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setembro 5, 2016
32ª Bienal de São Paulo: Incerteza viva
Elogio à incerteza, 32ª Bienal aposta no poder da arte
Concebida como um jardim, Incerteza Viva reúne 70% de projetos comissionados e ocupa Pavilhão da Bienal até 11 dezembro
A 32ª Bienal de São Paulo: Incerteza viva é um processo coletivo que se iniciou há mais de um ano com envolvimento de professores, estudantes, artistas, ativistas, lideranças indígenas, educadores, cientistas e pensadores dentro e fora do Brasil. Mas é também um processo coletivo prestes a começar. Com curadoria de Jochen Volz e dos cocuradores Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México), a mostra acontece de 07 de setembro a 11 de dezembro de 2016 no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, reunindo aproximadamente 340 obras de 81 artistas e coletivos e procurando refletir sobre as possibilidades oferecidas pela arte contemporânea para abrigar e habitar incertezas. Assim como a arte une o pensar e o fazer, a reflexão e a ação, é apenas através do encontro dos visitantes com as obras, performances e programas públicos da Bienal ao longo dos próximos meses que a verdadeira riqueza de Incerteza viva vai aparecer. “Hoje, é papel da Bienal ser uma plataforma que promove ativamente a diversidade, a liberdade e a experimentação, ao mesmo tempo exercendo o pensamento crítico e propondo outras realidades possíveis”, sugere Volz.
Obras e direções
Disposta a rastrear o pensamento cosmológico, a inteligência ambiental e coletiva, e as ecologias sistêmicas e naturais, Incerteza viva se constrói como um jardim, no qual temas e ideias se entrelaçam livremente em um todo integrado. Não está organizada em capítulos, mas antes baseada em diálogos entre diferentes produções.
A exposição olha para uma série de artistas históricos que fornecem um conjunto de estratégias que talvez sejam agora particularmente relevantes: a poética visual de Wlademir Dias-Pino; os experimentos pioneiros com a poesia concreta de Öyvind Fahlström; as investigações na imaterialidade de Lourdes Castro; a busca por transformações metafísicas de Víctor Grippo ou o grito contínuo de Frans Krajcberg pela saúde do planeta, com esculturas feitas de troncos de coqueiros e manguezais que articulam toda a entrada da exposição no piso térreo.
A maioria dos projetos artísticos, no entanto, foi comissionada especialmente para a mostra, não para ilustrar um arcabouço teórico ou temático, mas para desdobrar os princípios criativos da incerteza em diferentes direções.
Diversas obras abordam diretamente a natureza e os processos biológicos, botânicos ou alquímicos: o laboratório de cogumelos criado por Nomeda e Gedeminas Urbonas; os desenhos, filmes e colagens desenvolvidos por Carolina Caycedo a partir de uma pesquisa sobre barragens e hidroelétricas, ou a instalação com projeções e experimentos fisico-químicos de Susan Jacobs. Ao mesmo tempo, um olhar sobre narrativas históricas norteia as pinturas de Mmakgabo Helen Sebidi; a apresentação inédita de um recorte dos arquivos do coletivo Vídeo nas Aldeias; a obra de Lais Myrrha sobre modos construtivos indígenas e urbanos, e a escultura de Rita Ponce de León, para citar alguns exemplos.
O exame crítico de estruturas políticas, econômicas e midiáticas de poder e de representação está no cerne da obra de Hito Steyerl, cuja videoinstalação Hell Yeah We Fuck Die (2016) parte das cinco palavras mais populares em músicas da década; ou das pesquisas sobre gênero e discurso que orientam o trabalho de Henrik Olesen, Katia Sepúlveda e Luiz Roque, entre outros. Compõem ainda a exposição obras que acionam a imaginação e experimentam caminhos alternativos para o futuro como a Ágora: OcaTaperaTerreiro de Bené Fonteles – espaço de celebrações e rituais envolvendo músicos, xamãs, educadores e o público – ou a Oficina de Imaginação Política, um conjunto de sessões de trabalho, apresentações e debates sob coordenação de Amilcar Packer.
