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maio 25, 2017
Jaildo Marinho no MAM, Rio de Janeiro
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e a Pinakotheke Cultural apresentam a exposição Jaildo Marinho – Cristalização, a partir das 15h do próximo dia 27 de maio, com curadoria do crítico de arte francês Jacques Leenhardt, que reúne 19 obras, entre pinturas, esculturas e a instalação que dá nome à mostra – com 27 metros quadrados – , do artista pernambucano nascido em 1970 e radicado há 24 anos em Paris. A exposição será acompanhada de um livro-catálogo bilíngue (português-francês), com textos do crítico francês Jacques Leenhardt e do curador do MAM, Fernando Cocchiarale, editado pela Pinakotheke Cultural, realizadora da exposição em parceria com o MAM.
Jaildo Marinho utiliza mármore de Carrara em suas esculturas e na instalação “Cristalização”, com pintura em tinta acrílica. Leenhardt – diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, em Paris, e estudioso do Brasil desde 1980 – explica que a exposição se dá em torno desta instalação, “um ambiente impregnado pelas cores da ametista”. “Essa peça é construída em redor de um vácuo, a condição, em geologia, para que o tempo infinito dos processos minerais venha a formar cristais que, ao se desenvolverem livremente, acabam constituindo um geodo”, diz. “Essa estrutura central é o emblema da exposição inteira, que funciona em seu conjunto à maneira de uma estrutura cristalina, reproduzindo na escala do Museu o longo processo através do qual se elabora o mundo mineral, mediante reduplicações e simetria”.
O tempo efêmero da existência humana, em oposição ao da formação mineral, é uma das questões presentes na exposição. “Jaildo Marinho situa-se resolutamente na linha construtivista, oriunda de Malevich (1878-1935) e Mondrian (1872-1944), que se alforriou do mundo concreto com a vontade de se tornar a matriz de uma linguagem universal, sem relação com o mundo material do cotidiano tão constantemente representado na pintura da Antiguidade”, afirma Jacques Leenhardt. O crítico destaca que se deve considerar a exposição “como o resultado de uma dupla reflexão a partir de uma releitura da tradição inaugurada pela obra de Mondrian – desenvolvida por Jesús Soto (1923-2005), de um lado, e, do outro, estabelecida solidamente na linhagem do concretismo e, em seguida, do neoconcretismo brasileiro, que vai de Flávio de Carvalho até Hélio Oiticica, passando por Waldemar Cordeiro e muitos outros”.
Fernando Cocchiarale observa que é possível pensar nas “Cristalizações” de Jaildo como “uma repactuação pessoal e híbrida entre a sintaxe geométrica (legada pelas vanguardas da primeira metade do século XX) e a tradição pré-construtivista da escultura”. “As cinco esculturas agora mostradas – “Palette Rio-rouge”, “Rio-jaune”, “Rio-bleu”, “Rio-rose” e “Brazil rose-zen” – sugerem a síntese entre a racionalidade construtiva da forma geométrica e os métodos de produção clássicos da escultura greco-romano-renascentista. Seu título comum, “Palette”, nos evoca sua inscrição institucional (por meio da palette de Carrara que aqui não opera mais como veículo para o transporte da obra, e sim como parte inseparável das esculturas, fixando-as em seu lugar de exposição)”, diz o curador do MAM.
Jaildo Marinho, nascido em 1970 na cidade pernambucana de Santa Maria da Boa Vista, está radicado em Paris desde 1993. Começou a estudar escultura e tratamento de pedras em 1982 e, entre 1991 e 1993, cursou Escultura na Universidade Federal de Pernambuco, quando se transferiu para Paris, e começou a atuar como escultor e pintor. Ganhou a medalha de ouro no Festival de Mahares, na Tunísia, em 1995, e o prêmio de escultura da Bienal de Malta, em 1999, ano em que começou a lecionar no ateliê de escultura e fundição que coordena para a prefeitura de Paris. Integra o movimento Madi Internacional, fundado em Buenos Aires, em 1946, pelo uruguaio Carmelo Arden Quin. Realiza exposições individuais no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, em 2002; no Centro Cultural Franco-Brasileiro, Paris, em 2003; na Casa do Brasil, Madri, em 2004; no espaço Cultural Marcantônio Villaça, Brasilia, em 2007; na Galeria Manuel Bandeira da Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, em 2008; na Academia de Ciências de Hungarian em Gÿor, Hungria em 2010; na Maison de l'Amerique Latine, Paris. Participa de numerosas exposições coletivas no Brasil e em cidades da Europa, Ásia, Estados Unidos e América Latina. Em 2009 recebe o título de cidadão francês. Possui obras no Satoru Sato Museum, em Tome, Japão; no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba), Argentina; Museu de Arte Contemporânea Francisco Narvaez, Porlamar, Venezuela; Hungarian Academy of Sciences, Gÿor, Hungria; Espace Jean Legendre, Compiègne, França; Museu MADI Sobral, em Sobral, Ceará; Fundação Joaquim Nabuco, em Recife; Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, Brasília; e Museu Coripos, em Santa Maria da Boa Vista, Pernambuco.