matheus. Mas há também trabalhos mais antigos como litografias de 1982, de Monica Barki, e um nanquim de Maria Helena Andrés, de 1959. Há um pouco de tudo: de pinturas e gravuras a fotografias e grandes instalações. O vídeo "O homem coisa", performance de Daniel Toledo na inauguração da mostra, também será exibido na exposição.
- É um recorte de obras, mas não de artistas - diz Fernando Cocchiarale, curador da mostra ao lado de Franz Manata. - Na verdade, a curadoria quem fez foi o Gilberto, adquirindo as obras. Harmonizamos na montagem essas escolhas, que são muito plurais. Em termos de meios, há muitos trabalhos em fotografia, que é uma tendência contemporânea, objetos, mídias técnicas.
Segundo Cocchiarale, a coleção cresce com a velocidade e os critérios unicamente de Chateaubriand, que tem total liberdade e, mais que isso, confiança do museu.
- As aquisições do Gilberto são de escolha dele. Ele eventualmente nos consulta, a gente sugere, mas a curadoria não interfere - diz Cocchiarale. - O MAM tem o privilégio de a coleção crescer via Chateaubriand. É um caso, se não único, raríssimo entre os museus brasileiros.
MAM diz que enviou projeto de aquisição
O diretor do MAM, Hélio Portocarrero, afirma que o museu tentou financiamento com a Caixa Econômica Federal, no ano passado, para adquirir obras. A instituição havia informado ao GLOBO que não recebera qualquer projeto de aquisição.
- Enviamos o projeto, mas não fomos contemplados. Em arte moderna brasileira, temos a melhor coleção do país. Mas, embora muito boa no neoconcretismo, nossa coleção é falha no movimento concretista - diz o diretor, que prevê, já para 2008, uma exposição permanente de arte moderna nacional no museu.