|
agosto 7, 2018
Sonia Gomes no MAC, Niterói
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) abre duas novas exposições, no dia 11 de agosto, sábado, às 14h. São elas: A vida renasce, sempre, primeira individual em um museu da artista brasileira Sonia Gomes; e Brinquedo de furar moletom, de Jaime Lauriano, onde o artista utiliza ferro das balas usadas pela polícia militar do Rio de Janeiro para fazer as suas miniaturas. A curadoria é de Pablo León de la Barra e Raphael Fonseca.
“A Vida renasce, sempre” – a mostra, que ocupará o Salão Principal do museu, vai apresentar ao público cerca de 40 trabalhos, realizados nos últimos 20 anos por Sonia Gomes – indicada ao Prêmio pipa em 2012 e 2016. Desenhos sobre papel, tecido e madeira, intervenções em livros, objetos domésticos e de trabalho, assim como exemplos das diferentes séries de trabalho que a artista desenvolveu ao longo da sua carreira, como os panos, torções e pendentes estarão entre as obras selecionadas para a exposição no MAC Niterói. Suas esculturas são construídas a partir de tecidos e outros objetos encontrados, torcidos, amarrados e manipulados até se transformarem em tramas espaciais complexas. Tem como procedimento a desconstrução das técnicas de manufatura de tecidos, eliminando qualquer finalidade de uso desses materiais. Suas obras remetem, pelas cores, estamparias e até técnicas empregadas, a um universo íntimo ligado à memória familiar e à identidade racial e cultural da artista, além de estarem relacionadas à sua cidade natal, Caetanópolis, importante centro mineiro de indústria têxtil. Entre o popular e o erudito, o mundo da artista mineira liga o espectador a uma poderosa tradição brasileira, que transforma materiais instáveis e difíceis em arte permanente e contemporânea na trama extremamente inventiva de suas colagens e construções. Única brasileira na mostra principal da 56ª Bienal de Veneza, em 2015, Sonia Gomes expôs pela primeira vez aos 46 anos. Depois, não parou mais. Aos 70 anos, trabalha todos os dias. Uma grande oportunidade de o público conhecer o trabalho desta grande artista, que através do tecido e de sua obra, também escreve, estrutura, dá forma e reivindica as vozes e presenças das minorias silenciadas, em especial àquela das mulheres negras no Brasil.
Sonia Gomes (Caetanópolis, 1948), vive e trabalha em São Paulo. Seus trabalhos também foram inclusos em mostras coletivas institucionais como 56ª Biennale di Venezia, Veneza, Italia (2015); Entangled, Turner Contemporary, Margate, RU (2017); Revival, The National Museum of Women in the Arts, Washington, EUA (2017); Art & Textiles – Fabric as Material and Concept in Modern Art, Kunstmuseum Wolfsburg, Alemanha (2013); Out of Fashion. Textile in International Contemporary Art, Kunsten – Museum of Modern Art Aalborg, Dinamarca (2013). Orfã aos 4 anos da mãe e negra, o afeto está presente na arte dela - seja através de um objeto usado que ganha um novo significado, seja por meio de caixas de 'coisas' descartáveis que deixam no ateliê da artista. Foi professora de escola primária e se formou em direito. Em 1980, mudou-se para Belo Horizonte. Tendo um talento intuitivo para desenhar e tecer, em 1995, aos 47 anos, começou a cursar arte na escola Guignard onde foi estimulada a desenvolver uma narrativa própria. Nove anos depois, aos 56 anos, teve sua primeira exposição individual em uma galeria de arte. Em 2017, muda-se para São Paulo onde atualmente vive e trabalha. Apesar de entrar no mundo da arte já adulta, Sonia Gomes alcançou reconhecimento por desenvolver uma linguagem artística única no Brasil, que dialoga com a arte popular e a arte contemporânea a partir da construção de obras orgânicas feitas com restos de tecidos costurados, amarrados e trançados para dar vida e transformar-se em seu próprio trabalho. Neste sentido, o trabalho da artista apresenta novas possibilidades de vida a partir das sobras o daquilo que era considerado inútil. Após a primeira exposição em 1994, a artista cursou livremente disciplinas na Escola Guignard, UEMG e na UFMG e participa ativamente, desde então, de mostras solo e coletivas como as do Sesc Belenzinho em São Paulo e a X Bienal Nacional de Santos. Teve três obras compradas pelo baixista da banda irlandesa U2, Andy Clayton, que se encantou com o trabalho da artista.