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Propostas para as Câmaras Setoriais de Artes Visuais: PR

 
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Canal Contemporâneo



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MensagemEnviada: Qua Ago 31, 2005 2:56 pm    Assunto: Propostas para as Câmaras Setoriais de Artes Visuais: PR Responder com Citação

Propostas para as Câmaras Setoriais de Artes Visuais: Paraná

Camaras Setoriais FUNARTE

Em 2004 o MinC e a Funarte iniciaram um processo participativo de discussão e elaboração de propostas para uma política cultural na área de artes visuais. Esse projeto integra uma ação ainda maior, denominada Câmaras Setoriais de Arte, e visa estabelecer algumas linhas de ação cultural por parte do Governo Federal juntamente com representantes do meio artístico.

Reuniões focadas nas Artes Visuais ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, ainda em 2004, e algumas propostas foram feitas (estes textos encontram-se veiculados no site do MinC), além de estratégias para a continuidade do processo.

Após o último encontro do representante da Funarte - Hélvio Tamoio - com a comunidade artística de Curitiba em14/06/2005 (na qual estiveram presentes muitos artistas de diversas áreas), um pequeno grupo de artistas visuais começou a organizar-se almejando contribuir com a discussão. Encontros semanais foram propostos e também a formação de uma comunidade específica no site www.converse.org.br, a comunidade Câmara Setorial - Artes Visuais - PR, na qual nos propusemos a relatar semanalmente o andamento de nossas idéias e discussões públicas. Nossas reuniões ocorreram dias 26/06; 07,14,18,21,28/07 e 01/08 em salas da Casa Hoffmann e do Solar do Barão, espaços culturais públicos ligados à Fundação Cultural de Curitiba.

A partir do cruzamento de informações locais e nacionais sobre política cultural e Câmaras Setoriais, optamos por priorizar nossas reflexões na elaboração de sugestões de NOVOS FORMATOS DE PROJETOS, os quais poderiam ser encampados pelo MinC e Funarte.Consideramos nossa proposta como algo que pode ser incorporado às sugestões elaboradas pelo grupo paulista.

Essa estratégia funda-se simultaneamente numa dimensão prática e teórica, e numa reavaliação crítica sobre os “modelos” de projetos que têm sido efetivados na área de “artes visuais” no Brasil, nesta última década, seja por instituições culturais públicas (principalmente estaduais e municipais) e privadas, ou mesmo iniciativas “independentes”. Buscamos um espelhamento em alguns projetos que consideramos como MELHORES dentro do cenário cultural brasileiro, a exemplo do programa de Bolsas Vitae, o Salão Pernambucano (com suas bolsas de produção e pesquisa), a Bolsa Pampulha, as antigas Bolsas RioArte de apoio à produção, o projeto de Residências Culturais da Fundação Iberê Camargo, o Prêmio Interferências Urbanas organizado junto ao Arte de Portas Abertas, os apoios à produção da Bienal de São Paulo, além de cruzarmos esses modelos com alguns formatos de editais de Leis de Incentivo e Fundos Públicos de Cultura - dentre esses, um mecanismo local interessante a ser compartilhado é o Projeto Conta Cultura, atualmente dasativado, o qual propunha uma mediação entre Lei Rouanet e Incentivos Fiscais oriundos no Paraná, através de processo seletivo e qualitativo.

Nossa proposta aqui busca focar principalmente no artista e seus processos produtivos, principalmente no que tange a um apoio estrutural e financeiro para a realização de sua produção. Implicitamente aí repousa também uma crítica a grande maioria dos modelos de projetos artísticos institucionais que têm sido realizados no Brasil, os quais supervalorizam curadores e críticos e secundarizam artistas, inclusive economicamente, procedimento esse que deve ser radicalmente alterado. Além disso, a maioria dos projetos públicos municipais, estaduais e de instituições empresariais é excessivamente orientado para a ocupação de espaços museológicos, fato que, de partida, já restringe e orienta a produção.

