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outubro 6, 2019

Entre o Aiyê e o Orun na Caixa Cultural, Salvador

A mostra reúne trabalhos de 14 artistas, ligados às narrativas mitológicas afro-brasileiras

Os mistérios e mitos que existem entre o céu e a terra são o tema da exposição Entre o Aiyê e o Orun, que estreia na Caixa Cultural (Rua Carlos Gomes 57, Centro, Salvador) no dia 9 de outubro, seguindo até 10 de novembro. Num mesmo espaço estarão reunidos trabalhos em técnicas diversas de 14 artistas, em cujas obras as narrativas mitológicas afro-brasileiras estão fortemente representadas. Pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, instalações, vídeos, enfim, as mais variadas expressões, linguagens e técnicas dão forma à exposição. A mostra, que tem entrada franca, poderá ser visitada de terça a domingo, das 9h às 18h.

Sob a curadoria de Thais Darzé, fazem parte da mostra expoentes das artes plásticas como Agnaldo dos Santos (1926-1962), Carybé (1911-1997), Mario Cravo Jr. (1923-2018), Mario Cravo Neto (1947-2009), Mestre Didi (1917-2013), Pierre Verger (1902-1996), Rubem Valentim (1922-1991), Ayrson Heráclito, Caetano Dias, Emanoel Araújo, J. Cunha, Jayme Figura, José Adário e Nadia Taquary. “O eixo conceitual da exposição são os mitos da Criação do Mundo na visão afro-brasileira, dessa forma as obras selecionadas transitam por essa poética”, explica Thais.

Entre o Aiyê e o Orun tem como objetivo colocar em pauta a produção artística afro-brasileira influenciada pela cosmologia yorubana, num movimento de reconhecimento e valorização das nossas matrizes culturais. “Um traço em comum entre os artistas dessa mostra é transitarem no território do sagrado, sagrado esse silenciado, velado e perseguido durante séculos. Sabemos que as manifestações culturais de influência africana eram perseguidas, menosprezadas, e até mesmo proibidas até o início do século XX”, diz a curadora.

Por uma coincidência mística, talvez, sete dos artistas já fazem parte do Orun – que, em Yorubá, representa o eterno, o mundo espiritual, o espaço dos Orixás e Eguns –, e os outros sete estão no Aiyê, o mundo humano, material, segundo as tradições mitológicas afro-brasileiras. “Na visão de mundo afro-brasileira os questionamentos não encontram respostas filosóficas, pois na tradição africana a mitologia conta histórias que narram o início e a razão das coisas. Esses mitos, também chamados de itans dentro do universo cultural afro-brasileiro, formam uma vasta mitologia vinda da África, que criou o modo de ver, vivenciar e sentir o mundo de muitos brasileiros”, diz Thais Darzé.

Através dos trabalhos de nomes reconhecidos internacionalmente, a mostra parte de uma ampla pesquisa que visa à apresentação e ao cruzamento dessas produções, mostrando de que forma são cruciais na trajetória da arte contemporânea afro-brasileira. Além da relevância artística dos trabalhos expostos, ainda se destaca a diversidade de suportes e técnicas apresentadas, exaltando a diversidade da produção artística oriunda da Bahia, berço da cultura africana no Brasil.

O projeto da exposição Entre o Aiyê e o Orun foi aprovado pelo Programa de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural e é uma realização da Janela do Mundo em coprodução com a Hasta La Luna.

Sobre os artistas

Agnaldo dos Santos (Agnaldo Manuel dos Santos)
Ilha de Itaparica, Bahia (1926) - Salvador, Bahia (1962)
A obra de Agnaldo dos Santos é considerada no Brasil como uma continuidade da escultura africana. Antes de se dedicar à escultura, Agnaldo trabalhou como lenhador e fabricante de cal. Seu primeiro contato com o mundo artístico foi como ajudante e aprendiz no ateliê̂ de Mário Cravo Jr. Sua obra é essencialmente produzida a partir da madeira, com peças marcadas por uma grande variedade temática, que incluem a religiosidade afro-brasileira e temas católicos.

Ayrson Heráclito (Ayrson Heráclito Novato Ferreira)
Macaúbas, Bahia (1968)
Artista visual e curador, doutorando em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor do curso de Artes Visuais do Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, Ayrson Heráclito tem uma obra que transita em linguagens como performance, fotografia e audiovisual, lidando com frequência com elementos da cultura afro-brasileira. Recentemente foi premiado pelo Festival de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil com residência artística na Raw Material, em Dakar, Senegal.

Caetano Dias (Alberto Caetano Dias Rodrigues)
Feira de Santana, Bahia (1959)
O início da carreira artística de Caetano Dias foi marcado pela participação no Grupo Interferências, com realização de murais em espaços públicos em Salvador. Desde 1995, ministra curso de pintura nas oficinas do Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM/BA (Salvador BA). Atualmente, sua obra não privilegia um único suporte ou técnica, trabalha com vídeo, pintura, obras tridimensionais, instalação multimídia e fotografia digital.

