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abril 24, 2006
Maioria dos internautas não concorda com a retirada de obra polêmica do CCBB-RJ
Maioria dos internautas não concorda com a retirada de obra polêmica do CCBB-RJ
Matéria, originalmente publicada no Extra/Globo Online
RIO - Em uma votação apertada, a maioria dos leitores do Globo Online discordou da retirada do quadro "Desenhando em terços", da artista plástica Márcia X., da mostra "Erotica - Os sentidos na arte". Dos 992 internautas que participaram da pesquisa, 57,86% disseram que a retirada da obra do Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio de Janeiro, não foi justa.
Cerca de 42% dos internautas concordaram com a retirada do quadro, que contém dois terços formando dois pênis em cruz e deu origem à polêmica com os católicos.
A obra foi retirada da mostra na terça-feira, por decisão do próprio centro cultural, depois que um empresário a considerou ofensiva à religião católica. Na quinta-feira, artistas fizeram um protesto em frente ao CCBB contra o que consideraram um ato de censura.
Outra obra da mostra estava ameçada de ser retirada. Nesta sexta-feira, a Justiça acabou negando o pedido do grupo Opus Christi para que o quadro de Alfredo Nicolaiewsky, que mostra uma imagem de São Jorge ao lado de um homem com a mão dentro da cueca, fosse retirado da exposição.
No entanto, o presidente da entidade, João Carlos Rocha, diz que a decisão da desembargadora Karen Amaral, do plantão judiciário, não vai fazê-los desistir.
- Vamos entrar com uma ação no Tribunal de Justiça na segunda-feira, pedindo que todas as peças com símbolos religiosos católicos fiquem fora da exposição - afirmou João Carlos.
Em entrevista ao jornal "Extra", o artista plástico Alfredo Nicolaiewsky negou que seu quadro com São Jorge tenha caráter religioso.
- Fiz dois trabalhos com temáticas religiosas, acompanhados de corpos masculinos. São referências à cultura popular e à família. Não tem um caráter especificamente religioso.
O artista diz que a polêmica é ruim para todos.
- Acho muito triste uma coisa dessas estar acontecendo. A atitude dessa entidade católica, que entrou na Justiça, é retrógrada e extremamente reacionária.
A exposição no CCBB continua lotada. A maioria dos freqüentados do centro cultural é a favor da liberdade de expressão e não vê problemas em crianças visitarem a mostra.
No entanto, uma freqüentadora do CCBB proibiu o filho de ver a exposição. A auxiliar técnica Bertha Pinheiro, de 41 anos, foi ao CCBB na tarde desta sexta-feira com o filho Rodrigo, de 12 anos. Os dois visitaram todas as mostras, menos a "Erotica".
- Disseram que não era recomendado para menores de 18 anos. E eu realmente não gostaria que meu filho visse. Como cristã, achei certa a decisão de retirar o quadro com os terços da mostra. Um símbolo religioso associado ao sexo, para mim, é chocante - disse Bertha.
A opinião de Bertha, no entanto, não encontrou eco entre outros freqüentadores do centro cultural.
- Se o homem foi feito à imagem e semelhança de Cristo, os católicos estão negando sua essência quando pedem a retirada de um quadro que mostra uma parte do corpo do homem - afirmou a médica Denise Freitas, de 60 anos.
Para a agente administrativo Adriana Ferreira, de 35 anos, o quadro não faria mal nem aos menores:
- As crianças assistem a imagens sexuais de forma muito mais ofensiva na TV, por exemplo.