Assim, consideramos que, dentro de uma nova reestruturação institucional que venha a ocorrer no MinC e Funarte, o INCENTIVO À PRODUÇÃO ARTÍSTICA deva ser a área prioritária de atuação para as Artes Visuais. Prioritária no sentido temporal inclusive, de urgência. Isso porque é o produto cultural ARTE a base de toda a cadeia produtiva. E é justamente o fomento à produção o qual necessita ser reavaliado mais criticamente, pensando-se principalmente na diversificação de meios de apoio e incentivo à produção, e em projetos de política cultural para as artes sob responsabilidade direta do Estado e não mais intermediados unicamente por mecanismos de leis de incentivo ou instituições privadas (usando recursos públicos...).

Localmente, consideramos que não há falta de espaços físicos públicos e museus de arte (em Curitiba, ao menos). Entretanto, aqui há também uma grande carência de formatos de projetos que propiciem um incentivo à produção artística, visto que projetos públicos do gênero têm se restringido basicamente a mecanismos de Leis de Incentivo e a Salões de Arte, além do já “tradicionail descaso nacional” com o reconhecimento do trabalho artístico, incluindo aí custos e necessidades operacionais básicas (produção, transporte, montagem e outros). No sentido institucional esse panorama, local e em muitos aspectos também nacional, acaba por configurar-se num desestímulo à arte e ao artista, minimizando perspectivas de produção.

Obviamente sabemos que os artistas não estão numa posição de dependência da iniciativa de instituições públicas, e muito da produção cultural das mais instigantes e experimentais originam-se na autogestão cultural dos próprios artistas, basta, por exemplo, acompanharmos os contemporâneos coletivos de artistas, espaços alternativos, programações e circuitos “autodependentes”, além de diversas iniciativas individuais. A necessidade da afirmação da arte no seu sentido poético e político é algo anterior e diferenciado dos fundamentos, diretrizes e estruturas de política cultural institucionais pré-existentes. A reinterpretação simbólica da vida e a recriação crítica das linguagens culturais são ações fundadas antes de tudo num investimento no próprio ser humano e na sua capacidade de autogerir seu destino, com as devidas implicações planetárias que isso possa significar. Nesse sentido, os artistas estão conscientes de que seu trabalho é, antes de tudo, uma proposição afirmativa, e assim resiste e sobrevive às adversidades, inclusive ao desestímulo “institucionalizado”. Entretanto, estamos aqui reavaliando a participação da instituição pública nesse processo de política cultural para as artes, suas responsabilidades. Pois imaginamos que a instituição pública possa ser mais parceira que obstáculo à arte, pelo menos assim gostaríamos que fosse.

Assim, estabelecemos algumas alternativas de projetos, a partir dos quais pode-se buscar o estímulo a DIFERENTES SETORES DE PRODUÇÃO ARTÍSTICA. Fizemos isso sem delimitar as fronteiras de cada tipo de “arte visual”, visto que esses limites há muito já foram apagados e constantemente a produção contemporânea faz uso de diferentes mídias, matérias, procedimentos, contextos e padrões culturais para se “concretizar”.

