|
maio 3, 2006
BB cancela a exposição "Erotica" em Brasília por Mario Cesar Carvalho
BB cancela a exposição "Erotica" em Brasília
Matéria de Mario Cesar Carvalho originalmente publicado na Folha Online em 3 de maio de 2006
Depois de três reuniões tensas, realizadas entre a semana passada e ontem, a direção do Banco do Brasil decidiu cancelar a exposição "Erotica - Os Sentidos na Arte" em Brasília. O motivo do cancelamento é o impasse causado pela censura a uma obra da artista plástica Márcia X que mostra dois pênis cruzados feitos com rosários religiosos. A mostra, que passou por São Paulo e pelo Rio, seria inaugurada no próximo dia 15.
Os diretores do Banco do Brasil não aceitaram a reintegração do trabalho de Márcia X na exposição. Com isso, colecionadores e artistas como Rosângela Rennó e Franklin Cassaro ameaçavam retirar suas obras da exposição. Não houve acordo.
"O Banco do Brasil lamenta esse desfecho, mas o considera um fato isolado, ao tempo em que ratifica sólido apoio à difusão da arte e da cultura, sempre com respeito à pluralidade e à diversidade", diz uma nota emitida pelo banco.
"Desenhando em Terços", o trabalho de Márcia X (1959-2005), foi retirado da mostra no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) do Rio no dia 19 de abril por causa das pressões de um grupo católico chamado Opus Christi. O Banco do Brasil diz ter recebido cerca de 800 e-mails com críticas à exposição, numa corrente coordenada pela Opus Christi.
A Folha apurou que religiosos da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) ligaram para diretores do banco e ameaçaram incluir a questão da obra de Márcia X em seus sermões. Grupos religiosos fizeram ameaças de encerrar contas e promover um boicote ao BB.
O conselho diretor do banco, formado pelo presidente e por sete vice-presidentes, julgou que havia uma ameaça à marca e aos negócios e optou pela censura. O temor principal era que o boicote adquirisse as proporções de uma bola de neve.
Ação judicial
O artista plástico Ricardo Ventura, viúvo de Márcia X, acha que a decisão do BB dará uma projeção que a obra talvez não tivesse se a exposição em Brasília fosse mantida: "Se o Banco do Brasil queria evitar que a obra fosse divulgada, o tiro saiu pela culatra. Já tem site na China comentando a censura ao trabalho".
O grupo de artistas ligado à galeria A Gentil Carioca, que coordenou o protesto contra o CCBB do Rio no último sábado, continuará a exigir que o banco faça uma retratação pública e assuma publicamente que praticou censura, segundo Márcio Botner.
"Se não houver a retratação, vamos processar o banco", anuncia Botner. "É chocante que o BB se dobre à pressão de um grupo obscurantista de católicos."
Um abaixo-assinado contra a censura à obra de Márcia X tem 800 assinaturas e o cancelamento da mostra em Brasília tende a aumentar o número de adesões, de acordo com ele.
Os artistas querem que o CCBB tenha autonomia para decidir as suas exposições.
A advogada da causa já foi escolhida. Trata-se de Deborah Sztajnberg, professora da Fundação Getúlio Vargas e do Ibmec, ambos no Rio. Será uma ação indenizatória, segundo ela, com o objetivo de "reparar os danos causados à imagem de Márcia X por essa decisão autoritária".
A ação será impetrada em nome de Ricardo Ventura, herdeiro da artista. "É um pesadelo, é um horror ter de recorrer à Justiça por causa disso, mas não podemos ficar quietos", diz ele.
Curiosa a postura da presidência do CCBB ao declarar que a retirada da obra da Marcia X é um fato isolado. Ou será que ele se referiu à censura da obra? Confuso e lamentável.
O que é isto? Será de que grão em grão a galinha não enche mais o papo?
Vamos de exposição em exposição praticando atos de censura num país que cada dia fica mais imbecilizado?
Lamentável!!! Uma das exposições mais interessantes que já vi (em São Paulo) não vem mais à Brasília. Como moradora da cidade e professora de uma faculdade de artes tenho muito a lamentar. Não seja por isso, pelo menos o trabalho de Marcia X já foi discutido e debatido em sala. A sala de aula ainda é um dos espaços para discussão e debate, já os centros culturais...muito engraçadinhos, arrancam toneladas de dinheiro com a desculpa dos educativos em museus, e educação que é bom NADA! Nunca vi um ato de censura que seja paltado na Pluralidade, diversidade, difusão da arte e da cultura! É pra rir? Tá parecendo brincadeira! Com quem eles acham que estão falando? Idiotas?
Posted by: Clarissa Borges at maio 3, 2006 6:15 PMJá comentamos muito sobre essa decisão infeliz da "presidência do Banco do Brasil" e não do CCBB. Que fique claro isso! Não podemos atribuir essa infelicidade de atitude à gestão do CCBB...e sim do BB.
Sendo assim...acho que temos que conntinuar dando crédito ao CCBB. Mas deveríamos começar a fazer algum tipo de demonstração da força desta sociedade insatisfeita com a dita atitude.
Vamos retirar nossas contas desse banco...deixar de fazer os ourocaps e seguros... temos que falar essa linguagem econômica tb. Eles só entendem esse tipo de linguagem!
Posted by: Bruno Tupan at maio 3, 2006 10:53 PMA questão é o BB. Não suportou a pressão simplesmente pq vem da ala mais rica e reacionária da Igreja Católica, a Opus Dei, "mãe" da Opus Cristhi, que representa as famílias proprietárias dos bancos do Vaticano.
É pouco ou querem mais?
A questão é o BB. Não suportou a pressão simplesmente pq vem da ala mais rica e reacionária da Igreja Católica, a Opus Dei, "mãe" da Opus Cristhi, que representa as famílias proprietárias dos bancos do Vaticano.
É pouco ou querem mais?
concordo com a fabiana Eboli. Pois o que a márcia X propôs em seu trabalho é pura verdade! E essa seita tende a esconder num sei o quê, onde a notícia já está a tona.
Vamos pressionar!
sem comentário....
sem surpresa....
sem esperança....
os centros culturais imitam a vida:
tudo se resume em comércio e violência.
o que esperar de um país à deriva
onde funcionários de bancos
definem a agenda cultural?
obrigado, querida Márcia, mais uma vez você desnudou o rei. Você é X!