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agosto 3, 2018
Walmor Corrêa no Ling, Porto Alegre
De 7 de agosto a 1º de novembro de 2018, o Instituto Ling apresenta a exposição Walmor Corrêa e Sporophila Beltoni, do artista catarinense radicado em São Paulo, Walmor Corrêa. Com curadoria de Paulo Myada, a exposição traz 17 obras - entre pinturas, desenhos, fotografias, mapas, vídeo e outros objetos - que tratam de explorar artisticamente o reconhecimento e a identidade de uma espécie de pássaro brasileiro que só recentemente foi catalogada: a Sporophila beltoni, conhecida popularmente como patativa-tropeira.
Por ocasião da abertura da exposição, na terça-feira, 7 de agosto, às 19h, o artista e o curador farão uma conversa aberta com o público. A entrada é franca, por ordem de chegada.
Duas obras que estarão na exposição são inéditas: um vídeo - em que o artista explica o projeto (acesse aqui: https://vimeo.com/280806802/03504cdeea) e uma pintura, intitulada Paisagem Distorcida - em que o artista retrata uma paisagem sob o ponto de vista da própria patativa-tropeira.
Fascinado por ornitologia - o estudo das aves, em 2014 Walmor foi convidado a apresentar um projeto de pesquisa para uma residência financiada pelo Instituto Smithsonian, nos EUA. A residência possibilitou que o artista investigasse os arquivos do Museu de História Natural de Washington. A intenção era realizar um projeto que percorresse o caminho inverso da vida de uma das principais referências no estudo ornitológico brasileiro, William Belton (1914-2009), responsável por registrar milhares de pássaros brasileiros que, até então, eram desconhecidos. Na insistência de abrir arquivos, Walmor encontrou uma ave empalhada em 1820, uma Sporophila brasileira, perdida no fundo de uma gaveta, junto a outros espécimes latino-americanos. Era uma Sporophila beltoni, assim batizada em homenagem ao ornitólogo que Walmor tanto admira.
"Daí em diante, o trabalho de Walmor Corrêa concentrou-se em buscar maneiras de forjar reconhecimento e identidade para esse ser que vivia anônimo e foi morto para fazer parte do saber científico, que, então, o abandonou indigente e sozinho", afirma Paulo Myada em seu texto curatorial. "Certidão de nascimento, carteira de identidade e passaporte são alguns dos papéis que o artista aprendeu a solicitar e produzir a fim de dar fé da existência do pássaro. Como um conjunto, a exposição atesta a empatia possível do artista com o pássaro e deles conosco, que descobrimos, de um só fôlego, ter sido encontrado algo que não sabíamos estar perdido", completa o curador.
Um dos artistas contemporâneos mais reconhecidos no Brasil e no exterior, Walmor Corrêa (1962) tem grande interesse por anatomia e História Natural desde a infância, quando se apaixonou por dissecações e desenhos de Leonardo Da Vinci. Já estudou taxidermia e fisiologia para criar animais fantásticos e híbridos que, à primeira vista, poderiam ser reais. Dessa forma, suas criações provocam uma reflexão sobre os limites entre o real e o imaginário, a arte e a ciência, trazendo novas perspectivas sobre o olhar dos primeiros viajantes da época colonial e pesquisadores da história natural brasileira, além de estudos minuciosos da anatomia de seres imaginários do folclore.