O custo geral dos NOVOS FORMATOS DE PROJETOS que elaboramos sairia R$ 2.680.500,00 à Funarte. Para se ter um parâmetro, uma exposição de grande porte no MON (Museu Oscar Niemayer, em Curitiba), por exemplo, sai R$800.000,00 - custo de uma única exposição, dentro de uma programação que pode conter outras com o mesmo perfil ao longo do calendário anual. Esse é um valor similar ao de outras grandes exposições do gênero Brasil afora. Ou seja, o projeto orçamentário de todas as nossas POPOSTAS $ai um pouco mais do que 4 exposições de grande porte de um museu. Considerando que o que se discute junto às Câmaras Setoriais envolve uma responsabilidade do Governo Federal, sabemos que há possibilidade de se pensar algo bem mais abrangente. Além disso, como é de conhecimento público, o fato dessa louvável discussão iniciada agora pela Funarte ser uma importante retomada de responsabilidade por parte de Estado, queremos imaginar que esse novo momento possa incorporar também novas práticas e parâmetros, e não apenas reproduzir no âmbito federal as mesmas práticas já empreendidas pelas iniciativas municipais, estaduais e empresariais. Nesse sentido consideramos as alternativas aqui elencadas como algo melhor e mais abrangente no sentido de acompanhar a contemporaneidade e a diversidade das ações e reflexões artísticas, proporcionando perspectivas para que diferentes procedimentos e poéticas possam vir a realizar-se, inclusive no que tange a possibilidades de contato com a sociedade (público). Consideramos a efetivação de NOVOS FORMATOS DE PROJETOS como um importante posicionamento político de incentivo à produção artística, à valorização do artista e ao incremento da dinâmica entre arte e sociedade.

Ao fim desse documento anexamos um PROJETO ORÇAMENTÁRIO, evidenciando assim a viabilidade financeira das idéias que propomos.

Eis, pois, alguns dos formatos de projetos pensados como propostas.

1) EDITAL DE PROJETOS
Edital público aberto a diferentes formatos de projeto, “multipadronagem” quanto as linguagens e mídias empregadas, propostas estas as quais podem ser encaminhadas “de” e realizadas “em” qualquer região do território nacional.
A seleção pública poderia contemplar 10 projetos, num teto máximo de R$ 80.000,00 por projeto.

2) BOLSA PRODUÇÃO
Seleção pública de projetos para receberem um apoio mensal à produção, durante 1 ano, tempo ao fim do qual - ou durante o qual - o resultado do processo haveria de ser exposto publicamente. Esse projeto poderia ser realizado em qualquer cidade do território nacional, em espaços públicos abertos ou fechados.
Seriam selecionados 10 artistas, os quais receberiam um pró-labore mensal de R$ 3.000,00.

3) INCENTIVO AO JOVEM ARTISTA
Edital público, num formato assemelhado ao Projéteis de Arte Contemporânea, proposta atualmente desenvolvida pela Funarte.
Nessa proposta seriam contemplados 40 projetos de artistas, os quais seriam subdivididos em grupos de 10 para a ocupação de 4 espaços culturais mantidos pela Funarte e/ou MinC em diferentes cidades. No decorrer do ano cada uma das 4 mostras montadas participaria automaticamente de uma segunda etapa do projeto - a CIRCULAÇÃO E ITINERÂNCIA - na qual cada mostra percorreria os outros 3 espaços expositivos públicos. Ocasionalmente essa proposta pode ainda expandir-se e criar parcerias com Instituições culturais públicas Estaduais e Municipais.
Cada artista ou projeto selecionado receberia um pagamento de R$ 3.000,00 por sua participação no projeto. Além disso, os artistas provenientes de outros Estados daqueles que estariam sediando as mostras receberiam um apoio extra de R$ 1.000,00 para cobrir gastos com transporte, montagem e ajuda de custo durante a permanência na cidade sede de cada Mostra. Assim, cada nova montagem do trabalho em uma outra cidade implicaria na reedição desse apoio extra de R$ 1.000,00 aos artistas que precisassem deslocar-se de seus Estados de origem.

