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abril 16, 2018
Douglas Gordon no IMS Paulista, São Paulo
O escocês Douglas Gordon apresenta o trabalho Îles flottantes (Se Monet encontrasse Cézanne, em Montfavet), videoinstalação que foi exibida uma única vez, em 2008, na exposição Où se trouvent les clefs? (Onde estão as chaves?) realizada na Coleção Lambert, em Avignon, França.
A obra audiovisual registra uma ação que Gordon empreendeu na residência de Yvon Lambert, fundador da coleção. O escocês inverteu o fluxo do sistema de canalização do local, inundando o seu jardim. No vídeo, a água se espalha, encobrindo progressivamente crânios humanos dispostos pelo artista no local.
Conhecido por criar obras em múltiplos formatos, Gordon costuma fazer referências a grandes ícones da arte. No trabalho exibido no IMS, ele alude à obra do pintor francês Paul Cézzane (1839-1906), que passou grande parte de sua vida na Provença, cuja paisagem inspirou várias de suas obras. Em seus últimos anos, pintou uma série de naturezas-mortas compostas apenas por conjuntos de crânios dispostos sobre uma mesa. A obra também estabelece um contraponto entre a produção de Cézzane e a do pintor Claude Monet (1840-1926).
“Ao colocar os crânios numa paisagem aquática, Gordon estabelece uma tensão entre duas maneiras opostas e complementares de ver, próprias de dois mestres do impressionismo: a transparência e a docilidade dos reflexos do jardim inundado, marco das paisagens aquáticas de Monet, se sobrepõem à consistência volumétrica e à concentração luminosa de Cézanne”, pontua Lorenzo Mammì, curador da mostra e de programação e eventos do IMS.
Como parte da programação da mostra, o artista carioca Daniel Jablonski ministrará, no dia 26/4, às 19h, uma aula sobre a videoinstalação de Douglas Gordon. O artista discutirá a presença do símbolo do crânio na instalação, abordando como a morte e seus signos foram retratados ao longo da história da arte.
Além do IMS Paulista, Gordon exibirá seu trabalho na mostra individual I will, if you will..., que a galeria Marília Razuk recebe de 9 de abril a 26 de maio. A exposição reunirá obras em diferentes suportes, entre vídeos, desenhos e esculturas, que dialogam com a videoinstalação apresentada pelo IMS.
Douglas Gordon nasceu em Glasgow, Escócia, em 1966. Vive e trabalha em Berlim, Glasgow e Paris. Em 1996, tornou-se o primeiro artista a receber o prêmio Turner trabalhando com vídeos. Em 2010, participou da 29ª edição da Bienal de São Paulo. Entre suas obras mais conhecidas, estão 24 Hour Psycho [Psicose 24 horas], de 1993, em que desacelera o filme Psicose, de Alfred Hitchcock, fazendo-o durar 24 horas; Zidane: A 21st Century Portrait [Zidane: um retrato do século XXI], com Philippe Parreno, de 2006, e o recente I Had Nowhere to Go [Eu não tinha para onde ir], de 2016, um retrato de Jonas Mekas, padrinho do cinema americano de vanguarda.