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julho 22, 2013
Omar Salomão – O que pensei até agora e o que ainda falta pensar na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Mercedes Viegas Arte Contemporânea inaugura dia 24 de julho, às 19h, para convidados, e no dia seguinte para o público, a exposição “Omar Salomão – O que pensei até agora e o que ainda falta pensar”, com trabalhos inéditos e recentes do artista e poeta nascido no Rio, em 1983. Omar Salomão irá mostrar fotografias, desenhos, cadernos, livros, objetos e poesia, em nove trabalhos e propostas instalativas. O texto crítico que acompanha a exposição é do filósofo e ensaísta Frederico Coelho.
O título da exposição remete a “uma relação de busca, de procura”, diz o artista. “Poesia para mim é sair da rotina, olhar com olhos novos para tudo que faz parte do mundo: a morte de um amigo, inseguranças, angústias, e dentro delas, a fragilidade, a delicadeza e as pequenas coisas. Não se trata de olhar só para coisas singelas, mas também, e até mesmo, em alguns momentos, ir de encontro a elas”, afirma Omar Salomão.
Em “Apagar ou como guardar um cubo de gelo para sempre”, uma série de nove fotografias mostra um cubo de gelo começando a derreter enquanto é envolvido por silver tape, na “tentativa de ser guardado”. Ao seu lado estará “De gelo”, em que a bola feita de silver tape com gelo dentro está colocada diretamente na parede. Também é um acontecimento recorrente do cotidiano que ganha destaque em “Gota”, em que uma série de quatro fotografias se constrói a partir de quatro momentos distintos em que uma gota escorre pelo vidro em um dia nublado, com uma frase poética, escrita à mão, unindo as superfícies fotográficas. E, ainda, “Out of the blue”, que revela, entre o azul do céu e o azul do rio, um fusca rebocando um barco do Rio São Francisco à noite.
Em alguns trabalhos, Omar Salomão trata fotografias, desenhos e poemas como peças ou pedaços que, durante o processo de montagem diretamente na parede, vão sendo colocados em relação e a partir dessa experiência, construindo significados possíveis entre eles. Esses desenhos, fotografias e poemas em grande parte deixam de lado molduras e incorporam rasuras e rabiscos.
Este é o caso de “Som e Vento”, que forma um conjunto com desenhos e textos ao redor de um guardanapo preso em uma das pontas com um alfinete, em que a sentença “uma hemorragia já controlada”, em escrita à caneta, se espalha por todos os lados. Em “Obs.”, o ponto de partida é o obituário do poeta Ericson Pires, amigo de Omar Salomão, morto há pouco mais de um ano, publicado em um jornal. Na obra, a página foi grudada em um vidro úmido, onde Omar Salomão interferiu com desenho e escrita, em parte deformados pela umidade. A fotografia registra as camadas do trabalho.
A partir dessa dinâmica estão estruturados também os trabalhos “Papéis Cruzados”, “Cadernos” e “Mercador de Nuvens – livro de luz”, considerado por Omar Salomão seu terceiro livro. Diferente de um livro convencional, este estará montado em uma das paredes da galeria, e irá reunir, em uma caixa de luz de acrílico, 25 folhas em papel vegetal, com desenhos, poemas e fotos. Essas páginas podem ser combinadas e colocadas – em conjuntos de até quatro sobreposições – na parte da frente da caixa, formando, em backlight, o que seria a capa do livro. A mistura de conteúdos revela diferentes possibilidades de imagens.
“Eu entro nas artes visuais a partir da poesia, buscando maneiras de sair do papel, da ideia fechada de livro, querendo explorar outros sentidos de montagem e visualização para além da folha de papel. Talvez toda a exposição seja um grande livro de poemas”, explica Omar Salomão.
OMAR SALOMÃO (Rio de Janeiro, 1983)
Poeta e artista visual, escreveu os livros “Impreciso” (Dantes, 2011) e “À Deriva” (Dantes, 2005). Participou das mostras coletivas “Gil70” (Centro Cultural dos Correios, Rio, 2012), “Coletiva 11” (Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Rio, 2011) e Vitral (Escola Livre da Palavra, Rio, 2011), entre outras, além das exposições individuais “Turbulências são apenas nuvens no caminho” (Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Rio, 2011) e “Impreciso” (SESC Barra Mansa, Rio, 2010). Lançou em 2012, com À Colecionadora, de Luiza Marcier, uma linha de lençóis com poemas e desenhos. Em setembro de 2012, fez com Leo Cavalcanti e Paulo Mendel, espetáculo multimídia para o projeto “Palavras Cruzadas”, no Oi Futuro, com coordenação geral de Marcio Debelian. Em 2010 desenvolveu o Projeto Lavanderia, com Daniel Castanheira e Ericson Pires, misturando poesia e música eletrônica. De 2004 a 2009, integrou a banda VulgoQinho&OsCara. Participou como apresentador dos programas Oncotô, comandado por Jorge Mautner na TV Brasil, e Quarto Mundo, do Multishow. Foi curador com Heloisa Buarque de Hollanda e Bruna Beber da exposição BLOOKS – letras na rede, sobre literatura na internet, no Espaço Cultural Oi Futuro, em 2007, e da exposição “Periferia.com”, com Marcos Teobaldo, na Biblioteca de Manguinhos e no Parque Lage, em agosto de 2011. Foi assistente de curadoria de Luciano Figueiredo na exposição “Waly Salomão: Babilaques”, em 2007, no Oi Futuro (Rio), e 2008, no Sesc Pinheiros (SP). Para saber mais sobre o artista, visite o site: www.bomleao.com.