4) AGENCIAMENTO COLETIVO REGIONAL EM TRÂNSITO
Proposta na qual “agenciadores coletivos” das 5 Regiões do Brasil, podem articular a participação de diferentes artistas e mostrar suas produções em outras regiões (trânsito). Os “agenciadores coletivos” referem-se a artistas que possuem uma dinâmica coletiva de atuação. A dinâmica do projeto ocorreria por convite, a partir da identificação de diferentes núcleos de ação coletiva pelo território nacional. Seriam 5 projetos ao ano, cada qual originado em uma Região e realizado numa outra.
O núcleo de cada agenciamento coletivo haveria de estar identificado prioritariamente com um Estado de uma determinada Região, ainda que as participações e convites a outros artistas não necessitem restringir-se a esses limites geográficos. Complementarmente à proposta, um Estado de outra Região brasileira haveria de ser definido como sede e anfitrião para a manifestação artística, propiciando o “trânsito” de distintas produções artísticas, favorecendo o contato com outros públicos e fomentando o intercâmbio cultural. A cada ano, um Estado diferente de cada Região seria contemplado como origem e destino do agenciamento coletivo, promovendo um rodízio de iniciativas.

A dinâmica de propiciar diferentes agentes deflagradores de fluxos coletivos investe na autonomia dos artistas como articuladores culturais e favorece formatos livres de associação produtiva e de ocupação de espaços (sejam eles fechados - museus e galerias públicas - ou abertos - intervenção pública, por exemplo).
Cada núcleo de agenciamento coletivo receberia R$ 50.000,00 como apoio a realização de suas propostas, e toda a produção, logística, infra-estrutura, transporte, registros e outros gastos haveriam de ser articulados pelo próprio grupo propositor e os parceiros anfitriões (os quais podem ser grupos de artistas locais ou instituições públicas).

5) BOLSA DE PESQUISA TEÓRICA
Seleção de 3 projetos de pesquisa teórica para serem realizados durante 1 ano com o incentivo mensal de R$ 3.000,00. Ao fim do projeto o resultado da pesquisa deve ser publicado.

6) EDITAL DE VÍDEO/DOCUMENTÁRIO SOBRE ARTE
Seleção de 2 projetos anuais, cada qual a receber um apoio financeiro de R$ 50.000,00 para realizar um vídeo/documentário sobre arte, com caráter histórico e focado em arte brasileira. O período de realização do vídeo seria de 6 meses. Essa iniciativa seria o início de uma coleção nacional de vídeos sobre arte.

7) OFICINAS E MAPEAMENTOS
Esse projeto seria num formato semelhante ao projeto Redes recentemente empreendido pela Funarte e proporia a realização de oficinas de arte e mapeamentos por todos os Estados do Brasil. Em cada Estado ele seria composto pela realização de 2 oficinas e pela visita de 1 pesquisador/crítico/curador. As oficinas seriam orientadas por um artista local e outro de outro Estado. O período de realização desse projeto seria de 2 semanas.

8. PROJETO DE RESIDÊNCIAS CULTURAIS
Custeio de 10 projetos de residência, sendo 5 nacionais e 5 internacionais, em formato semelhante aos projetos do gênero já existentes mundo afora. Tanto para o projeto Residências Culturais Nacionais quanto Internacionais haveriam de ser articulados convênios com outras Instituições culturais.

No projeto de Residência Nacional seria oportunizado a 5 artistas brasileiros a possibilidade de desenvolvimento de um projeto durante 3 meses em uma cidade brasileira. A cada ano seria definida pela Funarte uma cidade diferente de cada Região do país a participar do projeto. O Minc e Funarte viabilizariam passagem aérea, hospedagem, alimentação e uma verba de R$ 8.000,00 de apoio à produção e para outros gastos do artista.

O Projeto de Residência Internacional funcionaria como um intercâmbio cultural entre países. 5 Instituições Culturais de diferentes países firmariam convênio com a Funarte e MinC. No caso da ida do artista brasileiro ao exterior o Brasil articularia passagem aérea e uma verba de R$ 8.000,00 de apoio à produção e para outros gastos do artista durante os 3 meses de estadia do artista residente, enquanto a instituição internacional parceira cobriria os custos com estadia e alimentação, e proporcionaria espaço expositivo e de trabalho para o artista. O mesmo acordo efetiva-se também, num sentido inverso de responsabilidades para o Minc e Funarte, na relação de recebimento dos artistas internacionais selecionados pelas Intituições parceiras.