Carybé (Hector Julio Páride Bernabó)
Lanús, Argentina (1911) - Salvador, Bahia (1997)
Pintor, gravador, desenhista, ilustrador, mosaicista, ceramista, entalhador e muralista, Carybé é um dos grandes nomes das artes plásticas nacionais, retratando a Bahia, sua gente, cultura, costumes e a religiosidade, com o traço inconfundível. Em 1943 realizou sua primeira exposição individual na Galeria Nordiska Kompainiet, em Buenos Aires. Mudou-se para Salvador em 1950 onde participou ativamente do movimento de renovação das artes plásticas, ao lado de Mario Cravo Júnior (1923-2018), Genaro de Carvalho (1926-1971) e Jenner Augusto (1924-2003). Em 1957, naturalizou-se brasileiro. Foi grande parceiro de Jorge Amado e Pierre Verger, ilustrando seus livros.

Emanoel Araújo
Santo Amaro da Purificação, Bahia (1940)
Pintor, desenhista, gravurista e escultor, Emanoel Araújo nasceu numa tradicional família de ourives. Aprendeu marcenaria, linotipia e estudou composição gráfica na Imprensa Oficial de Santo Amaro da Purificação. Fez sua primeira exposição individual em 1959, em Santo Amaro da Purificação. Mudou-se para Salvador na década de 60 e ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura com Henrique Oswald (1918-1965). Foi diretor do Museu de Arte da Bahia , de 1981 a 1983 e em 1988 lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York. Durante dez anos, de 1992 a 2002 foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e dois anos depois fundou o Museu Afro Brasil, do qual é o atual diretor curatorial.

J. Cunha (José Antônio Cunha)
Salvador, Bahia (1948)
Nascido em Salvador em 1948, J. Cunha iniciou seus estudos aos dezoito anos no curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Artista plástico, designer gráfico, cenógrafo e figurinista, participou de importantes bienais de artes plásticas e de exposições individuais e coletivas. Seu trabalho se caracteriza pelo mergulho no imaginário das culturas afro-indígenas e popular nordestina brasileira, através da pesquisa, assimilação e transformação num universo próprio, mítico e mágico, simbólico e intuitivo. J. Cunha tem ainda o seu nome definitivamente vinculado ao carnaval, por haver criado e assinado a concepção visual e estética do bloco Ilê Aiyê durante 25 anos, além de decorações temáticas para o carnaval de rua de Salvador.

Jayme Figura (Jaime Andrade Almeida
Cruz das Almas, Bahia (1951)
Artista gráfico, pintor, escultor, desenhista, instalacionista, performático, Jayme Figura é conhecido em Salvador, principalmente nas ruas do Centro Histórico, por onde anda sempre com suas indumentárias performáticas, provocando reações diversas em quem o vê, de adultos a crianças. Autodidata, atuou como artista gráfico em algumas gráficas da cidade. Começou as atividades artísticas no início da década de 1980 e desde 1994, mantêm um atelier à Ladeira do Carmo, no Centro Histórico. Jayme figura ainda tem na sua biografia atuações como cantor, músico, letrista e poeta.

Mario Cravo Jr.
Salvador, Bahia, (1923-2018)
Escultor, gravador, desenhista e professor, Mario Cravo Jr. nasceu de família abastada, filho de um próspero fazendeiro e comerciante. Apesar de suas primeiras esculturas datarem de 1938, só em 1947 realizou sua primeira exposição individual, em Salvador. Neste mesmo ano foi aceito como aluno especial do escultor iugoslavo Ivan Mestrovic (1883-1962) na Syracuse University, no Estado de Nova York, Estados Unidos. De 1947 a 1949 viveu na cidade de Nova York e, de volta a Salvador, instalou ateliê no Largo da Barra, que logo se tornou ponto de encontro de artistas como Carlos Bastos (1925-2004), Genaro de Carvalho (1926-1971) e Carybé (1911-1997). Foi professor da Escola de Belas Artes da UFBA e diretor do Museu de Arte da Moderna da Bahia (MAM/BA), de 1966 a 1967. Em 1981 coordenou a implantação do curso de especialização em gravura e escultura da Escola de Belas Artes da UFBA. Doou várias obras para o Estado da Bahia, que passaram a compor o acervo do Espaço Cravo, localizado no Parque Metropolitano de Pituaçu, em Salvador.

Mario Cravo Neto
Salvador, Bahia, (1947–2009)
Premiado fotógrafo, escultor e desenhista, Mario Cravo Neto recebeu de seu pai, Mario Cravo Jr., as primeiras orientações no campo do desenho e da escultura. Acompanhando o pai, que participou do programa Artists on Residence, patrocinado pela Ford Foundation, viajou para Berlim em 1964. Em 1968, mudou-se para Nova York, onde estudou na Arts Students League, com orientação de Jack Krueger, um dos precursores da arte conceitual na cidade. São deste período a série de fotografias em cores On the Subway e suas primeiras esculturas de acrílico. De volta ao Brasil, começa a dedicar-se à fotografia de estúdio, cria instalações e realiza trabalho fotográfico com temática relacionada ao candomblé e à religiosidade católica.

