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maio 20, 2004

Mazeredo X Amilcar

Emeio enviado por Patricia Canetti para os jornais O Globo e Jornal do Brasil em 20 de maio de 2004.

Caros Jornalistas,

Vi nessa matéria na Folha de sábado (reproduzida abaixo) que o nosso Secretário de Cultura, Ricardo Macieira, depois dele mesmo ter arrombado o Espaço Público Carioca, resolveu colocar a tranca e inventou uma Comissão de Proteção da Paisagem Urbana da Cidade do Rio de Janeiro, formada por 14 pessoas.

Gostaria de pedir a vocês que investiguem os propósitos de nosso Secretário e de nossa Comissão, que por ter sido criada em período de eleições, parece querer separar as atitudes desse mesmo governo e criar um factóide para que se apague os demandos do mesmo Secretário nessa área.

Tenho curiosidade de saber o que pensam os participantes dessa Comissão a respeito das obras da escultora Mazeredo.

Agradeço desde já um posicionamento desse jornal em defesa de nossa cidade e da verdade, tão necessária no momento em que temos que julgar as ações do governo que aí está e que pretende se reeleger.

Patricia Canetti


Matéria originalmente publicada na Folha de São Paulo no sábado, dia 15 de maio de 2004.

PATRIMÔNIO PÚBLICO - Comissão irá avaliar novos pedidos e opinar sobre monumentos

Rio definirá destino de estátuas

LUIZ FERNANDO VIANNA DA SUCURSAL DO RIO

Entre estátuas, monumentos e peças contemporâneas, há cerca de 500 esculturas nas ruas do Rio. O destino delas e dos novos projetos de intervenção nos espaços públicos está, a partir de agora, nas mãos de 14 pessoas. O secretário municipal das Culturas, Ricardo Macieira, criou, por decreto, a Comissão de Proteção da Paisagem Urbana da Cidade do Rio de Janeiro.

Em reuniões mensais, a comissão avaliará os pedidos que chegam à prefeitura, proporá temas e locais para novas esculturas e poderá opinar sobre os monumentos e obras que já estão instalados na cidade.

"Vamos discutir critérios para as intervenções artísticas, algo de que o Rio precisava há muito tempo", diz Macieira, que presidirá a comissão.

Ele está acabando de fazer os convites, mas já lista os nomes: Paulo Herkenhoff, diretor do Museu Nacional de Belas Artes; Lauro Cavalcanti, diretor do Paço Imperial; Fernando Cocchiarale, curador do Museu de Arte Moderna; Luciano Figueiredo, diretor do Centro de Artes Hélio Oiticica, entre outros.

"A idéia é muito boa, porque nunca houve uma política consistente em termos de qualidade e planejamento para as esculturas", diz Luciano Figueiredo.

"A idéia da comissão é excelente", apóia o escultor Ascânio MMM, para quem o grupo deve preferir esculturas a estátuas. "Esta cidade já está cheia de estátuas, algumas lamentáveis. É preciso avaliar bem as ofertas."

Macieira pensou na comissão após rejeitar projeto de monumento para os Jogos Pan-Americanos de 2007, pedido pelo Comitê Olímpico Brasileiro.


Matéria originalmente publicada no jornal O Globo na quinta-feira, dia 20 de maio de 2004.

Tribuna da arte pública

DANIELA NAME E PAULO HENRIQUE FERREIRA

A prefeitura anunciou esta semana a criação de uma comissão para julgar os projetos de esculturas públicas apresentados para a cidade. O grupo, presidido pelo secretário municipal das Culturas, Ricardo Macieira, e composto por 15 artistas, arquitetos e críticos de arte, vai avaliar se cada peça tem qualidade estética e se é adequada urbanisticamente.

Macieira afirma que a comissão foi criada para evitar favorecimentos e também impedir que o município aceite instalar uma obra em lugar nobre apenas porque ela foi patrocinada, saindo a custo zero para a prefeitura. Fontes ligadas à secretaria dizem ainda que a gota d'água para a criação do comitê teria sido a recusa, há 15 dias, da peça "Mãe da paz", da artista Marly Mazeredo, para a Avenida Niemeyer. A obra acabou sendo instalada no Mirante Dois Irmãos.