Ao final de ambos os projetos de Residência o artista haveria de apresentar na cidade (ou instituição) anfitriã o projeto desenvolvido durante sua permanência como artista residente.

9) EDITAL PARA CURADORIA
Edital público para seleção de 2 projetos de curadoria, os quais seriam realizados durante 4 meses, tempo ao fim do qual haveria de ser realizada uma mostra pública organizada pelo curador e com a participação das obras de no máximo 10 artistas selecionados. O curador receberia um pró-labore de R$ 3.000,00 mensais e cada artista receberia R$ 2.000,00 por sua participação. Como complemento de cada projeto selecionado haveria de ser publicado um impresso.

10) EDITAL PARA REVISTAS DE ARTE
Edital para publicação de 2 Revistas de Arte, as quais podem ser tanto impressas quanto eletrônicas.
Para uma revista impressa, o projeto propõe a edição de 6 números de 1 revista durante o período de 1 ano. Para isso, o projeto receberia um apoio de R$ 50.000,00.
Já as revistas eletrônicas poderiam definir sua própria periodicidade, com um número mínimo também de 6 edições no ano, e recebendo igual valor de apoio financeiro.

11) EDITAL PARA PROJETOS ESPECIAIS
Edital para realização de 4 projetos de grande porte ao ano, os quais podem ser tanto coletivos, retrospectivos, curatoriais, de caráter histórico ou eminentemente especiais, tanto no que diz respeito a necessidades técnicas, processuais e/ou de pesquisa específicas. Projeto para artistas, grupos ou agentes culturais com trajetória já de grande reconhecimento público. Cada projeto receberia um incentivo direto de R$ 1.000.000,00.

12) MUSEU (DE MÉDIO PORTE) / MUSEU VIRTUAL / ARQUIVO
Ainda que não consideremos como uma iniciativa prioritária para o momento, para o futuro poder-se-ia pensar na construção de um Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Brasília. Construído a partir de um edital público internacional talvez, com uma reserva técnica adequada, e principalmente, com uma política de acervo e de exposições consistentes. Aí, ou na própria Funarte, poder-se-ia também investir na construção de um banco de dados virtual, o qual serviria não só como um veículo de difusão de informações sobre esse acervo, como também como espaço de publicação de pesquisas e “leituras” sobre a produção artística brasileira, funcionando como elo das múltiplas e complexas ações culturais a serem empreendidas pelo governo na área de artes visuais.

Não consideramos a construção de um Museu como prioritária no momento pois entendemos que uma reavaliação e a prática de novos e consistentes procedimentos de políticas culturais para a área de artes sejam mais urgentes para um projeto de governo. E dentro dessa urgência, consideramos que a proposição de NOVOS FORMATOS DE PROJETOS de incentivo à produção e circulação sejam ainda mais prioritários, visto que a prática das últimas décadas tem basicamente se restringido a poucos formatos, a maioria dos quais baseados em modelos defasados, como os Salões de Arte e mostras de cunhos excessivamente curatoriais, ou leis de incentivo.

Além disso, o custo para a construção de um Museu de Arte Contemporânea seria muito alto e acabaria monopolizando as atenções reflexivas da comunidade artística, pois sabemos o quanto essas iniciativas acabam tornando-se um verdadeiro fetiche nacional, mesmo quando não há projetos de acervo. Entretanto, caso a idéia venha a ser considerada como uma perspectiva, dever-se-ia pensar também no tamanho desse Museu como algo de porte médio (metade do Museu Oscar Niemayer, por exemplo), para que essa iniciativa não venha a se transformar numa verdadeira esponja de todos os recursos públicos existentes. Assim poderíamos imaginar uma estrutura ágil culturalmente, focada na reflexão e difusão cultural, sem impedir ou atrapalhar a realização de outras iniciativas públicas de incentivo à produção artística e cultural, ao contrário até, interagindo com elas. Ao invés de imaginarmos um museu como um “elefante branco” ou “esponja de recursos públicos”, poderíamos concebê-lo como um organismo ágil e participativo dentro do contexto social.