A 32 a Bienal de São Paulo entende a si mesma como permeável e acessível, participando da construção contínua do Parque Ibirapuera como espaço público e expandindo seu senso de comunidade. Intitulada ARROGATION, a instalação de Koo Jeong A é uma pista de skate para uso público construída no Parque Ibirapuera, convidando skatistas a novos deslocamentos e experimentações do espaço. Concebida por Jorge Menna Barreto em parceria com redes de produção de produção de alimentos sustentáveis, como agroflorestas, produtores orgânicos e sistemas dedicados à recuperação de solos e da biodiversidade, Restauro é um obra que opera como o restaurante da exposição, com cardápio baseado em plantas. O jardim se torna, assim, um modelo, tanto metafórica como metodologicamente, com uma diversidade de espaços que favorecem a experiência e a ativação.
PROGRAMAÇÃO PÚBLICA & ATIVAÇÃO DE OBRAS
Ao longo dos três meses de sua duração, a 32ª Bienal de São Paulo abriga uma programação pública sempre às quinta-feiras e sábados, além de ativações contínuas em diversas obras. Concebidos como narrativas alternativas e novas formas de produzir conhecimento, shows, conversas, performances, filmes, danças e oficinas de culinária coletiva, bio construção, bordado, entre outros, desdobram e complementam a pesquisa e os trabalhos dos artistas. Entre as atividades confirmadas estão um show das cantoras Ava Rocha e Tetê Espíndola, uma palestra com as ativistas Eleanor Saitta e Elisa Gargiulo, performances da artista Grada Kilomba e uma experiência culinária com a chef e artista Asia Komarova.
Ativação de obras
Oficina de Imaginação Política, coordenada por Amilcar Packer; Ágora: OcaTaperaTerreiro, de Bené Fonteles; Restauro, de Jorge Menna Barreto; ARROGATION, de Koo Jeong A; TabomBass, de Vivian Caccuri; Corazón del Espantapajáros, de Naufus Ramírez-Figueroa, e Psychotropic House: Zooetics Pavilion of Ballardian Technologies, de Nomeda & Gediminas Urbonas, são algumas das obras que contam com programação própria, gerando diferentes modos de interação e ativação por parte do público.
Consulte a programação no site: 32bienal.org.br.
CONTEÚDO EDITORIAL E DIGITAL
Além da exposição e de um programa público, a realização da 32ª Bienal de São Paulo comporta a produção de conteúdos envolvendo obras, artistas e processos relacionados a diferentes linguagens, expandindo a mostra e seus debates para além dos limites do Pavilhão da Bienal. Incerteza viva é, assim, um processo que pode ser lido, ouvido e acompanhado a partir de seis plataformas:
1. 32 a Bienal: Incerteza viva - Catálogo
Organizado por Jochen Volz e Júlia Rebouças, reúne textos da equipe curatorial e ensaios comissionados ao sociólogo Boaventura Souza Santos, à antropóloga e cineasta Elizabeth Povinelli e à professora e diretora do Instituto de Justiça Social da University of British Columbia, Canadá, Denise Ferreira da Silva. Os artistas participantes da 32ª Bienal têm seus processos de trabalho e suas obras apresentados por leituras elaboradas por jovens críticos e curadores em atuação no Brasil, bem como por uma ampla seleção de imagens.
18 x 24 cm/ 440 páginas/ edições em português e inglês. R$ 100 (desconto de 50% para professores e estudantes mediante apresentação de comprovantes, ou para pagamento com vale-cultura).
2. 32 a Bienal: Incerteza viva - Guia
Em formato de bolso, o Guia traz informações sucintas – em imagens e textos – sobre os artistas e obras presentes na 32 a Bienal. É uma ferramenta útil para o visitante ter à mão ao percorrer os caminhos da exposição.
11,5 x 17,2 cm/ 208 páginas/ edições em português e inglês/ R$ 20
3. 32 a Bienal de São Paulo: Incerteza viva - Processos artísticos e pedagógicos
Produzido num processo colaborativo com professores e educadores sociais, o material educativo da 32 a Bienal compõe-se de textos curatoriais e de ensaístas convidados (Mia Couto, Rodrigo Nunes, Milene Rodrigues Martins e Virginia Kastrup) que abordam o tema da incerteza em quatro dimensões escolhidas para o enfoque pedagógico – narrativa, ecologia, cosmologia e educação. Traz ainda textos e imagens sobre o trabalho de doze artistas selecionados.
