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fevereiro 7, 2007
Solange Farkas é a nova diretora do MAM Bahia, por Chico Castro Jr.
Solange Farkas é a nova diretora do MAM Bahia
Matéria de Chico Castro Jr., originalmente publicada no Jornal A Tarde, no dia 6 de fevereiro de 2007
A nova diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia, a feirense Solange Farkas, terá muito a fazer quando assumir o cargo para o qual foi nomeada pelo secretário de Cultura Marcio Meirelles . Diretora e curadora do Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil e pioneira no mapeamento da produção de arte eletrônica, ela pretende trazer esse background específico e o livre trânsito no circuito internacional das artes para sua administração, e com isso, "trabalhar sob uma nova perspectiva e fazer do MAM uma instituição menos convencional", promete.
Antes de botar a mão na massa, contudo (o dia da posse ainda não foi marcado), Solange planeja implementar um minucioso "levantamento da situação atual do museu, as condições técnicas e físicas, de conservação, catalogação e inventariado". A instituição ainda tem uma agenda comprometida pela administração anterior até julho, tempo que a diretora pretende usar para agilizar esse processo todo.
Concluído o mapeamento do acervo, uma das primeiras ações de Solange será seguir uma sugestão de Meirelles: promover mostras itinerantes pela capital e pelo interior. "Vamos preparar o acervo para isso. É um material muito grande, sem um levantamento adequado, mas queremos fazê-lo circular por Salvador e, principalmente, pelo interior do Estado, o que é uma prioridade para o secretário", acrescenta.
LOCAL DE REFLEXÃO - Solange pretende fazer uma "gestão mais horizontalizada". "Quero trabalhar com uma equipe, uma comissão que pense determinadas áreas do museu comigo", garante. Para ela, o MAM-BA, mais do que um espaço de contemplação de obras, deve ser um "local de reflexão, um espaço de formação de crítica, de público e mesmo de artistas e curadores", define. Para isso, a nova diretora diz que vai incentivar a realização de oficinas que "abram para outras linguagens e novos horizontes".
Sobre as críticas à administração passada, de que o MAM era mais um espaço hospedeiro para outras exposições do que um realizador delas, Solange prefere não opinar, pois ainda está se inteirando sobre seu histórico recente.
"Mas com certeza, pretendo me aproximar da cena artística local. Vamos procurar olhar trabalhos que se encaixem dentro desse conceito de expandir as linguagens", diz. Os artistas locais terão prioridade na programação do museu, pois "o lugar dos artistas baianos é no MAM.
Ele tem que voltar a ser o espaço de convivência da classe artística baiana. Queremos estimular cada vez mais a produção e o garancício da prática das artes na Bahia", promete Solange Farkas.
Quanto ao Salão da Bahia, concurso anual promovido pelo MAM-BA e que era objeto de críticas graves, incluindo favorecimento dos mesmos artistas todos os anos, os quais basicamente, se revezariam nos primeiros lugares, ela se limita a dizer: "Estou analisando o Salão. Inclusive, para que ele volte a ter a importância que tinha na Bahia e a ressonância que provocava fora dela.
Vamos tentar fazer com que esses vícios - se é que eles existem - sejam expurgados".
ARTE MODERNA - Como diretora do conceituado Videobrasil, Solange quer dar ao MAM um lugar de ponta dentro do conceito de arte contemporânea. Ela garante, contudo, que não haverá qualquer "supremacia de uma forma de arte sobre outras, mas é certo que haverá um olhar para essas tendências contemporâneas, independente do suporte na qual [a obra] for concebida".
Para ela, "hoje o vídeo está totalmente inserido nas artes plásticas.
O que caracteriza a produção de arte contemporânea é a utilização de novas tecnologias.
O vídeo é um suporte, uma ferramenta para a prática artística, e nossa intenção é abrir o museu para a produção dos artistas locais com essas tecnologias".
Com isso, Solange espera aumentar a visibilidade do MAM-BA, "inclusive no circuito internacional, em que tenho uma penetração razoável", diz.
Quem espera um aumento no acervo permanente, porém, deverá esperar um pouco mais: "Enquanto não existirem as condições ideais de conservação do acervo, não haverá política de aquisição de novas obras e sim, de conservação das que já existem", conclui Solange.