QUESTÕES GERAIS:

- OBS 1: Ao compararmos as propostas aqui elaboradas com os documentos divulgados pelo pessoal de SP e RJ, consideramos que nossas idéias relacionam-se e incluem-se dentro da discussão das sub-câmaras temáticas elaboradas pelo grupo paulista, especialmente no que relaciona-se aos itens 1,2 e 3 (Atividade Artística, Recepção Pública, Desenho Institucional). Por outro lado, somos contrários à sugestão de Patrícia Canetti, do RJ, de subdivisão da área de “Artes Visuais” em sub-setores de Arquitetura, Design e Arte Tecnológica, pois consideramos que essas atividades podem ser incorporadas ao campo da “Atividade Artística” quando forem resultado de processos poéticos. Além disso, não consideramos que essas subdivisões reflitam uma reavaliação profunda nos processos produtivos dentro das artes visuais, parecendo, antes, serem somente uma reserva de orçamento para algumas estratégias de produção artística.

- OBS 2: Pensando-se numa ação pública federal de política para as artes sugere-se uma autonomia de ação e um certo desvencilhamento das Secretarias Estaduais e Municipais de Cultura, evitando assim os vícios de relação, “curadorias” e enquadramento já existentes, ainda que parcerias também possam e devam ocorrer.

- OBS 3: Outro mecanismos a serem avaliados dentro de uma perspectiva de NOVOS FORMATOS DE PROJETOS seriam o convite direcionado para artistas já consagrados e eventuais convites a curadores. Há de se pensar também em algumas questões emergenciais associadas a acervo e formação de profissionais.

- OBS 4: Sobre o item 3 das sub-câmaras temáticas elaboradas pelo grupo paulista, o qual trata do “Desenho Institucional”, fazemos aqui uma nota sobre o tópico “Galeria, Coleções e Mercado” ao propor uma nova base relacional nesse campo. Como referência, citamos um parágrafo do documento difundido por Maria Lucia Cattani e Nick Rands, os quais propõem a legenda APIC! (Artistas Patrocinando Instituições Culturais) como uma forma de tornar público certas contextualizações ainda equivocadas entre artistas e Instituições. A referência em questão fala de uma experiência diferenciada realizada na Inglaterra, a qual poderia ser encampada também aqui no Brasil: “Na Inglaterra, depois de muitos anos de campanha de organizações representativas de artistas plásticos (grupo profissional relutante a ser organizado), como a Artist’s Union, e mais tarde a National Artists Association, a situação é um pouco melhor. Um contrato padrão entre o artista e a galeria normalmente indica que o custo total do transporte do trabalho, seguro, fotografias e publicações será coberto pela própria galeria. O contrato também indica que uma taxa chamada Exhibition Payment Right (Direito de Pagamento de Exposição), de cerca de 1.500 reais, será paga, e "reconhece os serviços que os artistas provêem quando seus trabalhos são expostos em uma instituição pública".

- OBS 5: Como uma estratégia para o futuro, consideramos o incentivo a produções regionais como algo muito mais importante que a instalação de sedes regionais da Funarte, para não inchar a estrutura em detrimento da ação cultural (o fluxo artístico em contato com a sociedade).

- OBS 6: Todas as propostas que apresentamos são complementadas também por material impresso de registro.

- OBS 7: Excetuando-se o item MUSEU, o custo geral das propostas que aqui elencamos, os NOVOS FORMATOS DE PROJETOS, totaliza a quantia aproximada de R$ 6.680.500,00, sendo que, deste valor, R$ 4.000.000,00 corresponde a 4 projetos especiais e os outros R$ 2.680.500,00, a 10 formatos de editais públicos, abertos a diferentes modelos de propostas artísticas.