Organização: Jochen Volz e Valquiria Prates
25 x 30 cm/ Fichário contendo 7 livretos e 12 cartazes/ Distribuição gratuita para professores, educadores sociais, mediadores bibliotecas e instituições culturais em todo o país. Também disponível para download no site 32bienal.org.br
4. Dias de Estudo - Publicação complementar [título a ser definido]
Antes do término da exposição, será lançada uma publicação com base em contribuições de artistas, ativistas, escritores, pesquisadores e outros participantes dos Dias de Estudo organizados em Santiago (Chile), Acra (Gana), Lamas (Peru), Cuiabá (Brasil) e São Paulo (Brasil). Como parte da programação pública da 32 a Bienal, os Dias de Estudo envolveram viagens de campo a centros culturais, comunidades tradicionais, reservas ecológicas, ateliês de artistas e centros de pesquisa, bem como conferências abertas ao público com profissionais locais de diferentes trajetórias e disciplinas.
5. Campo Sonoro
O projeto Campo Sonoro da 32ª Bienal oferece ao visitante experiências sonoras complementares à exposição. Composto por mais de 40 faixas criadas em colaboração com os artistas da mostra, traz depoimentos, músicas, leituras de poemas, conversas e narrativas, além de uma proposta de caminhada desde o portão 3 do Parque Ibirapuera até a entrada principal da exposição.
camposonoro.32bienal.org.br
app.32bienal.org.br
6. Aplicativo e site
O aplicativo e o site e da 32ª Bienal contêm textos e imagens sobre todas as obras, detalhes sobre a programação pública, informações sobre visitas guiadas, além de conteúdos produzidos em colaboração com artistas sobre processos de trabalho, músicas, e conversas com curadores e agentes envolvidos nas pesquisas dos artistas.
32bienal.org.br
app.32bienal.org.br
PROGRAMA DE ITINERANCIAS 2017
No ano seguinte a cada Bienal, recortes da exposição viajam para diferentes cidades dentro e fora do Brasil por meio de parcerias estabelecidas com museus, instituições culturais e órgãos públicos e privados em diferentes regiões. Repetindo a experiência bem-sucedida de edições anteriores, seleções da 32ª Bienal serão exibidas em 15 cidades ao longo de 2017.
No Brasil, Belo Horizonte, Campinas, Cuiabá e Santos são alguns dos municípios integrantes do programa. No exterior, está confirmada a renovação da parceria com a Fundação Museu de Serralves (Porto, Portugal), além de duas itinerâncias na América Latina a serem anunciadas nos próximos meses.
“Trata-se de um modo de projetar as questões levantadas pela 32 a Bienal rumo a novos públicos e novas direções”, sugere o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Luís Terepins. Em 2015, recortes da 31ª Bienal passaram por 13 cidades e receberam mais de 250 mil visitantes.
VISITAS MEDIADAS
Público espontâneo
Ter, qua, qui e sex: 10h, 11h30, 14h e 16h30
Sáb e dom: a cada 30 minutos a partir das 9h30 até às 17h
Visitas noturnas: Qui e sáb, 19h e 20h
Todas as visitas com grupos espontâneos têm duração de 1 hora. Procure os balcões de atendimento nas entradas da exposição.
Grupos agendados
Ter, qua, qui, sex, sáb e dom: visitas com 2 horas de duração.
Para grupos a partir de 10 pessoas, agendar pelo telefone +55 (11) 3883-9090 (Diverte Cultural)
Línguas estrangeiras
Visitas em inglês e espanhol:
Agendamento com 48h de antecedência pelo site da 32ª Bienal.
Visitas em libras e multissensoriais
Atendimento para a pessoa surda:
Qua, sex e sáb: 11h30 e 17h
Atendimento para a pessoa cega ou com baixa visão
Qua e qui: 11h30 e 17h
Para as visitas em libras e multissensoriais procure os balcões de atendimento nas entradas da exposição nos horários indicados acima.
Cadeira de rodas
Os visitantes que precisarem de cadeira de rodas devem dirigir-se aos balcões de atendimento nas entradas da exposição. As visitas com cadeirantes têm o auxílio de funcionários da Bienal para condução nas rampas.