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setembro 1, 2016
Ascânio MMM na Triângulo, São Paulo
Casa Triângulo apresenta retrospectiva de Ascânio MMM em São Paulo
Desde 2005 sem uma individual em São Paulo, Ascânio MMM ganha mostra de abordagem retrospectiva na Casa Triângulo. Com curadoria de Paulo Miyada, a exposição propõe um mergulho cronólogico que discute o sofisticado jogo de escalas e espacialidades na produção do artista luso-brasileiro.
Nascido em em Fão, Portugal, em 1941, o artista vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sobrinho-neto de um dono de estaleiro, o artista cresceu familiarizado com a marcenaria e a criação do objeto. Suas peças evoluíram das ripas de madeira, a princípio pintadas de branco para salientar o movimento e depois expondo os veios pictoricamente, até chegar à manipulação do alumínio e o domínio dos grandes volumes.
A relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia fixou-se como questão central do seu trabalho a partir da década de 1970. Período em que o artista emprega módulos de ripas de madeira pintadas de branco, desenvolvendo progressões em torções verticais e horizontais, explorando a questão da luz e sombra em formas sinuosas e harmônicas. É também neste período que ele cria as caixas lúdicas, sobre as quais o espectador pode deslocar molduras vazadas, em formato quadrado, intercaladas, e de tamanhos decrescentes.
Na década de 1980, com os relevos e esculturas o ritmo das formas dá lugar a linhas retas, e o escultor passa a incorporar a cor e a textura da madeira crua, passando a explorar as cores naturais de diferentes espécies (cedro, mogno, pau marfim, ipê, freijó, etc), potencializando as qualidades visuais específicas do material e explorando ainda a tensão entre matéria e forma.
Já no final dos anos 1980 surgiram as primeiras Piramidais de madeira. Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões e o espaço público tornaram-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módul. As esculturas desta fase caracterizam-se pelos tubos retangulares de alumínio cortados, que geram esculturas de grandes dimensões com vazios internos e sucessões de transparências e opacidades, tornando-as quase imateriais conforme a posição do espectador.
"Praticamente todas as suas obras desde meados da década de 1960 podem ser reconstituídas como fórmulas matemáticas enxutas e cristalinas. Fenômenos concretos, suas esculturas e relevos possuem correspondentes no território da lógica abstrata. Por mais sinuosas as curvas que desenhem no ar, por mais surpreendentes suas topologias, mantém sempre a legibilidade das razões numéricas que fundamentam a invenção e a construção efetiva de cada peça." comenta o curador no texto crítico que acompanha a exposição.