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junho 22, 2019
Rodrigo Arruda no Palácio das Artes, Belo Horizonte
O estudo da arquitetura aliado à visão questionadora e provocativa da arte contemporânea norteiam a exposição Ecos, do paulista Rodrigo Arruda. Nessa segunda passagem do artista por Belo Horizonte, a Galeria Genesco Murta é, também, um importante elemento de ligação na proposta artística. Oito trabalhos em dimensões variadas ocupam o espaço expositivo de maneira articulada, para questionar a permanência ou a ausência do público dentro da galeria.
Ecos é fruto dos anos de estudo de Rodrigo ainda na graduação. As vertentes contemporâneas sempre direcionaram a linha criativa do artista, que, para essa exposição no Palácio das Artes, propõe questões filosóficas e simbólicas. “Vejo muitas exposições que já vêm mastigadas para o visitante, como se certo atrito entre o trabalho e o público tivesse que ser evitado. Essa exposição vai na contramão disso”, comenta.
Nessa proposta artística, Rodrigo trabalha questões de ausência e preenchimento de um espaço artístico. Aproveitando todas as dimensões da Genesco Murta, o artista reúne obras singulares, como um prego de vidro, fios de tela, cubo de acrílico, chapa de vidro, papel furado e fios de argila. O distanciamento dessas obras dentro da galeria cria uma zona de tensão que intensifica a sensação de vazio no ambiente.
A expografia também cumpre papel importante, já que os trabalhos mais discretos e imperceptíveis ocupam as maiores paredes. Obras com aproximações mais óbvias e dimensões maiores serão colocados em paredes diferentes, para acentuar as relações mais sutis entre cada peça, e também para criar uma narrativa que amarre os trabalhos como um todo, e não apenas crie pares isolados dentro do conjunto.
E é por meio de uma galeria ocupada com obras que dialogam com o vazio que o artista pretende provocar o público. Para Rodrigo, uma galeria não deve apenas ser um local de passagem para o visitante, mas um ambiente que desperte alguma sensação, seja negativa ou positiva.
“Se a pessoa não estiver interessada é como se o trabalho não tivesse forma, como se de fato não estivesse ali. É através do interesse que o visitante vai poder adentrar o trabalho e questioná-lo, elaborar um sentido próprio a ele que não necessariamente vai coincidir com o que eu pensei em primeiro lugar”, finaliza Rodrigo.
Rodrigo Arruda é artista paulistano formado em artes visuais na USP. Possui trabalhos no acervo do Museu de Arte do Rio, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Prefeitura de Santo André e na coleção KERN (Berlim). Realizou exposições no Brasil, nos Estados Unidos e na Alemanha, em instituições como: Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu do Estado do Pará, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Museu de Arte de Ribeirão Preto, SESC Ribeirão Preto, Ateliê 397, Galeria Sancovsky, Prefeitura de Santo André, entre outros. Em 2015 foi pesquisador visitante da Ohio State University (EUA) e em 2018 recebeu o prêmio aquisição do Salão de Arte de Santo André.