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setembro 2, 2016
Carmela Gross na Chácara Lane, São Paulo
Museu da Cidade de São Paulo promove panorama de 50 anos da carreira de Carmela Gross
A Secretaria de Cultura do Município de São Paulo e o Museu da Cidade abrem no dia 3 de setembro de 2016, às 15 horas, na Chácara Lane, a exposição Arte à Mão Armada da artista Carmela Gross. Para Douglas de Freitas, curador da mostra, “em 50 anos de produção Carmela Gross tem se dedicado a trabalhos em que a presença da cidade e seus elementos de funcionamento e construção se fazem presentes, trazendo como principal característica a radicalidade com que a arte pode desafiar e questionar a normalidade das coisas, as lógicas da cidade, e sua própria lógica”.
A exposição “Arte à Mão Armada” propõe um panorama de 50 anos de trabalho da artista, exibindo cerca de 15 séries de trabalhos em cerca de 50 obras, entre históricas e inéditas, além de extensa documentação nunca exposta sobre seus trabalhos e processo criativo. “Exibimos numa sala pela primeira vez os fac-símiles de todas as pastas de projetos da artista, onde todo o processo de construção da obra está registrado. São cerca de 100 pastas, algumas com 300 documentos dentro, incluindo “A Negra” (1997) e os “Carimbos e Carimbadas” (1977), com desenhos e estudos de execução”, conta o curador.
Na sala que recebe o público, no andar térreo, encontram-se a seminal “Escada” (1968), fotografia que regista desenho em esmalte sobre a terra na periferia paulistana, e os lambe-lambes que emprestam nome à mostra “Arte à Mão Armada” (2009), que, por sua vez, são distribuídos gratuitamente durante o período expositivo. A sala seguinte abriga “Feche a Porta” (1997), série de obras de tubos de ferro presos por dobradiças à parede. Em seguida, são exibidas a volumosa série de 20 monotipias “Pensas, Achas, Pode, Gosto” (1996), obra da Coleção de Arte da Cidade de São Paulo, que será reposicionada toda segunda-feira, além da série “Carimbos e Carimbadas”. “Comedor de Luz” (1999-2000), instalação em ferro e lâmpadas fluorescentes, está disposta diretamente no chão, ocupando a sala ao fundo da Casa.
O corredor, por sua vez, é tomado pela irônica instalação “Figurantes” (2015), com nomes de profissões e tipos humanos impressos em placas azuis de ágata presos às paredes, à semelhança das antigas placas de nomes de rua. São as figuras listadas por Marx, em “O 18 Brumário de Luís Bonaparte” (1852), como membros da Sociedade 10 de Dezembro, constituída de biscateiros, arrivistas, herdeiros arruinados, vagabundos e desocupados de toda ordem: batedores de carteira, ex-presidiários, vigaristas, rufiões decadentes e muitos outros…
A varanda da casa é tomada pela instalação “Hino à Bandeira” (2002), composta de aproximadamente 30 m2 de lençóis rosa em diferentes tonalidades que são molhados todos os dias. “Escada Chácara Lane” (2016)é um site-specific inédito. A escultura propõe a ligação do espaço do Museu à Escola Municipal, articulando o projeto educativo da exposição aos alunos da escola vizinha.
O primeiro andar é reservado às obras de maior envergadura como a extensa instalação em néon vermelho “Us cara Fugiu Correndo” (2000-2001), a série de 25 unidades de “Gravuras Rosas” (2002) e estudo para “Hino a Bandeira”. Seguindo a poética da artista, que extrapola os limites espaciais das instituições com obras monumentais, a instalação “Eu sou Dolores” (2002), realizada para o “Arte/Cidade” e cujo projeto está no acervo do MAM-SP, será remontada. São cerca de 400 lâmpadas tubulares vermelhas presas a uma estrutura metálica de 20 m de comprimento que transpassa o espaço interno da casa e se projeta para a área externa, podendo ser vista desde a Rua da Consolação.
Também como parte de mostra, é inaugurada no dia 04 de setembro, domingo, às 11h, a instalação da artista na Capela do Morumbi, também unidade do Museu da Cidade. “A instalação da Carmela foi realizada em 1992, logo no início do projeto de instalações da Capela. A remontagem da obra é uma comemoração do aniversário de 25 anos do projeto e integra a exposição porque se relaciona diretamente com panorama exposto na Chácara Lane”, acrescenta Douglas. Depois da montagem da obra em 1992, a instalação foi doada pela artista para a coleção do MAC-USP.
Essa grande mostra dá sequencia à implantação da Chácara Lane dentro do projeto proposto pela gestão, do Centro de Artes Visuais, dedicado ao fomento, pesquisa, difusão e formação em artes visuais. A exposição também coloca a Secretaria de Cultura dentro do circuito de exposições da 32ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Carmela Gross, (São Paulo, SP, 1946). Doutora em arte pela ECA-USP. Desde os anos 1970, atua em linguagens diversificadas como desenho e litografia, utilizando novos meios como carimbos, heliografia, xerox e videoarte, desenvolvendo experiências de transposição entre mídias. A partir de 1972, leciona na Faculdade de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA-USP. Obtém a Bolsa Vitae de Artes Plásticas, São Paulo, em 1991. Em 1994, recebe bolsa para pesquisar no European Ceramics Work Centre, em s'Hertogenbosch, Holanda, onde elabora o conjunto de cerâmica intitulado “Facas”, posteriormente apresentado no Rio de Janeiro e em São Paulo. A artista participou de duas edições do “Arte/Cidade”, em 1994 e 2002, e de várias edições da Bienal de São Paulo, como as de 1967, 1969, 1981, 1983 e 2002. Tem obras nas seguintes coleções públicas: Museu de Arte Contemporânea – MAC-USP, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM SP; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Pinacoteca Municipal de São Paulo - Centro Cultural São Paulo – CCSP; Museum of Fine Arts, Houston, EUA; e Museum of Modern Art [MOMA], Nova Iorque, EUA.