|
agosto 7, 2018
Jaime Lauriano no MAC, Niterói
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) abre duas novas exposições, no dia 11 de agosto, sábado, às 14h. São elas: A vida renasce, sempre, primeira individual em um museu da artista brasileira Sonia Gomes; e Brinquedo de furar moletom, de Jaime Lauriano, onde o artista utiliza ferro das balas usadas pela polícia militar do Rio de Janeiro para fazer as suas miniaturas. A curadoria é de Pablo León de la Barra e Raphael Fonseca.
“Brinquedo de furar moletom” – a mostra pensa - assim como as exposições anteriores desenvolvidas na varanda do MAC Niterói - no lugar preciso que o museu ocupa: sua vista privilegiada para a Baía de Guanabara. Tendo em mente suas pesquisas sobre mapas coloniais e sobre a história da violência no Brasil, o artista Jaime Lauriano propõe, por meio de tijolos portugueses, uma espécie de barricada/torre de observação da paisagem. Acima desse longo muro que ocupa três galerias do espaço, miniaturas de transportes relacionados ao militarismo, à defesa e à violência. Três caravelas, um tanque de guerra, um avião de guerra e 27 miniaturas de carros da polícia militar pousam sobre os tijolos como se estivesse a defender o espaço interno do museu. As miniaturas desses carros representam as vinte e sete capitais do Brasil e tiveram seus modelos extraídos de modelos de automóveis comumente utilizados pela instituição: o caveirão (Rio de Janeiro), a base móvel da Polícia Militar de São Paulo e quatro modelos populares (Palio, Gol, Fiat Uno e pick-up). As miniaturas são feitas do ferro das balas usadas pela polícia militar do Rio de Janeiro. O título da exposição foi retirado da música ‘Vida loka parte 1’, do célebre grupo paulistano de rap Racionais MCs. Do álbum ‘Nada como um dia após o outro dia’, de 2002, se trata de um verso que joga justamente com um dos elementos essenciais da proposta de Lauriano: os limites entre violência e infância, entre miniaturas de brinquedos e munição militar. Onde começa um e termina o outro? E, mais do que isso, como essa frase e as imagens criadas pelo artista, através de sua abertura de significados, serão lidas pelo público?
Jaime Lauriano (São Paulo, 1985) vive e trabalha em São Paulo. Graduou-se pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, no ano de 2010. Entre suas exposições mais recentes, destacam-se as individuais: Assentamento, Galeria Lema, São Paulo, Brasil, 2017; Nessa terra, em se plantando, tudo dá, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, 2015; Autorretrato em Branco sobre Preto, Galeria leme, São Paulo, Brasil, 2015; Impedimento, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil, 2014; e as coletivas: Histórias Afro-Atlânticas, MASP e Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2018; Agora somos todxs negrxs?, Associação Cultural Videobrasil, São Paulo, Brasil, 2017; Levantes, SESC Pinheiros, São Paulo, Brasil, 2017; Totemonumento, Galeria Leme, São Paulo, Brasil, 2016; 10TH Bamako Encouters, Museu Nacional, Bamako, Mali, 2015; Empresa Colonial, Caixa Cultural, São Paulo, Brasil, 2015; Tatu: futebol, adversidade e cultura da caatinga, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, Brasil, 2014; Taipa-Tapume, Galeria Leme, São Paulo, Brasil, 2014; Espaços Independentes: A Alma É O Segredo Do Negócio, Funarte, São Paulo, Brasil, 2013; possui trabalhos nas coleções públicas da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e do MAR - Museu de Arte do Rio. Com trabalhos marcados por um exercício de síntese entre o conteúdo de suas pesquisas e estratégias de formalização, Jaime Lauriano nos convoca a examinar as estruturas de poder contidas na produção da História. Em peças audiovisuais, objetos e textos críticos, Lauriano evidencia como as violentas relações mantidas entre instituições de poder e controle do Estado – como polícias, presídios, embaixadas, fronteiras – e sujeitos moldam os processos de subjetivação da sociedade. Assim, sua produção busca trazer à superfície traumas históricos relegados ao passado, aos arquivos confinados, em uma proposta de revisão e reelaboração coletiva da História.