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junho 4, 2013
Arte e Educação: Para (saber) escutar na Casa Daros, Rio de Janeiro
Nas salas de arte e educação da Casa Daros, o público poderá ver as atividades realizadas pela instituição desde 2007, ao longo das obras de restauro e modernização de seu prédio centenário
A educação é uma área essencial para a Casa Daros e, paralelamente a exposição inaugural “Cantos Cuentos Colombianos”, será realizada a exposição “Para (saber) escutar”, com curadoria de Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da instituição, com um recorte das atividades e programas experimentados desde 2007 pela instituição, enquanto o edifício estava sendo restaurado.
Ao percorrer as cinco salas expositivas localizadas no primeiro andar, o público verá fotografias, vídeos, objetos, textos e uma instalação, que mostram as várias ações realizadas pela instituição, como oficinas, seminários, encontros, debates e residência artística, em uma autêntica “obra em progresso”, enquanto se desenvolviam o restauro e a modernização do prédio.
O título da mostra é inspirado em uma frase de Paulo Freire (1921-1997), um dos mais notáveis educadores brasileiros, para quem “ensinar exige saber escutar”. “O instantâneo, o efêmero e o aleatório são as marcas da celeridade que o mundo experimenta hoje. A capacidade de escutar parece sufocada, e as oportunidades de nadar na contracorrente são cada vez mais escassas”, afirma Eugenio Valdés Figueroa. “Na época apressada em que vivemos, o artista e o educador compartilham não somente a exigência, mas também o desafio de saber escutar e de saber se fazer escutar”, observa.
Integram a mostra a videoperformance “E a voz tem sombra?, Y la voz tiene sombra?” (2011), de Teresa Serrano (1936, Cidade do México), e Lenora de Barros (1953, São Paulo), criada por ocasião do Programa Meridianos, em que a Casa Daros promoveu cinco conversas públicas – em instituições parceiras na cidade, como o MAM, o Oi Futuro e o CCBB – com duplas de artistas representados na Coleção Daros Latinamerica. Em julho de 2011, Teresa Serrano e Lenora de Barros criaram em conjunto, e de improviso, a videoperformance gravada no Real Gabinete Português de Leitura, com direção de fotografia de David Pacheco.
“Para (saber) escutar” mostrará a obra inédita “Nossa Senhora das Graças” (2008), de Vik Muniz (1961, São Paulo), fotografia de aproximadamente 2,36m x 1,80m, da serie “Pictures of Junk”, feita a partir da imagem de N.S. das Graças que está na fachada da Casa Daros. A instalação que originou a fotografia foi construída no galpão do artista, em Vigário Geral, com os escombros da obra de restauro e modernização do edifício da Casa Daros, e contou com a participação de funcionários da instituição e operários.
Resultado da primeira residência de pesquisa da Casa Daros, a artista Iole de Freitas (1945, Belo Horizonte) trabalhou a questão central de seu trabalho – “Para que servem as paredes de um museu?” – no “site specific” de cem metros quadrados, com quatro metros de altura, em policarbonato e tubos flexíveis de alumínio, que está na exposição. A referência do trabalho foi o mar, e a artista pesquisou dois tons de verde – um com mais amarelo, e outro com mais azul – presentes na instalação suspensa.
METAMORFOSE DE UM REGISTRO
Para registrar o dia-a-dia da transformação ocorrida no edifício centenário, foram contratados fotógrafos do projeto Imagens do Povo, do Observatório de Favelas da Maré, que produziram ao longo deste tempo milhares de imagens. Aproximadamente 200 delas foram selecionadas para a exposição, e são projetadas em sequência em duas paredes opostas.
Também estão na exposição mais de 50 fotografias resultantes de outro programa, as oficinas de “pin hole” – também uma parceria com o Observatório de Favelas – feitas com alunos de escolas municipais do entorno da Casa Daros, e ainda com alunos da Favela da Maré. As oficinas para jovens artistas, base para a formulação de conceito e práticas de formação para os artistas-educadores, também estarão representadas.
As transcrições das palestras do I Encontro Internacional de Educação – Arte e Analfabetismo Funcional, realizado pela Casa Daros em 2008 no Palácio Capanema, estarão à disposição do público em uma tela de monitor. Estarão reproduzidos em um quadro-negro o diagrama criado pelo artista cubano Lázaro Saavedra (1964, Cuba), por ocasião do I Encontro, e, sobre uma mesa, algumas páginas de seu livro de desenhos “Ojovideo Corp“ (1986). Nesta sala, um outro monitor mostrará trechos das conversas públicas realizadas dentro do programa Meridianos, com as duplas de artistas Carlos Cruz-Diez e Waltercio Caldas; Teresa Serrano e Lenora de Barros; Gonzalo Diaz e José Damasceno; Leandro Erlich e Vik Muniz; e Julio Le Parc e Iole de Freitas.
Para (saber) escutar
Exposição nas salas de arte e educação
Abertura: 23 de março de 2013, às 12h
Até 28 de julho de 2013
Curadoria: Eugenio Valdés Figueroa
Curadoria pedagógica: Bia Jabor
Realização: Coleção Daros Latinamerica
Entrada Franca