Mestre Didi (Deoscóredes Maximiliano dos Santos)
Salvador, Bahia (1917-2013)
Escultor e escritor, Mestre Didi começou a executar objetos rituais desde a infância, aprendendo a manipular, com os mais antigos, materiais, formas e objetos do culto orixá Obaluaiyê. Entre 1946 e 1989, publicou livros sobre a cultura afro-brasileira, alguns com ilustrações de Carybé. Em 1966, viajou para a África Ocidental, onde realizou pesquisas comparativas entre Brasil e África, contratado pela Unesco. Nas décadas de 60 a 90, participou de congressos, no Brasil e no exterior, como membro de institutos de estudos africanos e afro-brasileiros e como conselheiro desta temática. Em 1980, fundou e presidiu a Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Asipá do culto aos ancestrais Egun, em Salvador.

Nadia Taquary
Salvador, Bahia (1973)
As esculturas, objetos-esculturas, instalações e videoinstalações de Nadia Taquary revelam uma investigação artística de uma poética relativa à história do Brasil, através de um olhar contemporâneo sobre a tradição, a herança africana e a ancestralidade. São obras criadas com uma mistura de madeira de demolição ou de origem certificada, ouro, prata, contas, figas, pastilhas de coco, búzios, palhas e miçangas, entre outros materiais e que retratam a cultura religiosa afro-baiana, sua história e identidade, a partir de uma pesquisa pela ourivesaria colonial, os balangandãs das escravas, as joias de crioulas e os adornos corporais africanos. Foi a partir deste encontro com a história baiana, deste conhecimento ancestral, que a artista iniciou seu percurso como escultora. Nadia é graduada em Letras pela UCSAL e pós-graduada em Educação, Estética, Semiótica e Cultura pela EBA-UFBA. Fez sua primeira individual em 2011, no Museu Carlos Costa Pinto em Salvador.

Pierre Verger (Pierre Edouard Léopold Verger)
Paris, França (1902) - Salvador, Bahia (1996)
Fotógrafo, etnólogo, antropólogo, escritor, Pierre Verger aprendeu a fotografar com Pierre Boucher (1908-2000), em 1932, quando adquire sua primeira Rolleiflex. Percorreu diversos países e colaborou com jornais e revistas europeus e americanos. Mudou-se em 1946 para Salvador, onde passou a se dedicar ao estudo da religião e cultura negra da África e do Brasil, tema do qual é um dos mais respeitados especialistas e autor de diversos livros. Torna-se um iniciado no culto de divinação no Benin, com o insigne título de Fatumbi (renascido na graça de Ifá). Após 1946, concentra seu estudo na cultura iorubá e passa a fixar suas observações por escrito, passando de fotógrafo a escritor e etnólogo. Desde 1989, a Fundação Pierre Verger conserva seus 62 mil negativos, sua vasta biblioteca, seu arquivo pessoal e se encarrega da difusão de seu legado antropológico e fotográfico.

Rubem Valentim
Salvador, Bahia (1922) - São Paulo (1991)
Primeiro filho de seis de uma família pobre, Rubem Valentim nasceu num sobrado na Rua Maciel de Baixo, 1922. Formou-se em Odontologia, profissão que abandonou para dedicar-se à pintura em 1948. Em 1957 transferiu-se para o Rio de Janeiro e em 1962 conquistou o Prêmio de Viagem à Europa no Salão Nacional de Arte Moderna e Pequena Medalha de Ouro no Salão Paulista de Arte Moderna. Em 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, montou uma grande retrospectiva de sua obra e, recentemente, sua obra foi objeto de salas especiais (1996, Bienal de São Paulo; 1998, Parque de Esculturas do Museu de Arte Moderna da Bahia) e de duas novas retrospectivas, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2001) e no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (2002).

Zé Diabo (José Adário dos Santos)
Cachoeira, Bahia, 1949
O ferramenteiro de santo da Bahia, José Adário dos Santos – mais conhecido como Zé Diabo –, se dedica a este ofício desde que chegou em Salvador, vindo de Cachoeira, aos dez anos de idade. O trabalho é todo feito à mão, o ferro é batido no fogo. Com 70 anos de idade, sendo 59 deles dedicados à profissão, o ferramenteiro coleciona muitas histórias. É do tempo em que Carybé e Pierre Verger frequentavam sua oficina para produção de ferramentas de Ogum e Oxóssi, que seriam levadas para o axé de Mãe Senhora, terceira Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. Também é da sua oficina que saem os agogôs dos Filhos de Gandhy.

Posted by Patricia Canetti at 9:58 AM