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abril 2, 2019
Claudio Goulart na FVCB, Viamão
No dia 6 de abril de 2019, a partir das 11h, a Fundação Vera Chaves Barcellos inaugura a exposição individual Claudio Goulart | Quando o horizonte é tão vasto, com curadoria de Fernanda Soares da Rosa. A exposição reúne mais de 60 trabalhos do artista brasileiro, incluindo fotografias, videoarte, instalações, livros de artista, arte postal, colagens, registros de intervenção urbana, de exposições e de projetos em vídeo. Parte desses trabalhos foram desenvolvidos para projetos maiores que Goulart exibiu em diversos países. As obras foram recentemente incorporadas ao acervo artístico da FVCB através da doação realizada pela Fundação Art Zone — instituição holandesa criada ainda em vida por Goulart.
Em 2015, a Fundação Vera Chaves recebeu a doação de quase a totalidade das obras de Claudio Goulart (1954-2005), artista brasileiro, natural de Porto Alegre, que desenvolveu sua carreira em Amsterdã, na Holanda, onde viveu desde a segunda metade da década de 1970.
O acervo artístico e documental doado pela Fundação Art Zone — instituição holandesa criada ainda em vida por Goulart e até então legatária de sua obra — revelou o caráter arquivista e colecionador do artista que, ao longo de sua trajetória, reuniu em fotografias, escritos, registros e obras de arte, um arquivo muito próprio e pessoal.
No limiar dos horizontes possíveis de serem visualizados através da obra de Goulart, há caminhos, paisagens, diálogos e interlocuções. Nesses trabalhos, realizados nas mais diferentes linguagens e suportes, e apresentados em diversos países, encontra-se uma pluralidade de leituras a temas ligados à história mundial e da arte, e que ainda suscitam questões acerca da memória individual e coletiva, além de questões políticas e sociais.
Claudio Goulart | Quando o horizonte é tão vasto é a primeira exposição individual póstuma do artista no Brasil, realizada na Sala dos Pomares, no primeiro semestre de 2019. A FVCB, assim, tem o intuito de apresentar e refletir sobre essa rica produção, exibindo, inclusive, diversas obras inéditas, nunca antes apresentadas pelo artista.
Para o dia de abertura, a FVCB disponibilizará transporte gratuito em dois horários: às 11h e às 14h, com saídas em frente ao Theatro São Pedro, Centro Histórico de Porto Alegre. Inscrição prévia: info@fvcb.com, 51-3228-1445 e 51-98102-1059.
A visitação segue até dia 20 de julho, sempre com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas por e-mail ou pelo telefone 51-98229-3031.
Claudio Goulart, artista brasileiro, nascido em Porto Alegre, em 1954, desenvolveu seus estudos em Arquitetura, na Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS) e em Artes Visuais, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 1976, aos 22 anos de idade, mudou-se para a Europa com o intuito de aperfeiçoar seus estudos. Fixou residência em Amterdã até seu falecimento, em decorrência da aids, em 2005. Durante todo esse período residindo na Europa, Goulart participou de diversas exposições e projetos artísticos em países, como: Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Cuba, México, Japão, entre outros. Voltou ao Brasil durante breve período, no final da década de 1970, para realizar alguns projetos, como a exposição Claudio Goulart no N.O., em 1979, no Espaço N.O., em Porto Alegre.
Fernanda Soares da Rosa é graduada em História (Licenciatura e Bacharelado) pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (FFCH-PUCRS) e mestre em Artes Visuais, área de concentração em História, Teoria e Crítica, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAV-UFRGS). Em sua pesquisa de mestrado investigou questões referentes a arquivos e a memória na arte contemporânea, através da produção do artista Claudio Goulart. Atua como Historiadora no Acervo Artístico da Fundação Vera Chaves Barcellos, trabalhando com a catalogação de obras de arte, pesquisa sobre Arte Contemporânea, curadoria e organização de exposições.
INFORMAÇÕES SOBRE ALGUMAS OBRAS
Los juguetes, 1997. A obra exibida na Sala dos Pomares é um recorte da instalação apresentada na VI Bienal de Havana, em 1997. Formada por repetidos autorretratos do artista, seus olhos vendados por fitas coloridas dividem espaço com imagens apropriadas e diversos símbolos, delimitados em giz branco sobre o peito. A obra aborda conflitos identitários e temas importantes para Goulart, como as diferentes versões da história, as imagens de guerras e conflitos armados, o colonialismo ocidental, o dinheiro, as manipulações da mídia, os mitos criados pelo cinema, a situação social dos povos oprimidos, entre outros.
Dialogs, 1980. Vídeo que tem origem em uma performance realizada em parceria com o artista Flavio Pons, em 1978, na galeria Bedaux, em Amsterdã. Nele, os artistas apresentam dois aspectos dos mais caros à existência humana: a incomunicabilidade e a passagem do tempo. Os artistas utilizam uma fita de tecido como metáfora do conteúdo de suas falas, aquilo que vai e vem, que é assimilado ou não, devolvido ao bel prazer dos dois interlocutores, expressando nessa troca, diversas potências comunicacionais possíveis entre duas pessoas. Durante a videoarte, os artistas também colocam vendas os olhos: o olhar sobre o outro, enquanto o aceitar o outro, e o não olhar, como o desprezar aquilo que o outro exprime. Falar e ser escutado — e não apenas ouvido — e escutar quando o outro fala são dois pressupostos essenciais ao sucesso da comunicação humana.
Excerpts from/ Fragments of a Landscape, 1986. Um projeto realizado nos caminhos que o artista traçou entre Amsterdã e Almelo, esta última cidade localizada a cerca de 150 km de distância da capital holandesa. As fotos escolhidas para compor o projeto passaram por um processo de fotocópia e de ampliação; dessas ampliações, as imagens foram dispostas em fragmentações e unidas novamente com uma fita branca, delicadamente colada no verso. São fragmentos das paisagens condensados pelo olhar do artista.
Da série The Printout, 2000. The Printout é uma série produzida a partir de imagens apropriadas e colagens. Com Printout, Claudio utiliza como ferramenta a web para disponibilizar um projeto inteiramente de domínio público. Produzindo uma série pensada e desenvolvida para um espaço não convencional do campo das artes, como galerias e museus, dessacralizando o objeto artístico, tornando-o totalmente acessível, gratuito e de certa forma atemporal. Toda a série está disponível no site da Fundação Art Zone (www.artzone.nl/) para download e livre utilização.