- OBS 8: Num sentido mais abrangente e multiárea (teatro, dança, música, literatura, cinema, etc) manifestamos ainda alguns posicionamentos:
- Somos contrários ao uso da Lei Rouanet pelas Fundações Culturais de grandes empresas e do próprio Estado; mais que isso até: somos favoráveis à conversão total da Lei Rouanet em Fundo Nacional de Cultura, extinguindo assim a opção de Mecenato Cultural nos moldes que vêm ocorrendo, nos quais a renúncia fiscal - dinheiro público - tem seu destino cultural definido por departamentos de marketing e instituições culturais de grandes empresas. Já temos uma experiência de anos com esse mecanismo e já é possível fazer uma reavaliação crítica de seu uso e fundamentos, concluindo que há um direcionamneto equivocado dos recursos público. Por se tratar de verba pública, defendemos uma seleção pública dos projetos, fundada numa seleção com critérios artísticos e “qualitativos”, afinal o dinheiro público deve ser usado da “melhor” forma possível, para que realmente possa representar um incremento cultural a ser compartilhado.
- Somos favoráveis a efetivação de um Fundo Nacional de Cultura;
- Somos favoráveis à elevação do valor destinado à cultura, dentro do Orçamento Anual da União, para um percentual de 2%.

O grupo de artistas que elaborou essa proposta foi composto principalmente por:
Goto, Ana González, Claudia Washington e Pedro Arthur e contou também com a participação ocasional de Rubens Pileggi (Londrina), Maria de Lourdes Gomes, Maikel de Maia e Lui Brenner.


PROPOSTA PARA NOVOS FORMATOS DE PROJETOS

PROJETO ORÇAMENTÁRIO

1) EDITAL DE PROJETOS
10 projetos X R$ 80.000,00.................................................................... R$ 800.000,00
10 impressos X R$ 4.000,00................................................................... R$ 40.000,00
Total R$ 840.000,00
2) BOLSA PRODUÇÃO (1 ano)
10 artistas X (R$ 3.000,00 mensais X 12)............................................... R$ 360.000,00
10 impressos X R$ 4.000,00 ................................................................... R$ 40.000,00
Total R$ 400.000,00

3) INCENTIVO AO JOVEM ARTISTA
R$ 7.000,00 por artista X 40 artistas ....................................................... R$ 280.000,00
1 catálogo anual (40 artistas).................................................................... R$ 12.000,00
Total R$ 292.000,00

4) AGENCIAMENTO COLETIVO REGIONAL EM TRÂNSITO
5 regiões X R$ 50.000,00 cada grupo.......................................................R$ 250.000,00
5 impressos X R$ 4.000,00 .......................................................................R$ 20.000,00
Total R$ 270.000,00

5) BOLSA DE PESQUISA TEÓRICA (1 ano)
3 projetos X (R$ 3.000,00 mensais X 12)................................................. R$ 108.000,00
3 publicações X R$ 10.000,00 ................................................................. R$ 30.000,00
Total R$ 138.000,00

6) EDITAL DE VÍDEO/DOCUMENTÁRIO SOBRE ARTE (6 meses)
2 documentários X R$ 50.000,00 .............................................................R$ 100.000,00
2 impressos X R$ 4.000,00 ...................................................................... R$ 8.000,00
Total R$ 108.000,00

7) OFICINAS E MAPEAMENTOS
(25 Estados - 2 oficinas/artistas e 1 mapeamento por Estado/ crítico/pesquisador/curador)
3 X R$ 3.000,00 X 25 Estados................................................................. R$ 225.000,00
1 catálogo geral ........................................................................................ R$ 12.000,00
Total R$ 237.000,00

Cool PROJETO DE RESIDÊNCIAS CULTURAIS
10 artistas X R$ 8.000,00 (pró-labore) ...................................................... R$ 80.000,00