— Não estou sabendo de nada. Foi uma encomenda de uma entidade contra a violência e a obra só não foi instalada no Mirante do Leblon, na Niemeyer, porque ele é tombado — diz Mazeredo. — É formidável a criação desta comissão. É importante que pessoas da área de artes julguem as obras.

Mazeredo — que tem 15 esculturas em bairros diversos — também recebeu autorização da Secretaria municipal de Esportes e Lazer para a realização de dez obras para as vilas olímpicas que vão abrigar atletas de toda a América durante os Jogos Pan Americanos de 2007. A primeira peça da série já está no Complexo Miécimo da Silva, em Campo Grande.

— Estas esculturas para a Secretaria de Esportes foram fechadas sem qualquer concorrência — diz uma fonte ligada ao prefeito Cesar Maia. — Na hora da aprovação da peça de Mazeredo para a Avenida Niemeyer, houve uma celeuma imensa, já que a artista é muito bem relacionada.

— O projeto de esculturas sobre esporte existe há dois anos e, depois de uma consulta à Secretaria de Esportes e Lazer, foi aprovado pelo RioArte — diz Mazeredo, que conta que a série de esculturas está sendo financiada, através das leis de incentivo, por um grande hotel da cidade.

A nova comissão é formada pelo arquiteto Augusto Ivan, pelos críticos Paulo Herkenhoff, Fernando Cocchiarale, Luiz Camillo Osorio e Luciano Figueiredo; pelos artistas Ernesto Neto, Carlos Zilio, Waltercio Caldas e Otto Dumovic; o marchand Jean Boghici; pelo colecionador João Sattamini e por representantes das secretarias de Educação e Meio Ambiente e da Fundação Parques e Jardins.

Posted by Patricia Canetti at 9:06 PM | Comentários(4)
Comments

Parece que é o "bom" relacionamento da Mazeredo que me obriga a ver diariamente uma escultura de péssimo gosto que leva o nome de Zuzu Angel, há alguns anos. Sempre me perguntei porque não há uma comissão para a escolha de uma obra de arte a ser colocada num local público. Acho uma boa iniciativa esta comissão. Tomara que tirem esta escultura de S. Conrado.

Postado originalmente no Blog do Canal.

Posted by: Zane Garnier at julho 22, 2004 5:47 PM

Há de se pensar na possibilidade dessa comissão estar sendo criada justamente para legitimar escolhas estéticas duvidosas.

Postado originalmente no Blog do Canal.

Posted by: André at julho 22, 2004 5:48 PM

Bem, eu vejo que o Secretário de Cultura carioca,Ricardo Azeredo não tem o direito de fazer o que bem entende do dinheiro do povo, sob pena de denegrir a democracia brasileira e incentivar outras pessoas a praticarem o mesmo. Acredito que nesse caso qualquer cidadão deve, sem dúvida alguma, ingressar com um processo contra ele.Onde é que fica a moral e os bons costumes, o exemplo de homem público honesto, Secretário Ricardo Azeredo? Estou de olho no dinheiro do povo brasileiro, Secretário. Inclusive penso que os 180 milhões de brasileiros, sem exceção, devem também ficar atentos e denunciar a mínima suspeita e fraude, roubo mesmo ou coisa semelhante. É isso, prezado Jornal do Brasil e O Globo.

Postado originalmente no Blog do Canal.

Posted by: Júlio César Farias Domingues at julho 22, 2004 5:48 PM

É difícil imaginar tamanhas doideiras sendo criadas, em oposto à Constituição, para tentar-se apagar, como num suposto golpe moralista autofágico, as outras tamanhas feitas.
"Artistas impedindo Artistas doentiamente."
Jogo de cena para perpetuar a roda de amizade ou de conluio?
A Cidade está cheirando a podre.
Ricardo Macieira é Simão Bacamarte?
Valter Brito

Posted by: Valter Brito at março 21, 2008 10:39 PM
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