1 artista nacional: R$ 3.600,00 (aliment.) + R$ 6.300,00 (hospedagem) +
R$ 2.500,00 (passagens) = R$ 12.400,00
5 art. nac. X R$ 12.400,00........................................................................ R$ 62.000,00

1 artista internacional: R$ 3.600,00 (aliment.) + R$ 6.300,00 (hospedagem) +
R$ 4.000,00 (passagens) = R$ 13.900,00
5 art. internac. X R$ 13.900,00 ................................................................. R$ 69.500,00

1 catálogo geral ........................................................................................ R$ 12.000,00
Total R$ 223.500,00

9) EDITAL PARA CURADORIA (4 meses)
2 curadores X ( R$ 3.000,00 X 4meses) ................................................. R$ 24.000,00
2 curadorias X 10 artistas X R$ 2.000,00 ............................................... R$ 40.000,00
2 impressos x R$ 4.000,00 ..................................................................... R$ 8.000,00
Total R$ 72.000,00

10) EDITAL PARA REVISTAS DE ARTE
2 revistas X R$ 50.000,00 .........................................................................R$ 100.000,00

11) EDITAL PARA PROJETOS ESPECIAIS
4 projetos X R$ 1.000.000,00 .......................................................Total R$ 4.000.000,00
(incluindo suas respectivas publicações)

12) MUSEU (DE MÉDIO PORTE) / MUSEU VIRTUAL / ARQUIVO

TOTAL GERAL........................................................ R$ 6.680.500,00

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Registrado em: Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969
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MensagemEnviada: Qua Ago 31, 2005 3:08 pm    Assunto: Propostas para as Câmaras Setoriais de Artes Visuais: PR Responder com Citação

Propostas para as Câmaras Setoriais de Artes Visuais: Paraná

1) Reconhecimento ao profissional das artes visuais (regulamentação da profissão).
2) Plano de aposentadoria do artista plástico.
3) Criação de planos de cidadania cultural (programas didáticos na área de artes visuais junto as escolas publicas e particulares e universidades).
4) Apoio as Associações e Agremiações de Artistas plásticos estaduais sem finalidade lucrativa regulamentadas.
5) Realização de Congressos Nacionais anuais.
6) Difusão da necessidade da utilização de instrumentos contratuais para proteção dos profissionais de artes visuais.
7) Obrigatoriedade de que os espaços públicos destinados para exposições fomentem e incentivem a produção cultural de novos artistas através de espaços paralelos (sala do Novo artista).
8. Melhor exploração e difusão da Lei 9610/98 no que se refere artes visuais num todo (Respeito a imagem) através de cartilhas e mídia eletrônica.
9) Criação de um selo de domínio público (tombamento nacional) para as obras que não estejam mais protegidas pela Lei de direito Autoral.
10) Incentivo fiscal a produção de monumentos e a utilização de obras visuais em construções comerciais e residenciais urbanas.
11) Incentivo fiscal para a produção de livros especializados sobre artes visuais, tornando mais acessíveis a consulta da população.
12) Sejam criadas representações estaduais da Funarte/Ministério da Cultura em cada Estado, independentemente do Conselho da Câmara Setorial, dando maior força política e representativa aos Estados da Federação.
13) Descentralização dos recursos aplicados pelas grandes empresas na Lei Rouanet para correção de distorções.
14) Criação de um código de Ética Profissional.

Propostas não aproveitadas:
. Proteção do Mercado Cultural Nacional (Defesa dos traços notoriamente brasileiros nas mais diversas manifestações
. Que a Lei 9610/98 dê igualdade ao tratamento da fotografia com qualquer produção visual.
. Criação de mecanismos e regulamentação da obra derivada, principalmente quando falamos de arte digital (releitura – colagem).
. Que os incentivos de projetos culturais levem em consideração o conteúdo de seus projetos e não só o aspecto formal.

Enviado por Luiz Gustavo Vardânega Vidal Pinto
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